domingo, 1 de maio de 2011

A exatidão das ciências humanas

"Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta". Esse era o lema de Augusto Comte, o grande representante do positivismo, que abrange sociologia, filosofia e política.

Unindo o racionalismo cartesiano ao empirismo de Bacon ("(...) somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados." - p. 5), propõem-se às ciências sociais critérios rigorosos como os utilizados nas ciências exatas.

Passando pelas etapas do pensamento, desde o teológico, essencial para o início das indagações e um ser abstrato a quem se possa atribuir explicações não encontradas, passando pela metafísica definida como intermédio para evoluirmos ao positivismo. Assim, como vimos a física do filme Ponto de Mutação criticando o maquinicismo de Descartes e a necessidade de conseguir juntar os conhecimentos para ter uma visão geral, no texto lido também defende-se a “(...) ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, (...)” (p. 4).

Justamente por defender os critérios das ciências exatas, são delas muitos dos exemplos utilizados para a abordar o novo sistema proposto, o que facililta o entendimento. Tomando a gravitação e o processo de atração, a filosofia positiva a determina, enumera-a, mas não se preocupa com a causa, muito valorizada pelos métodos anteriores, porém, que não chegava a conclusões e nem conseguia sustentar-se em concretudes ou algum meio de provar.

Uma grande vantagem desse método é o princípio acumulativo, pois com critérios estabelecidos, o conhecimento poderia se desenvolver sem que fosse necessário descartar o que se sabia anteriormente (o que ele chama de influência deletéria). Posteriormente, é defendida também a especialização, aprofundando o conhecimento enquanto ainda há quem se ocupe de manter o conhecimento geral e organizá-lo.

Sobre isso, destaca-se o trecho “(...), a divisão do trabalho intelectual, aperfeiçoada progressivamente, é um dos atributos característicos mais importantes da filosofia positivista.” (p. 11) e depois a necessidade de cientistas que estivessem preparados para a eduação conveniente.

Voltando à divisão, apesar de enciclopédias lembrarem os editores Diderot e D’Alembert; Comte define dois principais meios de organização: histórico (na ordem das descobertas - incoveniente pela da demora do aprendizado; vantajoso por demonstrar os caminhos, conhecimentos intermediários e como pensar propriamente) e dogmático (para as ciências mais desenvolvidas, praticamente o que estudamos hoje - sem o percurso histórico, vai-se diretamente ao conhecimento último e pronto a ser aplicado, ou, evoluído). Outro contra deste meio, é a crença do autor de não se ter noção total de uma matéria sem saber sua história e a nova defesa do autor a respeito da interdependência das matérias, que muitas vezes se misturam para compreensão de fatos. Em representação a estes dois argumentos, nas páginas 35 e 36 encontra-se que: "(...) o estudo racional de cada ciência fundamental, exigindo a cultura prévia de todas aquelas que a precedem em nossa hierarquia enciclopédica, não pode fazer progressos reais e tomar seu verdadeiro caráter a não ser depois dum grande desenvolvimento das ciências anteriores, relativas a fenômenos mais gerais, mais abstratos, menos complicados e independentes dos outros.".

Essa separação dualmente fria faz-nos levar à conclusão de que os métodos de classificação sempre serão falhos. Um meio mais geral de evitar tantos problemas é começar pelas partes gerais em direção às específicas, assim como "(...) estudar os fenômenos fisioóligos depois dos corpos inorgânicos" (p. 31) demonstra. E hoje esta atitude é percebida claramente, com relação à Química, ao ensinar-se primeiro a parte inorgânica, a base, para depois iniciar a parte inorgânica.

Colocando a matemática no topo da filosofia positiva por "(...) constituir o verdadeiro ponto de partida de toda educação científica racional (...)" (p. 39), a chamada física social fica por último na lista a ser estudada por relacionar todas as anteriores e a de principal matéria de interesse.


Na prática...

Em um segundo momento, é necessário considerar a respeito da implantação do método. É quando cita-se a frase mais famosa associada ao assunto, lema presente na bandeira nacional: Ordem e Progresso. Isto porque no caos, não há como priorizar o estudo , seja em busca de conhecimento ou de soluções à sociedade. Portanto, é necessário a ordem para que haja o progresso, entrando em ação o sociólogo com o dever de diagnosticar os desvios da ordem para permitir o progresso.

A principal barreira para o estabelecimento do chamado espírito positivista é a moral religiosa. Quanto maior for o tempo de influência desta, maior seria possível perceber o retrocesso ou a defasagem no avanço. O positivismo propõe uma renovação da mentalidade.

Além disso, o ensino pode ser dividido em duas vertentes: os que se dedicam ao conhecimento em si, e portanto ligados à metafísica, e aqueles que colocam essas descobertas em prática, colocando a utilidade do que se sabe acima da "estética", ou seja, conhecer por conhecer. Assim podemos explicar o surgimento das escolas técnicas. Sabendo que não só de filósofos e de teóricos um país se forma, formam-se com qualidade trabalhadores para colocarem os planos em ação.

A respeito da divulgação e a partir da separação feita, Comte admite que os teóricos são os que podem apresentar maior resistência à imposição do novo método, já que estes encontram-se doutrinados pela via clássica. Por outro lado, aqueles que não tiveram tanto acesso à filosofia e outras matérias quanto os estudiosos, essa "tábua rasa" seria mais receptiva à nova instrução.

Outro ponto essencial a se considerar é a importância de colocar a felicidade social acima da felicidade pessoal, ao contrário do que prega a moral religiosa com a salvação individual. Daí a necessidade da solidariedade e de certas concessões em prol do bem estar público. Para Comte, cada um precisaria contentar-se com o seu trabalho, entretanto, orgulhar-se dele e perceber seu papel constituinte da sociedade. Ele defende que o operário, justamente por trabalhar mais próximo à natureza, teria maior facilidade de compreensão do seu papel do que o metafísico.

Afinal, essa utilização dos métodos exatos nas ciências humanas tem por fim sua evolução, melhoria no sistema de ensino e, quando aplicado às pessoas, busca a felicidade de todos quando cada um faz sua parte na formação deste imenso corpo social.

