domingo, 2 de abril de 2023


O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na Europa, especificamente na França, entre os séculos XIX e XX. Tendo Auguste Comte como precursor, defendia que o conhecimento científico era a única forma válida de conhecimento. Com base nessa ideia, concluía-se que o avanço das ciências experimentais avançaria concomitantemente com o desenvolvimento social do ser-humano.

   Comte também desenvolveu a lei dos Três Estados, que representariam os estados de desenvolvimento da humanidade: O Estado Teológico (1) que, como o próprio nome diz, era a crença de que a origem do homem tem origem totalmente divina. Atribuía-se essa crença a irracionalidade. O Estado Metafísico (2) que introduz a filosofia como contraposição do misticismo usando argumentos racionais. Por fim, temos o Estado Positivo (3), ou o mais complexo. Impõe a metodologia científica como sendo superior ao misticismo e a filosofia, com base na própria natureza.

   Apresentada a definição básica desta doutrina, trazemos em voga a questão científica. Se fala muito sobre o negacionismo da própria ciência nos tempos contemporâneos, principalmente quando nos referimos às campanhas de vacinação. Tendo em vista a pandemia de Covid-19, as campanhas antivacina nos mostraram que muitos ainda não tem total confiança na ciência, e isso é extremamente preocupante quando encaramos o assunto como uma questão de saúde pública. Podemos captar uma falta de racionalidade, já que não há debates místicos e nem filosóficos a respeito do tema. Tudo se trata de extrema ignorância.

   É de extrema importância que debates místicos e filosóficos estejam no nosso cotidiano, desde que não afetem ou prejudiquem o direito à vida de qualquer indivíduo. A religião e a filosofia tem um papel essencial no entendimento da moral e ética humana e devem trabalhar com a própria ciência para o incentivo do método científico, não o tendo como uma contradição, mas como uma ajuda ou contribuição para o objetivo final de ambas, que acaba sendo frequentemente o bem-estar social de cada indivíduo de dentro ou fora de suas doutrinas.


Victor Gabriel Candido Jeronimo - 1° ano, Direito matutino 

        

Positivismo e os dias de hoje

        O filósofo francês Auguste Comte é considerado por muitos pai da sociologia por ser o primeiro pensador a entender que os fenômenos sociais deveriam ser estudados como uma ciência separada da física, química, biologia e astronomia. Segundo o escritor francês, era necessário uma “física social”, cujo objetivo era estudar as sociedades presentes e, a partir disso, entender como torná-las harmônicas e ordenadas. Nesse sentido, o filósofo compreende que a única forma de alcançar o desenvolvimento intelectual e moral humano é decorrente de uma realidade, na qual os indivíduos reconheçam sua posição e desempenhem seu papel social pré-estabelecido. Dessa forma, o filósofo conversa com a astrologia e entende que, assim como, cada corpo celeste ocupa seu lugar no sistema solar e que ao ser humano basta estudá-los, as observações em relação ao corpo social também devem ser apenas analíticas e não desempenharem um olhar crítico. 

        A priori, é preciso entender como o contexto histórico influenciou o pensamento positivista. Durante o século XIX, espalhou-se pela europa o manifesto comunista, difundindo por todo o continente europeu um sentimento revolucionário na classe trabalhadora. Tal contexto, deixou a burguesia temerosa em relação à uma possível revolução proletária, tornando necessário um pensamento cujo objetivo era a manutenção da ordem social. 

Segundamente, é necessário ressaltar a educação realizada por uma ótica positivista. Segundo o filósofo Theodor Adorno, a primeira exigência da educação é fazer com que Auschwitz não se repita, ou seja, para o filósofo, é necessário um ensino que crie um pensamento crítico no aluno, para que, por meio da revisitação do passado, ele entenda quais fatos não devem acontecer novamente. Tal pensamento vai de encontro à lógica positivista, na qual somente são reais os acontecimentos que repousam sobre os fatos observados, sendo desnecessário o entendimento do passado para compreender a sociedade presente.


Nesse sentido, pode-se entender como o pensamento positivista repousa na mente da sociedade atual, haja vista a ascensão de governos de cunho ideológico neo-fascista, como, por exemplo, o governo do ex-presidente Bolsonaro. No caso brasileiro, isso se deve, em grande parte, à educação durante a ditadura Civil-militar, cujo objetivo era formar indivíduos a favor do governo vigente, não difundindo em suas mentes a análise crítica da realidade e dessa forma, criar a ordem social e a não revolta dos cidadãos brasileiros. No entanto, apesar da ditadura Civil-militar ter tido seu fim há mais de 30 anos, esse ideal positivista perpetua até os dias atuais, não permitindo que grande parte do corpo social compreenda como o presente tem relação direta com o passado. Tal questão, torna suscetível a existência de governos como o de Bolsonaro, já que seus apoiadores não associam os pensamentos difundidos pelo ex-presidente com as ideologias nazistas e fascistas do século XX. 


Além disso, é importante compreender como essa “física social” perpetua as desigualdades. Com o ideal de que todos devem ocupar o lugar social designado, entende-se que as minorias não devem ter ambições. Desta forma, o operário não deve querer cursar uma universidade, a mulher deve cumprir seus deveres domésticos e não ocupar posições de prestígio, etc. Deste modo, quando o filho da empregada doméstica passa em uma universidade pública surgem comentários como o do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro: “a universidade deve ser para poucos”. Isso se deve a um quebramento da ordem social pré-estabelecida e de um medo que as classes dominantes têm de perderem seu poder. 


Conclui-se, então, a persistência do pensamento positivista nos dias de hoje, haja vista o amor pelo ordenamento social e a falta de uma análise crítica da sociedade atual por muitos indivíduos. 


Aluna: Gabriela Cristina de Freitas Abreu - Primeiro ano de direito noturno
RA: 231220278

Nada mais atual que o velho Positivismo

             Talvez quando Auguste Comte inaugurou a sociologia o pensador francês não imaginasse que seu Positivismo fosse tão vivo séculos depois. Isso acontece dada a identificação de certos grupos reacionários, ou até mesmo neofascistas, com a ideia de ordem e progresso. Para além do lema que estampa a bandeira brasileira – notadamente inspirada por Comte –, o Brasil tem sido um campo de replicação das noções “progressistas”, ao passo que muitos adoradores de um passado ordenado, principalmente o vigente no Regime Militar de 64, vestem suas camisas verde e amarelas em favor de Deus, da Pátria e da Família. Apesar de parecer uma defesa justificável, que vise o progresso da sociedade como um só corpo social, o anseio pela organização comtiana pode significar a repressão propriamente dita. Ao enxergar os indivíduos como células de um organismo vivo, em nome do bom funcionamento desse corpo social muitos cenários absurdos podem vir a ser normalizados, como o exílio durante o governo militar ilegítimo que durou mais de 20 anos.

