domingo, 24 de junho de 2012

Do tipo ideal para o indivíduo


     Uma mulher de classe alta, loira, branca, cristã, casada com um empresário de sucesso. Um tipo ideal que a sociedade logo julgaria sob estereótipos dos mais variados. Se olharmos a fundo, vemos que ela é uma médica, proveniente de uma classe trabalhadora, torce para o São Paulo e gosta de ópera tanto quanto de micaretas.  
     O que podemos tirar dessa análise? Que o individuo é único. Ele possui uma pluralidade de valores que o condicionam e determinam suas atitudes. Olhar apenas o que é determinado pela sociedade, que a moça rica e loira não deve ter cultura ou não ter inteligência, vai de encontro com a crítica de Max Webber ao determinismo, aquilo que “deve ser”.
     Segundo Webber, devemos combater esse tipo de olhar o mundo. O dogmatismo, leis que podem ser falsas, mas são aceitas incondicionalmente, deve ser evitado e permanecer apenas no campo da religião, não da ciência. O olhar da ciência deve voltar-se para a sociedade, numa análise do indivíduo na sua singularidade de valores, não generalizar.
     Não podemos criar leis universais para uma análise sociológica, pois quanto mais gerais elas são, mais distantes da realidade se tornam. Elas devem ser apenas um ponto de partida, de onde começaremos uma análise mais profunda daquilo que ocorre no real. E esse ponto de partida utiliza de um recurso, o tipo ideal, um projeto daquilo que pode ser observado ao primeiro contato. Ele é abstrato, uma construção metodológica e não deve ser levado como verdade.
     Partindo do tipo ideal para o individuo, poderemos entender mais a fundo o que ocorre de verdade, deixando para trás presunções e afirmações sem veracidade. Torna-se assim, mais fácil enxergar a médica que escuta Beethoven e lvete Sangalo, vê filmes franceses e novelas mexicanas. O que não podemos deixar ocorrer é que os tipos ideias ofusquem a nossa visão.


Murilo Martins

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