O amor por príncipio, a ordem por base; o progresso por fim

O Positivismo de Comte pode ser analisado dentro das suas esferas principais, como a defesa do método cíentifico de verificação de fenônemos, da idéia de reformas sociais e morais dentro das leis fundamentais já criadas e da fisiologia social de cada indíviduo.
Para que houvesse um desenvolvimento positivista, esses 3 fatores deviam interagir entre si, de modo a continuar o desenvolvimento na área cíentifica sem que as leis criadas para controlar as interações humanas fossem violadas.
As idéias de Comte serviram para uma análise mais crua da sociedade da época, passasse então a analisar os comportamentos dos índividuos para que "funcionassem" melhor na convivência de um todo, assim não seriam os individuos que precisariam se adaptar na maioria as leis, e sim as leis que regeriam os individuos fossem já adaptadas para que não houvessem obstáculos como greves e revoluções que atrapalhassem o ritmo que vinha o desenvolvimento científico.
Além disso tentasse deixar de lado o metafísico, e se entende que qualquer ação realizada por um ser vivo seria obra de um conjunto de reações das quais teriam como origem uma explicação cíentifica.
Um exemplo aplicado desse método de pensamento até hoje seria o da venda de remédios que melhoram o humor de individuos, onde a depressão e a raiva seriam funções biológicas do organismo, na qual a sociedade por meio do mercado disponibiliza métodos de inibir tais comportamentos e fazer com que a convivência humana se aprimore, de modo a não prejudicar o progresso tanto científico quanto social.
Percebe-se até hoje também um grande enfoque na área científica, onde o homem procura sempre explicar todo tipo de fenômeno, mesmo que englobe milhares de fatores, sempre há um tipo de explicação que poderia ser prevista, de certo modo montando-se uma equação social da qual cada grupo pertence, assim prova-se que o positivismo é ainda presente na sociedade contemporânea.

Em busca das leis invariáveis e permanentes que regem a sociedade

Em um contexto revolucionário marcado pela afirmação do capitalismo, surge a ciência da sociedade com Auguste Comte.

Tendo como precursores Descartes e Bacon, a filosofia positiva representa o amadurecimento do pensamento humano e propõe a supremacia do método. Critica o vazio daquilo que é abstrato e incerto e parte em busca das leis invariáveis e permanentes que regem a sociedade.

Pregava a teoria de que cada indivíduo, como uma célula, possuía uma função social específica e imutável. Sendo assim, cabia a cada membro dessa sociedade orgulhar-se de seu papel e alegrar-se por ser responsável pela manutenção da ordem. Não existe progresso no caos e, por isso, é imprescindível que a individualidade fique amordaçada em prol do bom funcionamento social.

Desse modo o pensamento positivo apresenta-se muito útil para evitar anarquias, revoluções, greves, levantes populares em geral, já que condena e tolhe as ambições pessoais, estimulando assim um sentimento de conformismo. Talvez por isso foi tão forte entre as correntes militares.

Além disso, a teoria positivista ainda propunha uma reforma na educação e a separação entre ciência e técnica, que caminhariam juntas a fim de amenizar as fragilidades fisiológicas dos seres humanos.

E dessa forma, priorizando o bem público e a manutenção da ordem, o positivismo ainda fez-se capaz de seduzir as massas por suprir necessidades essências através de fortes políticas populares e por disseminar, como fim comum, o progresso.



Real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático

Teológico e Metafísico considerados essenciais. No entanto, criticados. Augusto Comte defende a pura ciência como verdade concreta dos acontecimentos mundanos, e prega a questão teológica como última recorrência para a explicação de fatos, apesar de defender tais tipos abstratos de conhecimento serviram de alicerce para a construção do ser humano pensador e errante. Porém, analisando tais métodos como alicerce, seriam eles, de certa forma, inferiores à ciência propriamente dita?
A construção do pensamento positivista é muito interessante, no aspecto em que é proposto o estático fortificado e definido para que se possa progredir.
Em relação à educação, é desenvolvida a questão da quebra das separações entre as ciências, para que se elabore algo único, conectado e coeso, abragendo todos os tipos de conhecimento.
Todavia, para que tais ideias pudessem ser efetivadas na sociedade da época, era necessário apresentá-la ao proletariado, nível social mais próximo, mais paupável, diante ao seu contato direto com a natureza.
O positivismo, apesar de suas interpretações errôneas na sociedade contemporânea, é vivíssimo até então, visto como base fértil do racionalismo e do desenvolvimento. "Ordem e Progresso". Porém, indago: não seria melhor "Ordem, Progresso e Amor?"


"As idéias conduzem e transformam o mundo"

Comte em sua obra "Curso de Filosofia Positiva" trata sobre o conhecimento humano como tendo três estados históricos: o estado teológico ou fictício, o estado metafísico ou abstrato e o estado científico ou positivo. Ele apresenta as falhas dos dois primeiros estados mas os considera essencial para o alcance do terceiro. O estado positivo reconhece a impossibilidade de se obter noções absolutas, ele não mais procura a origem e destino do universo, preocupa-se unicamente em descobrir, combinando raciocínio e observação, as leis efetivas do universo.Tem-se então as principais características das ideias positivistas que envolvem praticidade,utilidade e pensamento lógico.
Comte propõe uma ciência da sociedade, que diagnostique e proponha uma transformação à atual situação.Apesar de sua ciência valorizar muito a experiência , ela não se mostra apenas empirista afinal o filósofo não exclui o valor da teoria.Assim a ciência é concebida não apenas com fins práticos mas também como interpretação do mundo, valorizando as ideias sempre como forma de transformá-lo.
Ao criar a sociologia, tida por um comentador de Comte
Levy-Bruhl, como"(...) o momento decisivo na filosofia de Comte,dela tudo parte, a ela tudo se reduz", o filósofo a divide em sociologia estática e sociologia dinâmica. A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social,o que seria a ordem. Já a segunda estuda as condições da evolução da sociedade,ou seja, o progresso.Para Comte o progresso só pode ser atingido através da ordem.Ele defende que se deve eliminar todas as patologias sociais para que as células da sociedade funcionem bem, ou seja, para que haja ordem e consequentemente venha o progresso. Tal processo pode ser comparado à ocupação de favelas consideradas redutos do tráfico no Rio de Janeiro pela polícia, tal medida visava a eliminação dessa "patologia" para que a cidade, que cediará jogos da copa e que é referência turística em âmbito mundial, pudesse se desenvolver mais e não gerar preconceitos e receios quanto à violência entre os extrangeiros.Nesse caso foi necessário o governo intervir para recuperar sua soberania naquele local e assim poder reestabelecer a ordem, visando um futuro progresso.
Comte atribui à estéril agitação política o fato de os governantes terem uma formação apenas parcial, sendo assim ele defende que uma visão de conjunto deve ser despertada através de uma educação universal.O governante deveria possuir conhecimentos de várias áreas e não apenas um específico.Tal ideia é válida pois com uma visão geral e imparcial da sociedade o governante estaria apto a encontrar soluções para as necessidades de diferentes grupos sociais.
Comte defendia que o altruísmo deveria se sobrepor ao egoísmo. As ações deveriam ser direcionadas ao bem geral, sobrepondo os interesses e até mesmo a noção de felicidade particular.Foi a partir desse positivismo de Comte que surgiu a doutina ética Utilitarista ,muito difundida atualmente. Igualmente à aquela, nesta a ação é movida pelo
benefício intrínseco exercido à coletividade.Apesar da ideologia de Comte não defender o autoritarismo, muitas vezes o mesmo é necessário para que a ordem seja estabelecida e nesse caso é aceito pela teoria. Por exemplo, o atual caso do presidente do Iêmen, Saleh, que está a 32 anos no poder e diz que não irá deixá-lo pois é a última barreira contra o caos da população
Por fim, percebe-se que o positivismo teve uma grande repercursão mundial, sendo adotado por teóricos de direita e de esquerda, com as devidas adaptações. Deu origem à outras ideologias e foi incluído na bandeira nacional, muito criticado e extremamente difundido o positivismo teve importância singular na construção do pensamento do homem.

