segunda-feira, 1 de abril de 2019

a crise de percepção e o fascismo

   O fascismo foi um regime político do capitalismo, que possuía uma ideologia ultranacionalista e autoritária, e foi estabelecido por Benito Mussolini na Itália, em 1922. Esse governo se utilizava da força e violência para atingir objetivos, desprezando direitos humanos e perseguindo aqueles que ousassem questioná-lo.
   Atualmente podemos observar a ascensão do neofascismo, também de extrema direita, antidemocrático e anti plural, e que, infelizmente, está ganhando força em diversos países. Aqueles que apoiam esse movimento seguem uma espécie de líder, hostil e carismático em igual proporção, e que passa uma falsa sensação de que irá ''botar ordem''. A diluição da individualidade e a elevada competitividade, na sociedade liberal, são alguns dos comportamentos desses indivíduos.
   Pode-se fazer um paralelo dessa realidade com o filme ''Ponto de Mutação'', de Bernt Capra, o qual aborda temas como a política e as forças sociais, o papel da ciência e a filosofia .A frase ''nenhum santo sustenta-se só'' é interpretada, no filme, como a essência da política, o que realmente é possível de se observar diante dos atuais movimentos neofascistas e do próprio regime fascista, nos quais os indivíduos ''perdem'' sua identidade e liberdade, repetindo gestos e falas de seus líderes e oprimindo aqueles que se opõem. No filme, a ciência é criticada, pois ainda mantém um pensamento mecanicista e fragmentadora, que reduz tudo a um monte de peças menores e simples, a fim de analisar e solucionar o todo, assim como propunha o filósofo francês René Descartes em seu livro ''Discurso do Método''.
   No entanto, é preciso se libertar de tal pensamento antiquado, para começar a examinar os eventuais problemas humanos como um todo, e colocar em prática uma ciência mais abrangente e inclusiva. É necessário mudar os ideais, as instituições e os valores, considerando que tudo é interdependente e faz parte de um sistema e ecossistema maior. A ciência deve possuir uma visão a longo prazo, e não voltada apenas para satisfazer prazeres pessoais imediatos, numa busca infinita e desgastante. Dessa forma, será possível modificar perspectivas, por meio de atitudes mais orgânicas , holísticas e fraternas, para que o fascismo e todas suas vertentes sejam sempre criticados, desmoralizados e combatidos.

Raquel Colózio Zanardi - Direito matutino - primeiro ano

O afastamento do fascismo a partir do sair da caixa

  No filme ‘’O Ponto de Mutação’’ é possível adentrar a uma reflexão sobre pensamentos que regem nossas ações. A personagem Sônia coloca em questionamento a visão mecanicista que foi adotada a partir dos pensamentos de René Descartes e Francis Bacon. Ambos os filósofos propuseram métodos científicos para caminhar em busca de verdades, e, embora tais métodos possam parecer eficazes na resolução de problemas, são, muitas vezes, apenas resoluções paliativas. Ou seja, a partir desses métodos conseguimos conhecer o problema e chegar a uma forma de resolvê-lo; entretanto, saber como resolver não é tão efetivo quanto entender que o problema não é uma individualidade, mas, sim, parte de um todo que passa por problemas. A partir de uma visão sistêmica, podemos tentar enxergar tudo o que está por trás daquilo e, ao invés de termos que resolver várias vezes o mesmo problema, podemos tentar evitar com que o problema se forme.
  Essas diferentes visões, a mecanicista e a sistêmica, podem ser percebidas, também, nos diferentes âmbitos da esfera política, econômica e social. Ao refletirmos mais profundamente sobre o sistema capitalista em que estamos inseridos, podemos perceber uma presença muito forte do mecanicismo, o qual visa o entendimento do mundo como se este fosse uma máquina, além de visualizar as coisas como meras singularidades. Talvez por isso o individualismo seja tão presente nas sociedades atuais.
  Hoje, o mundo passa por uma onda de avanço de ideias extremistas e ultraconservadoras. Essa ideologia neofascista que vem ficando mais forte contem muito do pensamento mecanicista. Assim como este pensamento, a ideologia fascista aborda os problemas individualmente e lhes dá soluções superficiais, mas que aparentam ser efetivas, e, então, essa forma de pensar ganha muitos adeptos.
  O fascismo é exclusivo do sistema capitalista, e trata-se de uma contrarrevolução que visa a eliminação das organizações de esquerda, além da implantação de um sistema de corporativização da vida social. Sabendo disso, para que consigamos construir uma ciência que nos afaste dessa ideologia danosa, é necessário que coloquemos mais vezes em prática a ‘’nova maneira de pensar’’ proposta pela personagem Sônia. Ou seja, exercitar, na ciência, o modelo sistêmico de reflexão. Há uma expressão que dialoga bem com esse novo modelo, que é ‘’pensa fora da caixa’’; quando assim o fazemos, a nossa mente nos leva a soluções melhores, mais eficazes e com danos inúmeras vezes menores.
  Portanto, não podemos manter a crítica ao fascismo presa às avaliações mecanicistas, mas, sim, submeter esse pensamento a análises mais aprofundadas e vistas de diferentes perspectivas, para que, deste modo, consigamos superar essa ideologia extremista.
                                                                                                  Anielly Schiavinato Leite
                                                                                                  Direito noturno