               Ademais, ao colocar o amor como princípio e a ordem como meio para o progresso, as ideias desse positivismo contemporâneo inflamam uma nação já bastante fragmentada e pulsante pelos mais diversos motivos, sobretudo por razões políticas. Assim, ao envolver as paixões das pessoas, a questão se torna ainda mais perigosa e extrapola o racional, passando a agir com o irracional de muitos. A exemplo disso, pode-se citar a agressividade muito difundida entre os bolsonarista para com os não adeptos da “doutrina” Messiânica, que nada tem a ver com a bíblica. Defensores do porte de armas, os fiéis de Jair anseiam pela justiça feita com as próprias mãos, ignorando o Direito e sua atuação na mediação das relações interpessoais.

               Dito isso, a prática do positivismo não atinge seu tão famoso progresso, uma vez que vem sendo incorporado por um grupo retrógrado. Ao excluir, discriminar a reprimir não é criado o progresso, mas o medo e a desordem de uma nação. Por isso, o novo positivismo tupiniquim é perigoso se vigente, pois está mais próximo de uma ditadura da harmonia social do que do amor que eleva a sociedade a um estado progressista. Quando os ditos conservadores bolsonaristas apontam uma crise moral da sociedade brasileira eles estão reavivando Auguste Comte, cujo objetivo enquanto cientista social era justamente enquadrar os indivíduos num espectro fabricado de ordenamento. Portanto, nada mais que atual que um velho positivismo.


Taís Aimee Vasconcellos Prudêncio - 1º Direito Matutino 
RA: 231223692

 Amor, Ordem e Progresso


      O positivismo pode ser compreendido como uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX. Foi idealizada pelos pensadores Auguste Comte e John Stuart Mill, que defendiam o estudo da sociedade através de fatos concretos, encarando-os como algo intrínseco à evolução social. Por derivar do iluminismo, o positivismo defende o conhecimento científico e metodológico como a única forma de conhecimento real.

      Um dos principais lemas do positivismo, cunhado por Comte, foi:  “O Amor por princípio e a Ordem por base. O Progresso por fim”, e a finalidade da expressão era propor a evolução da sociedade de uma forma organizada. Assim, o filósofo propunha que o amor deveria sempre ser o princípio de todas as ações individuais e coletivas, a ordem consistia na conservação e manutenção de tudo o que é bom e positivo, e o progresso seria o fruto do desenvolvimento e aperfeiçoamento dessa ordem. No entanto, ao compreender as práticas históricas e materiais das sociedades modernas e pós-modernas, tornam-se palpáveis os apontamentos quanto às contradições  relacionadas ao uso de tal expressão e pensamento ao longo do tempo.

        Os termos ressaltados pelo filósofo são utilizados na bandeira do Brasil desde que este se tornou uma república, mas sem a principal palavra, amor. Tal modificação veio do filósofo brasileiro Raimundo Teixeira Mendes, que reafirmava as idéias de Comte sobre o domínio das ciências pelo homem. No entanto, ao fazer o uso reajustado da frase positivista, o Brasil desnuda um importante dado sobre a sua formação, essa sendo a naturalização das mazelas históricas sofridas em seu território. Segundo o educador Guilherme Terreri, “Hoje quando a gente lê ordem e progresso na bandeira, talvez a gente esteja falando sobre massacre e imperialismo.” Ou seja, acreditar que a sociedade evolui de forma natural deixa implícito que fenômenos como a escravidão e a ditadura militra foram necessários para a formação do país, e portanto, iniciativas como a política de cotas e a comisão da verdade não têm utilidade, já que uma sociedade que visa apenas o progresso, não possui mazelas e só caminha pra frente.

        Portanto, conclui-se que o positivismo pode ser visto como uma teoria dual, pois ao mesmo tempo que identifica que a sociedade deve ser objeto de estudo, cria teorização e metodologia para as ciências humanas,  e defende que o objetivo social seja o progresso; acaba se tornando questionável justamente por propor que o pensamento das humanidades seja construído a partir de um viés naturalista.

 

Geovanna Gonçalves Peniche - 1° ano Direito (matutino)

RA: 231222874

Positivismo: entre a persistência e a revolução

Tema: Existe Positivismo hoje?

Positivismo foi uma corrente filosófica, iniciada na França em meados do século XIX, tendo como principal fundador August Conte, sendo ele idealizado em meio ao fim da era napoleônica e com o crescimento do operariado como classe. Tais fatos impulsionaram o que chamamos de cientificismo, sendo este o movimento que prega a superioridade da ciência perante outras formas de se adquirir e afirmar o conhecimento. 

Levando em conta o contexto histórico, social e político torna-se compreensível o surgimento de tal corrente, entretanto com o decorrer das décadas tal concepção foi se modificando e se moldando. Em suma a defesa una da ciência como verdade absoluta e concreta através de métodos definidos e aplicados não é mais aceita de forma unilateral e ou universal, mas ainda sim existe uma alegoria social que permanece entrelaçada no cotidiano, sendo esta uma espécie de logotipo difundido que torna um TUDO mais “correto” e aceitável.

Tal alegoria teve uma crescente em meados de 2020  com a pandemia da Covid-19, sendo que em tal período perturbado da história contemporânea a única "esperança" social estava na ciência. Vale a ressalva de que a discussão perante a ideia da ciência ter uma verdade única e consolidada foi amplamente desfavorecida, principalmente, pela falta de seriedade e rigor necessário, com que um dos lados teve, levando em conta as inúmeras “FAKE NEWS”, deboches e não embasamentos não teóricos utilizados.

Com tudo, pode-se afirmar que o positivismo não  vigora de forma unânime e igualitária a sua origem, entretanto sua remanescente ainda se apresenta forte na sociedade. Podemos utilizar como parâmetro de comparação a camada de ozônio para fins de melhor entendimento, levando em conta que apesar das inúmeros danos a qual a camada que envolve a terra vem sofrendo, tal continua a existir, mesmo com grandes buracos.