Danielle Tavares 1º noturno

A proposta de Comte na manutenção da sociedade comtemporânea

Augusto Comte propõe em sua obra positivista a existência de três fases na construção do conhecimento: a teológica (do qual o homem busca o conhecimento de sua origem e seu destino, onde se encontram as superstições e misticismos) e metafísica (do qual o homem analisa com mais profundidade o que buscava no estado teológico), que são necessárias para o amadurecimento no entendimento do universo, mas estão aquém da realidade, e a fase positivista que marca a evolução do pensamento humano. O positivismo é visto como forma de investigar cientificamente visando os sentidos, adotando uma explicação pertinente em relação à dinâmica social.
Comte considera o ano de 1830 como um ano de transição ideológica, do sobrenatural para o real e que tudo existente até então era teológico ou metafísico, pois decorria um período de revoluções liberais, onde havia à busca de um Estado mínimo, período da Revolução Industrial, do qual a burguesia se torna a nova classe dominante. Isso gera a necessidade de compreender essas profundas transformações.
Possui como principal lema a ordem e o progresso, ou seja, devemos utilizar de leis fundamentais para a manutenção da ordem (lei estática), para que só assim, possa se chegar ao progresso (lei dinâmica). Afirma também que a ordem expressa uma sociedade saudável, o que se desvia é considerado patológico. Essa relação interdependente entre ordem e progresso implica em uma solidariedade social, e não em comodismo por meio da sociedade.
Retomando algumas ideias de Bacon e Descartes, Comte afirma que as pesquisas devem ser baseadas no concreto, não mais no abstrato. E o conhecimento deve ser obtido de uma vez, não de maneira fragmentária.
Prega como sendo essencial a manutenção da educação, junto ao poder e a solidariedade humana, superando o individualismo. A educação deve ser uma fonte que ilustra a realidade, e deve formar pessoas aptas ao exercício do poder ( quando em condições econômicas viáveis). Afirma que a educação deve mostrar aos indivíduos seus papéis sociais, nunca os encaminhando à ambição. O poder deve visar o bem estar social, realizando atos concretos, que beneficiem a sociedade como um todo, deixando o plano das ideias.
Essa proposta comteana é de certa forma inviável à sociedade contemporânea que possui um caráter fortemente individualista e um pensamento ambicioso, não exercendo como um todo atos solidários, permitindo cada dia mais o agravamento da situação social.

O Positivismo: positivo ou negativo para a realidade social?

Sendo radical no seu posicionamento quanto à validade de certas concepções intelectuais - como explicita claramente na sua Lei dos Três Estados -, Comte toma as explicações factuais feitas a partir de entidades sobrenaturais e da metafísica como meras fases, exaltando o terceiro estado finalmente alcançado pela humanidade - o estado positivo - como o apogeu desse processo. Ele prega o relativismo e o método da observação, experimentação e comparação dos fatos; uma análise dos fenômenos sociais como se eles fossem quaisquer outros fenômenos que também seguem leis abstratas gerais e constantes, sendo elas do menor número possível. Ele se alicerçava nos pensamentos de Bacon e Descartes bem como no paradigma newtoniano da gravidade.

Ele estabelece a Sociologia como a ciência social, responsável por identificar sociedades doentes, seus aspectos problemáticos e as soluções práticas para os mesmos. Vislumbra o reconhecimento das leis gerais anterior às mais específicas, uma reforma educacional visando unificar as ciências como uma só, combinando-as entre si e a utilização da Filosofia Positiva como apoio para a organização das sociedades modernas. Ele reconhece os conceitos de teoria, ciência e técnica, configurando a ciência não apenas no âmbito mais prático de concepção de técnicas, mas também de conhecimento das leis dos fenômenos sociais, com a intenção de "ver para prever" as relações atos-consequências, por exemplo.

Comte critica a influência negativa da Igreja e da filosofia metafísica sobre as instituições do período que vivenciou e também despreza a mentalidade que insistia em especificar demais as ciências, privilegiando seus detalhes isolados sem atentar ao todo, o que, para ele, era inútil e contrário ao seu princípio de unidade científica.

Mas o aspecto mais marcante de toda a filosofia positiva é o ponto em que Comte trata das funções distintas a serem exercidas pelos indivíduos como fator essencial para o funcionamento adequado da sociedade. Para ele, é preciso que cada um se posicione como um membro do corpo social, dispondo-se a uma tarefa específica como forma de solidariedade, já que é devido haverem pessoas para todas as funções a serem desempenhadas. Assim, tanto o operário que trabalha na construção como o engenheiro que a projetou têm sua importância na sociedade como um todo e devem aceitar essa realidade em prol do bem coletivo. Dessa forma, ele julga ser possível instaurar-se a verdadeira ordem e consequentemente alcançar-se o progresso da sociedade, já que todos trabalham com o objetivo comum, realizando tarefas diferentes mas igualmente necessárias. Comte visualizava a felicidade como sendo característica do bem público, associada a esse princípio de primazia da sociedade como um conjunto ante à individualidade.

Na teoria, aparenta mesmo ser uma maneira consciente e sensata de se estabelecer uma organização social, mas, ela deve acontecer de fato, de uma forma eficaz, de modo a proporcionar boas condições de vida para os diversos grupos. Já que, na realidade, não é assim que acontece; isto é, há diferentes tratamentos conferidos aos indivíduos que se encaixam em cada grupo, sendo uns mais privilegiados que outros, que, por sua vez, submetem-se - na verdade, são submetidos - a fome, miséria, desrespeito, falta de instrução, difícil acesso saúde etc. Essa ordem muda seu sentido de "organização", passando a ser um "mandamento" que impõe realidades distintas para as pessoas. E o progresso não chega a mudar, ele se perde de vez, na medida em que se restringe a pequenas parcelas da sociedade.

Positivismo de Comte

O nascimento do Positivismo acontece no século XIX, em uma época de transformações sociais, científicas, ideológicas e econômicas; por motivo do firmamento do capitalismo e da industrialização. No fluxo da filosofia iluminista, Comte entra profundamente na idéia de razão acima de tudo, com a junção de tecnologia e ciência como curador do mundo.

A metodologia Positivista de Comte consiste na observação de fenômenos, em oposição a racionalismo e ao idealismo, pelo promover da experiência sensível, a capaz de produzir, unicamente, ciência de verdade, sem qualquer influência do misticismo teológico ou metafísico. Esse método subordina a imaginação à observação. O Positivismo não deixa a ciência a possibilidade de estudar as causas dos fenômenos naturais e sociais, considerando isto inútil; ao invés disto, ele propõe a descoberta e o estudo das leis universais que regem o universo.

A principal idéia da filosofia de Comte é a “Lei dos Três Estados”, na qual a humanidade passa por três estágios no modo de pensar, o Teológico – o ser humano busca explicar o mundo através de entidades sobrenaturais (deuses, por exemplo); o metafísico – no qual o homem já passa a pesquisar a realidade, entretanto ainda há presença de entidades sobrenaturais, é um estágio transitório; e por fim, “Positivo” – o estágio final e definitivo, a imaginação subordina-se à observação, buscando apenas pelo concreto. Livre de qualquer misticismo, busca as leis e relações universais.

Já âmbito do Positivismo na sociedade da época. Para Comte, as instituições de seu tempo estavam sobre forte influência metafísica e clerical. A doutrina seria a solução, porém ela encontrava forte resistência da comunidade científica da daquele tempo, pois havia uma metodologia vaga e dispersa sobre o modo de fazer ciência.

A resposta seria uma educação positiva e universal a todas as classes, esta teria ótimos resultados sobre a sociedade, já que reforça o gosto pelo trabalho, como também pela aceitação do “lugar de cada um”, coisas essenciais ao capitalismo industrial, por exemplo.

Comte é o fundador do uma nova metodologia e forma de fazer ciência. Ele acompanha, adicionando pontos, os pensamentos de Descartes e Bancon, que tinham a como base a razão e o empirismo (Bancon). E termina por mudar, em grande parte, toda a produção e o desenvolvimento científico, como também outras áreas.

Pensamento positivo como alavanca para o progresso

Partindo de Bacon e Descartes, hoje chegamos a Augusto Comte e a sua filosofia positiva. Essa filosofia é o marco do amadurecimento do espírito e do pensamento humano, o homem pensando positivamente deve deixar o estágio teólogico e o metafísico para atingir o verdadeiro conhecimento do mundo e suas relações, sem influências da religião e do misticismo. Esses primeiros estágios têm sua importância também, que é de dar base e progressivamente levar a mente humana ao último e mais essencial deles, que é o estado positivio. Comte define o positivismo como algo real, útil e certo, sendo capaz até mesmo de corrigir a anarquia social e reestabelecer a ordem. E daí surge a frase que temos estampada em nossa bandeira: "Ordem e progresso"... estes são dois príncipios interligados e o segredo para o bom andamento da sociedade.






Por ordem se entende que cada indivíduo ou mesmo cada parcela da população está em seu devido ligar e cumpre sua função que lhe é designada. Metaforicamente, pensando na sociedade como corpo, cada membro e cada orgão aceita sua posição e finalidade, não querendo tentar ser uma outra parte, pois assim nasce a desordem e a patologia social, e como consequência disso surge as revoluções, protestos e a estagnação. Por exemplo, um operário não pode querer ser patrão, se assim for deixará de cumprir suas obrigaçõese ainda prejudicará quem ocupa este cargo. Um ponto muito importante de se ressaltar é que Comte não quer transformar drasticamente o mundo, mas quer curá-lo para que ele possa progredir. E esse progresso se dá, como já ficou claro, quando cada membro ocupa seu lugar e dessa forma a sociedade evoluiu naturalmente, se desenvolve e gera benefícios a todos, inclusive novas invenções, descobertas científicas, novas curas e remédios, etc.




Nessa sociedade ideal positiva deve existir também a solidariedade como âncora dessa ordem. Onde uns ajudam os outros no desempenho de seus encargos. A concorrência não tem vez, já que incentiva a buscar sempre mais do que lhe é devido, o que pode interferir e prejudicar outros membros do corpo social.




Comte ressalta ainda outro ponto para a melhora do individuo tanto socialmente tanto como ser pensante, que é a reforma na educação de forma ampla e universal. O sistema positivo prevê uma quebra do isolamento das ciências, e uma então combinação delas. Para que esse pensamento não seja fragmentado e nem concentrado em uma só parte, é necessário se conhecer tudo pra se ter noção da importância do todo, o positivismo não pressupõe nunca o individual, já que assim a ordem não pode ser estabelecida. Ademais, a ciência deve ter uma relação muito íntima com a técnica, para que não seja atingido somento o fim prático, mas também a interpretação do mundo. O objetivo é gerar uma reforma mental para introduzir-se o positivismo, como forma de substituir a agitação que as outras filosofias, religiosa e metafísica, promovem.




O saber positivo desperta o gosto pelo seu trabalho, a filosofia positiva é concentra-se na vida real, e afasta o homem das ambições, das ilusões e da não-aceitação de seu papel social. E principalmente, que o homem crie dentro de si sua própria noção de moral, baseada na felicidade e bem estar do todo, como um bem público, e não aquela imposta por outras filosofias, que tendem a ser individuais e onde as pessoas tentam buscar a felicidade e a salvação somente para si.




Com tudo isso que foi exposto a respeito de Comte, que é somente uma pincelada, pode-se dizer que sua intenção de manter o pensamento do homem no coletivo e como parte de um corpo social; além de procurar uma transformação através da educação, são ideiais louváveis porque assim a sociedade verdadeiramente se transforma, sem guerras, onde cada um tem uma importância vital e desempenha sua função se preocupando com o bom andamento e felicidade de todo o corpo, que será benéfico para todos.