Nome: Lívia Helena Porto Silva

RA: 231224222

Sala: 1º de Direito (Matutino)


Raízes da idealização e culto ao passado

 “A modernidade é a era em que nossa existência social depende do olhar dos outros: somos quem conseguimos fazer que os outros acreditem que somos” (Contardo Calligaris). Quando confrontado pelo abismo do desconhecido, o ser humano tende a se agarrar ao que lhe é familiar. Com o abrupto salto da humanidade na modernidade, diversos indivíduos se deparam com os valores nos quais basearam suas existências sendo esvaídos. Tal fenômeno resulta nos inúmeros grupos ascendentes que advocam pela manutenção de seus parâmetros de vida; pauta essa que suscintamente deixou seu aspecto moral e entrou no âmbito político, sendo adotada por incontáveis lideranças partidárias.

Desde sua primeira formatação, o Estado brasileiro é permeado pela visão positivista em seus aspectos mais característicos. Nosso lema, “Ordem e Progresso”, resume tal afirmação; exemplificando a base ideológica na qual a nação foi fundada: o ordenamento é necessário para o pleno progresso. Sendo assim, torna-se claro o motivo pelo qual, mesmo passando por leves reformas, a estrutura social brasileira se mantém a mesma: netos prosseguem nas mesmas posições que seus avós, em ambas as classes econômicas. Tal aspecto é necessário para o funcionamento da hierarquia que serve como sustentação da sociedade moderna como a conhecemos. Valendo-se dessa máxima, lideranças políticas com intenções secundárias por trás de seus atos, atrelam tal ordem social com valores morais e de tradição, removendo assim, a distinção entre intenções políticas e princípios de vida pessoais. Dessa forma, a defesa da tradição e culto ao passado, tornam-se pautas de honra ao cidadão comum, que, ao defendê-las, inconscientemente beneficia àqueles no topo do ordenamento e hierarquia social.

Kauê Luiz Novais do Carmo, 1° Ano – Direito (Noturno).

A permanência do positivismo na sociedade brasileira

O positivismo é uma corrente da filosofia desenvolvida no século XIX e que apresenta como seu principal expoente o filósofo francês Auguste Comte, o qual preconizava a existência de regras que governam os fenômenos sociais. A teoria foi desenvolvida em um contexto de diversas transformações históricas, como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, que possibilitaram a plena ascensão da burguesia e, consequentemente, o surgimento de resistências organizadas do proletariado contra essa classe dominante. Assim, para sanar esse período de crises sociais, Comte propõe o positivismo, uma forma de organização social baseada em uma forte hierarquia, nomeada por ele de ordem, na qual cada indivíduo possui seu papel para a construção do coletivo, de forma que deve permanecer em seu lugar para que o todo funcione e deve compreender sua necessidade social, no lema de Comte: amor por princípio, no sentido de amar o coletivo e buscar ao bem comum por meio de seu papel na sociedade. E por fim, Comte defende a exclusividade do conhecimento científico para o progresso, de maneira que o desenvolvimento de novas tecnologias por meio da ciência é o que caracteriza o aprimoramento da sociedade.

Primeiramente, o positivismo teve intensa influência histórica no Brasil, o que pode ser percebido especialmente durante a transição da monarquia para a república. Diante disso, a Proclamação da República foi baseada em uma ideia positivista de progresso, no qual a sociedade foi “modernizada” sem que houvesse uma ruptura social, com as classes sociais permanecendo inalteradas. Nesse sentido, a atual bandeira do Brasil, confeccionada no início do período republicano, é o símbolo desse positivismo, uma vez que carrega até mesmo as palavras “ordem e progresso”, o lema positivista de Comte. Assim, essa herança positivista do medo de transformações radicais e da necessidade de uma ordem se perpetuou durante toda a história do Brasil republicano. Uma outra influência do positivismo, nesse quesito, foi o apoio popular na instauração da ditadura militar, já que o medo de uma suposta revolução comunista, de uma ruptura radical, levou grande parcela da população a apoiar a “ordem”, vista no contexto como assegurada pelos militares, a fim de garantir o “progresso”, especialmente o desenvolvimento econômico.

Consequentemente, o positivismo continua presente na sociedade brasileira e se encontra tão intrínseco no pensamento de segmentos da sociedade que as pessoas muitas vezes nem sabem que seu modo de pensar é positivista. A bandeira brasileira também pode ser usada como símbolo do positivismo atual, uma vez que foi incorporada (e até talvez monopolizada) por uma esfera política de direita, que defende indiretamente as ideias de Comte. São variados os exemplos de acontecimentos contemporâneos que podem ser associados ao positivismo, um deles é um pronunciamento do ex-ministro da economia, Paulo Guedes, no qual ele demonstra que para ele seria um absurdo empregadas domésticas visitarem a Disney. Essa visão contém a ideia positivista de que o lugar social da empregada doméstica é outro, de forma que ela não poderia usufruir de benefícios de classes mais elevadas na hierarquia social, se não, a ordem, princípio positivista, seria rompida.

Assim, as ideias positivistas se arraigaram historicamente e estão profundamente presentes no Brasil atual, principalmente no que se trata à naturalização das desigualdades sociais. Isso acontece porque, no positivismo, as classes sociais são tratadas como princípios da sociedade e como imutáveis, de forma que está presente no pensamento social brasileiro a resignação diante do lugar e do papel social, como era defendido por Comte.

 Maria Eduarda Bergamasco Graciano 1 ano Direito Matutino 

RA:231224125

 

O Positivismo nos discursos de Extrema Direita

Ainda no início do século XX haviam grandes debates sobre qual seria o melhor regime de governo para as sociedades capitalistas. A ascensão de regimes ditatoriais conservadores e reacionários, como o facismo e o nazismo, bem como os horrores que trouxeram, fez com que a democracia se tornasse o modelo adotado e defendido por quase todo o mundo ocidental. No entanto, tal concepção parece estar em declínio nas últimas décadas, tendo em vista um aumento de discursos de extrema direita em todo o globo.


Apesar de competições entre diferentes correntes políticas serem essenciais para se obter uma democracia saudável, o que se tem visto ultimamente são declarações que se opõem ao próprio regime democrático, com seus líderes defendendo perseguições e autoritarismos em prol de “fazer o melhor para o país”. Percebe-se isso em momentos como a eleição de 2020 nos Estados Unidos, quando o candidato Donald Trump, sob o slogan de campanha “Make America great again!” (faça a América grande de novo), incentiva o ódio a imigrantes de origem latina, propondo até mesmo a construção de um muro que separasse os EUA de seus vizinhos do sul. Mais recentemente, nas eleições brasileiras de 2022, grupos de manifestantes foram às ruas para apoiar seu candidato exibindo cartazes apoiando atos inconstitucionais e antidemocráticos, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal e Congresso e uma intervenção militar, com o pressuposto de que estas instituições estavam prejudicando a nação.


Tais correntes se baseiam em uma retórica positivista, segundo a teoria proposta por Augusto Comte, ainda no século XIX. Comte trata a sociologia como uma “física social”, uma "ciência da crise" reduzindo as complexidades da vida em sociedade a dois estados, o caos e a ordem. Na contemporaneidade, tal método é usado para exercer controle e influência nas massas através do medo, ao afirmar a existência de um “inimigo” que ameaça a ordem social vigente. Essa ameaça pode tomar diversas formas, sendo alguns exemplos: o comunismo, a imoralidade, a deturpação de valores, e etc., que teriam por consequência a destruição das famílias, a base da sociedade. Este temor de algo inexistente trás uma necessidade de restabelecimento da ordem, de restaurar o mundo a um estado anterior de “normalidade”, ignorando o fato de que as mudanças são uma constante dentro da vida social, do coletivo.


Assim se evoca um nacionalismo exacerbado que, com o suposto objetivo de estar salvando seu país, leva multidões a cometer atrocidades que até certo tempo atrás acreditávamos pertencer apenas ao passado. A exemplo disso temos o ocorrido do dia 8 de janeiro de 2023, quando grupos insatisfeitos com o resultado das eleições invadiram a sede dos três poderes, em um ato de vandalismo e violência, bem como a invasão do Capitólio nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 pelo mesmo motivo. Este tipo de discurso já foi usado diversas vezes por vários líderes de caráter autoritário, sempre com bastante eficiência, como é percebido ao se estudar o cenário político atual.


O aumento de narrativas com tais características dentro do cenário global demonstra, de forma bastante clara, como a humanidade se esquece rapidamente de sua história. Ainda no século passado, governos com estas mesmas prerrogativas (facista e nazista) cometeram horrores inimagináveis na Europa, causando a morte de milhões de pessoas. No Brasil, durante a ditadura militar, centenas de pessoas foram torturadas, mortas ou simplesmente desapareceram. Mesmo assim, vemos grandes massas se agitando por indivíduos que se alimentam dessas ideologias, ignorando os estragos causados por elas; ignorando que eles mesmos representam a tal ameaça à sociedade que afirmam tão enfaticamente estar lutando contra. 




Ana Paula de Souza


RA: 231221029


1º Direito matutino


A presença do Positivismo na atualidade

Para iniciarmos a discussão sobre positivismo temos que entender o que é, para não cair em falácias e mentiras sobre esse tema. O positivismo, desenvolvido por Augusto Comte, foi uma linha de pensamento sociológica que tinha como proposta uma sociedade positivista em que os indivíduos se organizam de forma a manter a ordem social (ou seja, cada indivíduo deve cumprir sua função em benefício da sociedade) e se guiarem a partir do pensamento científico, criando as “Leis Sociais” (teoria de Comte sobre regras absolutas das ciências sociais).

Já compreendido o que é o positivismo, temos que entender como associa-se com os discursos da sociedade. Veja que o positivismo visa manter a ordem social e moral, isto cria discursos reacionários e preconceituosos como “Mantenha-se no seu lugar”, “Esse lugar não é pra você” entre outro que diminuem o ser humano para algo subumano, entrando em consenso com o livro “memorias da plantação” da autora Grada Kilomba. Esses discursos seguem um pensamento de hierarquização social colocando as pessoas em lugares sem espaço para contrariá-los, pois é colocar a “ordem social” em xeque.

Consequentemente, temos o dever de fugir desse raciocínio de opressão e não aderir, como temos escutado e visto de várias figuras importantes do Estado que seguem esse tipo de pensamento, para justificar seus preconceitos e maquiar com uma falsa lógica. Há discursos positivistas na sociedade brasileira, presentes nas relações entre empregador e empregado, “trabalhador” e “não trabalhador” e em todas as relações em que há uma hierarquização.

David Gardeazabal Ortona

1° ano de Direito noturno

RA: 231220316

O 8 de janeiro no Brasil a partir da análise positivista

 

Era dia oito de janeiro de dois mil e vinte e três quando o Brasil foi atingido por um ato contra a democracia dos ditos “cidadãos do bem” que habitam o país. Uma versão pirata do que foi a invasão do Capitólio norte-americano, atingiu Brasília como uma afronta ao Estado Democrático de Direito a partir de um discurso de “ordem e progresso” e o salvamento do país do fantasma do comunismo. Dessa forma, é passível perceber que esse acontecimento foi fortemente influenciado pela corrente positivista, a qual deu as caras no século XIX e que tinha por objetivo criar uma ciência da sociedade baseada na física social. Inserido em um contexto histórico de transformação material e social, inspirado pela Revolução Industrial e pelas intensas mudanças da Revolução Francesa, Comte desenvolve essa filosofia de que existe uma marcha contínua da humanidade para o progresso Por isso, é possível compreender a teoria positivista e como ela afeta os atos contra a democracia do dia oito de janeiro no Brasil.

Dessa forma, esse acontecimento se dá a partir de um movimento para modificar a sociedade o mais depressa possível, com intenção de “reorganizar” o que havia instaurando-se no Brasil, após a derrota do ex-presidente Bolsonaro. A partir de um discurso em prol da conservação da família tradicional brasileira, dos interesses da massa cristã, e para que a economia brasileira alavancasse, o coro “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, marchou em Brasília com a homilia de um amor por um princípio, ou seja, indivíduos que se uniram e resignaram por amor a sociedade brasileira, por um bem maior. Assim, o discurso conservador bradado no início de janeiro se dá com a única intenção de conservar as pessoas em seus lugares sociais para que haja “progresso” no Brasil.