Ana Beatriz Taveira Bachur 1º ano diurno


O Positivismo e a Sociedade

O positivismo surge devido ao grande progresso das ciências naturais, particularmente das biológicas e fisiológicas, do século XIX. Tenta-se aplicar os princípios e os métodos daquelas ciências à filosofia, como resolvedora do problema do mundo e da vida.


O positivismo defende a idéia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos.

E mais, o estado positivo é o último estágio da construção do conhecimento.

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica a natureza mediante a crença na intervenção de seres sobrenaturais;

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos. O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza.

A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos por quês. Caracteriza-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. A noção de causa é substituída pela noção de lei.

No Brasil, os republicanistas, inspirados na filosofia de Auguste Comte e na sua Teoria dos Três Estados ou Estágios de Civilização (o teológico, o metafísico e o científico ou positivo), que se opunham aos democratas defendiam uma república provisória com meio para alcançarmos a ordem e o progresso. Destacam-se nas suas atividades, as seguintes medidas republicanas sob a influência do positivismo:

  • a bandeira republicana com o seu dístico ORDEM E PROGRESSO;
  • a separação da Igreja e do Estado;
  • o decreto dos feriados;
  • o casamento civil.

Comte distingue a sociologia estática (estudo da ordem social) da sociologia dinâmica (estudo da evolução da sociedade). A sociologia estática estuda as condições gerais de toda a vida social. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade, a família e a linguagem.

A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual.

O Positivismo tem, pois, por finalidade colaborar para estabelecer uma educação e uma instrução, de cunho altruístico, científico e industrial, visando incrementar o progresso do bem-estar moral, intelectual e material de todas as sociedades humanas.

Augusto Comte e o Positivismo

        Augusto Comte, em sua obra " Curso de Filosofia Positiva"(1830) nos demonstra que a base principal de sua teoria é o cenceito positivista, que discutia acerca da realidade completa, promovendo uma explicação racional à partir da observação do real.
        Comte determina que existem três estágios da construção do conhecimento e evolução do pensamento humano: o primeiro é o Teológico, o segundo é o Metafísico e o terceiro o positivo.
         O primeiro estágio, conhecido como Teológico, é baseado na crença em Deus para a explicação dos acontecimentos mundanos. O espírito humano dirige suas investigações para a natureza dos seres, sua origem e mistérios. Acredita-se que os fenômenos são produzidos pela acão direta de seres sobrenaturais, que regulam o universo:os mitos são comuns.
      No segundo estágio, o Metafísico, há uma pequena modificação em relação ao teológico:"...os agentes sobrenaturais são substituidos por forças abstratas, verdadeiras entidades inerentes aos diversos seres do mundo..."(pp. 4). A natureza é considerada única entidade geral e é fonte exclusiva de todos os fenômenos. O homem busca explicações para aquilo que está a sua volta porém, os Deuses não são mais responsáveis pelos acontecimentos do mundo.
        O terceiro estágio, o Positivo, é marcado pelo amadurecimento da humanidade. Os estágios anteriores são fundamentais para que o homem passe a entender e explicar o mundo de uma maneira complexa. Não apenas a descoberta das causas é considerada mas, também as leis que regem os fenômenos.
         Para Comte é necessário a existência de uma ciência social que pudesse entender o sentido das transformações no mundo e na sociedade e a positividade pressupõe a certeza dos fatos, sua boa fundamentação. Para o autor, as explicações devem ser baseadas na realidade, deixando de lado o incerto e quimérico. Como propostas fundamentais do positivismo, Augusto Comte, divide a "lei lógica" dos fenômenos em: estática, que dependem de condições inerentes a sociedade e predomina uma atividade social; e a dinâmica, um aprimoramento do conhecimento, educação, espirito evolutivo em desenvolvimento. Esse principio positivista comteniano pode ser observado no lema da bandeira brasileira "Ordem e Progresso". A filosofia positivista exige a combinação de várias ciências para romper com o isolamento, o conhecimento pleno advem do estudo do todo.
        No texto " Discurso sobre o Espírito Positivo" (1844), Augusto Comte, aponta algumas utilizações práticas do positivismo. Na visão de Comte, o conjunto deve despertar por uma educação universal que é base da sabedoria humana.
        O método de educação positivista deve ser ensinado ao proletariado visto estes, por não terem conhecimento nenhum são melhores receptores deste método pois ainda não foram influenciados pela especulação metafísica. O saber positivo não permite que os homens aproximem-se da anarquia pois o caminho é o regime de Estado forte.Para Augusto, a política social só é possível com o positivismo, o metafísico não conquista as massas porque não consegue assegurar suas necessidades básicas. O governo mais eficiente deveria agir de acordo com o positivismo, agindo com eficiência para beneficiar a população: é mais válida dar assistência direta para a população ao invés de burocratizar.
        A solidariedade é outro assunto abordado pois tem papel fundamental na sociedade organizada pelo positivismo, ao contrário da moral religiosa na qual o objetivo é a salvação pessoal; o positivismo preconiza a sociedade em geral: o bem público é que gera felicidade.O positivismo visionado por Comte, está inserido na sociedade atual de diversas maneiras.
        

mundaça de hábitos "positiva"

Desde Bacon e Descartes, passando por Comte, a filisofia positivista afirmou-se como uma ciência da sociedade, sendo a filosofia do real, do útil e do certo. Segundo Comte, o positivismo seria o último estágio da construção do conhecimento, que passava, primeiramente, pela Teologia, em seguida pela Metafisica para depois evoluir para o Positivismo. Tais estágios seriam necessários para o amadurecimento na forma de assimilar o mundo ao nosso redor.

Comte promove uma ruptura com a religiosidade, com os valores cristãos, por estes serem embasados em conceitos teológicos. O catolicismo foi importante para universalizar a moral e substituir o politeísmo pelo monoteísmo, todavia, a moralreligiosa tornou-se contrária à essência da vida segundo princípios positivistas por pregar uma salvação pessoal. Assim Comte também critíca a Metafísica e a Psicologia, afirmando que tais métodos da análise não serviam mais para a sociedade moderna e propondo uma análise, segundo ele, real.

Comte fala sobre a necessidade de distinção entre ciência ( reflexão) e têcnica ( ação). Segundo o filósofo, não há como obter-se o progresso da sociedade como um todo se não houver a valorização e distinção entre esses dois pilares. De acordo com ele, a sociedade prende-se muito a conceitos teóricos, que deveriam ser substituídos por "generalidades ciêntificas". Comte fala sobre uma formação mais profunda nas ciências para que os que configuram a "reflexão".