Portanto, a partir da lógica de Comte, na qual tem-se a ordem por base, os “cidadãos do bem” tem por objetivo aliar-se ao discurso do ex-presidente Bolsonaro para manter os grupos sociais em seus respectivos lugares, ou seja, os mais pobres continuam na miséria e não recebem nenhum respaldo do governo para ascender socialmente e os mais ricos permanecem enriquecendo e tendo seus interesses pessoais sendo atendidos. Desse modo, chegar-se-ia ao progresso brasileiro e a sociedade é capaz de se movimentar. De maneira que, o oito de janeiro se dá para conter uma falsa crise que poderia causar desorganização no Brasil e por isso era preciso que esses cidadãos reorganizassem o país, de modo que seriam os “salvadores da pátria” que curariam o Brasil da doença comunista que se alastraria a partir do novo governo petista.

Ana Júlia Nogueira

RA: 231221819

1° ano Direito Matutino

A ressignificação dos valores positivistas na crise atual

De acordo com a percepção de Comte, em encontro de seu contexto social revolucionário, a sociologia seria uma ciência da crise. Dessa forma, sociedades como a brasileira que passa por uma dicotomia com projetos de desorganização e reorganização, deveria buscar os valores positivistas para mudança do cenário desunido. Para atingir esse fim, deveriam ser seguidos valores em prol do amor, ordem e progresso. Tais valores são inclusive presentes nos dizeres da bandeira brasileira, instaurada com o governo de Marechal Deodoro da Fonseca após proclamação da república. O que reforça a idéia de que crise, mudança e positivismo andam em comunhão. No entanto, é necessário a realização de uma pergunta: os valores originais positivistas foram mesmo seguidos no contexto de crise? Se levarmos em conta que as crises de dicotomia se repetiram no país, a resposta é que a sociedade brasileira não instaurou em seu cotidiano os princípios do positivismo, e ao analisa-los isso se torna mais claro. 

De acordo com Comte o positivismo como física social considera sempre os fatos sociais, não como objetos de admiração ou de crítica, mas como objetos de observação. Essa idéia vai no encontro da filosofia positivista que segue a máxima baconiana “somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”. No entanto, nota-se atualmente com o movimento anti-vacina, por exemplo, uma carência de observação científica dos fatos. Nesse contexto, a "observação" deixou de ser algo categórico e passou a ser algo valorativo, objeto de admiração ou crítica, como não deveria ser no positivismo. O discurso sobre a observação deixou de ser factual e mergulhou em teorias conspiracionistas.

Além da observação a solidariedade social tinha lugar central na organização social positivista. A noção de felicidade vinculada ao bem público deveria se sobrepor ao parâmetro pessoal de felicidade. No entanto, o crescimento da aporofobia e Lgbtfobia atrelados a justificativa de bem público demonstram novamente uma modificação do significado dos valores positivistas. Atualmente a aporofobia é vinculada a segurança pública e fim do banditismo. Também, a Lgbtfobia é justificada pela proteção das crianças a influências de doutrinação antinatural. Como foi o caso da fake news sobre o "kit gay" que na verdade se tratava de um programa anti-homofobia nas escolas. Tal fato serve pra demonstrar tanto a falta de observação científica dos fatos quanto para exemplificar a falta de solidariedade social além das percepções individuais. 

Dessa forma, é possível observar que o título de idéias positivistas é atribuído aos movimentos sociais majoritários atualmente. No entanto, a essência do positivismo se perdeu e seus valores de observação científica e solidariedade social, em busca do bem público, foram subvertidos. 


Rafaela Santiago Panichi

primeiro ano de direito noturno

RA: 231223803

tema: existe positivismo hoje?

O positivismo contemporâneo: efeito manada e cultura do cancelamento

Em meados do século XIX, surge a corrente filosófica do francês Auguste Comte, designada como positivismo, em que era apoiada numa "física social", isto é, estabelecia que a ciência e a ordem social eram necessárias para o progresso, tal qual, um processo ancorado com um tipo de conduta específica de moral e bons costumes. Em suma, é possível identificar a presença do positivismo na sociedade contemporânea, por exemplo, numa situação que envolva o efeito manada e a cultura do cancelamento.

Nesse viés, o comportamento de manada se refere à tendência de indivíduos seguirem a opinião ou ação de um grupo sem analisar os fatos ou fundamentos, logo, percebe-se que esse conceito está vinculado com o positivismo: quando ocorre determinada situação polêmica e, em casos extremos, há um ‘’cancelamento’’ da pessoa por algo que, porventura, fugiu da ordem. Desse modo, o indivíduo é punido pelos outros – seja virtualmente ou não - a fim de reestabelecer o ordenamento da sociedade.

Outrossim, a busca do espírito positivista é algo digno de reflexão, pois trata o cientificismo como algo superior em prol das formas de compreensão humana da realidade, não obstante, deve-se considerar que a ciência não é uma verdade absoluta, pelo contrário, ela é falível e constantemente passível de críticas ou questionamentos. 

Portanto, os indivíduos devem estimular o seu senso crítico perante o julgamento do comportamento alheio, a favor de evitar ser facilmente influenciado pela manada e, sendo assim, impedir o fomento da cultura do cancelamento e contribuir para uma estabilidade social de forma harmônica.

Melissa Estevam - 1° Ano de Direito (noturno) - RA: 231224321

Desordem e Regresso

 Tema: Existe positivismo hoje?

Os filósofos modernos René Descartes e Francis Bacon teorizaram os métodos científicos que deram as bases epistemológicas para a compreensão da natureza e do mundo humano. A sistematização que prioriza os resultados para a apreensão da verdade, pautada no método cartesiano, deu início ao processo de dominação das forças naturais. Dentro disso, com as ciências naturais consolidadas durante duzentos anos, o sociólogo Auguste Comte, em meados do século XVIII, teorizou o termo “física social” como a última etapa da construção do conhecimento; o estágio positivo seria a superação da fase teológica-metafísica da sociedade, solidificando, por fim, uma ciência para o domínio e controle social.

Com efeito, Comte fundamenta a filosofia positiva com base nas ideias científicas propostas pelos renascentistas, adotando a máxima de que apenas são verdadeiros os conhecimentos baseados em fatos observáveis. A partir disso, o contexto da metade do século XVIII, que contava com a busca burguesa por hegemonia política e ideológica e o começo da organização da classe operária, influenciou o sociólogo a propor em seus escritos a conciliação entre conservação e melhoramento, isto é, só é possível atingir o progresso através da dissolução do “revolucionarismo”. Desse modo, os possíveis sinais de ruptura com os padrões da sociedade simbolizam uma ameaça ao ideal das regras de condutas e lugares sociais definidos que representam a harmonia e a ordenação defendidas pelo positivismo.