Tal visão de uma divisão de funções na sociedade objetiva um progresso e desenvolvimento geral, ou seja, para a sociedade como um todo. Para o filosofo o desenvolvimento individual não é progresso. Para isso, o individuo deveria estar apto a manter-se em sua função, trabalho. A sociedade deveria ser como o corpo humano, no qual cada orgão representaria um induvíduo. Todos deveriam trabalhar em sua respectiva função e executa-la com excelência para que o corpo não padecer.

Nessa analogia uma revolução social seria como um câncer, ou seja, maléfica para a sociedade uma vez que não visaria o progresso desta em geral, mas promoveria a ruptura da ordem por motivações de progresso individual (ou de apenas uma classe social). A ruptura da ordem é algo a ser evitado, na concepção positivista sendo o Direito grande ferramenta para tal fim. Ao regrar a sociedade resolver conflitos sociais, o Direito promove a ordem, essêncial ao progresso.

Para a implantação se uma filosofia positivista seria necessário algumas modificações na estrutura social começando por uma reforma educacional e uma reforma das mentalidades. A primeira seria a implantação de uma reforma na educação para que fosse abolida o isolamentoentre as ciências. Segundo Comte "a intensa especialização da ciência impede a emergência de uma visão privilegiada a todos". A segunda consiste na substituição das agitações políticas, extremamente prejudiciais ao progresso, por um movimento mental: a substituição da especialização científica, cega e dispersiva, já seria suficiênte para possibilitar uma sociedade hamoniosa.

Diferente do saber metafísico, o saber positivista afasta os trabalhadores da anarquia e das ambições naturais. O saber metafísicio leva à ambições exorbitantes, ou seja, à vontade de desordem social com base em revoluções sociais, correntes liberais e socialistas. Já o Positivismo traria uma política popular adequada reforçando o gosto pelo trabalho prático, aceitação dos lugares sociais e concentrando-se na solução real dos problemas sociais sem iludir a massa com discursos metafísicos.

Mesmo a teoria positivista de Comte sendo criticada por mostrar-se muito pressa ao real, sua visão de solidariedade e felicidade, associada ao bem público, trazem uma visão esperançosa porém crítica quanto ao nosso meio de vida atual. O individualismo em que vivemos contemporaneamente, trouxe-nos grandes impasse como a pobreza extremada e a violência exacerbada (dois problemas interligados), os quais na teoria positivista seria evitados apenas com uma mudança de postura perante o conceito da palavra progresso.

Após Descartes e Bacon, finalmente Comte


Augusto Comte vem unir e potencializar os preceitos de Bacon, as concepções de Descartes e as decobertas de Galileu. Nesse momento o que Comte chama de filosofia positiva pronuncia-se no mundo em oposição ao espírito teológico e metafísico.


Entretanto, como se chega ao estágio positivo? Este sendo o último estágio, necessita que a nossa mente passe antes por outros para que se amadureça e esteja pronta.


O primeiro dos estágios e aquele chamado teológico, em que os fenômenos apresentam-se produzidos por agentes sobrenaturais.


O segundo seria o estágio metafisico, considerado como um estágio de transição. Neste as entidades sobrenaturais são substituidas por forças abstratas, sendo que para cada fenômeno é determinada uma entidade correspondente.


O estágio ultimo e máximo é o Positivo, e neste a preocupação maior é conhecer as leis que regem o universo. A filosofia positiva preocupada em estudar tais leis que regem os fenômenos naturais, dividiu-os em quatro categorias: astronômicos, físicos, quimicos e fisiológicos.


Entretanto ainda faltava os estudo dos fenômenos sociais, destacados pela dificuldade em seu estudo, sendo eles mais particulares, mais complicados e dependentes de todos os outros.


Para o positivismo cada ser tem o seu lugar e desempenha seu própio papel no universo, assim como cada planeta do sistema solar. Só desse modo é que a sociedade pode se desenvolver e trilhar um caminho rumo ao bem estar total desejado.


A sociedade e os seus integrantes são como o corpo e os seus orgão: se tudo funciona bem e cada um desempenha com excelência a sua função, o corpo é saudável e se desenvolve sem problema. Sendo assim, a preocupação da filosofia positiva não é mudar a sociedade, e sim resolver seus problemas de modo que tudo fique como está, e funcionando bem.


Daí surgem duas máximas do positivismo: a ordem e o progresso, observadas também na nossa bandeira nacional. Ordem: cada um cumpre o que lhe foi determinado e dessa forma chega-se ao Progresso. Na sociedade então, existem aqueles que são o cérebro e aqueles que são as mãos numa analogia com o corpo humano. Os primeiros reponsáveis pela criação, e os últimos pela ação.


Assim surgem duas ordens de inteligências: a dos empreendedores(cérebro, intelectuais) e a dos operadores diretos(mãos, operários).


Sendo o positivismo preocupado com uma visão mais prática dos fenômenos, os proletários apresentam uma maior predisposição a assimila-lo, ja que, ao contrário das classes mais altas, não foram doutrinados pelo ensino metafísico e literário.


A prática mais valorizada, faz do positivismo uma arma do capitalismo, pois o saber positivo reforça o gosto pelo trabalho prático e a aceitação dos lugares sociais determinados. Assim o saber positivo afasta os trabalhadores da anarquia e das ambições materias, fazendo com que a máquina capitalista continue funcionando a todo vapor.


À ordem e ao progresso

Revoltas Liberais, Revolução Industrial. Em um contexto de transformações econômicas, políticas e sociais; num período em que o “mercado” ganha destaque por dominar as relações, o tempo, o trabalho dos indivíduos, gerando um fervilhar da sociedade, Auguste Comte propõe uma nova forma de interpretar tais fenômenos, a sociedade em transformação.
Assim, com base nas teorias baconianas e de Descartes, o pai da Sociologia expõe o denominado “positivismo”.

Para essa finalidade, realiza um breve histórico dos estágios do pensamento humano: teológico, metafísico e positivo. O teológico consiste na crença de que todos os fenômenos são produzidos por agentes sobrenaturais, buscam-se suas (dos fenômenos) causas e destinos. Além disso, seria a fase inicial da construção do conhecimento. Já o metafísico, entendido como período de transição, trata-se de um acreditar em forças abstratas inerentes aos fatos observáveis, como, por exemplo, a própria natureza. Por fim, o positivo, último estágio, almeja descobrir as leis naturais que regem os fenômenos, sem preocupar-se com as causas primeiras e finais.

Diante disso, constata a falta de estudo dos fenômenos sociais sob a ótica positiva, o qual passa a realizar, completando a filosofia positivista.

Comte, desse modo, entende a sociedade como um corpo, em que cada pessoa desempenha sua função, estabelecendo uma ordem. Tal regime é comparado à lei da gravidade de Newton: assim como o universo possui uma sincronia, o referido corpo social também deve tê-la, para, enfim, progredir. Caracteriza-se, portanto, uma sociedade saudável.

Essa sociedade saudável, por sua vez, é estratificada. Cada indivíduo, por meio de uma reforma cultural, aceita sua tarefa, seu papel, como uma “doce diversão”. Torna-se despido de ambições, diferentemente do que defendia a educação metafísica. Ademais, possui como grandes valores a solidariedade e a felicidade, as quais vinculam-se ao bem público, sobrepondo-se ao interesse pessoal.
Complementando, para, então exercerem cada função da melhor maneira, as pessoas deveriam possuir um conhecimento mais abrangente, ou seja,relacionar as demais ciências (é a chamada reforma educacional que propõe a filosofia positiva).

Todavia, quando ocorre o caos, um estado anárquico, essa harmonia e o progresso, não existem. Exemplificando, têm-se países africanos, os quais, em virtude de intensos conflitos tribais, perecem, não progridem, não recebem investimentos. Observando semelhantes situações, cabe ao sociólogo, interpretá-la e agir com o objetivo de restituir a ordem. Além dele, o profissional do Direito é também chamado a garantir essa harmonia no corpo social.

Acredita-se, portanto, ser válida a busca de uma harmonia e de um avanço sociais. Além disso, considera-se relevante a preocupação solidária, o bem comum, propostos pelo positivismo de Comte. Porém, deve haver cautela na conquista de um progresso que ultrapasse a condição humana, seus valores, e direitos individuais (antagonismo este – progresso, desumanidade - exemplificado na China). Respeitados os limites de cada um, pode-se então chegar à ordem e ao progresso sugeridos.

Positivismo: a sociedade Brasileira e a questão da interdisciplinaridade

Em “Curso de filosofia Positiva”, Augusto Comte defende a ascensão da mudança intelectual da sociedade, sendo para isso necessária a soberania da única filosofia capaz de trazer progresso real à sociedade: a filosofia Positiva.

Essa filosofia também chamada “Estado fino da inteligência humana” seria a evolução das duas outras: a Teológica e a Metafísica ( de transição a filosofia Positiva).A coexistência delas é definida como grande problemática, já estas só entram em decadência enquanto o positivismo seria o único que evoluiu ao longo dos séculos, buscando sempre a observação na íntegra e orientação através das leis imutáveis dos fenômenos, em detrimento à busca das causas, sempre insolúvel.

Na história da sociedade brasileira, a herança do positivismo na busca pela “ordem e progresso” se deu de maneira flagrante, sobretudo nos governos militares ,quando foram criadas instituições e politicas públicas que objetivavam a colocação de cada indivíduo em seu devido lugar, desde o trabalhador braçal até os intelectuais. Todos devem cumprir seu papel exato na sociedade e serem solidários para que se mantenha a ordem e , dessa maneira, consequentemente, o progresso.

Interessante citar também a problemática da “fragmentação das ciências” tão em voga hoje em dia, mas já prevista por Comte. Segundo ele, a divisão das ciências não são arbitrárias e sim artificiais, ela teria por objetivo o intuito de separar as dificuldades para melhor resolvê-las, mas acabara gerando inconvenientes em razão da “excessiva particularidade que se ocupa cada inteligência individual”. Para Comte seria necessária “ a redução das várias ciências ao que constitui seus espíritos”, ou seja seus métodos principais e resultados, somente com a volta do que chamamos de interdisciplinaridade hoje, seria possível constituir a base de uma nova educação, mais verdadeira e racional.

Postivismo Comtiano

O positivismo representa uma reação contra o apriorismo, o formalismo, o idealismo, priorizando a experiência e os dados positivos. A diferença fundamental entre idealismo e positivismo é a seguinte: o primeiro procura uma interpretação, uma unificação da experiência mediante a razão; o segundo, ao contrário, quer limitar-se à experiência imediata, pura, sensível, como já fizera o empirismo. Daí a sua pobreza filosófica, mas também o seu maior valor como descrição e análise objetiva da experiência - através da história e da ciência - com respeito ao idealismo, que alterava a experiência, a ciência e a história. Dada essa objetividade da ciência e da história do pensamento positivista, compreende-se porque elas são fecundas no campo prático, técnico e aplicado.

Em sua obra “Curso de filosofia positiva” Comte divide o pensamento humano em três estados:

a) O estado teológico: explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade seria explicada pela vontade do deus dos ventos).

b) O estado metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela “virtude dinâmica” do ar. Este estado é no fundo tão fantasioso quanto o primeiro. O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo: é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo.

Para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

O Progresso de Comte


O filósofo Augusto Comte, tido como fundador da Sociologia, em sua obra, estabelece as bases para o positivismo, ideia de que o conhecimento científico é o único verdadeiro, propondo a utilização do método científico como guia que norteia a ciência para a verdade. Assim, Comte defende: a ideia que o estado positivo é o último estágio da construção do conhecimento, a ciência como criadora do bem-estar humano, o lema Ordem e Progresso e uma reforma da mentalidade e da educação para estabelecer um regime positivo.

Para Comte, o estado positivo foi precedido por outros dois estágios de construção do conhecimento, o estágio teológico e o estágio metafisico. No estágio teológico o homem busca a explicação para os fenômenos desconhecidos apelando aos deuses, o estágio metafisico é um estágio intermediário entre os estágios teológico e positivo, onde se acredita em relações ocultas entre as coisas, o estágio positivo é a busca pelo conhecimento verdadeiro, com a finalidade de encontrar respostas para todas as coisas.

A ciência, segundo Comte, tem como finalidade o bem-estar do ser humano e a edificação da sociedade. Com a evolução da ciência o homem pode aproveitar de melhor maneira a vida e organizar a sociedade de maneira mais harmoniosa para que todos possam desfrutar dos avanços científicos, além dessa utilidade prática há a utilidade teórica que é a explicação dos mistérios que nos rondam.

O lema Ordem e Progresso, que se encontra estampado na bandeira brasileira, é de origem positivista, pois para Comte a sociedade só poderia alcançar o progresso, finalidade de toda a ciência, através da ordem. A sociedade deveria estar organizada de maneira que cada indivíduo tivesse sua função no corpo social, sem espaço para os desocupados, as mãos seriam os trabalhadores manuais, que deveriam possuir ensino técnico, e o cérebro seriam os cientistas, vindo de classes mais abastardas. Quando o corpo funcionasse em total harmonia e ordem o progresso viria, dessa maneira Comte era contra a teoria liberal que estimulava a competição e a ascensão social.