Por conseguinte, nos dias atuais, o lema central da física social, “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”, encontra-se tão vivo quanto estava há quase trezentos anos. Exemplo disso é a influência que essa corrente exerceu nos ideais que permearam a Proclamação da República, ganhando o espaço, inclusive, de ser o lema estampado na bandeira nacional. Não obstante, o episódio dos atos de 08/01/2023, que contaram com mobilização de agitação e fervilhamento de contestação do processo eleitoral de 2022, exemplifica a crença positivista de exigir o controle frente a um risco de subversão dos padrões estabelecidos e, portanto, ameaçadores da ordem vigente, representada nos últimos quatro anos pela norma “Deus, Pátria e Família", que muito se assemelha às palavras eternizadas no lábaro brasileiro, resguardadas as suas especificidades contemporâneas.

Portanto, verifica-se que o positivismo persiste como ideia estruturante da vida contemporânea. A defesa do avanço dos meios que propiciam o desenvolvimento da ciência - nos dias que correm, da tecnologia - é a máscara que esconde a sombria busca pelo progresso como esforço mantenedor da ordem controladora de condutas e ações sociais pré definidas, prejudicando a oportunidade de ascensão social e perpetuando um estado de priorização de criação e aprimoramento material, em detrimento do efetivo desenvolvimento do organismo social e demais potenciais predicados da humanidade. Ademais, o esforço de combate a qualquer ato revolucionário contribui para a continuidade dos valores elitistas que perduram desde a modernidade e sentencia a sociedade ao conservadorismo estagnatório, impedindo que o verdadeiro progresso social seja, de fato, alcançado.

Sophya Helena Batazuos Resende Bastianini de Souza - RA: 231224771

1º ano de Direito (noturno)

Positivismo: corrente filosófica ou relativização de problemáticas?

 No século XIX, surge uma corrente filosófica denominada “Positivismo”, característica do pensamento de Augusto Comte; essa corrente impõe a valorização do saber científico para o encontro ao puro conhecimento. Nesse sentido, o positivismo seria responsável por explicar coisas práticas, como as leis da física. Ademais, Augusto Comte determina que a sociedade é regida por um fluxo contínuo e natural, como as ciências da natureza.

Em uma primeira análise, destaca-se a problemática de reduzir a sociedade como um fluxo “natural”, uma vez que essa caracterização invisibiliza diversos acontecimentos emblemáticos e “não naturais” que já ocorreram no corpo social. Sob essa perspectiva, destaca-se a “naturalização” de atitudes machistas, homofóbicas, transfóbicas, entre outras, uma vez que o positivismo determina a importância dos costumes e ciclos “naturais”. Logo, a visão do homem como superior, a relação entre o homem e a mulher e a questão de gênero acabam sendo tidas como possibilidades únicas, segundo uma “tradição”, acarretando diversos preconceitos com pautas em luta na contemporaneidade.

Outro aspecto da existência do positivismo é a valorização da objetividade e da racionalidade. Em um mundo cada vez mais complexo e dinâmico, informações precisas e confiáveis ​​são fundamentais para a tomada de decisões importantes. Nesse sentido, a ciência e a tecnologia são ferramentas fundamentais que nos ajudam a entender e responder aos desafios do mundo contemporâneo. No entanto, é importante ressaltar que o positivismo também tem suas limitações. Em alguns casos, uma busca obsessiva pela objetividade pode acabar por ignorar os elementos subjetivos e emocionais que são igualmente importantes para a compreensão da realidade. Além disso, o excesso de confiança na ciência pode levar a uma visão simplificada e simplista da complexidade do mundo.

Depreende-se, portanto, que se deve buscar um equilíbrio entre o conhecimento científico e outras formas de compreensão da realidade, como a experiência subjetiva e as tradições culturais. Afinal, só assim poderemos construir um mundo mais justo, equilibrado e humano.


Maria Clara Cabrera Gementi - 1° Ano Direito Noturno. RA: 231220481

O Positivismo Atual

 

          Augusto Comte viveu na França do século XIX, período marcado por intensa mudança e instabilidade política no país, principalmente devido à Primavera dos Povos. Nesse período, a burguesia buscava por hegemonia política e ideológica ao passo que a classe operária começava a se organizar para reivindicar melhorias nas suas condições de vida. Nesse contexto, qualquer tipo de revolução ou sinal de ruptura dos padrões da sociedade já estabelecidos era visto como algo prejudicial à sociedade, posto que, desse modo, a ordem social seria afetada. Assim, Comte propõe a Sociologia Positiva, uma ciência nascida da crise, que teria seus métodos como outras ciências naturais e estudaria os “órgãos sociais”.

          Comte buscava tratar a sociologia como uma ciência técnica, por isso, observava a sociedade como um organismo que possuía a desorganização como doença, necessitando de um diagnóstico para que a cura, a reorganização, pudesse ser ministrada. Tudo isso sob o lema positivista, que define o amor, a ordem e o progresso como condições essenciais para o desenvolvimento da civilização moderna. Sob esse viés, muitos governantes utilizaram da ciência positivista para promover o progresso acima de tudo, impedindo quaisquer movimentos que pudessem promover a “desordem”. No Brasil, essa corrente foi inspiração para muitos governos, sendo inclusive utilizada na criação da atual bandeira nacional durante o governo do Deodoro da Fonseca. Posteriormente, Getúlio Vargas também utilizou da teoria positivista em seu governo.

        Por fim, a questão que fica é: existe positivismo hoje? Bom, em teoria, o positivismo puro e aberto não está mais presente na atualidade, contudo, é possível observar o engajamento positivista nas sociedades, principalmente nas mais autoritárias. Por exemplo, nas eleições brasileiras de 2018, com a ascensão da extrema direita, foi possível perceber o retorno desses ideais, como a defesa do autoritarismo para promover a ordem e o progresso. Em 2020, pudemos observar durante a pandemia, em alguns países, uma defensa por parte da população e até mesmo alguns membros do governo, de ideias que promoveriam o progresso acima de tudo, como por exemplo, o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro afirmando que a economia não podia parar por causa de uma “gripezinha”, se colocando, desse modo, contrário à quarentena como proteção à vida dos brasileiros.