Para alcançar um regime positivo seria necessária, segundo Comte, uma reforma na mentalidade e na educação. Nas ciências, devido à intensa especialização, faltava a visão do todo que deveria ser privilegiada para uma reforma na mentalidade, além disso, o sistema educacional deveria ser reestruturado de maneira que todos os trabalhadores possuíssem uma visão global das coisas, para saber da sua importância na sociedade. Essa nova educação deveria ter como alvo as classes inferiores, por não terem sido doutrinados pelo ensino metafísico, assim como as classes mais privilegiadas.

Assim, o pensamento positivista de Comte nos influenciou fortemente, porém não foi aplicado na prática de maneira integral, pois isso já não era mais possível com o pensamento liberal que predominava na época em que foi escrito e que nos influencia até hoje. Também devemos considerar que muito do que Comte nos deixou encontrou forte repercussão nas ciências sociais, sendo importante para qualquer operador do direito conhecer os seus ensinamentos, porém devemos ter em vista que na sociedade atual, com todos os conhecidos problemas socioambientais o progresso não deve ser alcançado a qualquer custa, mas sim de maneira consciente e sustentável.

Corpo social

A filosofia positiva possui como uma de suas máximas " Ordem e Progresso". Para entender esse lema devemos analisar o pensamento de seu idealizador: Auguste Comte. Segundo o filósofo, é impossível uma sociedade evoluir em meio ao caos. Para tanto, é necessário garantir os direitos mínimos de toda a população ( dominantes e dominados), desse modo, evita-se a insatisfação, a qual é geradora de desvio da ordem.
Com a garantia dos direitos mínimos, cada indivíduo poderá desempenhar sua função social ciente de sua importância dentro da sociedade. Forma-se a noção do Corporativismo, que pode ser definido como solidariedade entre as classes, pois no Positivismo o progresso é social e não individual.
Como forma de exemplificar essa filosofia, podemos nos ater à Era Vargas ( 1930-1945) para observar sua influência no século XX. Durante esse período houve um grande avanço social, pelo menos para os trabalhadores urbanos, com a criação do salário mínimo, do décimo terceiro salário e do sistema previdenciário. Os " trabalhadores do Brasil" eram reverenciados todo final de tarde no programa de rádio " Hora do Brasil". Todo esse aparato garantia a ordem nacional e o avanço em áreas como a infraestrutura. Em contrapartida, havia a privação da liberdade de expressão.
O Positivismo defende, pois, um Estado forte, o qual por meio da ordem ( sincronia da sociedade) está apto a progredir.

A Sociedade Harmônica

Em um relógio, cada engrenagem funciona ligada a outra, cada peça em seu lugar exato, realizando um trabalho perfeitamente rítmico. Em uma melodia, várias notas, escolhidas não de forma aleatória, quando juntas, formam um acorde; que, em uma sequência definida, desenvolvem um arranjo. Por último, em uma obra de arte (um quadro, por exemplo), as cores que ali são postas devem ser previamente escolhidas e não podem ser misturadas de qualquer forma; deve haver uma moderação, um bom-senso, que criará a perfeita combinação, definindo imagens e sensações a serem passadas. Em todos estes exemplos, cada unidade menor está ligada à outra, de forma a trabalharem juntas, harmonicamente, co-operando para que a unidade maior seja eficiente.

De acordo com Comte, é dessa forma que deve agir a sociedade. Cada peça é de extrema importância, devendo ocupar sua posição para o bem-comum, que será, por consequência, o melhor para si mesmo. É com esse pensamento que Comte classifica a sociedade em duas ordens: Empreendedores e Operadores Diretos. Os empreendedores seriam aqueles que exercem cargos administrativos, executivos, ou que necessitem de qualquer preparo intelectual profundo para o desenrolar do processo (ex: o engenheiro e seu projeto). Os operadores são os trabalhadores braçais, responsáveis pela parte material (ex: o pedreiro e o edifício). Um não pode operar sem o outro. Dessa forma, cada indivíduo possui seu lugar na sociedade, sendo todos extremamente necessários.

É feita então a crítica: “Como pode alguém justificar a diferença de classes utilizando de um método tão frio? Como pode alguém justificar a desigualdade e a exploração?”. É interessante pensarmos que a teoria Marxista está tão arraigada em nossos pensamentos, que não somos capazes de olhar para o assunto sem pensarmos que o patrão é um explorador, sugador de mais-valia. Não se trata de uma exploração, muito menos uma “seleção natural”, apenas deve-se entender que cada indivíduo é apto para um tipo de trabalho. Nem todos podem ser o ponteiro, ou o Fá menor, ou ainda o vermelho. Não há vagas suficientes para todos na universidade, e nem seria viável criá-las. Tal experiência já foi realizada na Alemanha e na Argentina, mostrando-se uma catástrofe. Nem todos podem ser patrões, e nem todos podem ser empregados. Apenas com um mínimo de diferenciação haverá harmonia. Auguste Comte olha para a realidade e avalia que diferentes necessidades clamam por diferentes elementos capazes de supri-las.

Por fim, ainda é relevante registrar que Comte não considera o proletário como a classe que mais se desgasta. Enquanto um pedreiro realiza grande esforço físico ao edificar uma parede, um engenheiro é responsável por toda a obra de uma só vez. As responsabilidades do patrão são tão maiores, exigindo tremendo esforço mental e dedicação, que este acaba por entregar maior vigor na produção. Tal fato justifica o salário deste ser superior ao daquele. Outro exemplo poderia ser o de um balconista de supermercado e seu patrão. Enquanto o balconista deve trabalhar 6,7,8 horas por dia, o dono do supermercado, ainda que faça um horário fixo, acaba por se concentrar nos problemas da empresa além de seu expediente. Basta vermos qual grupo costuma levar trabalho para casa, ou está mais vulnerável a sofrer de estresse e problemas cardíacos.

É com esta análise que chegamos à conclusão de que a sociedade só será próspera com a organização harmônica de seus indivíduos. Cada elemento encaixado em seu devido espaço, podendo realizar aquilo que melhor sabe fazer. Não podem todos realizar a mesma função. Vale reforçar, há diferentes necessidades, com diferentes indivíduos capazes para supri-las. Essa diversidade é essencial. É ela que cria a precisão do relógio, a sonoridade da melodia e a beleza do quadro.