        Portanto, fica claro que com a ascensão da extrema direita em muitos países, a teoria positivista vem sendo atualizada e ganhando força novamente na atualidade.



TEMA 2: EXISTE POSITIVISMO HOJE?

Sarah Kulchar Tvardovskas 

1° Ano - Direito (Noturno)

RA: 231224257

O mito da Ordem e do Progresso

O lema “Ordem e Progresso”, presente na histórica bandeira brasileira, representa um ideal positivista propagado pelos militares que proclamaram a República. Para eles, que exerceram os primeiros mandatos executivos do novo regime político instaurado, a monarquia representava um regresso para a sociedade brasileira, tendo em vista que tal regime não era mais vigente na maioria das outras civilizações. Contudo, eles acreditavam, de acordo com o positivismo, que o passado histórico foi necessário para que a sociedade pudesse progredir. Logo, a escravidão, o genocídio indígena e a agressiva miscigenação foram banalizadas para justificar a construção de uma civilização que segue uma ordem para o progresso.

Além dessa corrente sociológica prejudicar uma reparação histórica essencial para a desconstrução das mazelas que corroem o tecido social, ela forma uma ativa moral universal que prescreve a cada agente, individual e coletivo, regras de condutas que regeriam a harmonia. Isso também é prejudicial para os cidadãos, pois aqueles que não seguirem a norma serão classificados como “os causadores da desordem” e “os anormais”. Assim, tornam-se alvos a serem eliminados em prol daqueles que buscam o progresso. Essa dinâmica foi vista no holocausto provocado por Hitler, que definia grupos sociais (judeus, homossexuais etc) que representavam o retrocesso da nação, a qual deveria ser formada apenas pelos “homens de sangue bom”. Infelizmente, ideias positivistas ainda podem ser vistas em alguns pensamentos conservadores brasileiros, como a frase “bandido bom é bandido morto”. Tal frase demonstra o desejo de “manter a ordem social”, eliminando aquilo que a desconfiguraria. Repara-se que não há uma interpretação da realidade social como desigual. Então, preside também o desejo de manter uma estrutura desigual, violenta e estigmatizada que mantém os mais pobres como refém de um sistema que os excluem. Assim, percebe-se que “a ordem” a ser mantida pelo positivismo é uma ordem que respeita apenas interesses elitistas.

Embora o positivismo não exista, atualmente, como força sistemática como foi durante a Segunda Guerra Mundial, ainda há ideias que têm como falso pressuposto a superioridade de algumas pessoas em detrimento de outras, teórica do positivismo. Isso pode ser observado ao se analisar o agente universal que vocaliza conhecimento. A grade curricular do ensino da História, os físicos e biólogos estudados no fundamental, as perspectivas sociológicas são, majoritariamente, compostas por um viés masculino e branco. Isso não acontece porque as civilizações não europeias não possuem o seu próprio desenvolvimento ou porque não existam mulheres e pretos nos estudos das diferentes ciências, mas acontece porque tais vozes foram silenciadas, esquecidas e invisibilizadas durante anos pela justificativa de que elas eram inferiores. Tal territorialização do poder, que define quem é o mais apto para produzir o conhecimento, ainda está presente nas relações sociais contemporâneas e exclui vozes potentes que, na margem, buscam alcançar o centro. Por isso, faz-se tão importante que as mais diferentes perspectivas que residem no tecido social ecoem sobre o conhecimento e sobre a sociedade: para que o mito positivista de superioridade não exerça, nunca mais, influência social.

Aluno: Giulia Lopes Batista Pinto

Direito - matutino

RA: 231224702

 O Retorno Militar e a Morte do Positivismo


Uma das mais expressivas manifestações políticas do Positivismo  no Brasil se deu como ideologia que guiou os militares no Golpe da República e que os fez estampar “ordem e progresso” na bandeira brasileira. Entretanto, essa conexão apenas se degenerou desde então com os militares fazendo uso dessa estética positivista, mas esvaziando-a completamente dos valores propostos por Augusto Comte, como a busca do progresso e do esclarecimento pela Ciência. 

 Embora tenha havido um ressurgimento dos militares na vida política brasileira, sobretudo a partir de 2018, esse retorno não trouxe consigo nada que possa ser reconhecido explicitamente como uma retomada positivista clássica e que marcou os primeiros governos militares. São vários os casos em que se trocou o progresso pelo conservadorismo retrógrado, a Ciência pelo obscurantismo e a racionalidade pela mitologia. Quando durante a pandemia, os laboratórios militares passaram a produzir cloroquina, contraindicada por diversos estudos e a comunidade científica em geral, ao invés de auxiliar nos esforços de produção de vacinas. Quando os oficiais escolheram  compor um governo com pastores e não com cientistas, deixando de olhar para o futuro, mas ter saudade do passado, volta-se ao primeiro estado (teológico) de Comte. 

Todavia, esta separação entre a corporação e a ideologia era iminente desde que não se incluiu uma terceira palavra na bandeira “amor”. A principal falha do Positivismo é sua dificuldade em compreender o indivíduo e suas necessidades pessoais e concretas, não conseguindo ver fora dessa escala de progresso abstrato da civilização. Assim, a ausência do “amor” estabeleceu essa falha crítica que  descolaria o Positivismo da realidade e impediria sua manutenção a longo prazo. E que terminou, por fim, gerando esse movimento reacionário-militar dedicado exclusivamente com o individualismo genérico e empreendedor e a reprodução de uma moralidade conservadora. 

Desta forma, analisando dialeticamente, foi a falha inicial do Positivismo que permitiu que o exército se tornasse quase que uma antítese do que pregava na bandeira, e esse movimento obscurantista um filho direto do Positivismo. A ordem não se manteve e o progresso nunca veio, somente o negacionismo e o saudosismo por um passado inexistente transformaram-se em seu legado para o Brasil. Quem sabe com mais “amor” e menos planos grandiosos para o futuro o resultado teria sido diferente?


Daniel Anuatti Reis - 1° ano de Direito (matutino)

RA: 231220197


Positivismo à brasileira: uma análise dos primeiros atos institucionais durante a Ditadura Militar

    O regime civil-militar de 1964 é instaurado após o golpe promovido pelas Forças Armadas, com apoio da alta hierarquia da Igreja Católica e uma classe média alta insatisfeita com a situação em que o Brasil estava. Nesse sentido, o contexto anterior ao golpe, marcado pela alta inflação, avanço das demandas populares e tentativa política de atendê-las (Reformas de base), somado com uma relação diplomática aberta à diferentes países como a China comunista, é marcado por uma "quebra da ordem vigente". Em suma, este texto tem como objetivo a análise de alguns Atos institucionais relativos à Ditadura militar brasileira e entender suas relações e tendências positivistas.
    O primeiro passo para se "reestabelecer a ordem" do país, na visão dos militares, era criar uma forma de se governar o país sem a utilização da Constituição, uma vez que esta não seria suficiente para corrigir os "problemas" que a sociedade brasileira enfrentava. Dessa forma, a delegação da autoridade era marcada pela organização e aprovação de atos institucionais, que passavam a valer imediatamente após sua promulgação e assumiam prevalência sobre os demais códigos e leis existentes. 
    Os primeiro deles, o A.I 1, 2, 3, 4 apresentavam como conteúdo, de forma geral, o prevalecimento do Poder Executivo (militar) sob os demais. A adoção de eleições indiretas, dissolução de partidos, cassação de políticos e leis legislativas e a possibilidade de decretar Estado de sítio sem consultar o Congresso e por fim a elaboração de uma nova Constituição demonstram a ação efetiva de se buscar o progresso a partir do apagamento, eliminação e perseguição de tudo aquilo que impede que a pseudordem se mantenha.  
    A delegação dessa responsabilidade para o militarismo demonstra que a condição estática provinda do conservadorismo, marcado pela rígida disciplina e hierarquia, das Forças armadas seria a única forma de permitir o "desenvolvimento da sociedade". A questão marcante do viés positivista na Ditadura militar fica ainda mais evidente no A.I 5 na busca pela "harmonia social" de forma extrema, institucionalizando o extermínio de todos aqueles contrários à situação.
    De maneira geral, todos os atos institucionais se sustentam por uma lógica positivista: há um "problema" de cunho moral, mas que influencia de maneira negativa a política, a economia e a família, e por isso cabe àqueles que sabem o que é "ordem" (ironicamente os militares acreditavam e acreditam que são eles) corrigir estes problemas para que a sociedade se reorganize de forma dinâmica e se desenvolva plenamente, a questão central é que o positivismo ao pautar essa ideia de coesão e coerência social sempre tende a um conservadorismo reacionário, que na busca pela ordem e pelo progresso elimina todos que discordam disso.

Giuliano da Cunha Massaro 1º ano de direito, matutino
RA: 231220235

A PROPOSTA POSITIVISTA DE ANÁLISE SOCIAL

     O método Positivista surgiu na França na primeira metade do século XIX, cujo principal expoente foi o filósofo Auguste Comte, tendo por base a crença de que apenas o conhecimento científico poderia ser dado como verdadeiro. Entretanto, remete-se a criação do método científico ao século XII, com filósofos como Francis Bacon e René Descartes, que apontavam a necessidade de um olhar objetivo e baseado na experiência empírica como forma de conhecer verdadeiramente a natureza e, assim, dominá-la. Dessa forma, os princípios do método positivista surgem com os filósofos renascentistas, que promoveram a gradativa racionalização das ciências naturais, agora calcadas no empirismo e na observação do real como meios para se alcançar um conhecimento de mundo verdadeiro.

     As ciências naturais são aquelas que estudam os fenômenos da natureza, tais quais os de caráter físico (Física), químico (Química) e biológico (Biologia), dentre outros, a fim de entendê-los e controlá-los. Porém, embora o estudo do homem como ser pertencente à natureza já ocorra dentro das ciências biológicas, tem-se em mente o caráter principal da vida em sociedade para sua existência, a qual não é aprofundada nos estudos da biologia. Portanto, faz-se necessário que haja uma ciência voltada para o estudo do homem como ser social e político e das suas relações em comunidade. Assim, surge, em 1822, através de um ensaio de Comte sobre o positivismo, a ideia de uma Física Social, conhecida atualmente como Sociologia, cujo objetivo é o estudo dos fenômenos sociais a partir de um método científico tal qual o utilizado pelas ciências naturais acerca de seus objetos de estudo, submetendo-os a leis gerais e invariáveis.

     Sob a perspectiva positivista, Auguste Comte entende que é preciso a compreensão da sociedade de forma concreta e empírica, para que seja possível sua transformação. O filósofo entende que a sociedade é dotada de um dualismo entre reorganização e desorganização/normal e anormal, sendo necessário um estudo que busque compreender tal realidade a fim de instaurar uma ordem social e, a partir desta, permitir o progresso da sociedade. Tal conceito de ordem, por sua vez, é descrito pelo autor como a manutenção das instituições estáticas e básicas funcionando, tais quais a família, o direito e a cultura.

     Sendo assim, Comte traz em sua teoria alguns conceitos acerca de como deve ser a organização da sociedade, como, por exemplo, a necessidade da existência de diferentes camadas sociais com papéis predeterminados. Sobre tal assunto, o autor explica não só a necessidade da manutenção das baixas camadas sociais para a existência e bom funcionamento das camadas superiores, além de argumentar em prol da apreciação e do orgulho do pertencimento às camadas proletárias e da não tentativa de ascensão social (tida como um risco ao equilíbrio vigente). Dessa forma, a ordem consiste na conservação das instituições e das pessoas em seus respectivos lugares sociais para que a sociedade possa, então, funcionar de maneira plena e caminhar em direção ao progresso.

     Por fim, entende-se atualmente o erro do pensamento Comteano ao tratar a sociedade não só de maneira a excluir os aspectos subjetivos dos indivíduos (como seres com vivências, pensamentos, consciência, sentimentos, dentre outros), os quais possuem também papel determinante na construção e caminhar de uma sociedade, como também a defender a manutenção da desigualdade social. Assim, embora seja certo que o pensamento positivista ainda se faça presente nas sociedades atuais, a exemplo do discurso conservador contra a ascensão social, presente na maioria das grandes nações capitalistas do mundo contemporâneo (o que justifica, por exemplo, a ascensão de movimentos como o "bolsonarismo" no Brasil atual), deve-se ter em mente a complexidade do estudo sociológico e a necessidade do cuidado contra possíveis erros de tal índole na tentativa de uma transformação social.


Aluna: Maria Clara Feitosa de Oliveira - 1° ano de Direito - Matutino