A calmaria depois da tempestade: O ponto de mutação após regimes autoritários

Depois da teoria mecanicista de Descartes ter se espalhado, várias concepções de mundo foram alteradas, como por exemplo a educação volta-se para o metodismo e não mais para o espiritual através da ruptura entre Igreja e Estado. Com a valorização do aspecto científico e desenvolvimento puramente tecnológico o homem separa-se de sua comunidade nos aspectos culturais e sociais, nascendo assim uma visão mais individualista.
Temos então uma divisão entre passado, presente e futuro. No passado temos a ciência através da religião, explicações baseadas na vontade do divino. Atualmente temos uma ciência puramente mecanicista e reduzida a partes, com um pensamento voltado apenas para a biomedicina, ou seja, trata-se apenas do problema pontualmente, sem investigação da causa e sem consideração dos aspectos sociais e psicológicos. E se evoluirmos, no futuro teremos uma visão holística para a resolução dos males em nossa sociedade, considerando todos os aspectos do indivíduo (psique, cultura e fisiológico/físico).
E como podemos relacionar as manifestações fascistas que ocorreram através das décadas e atualmente com o metodismo científico? Simples, o homem sentou-se para resolver problemas individuais, para lidar com engrenagens e esqueceu-se do mundo á sua volta, de uma sociedade que precisa de mais do que engrenagens e remédios. Ao se separar da sua sociedade o homem ficou hipnotizado com sua necessidade de sobrevivência e evolução no sistema capitalista e a educação não teve e não tem viés críticos, prepara-se somente técnicos e operários, e não mais seres humanos capazes de filosofar, pensar e criticar. Ademais nossa sociedade baseia-se apenas com a economia, então quando a economia quebra, ou acontecem escândalos políticos, cria-se uma crise, que poderia ter sido remediada, mas se torna um barril de pólvora e os líderes autoritários são a faísca.
O fascismo nasce em momentos de crise econômica ou política, quando a sociedade sente-se lesada por não receber e por não consumir, ou por sentirem desconfiança de seus lídres,  pessoas autoritárias autointituladas como revolucionárias dizem que irão consertar aquele problema econômico ou trazer uma política livre de crise moral, porém tais pessoas covardemente embutem suas ideologias nestes planos de salvação. O povo, totalmente leigo, em desespero e sem formação crítica aceita essa figura paternalista e cede aos preconceitos destes líderes e estão dispostos a tudo para terem seu poder de consumo novamente, para se sentirem soberanos de alguma forma.
Depois do desastre do fascismo, vem o ponto de mutação, onde inicia-se o processo de reconstrução da identidade social, o equilíbrio e a busca de uma visão mais humanizada do mundo, que luta para que os tempos sombrios não voltem.


Lívia dos Santos Pereira Cavaglieri - 1°Ano - Direito (diurno)
Importância do estudo do fascismo e suas relações

   Durante a palestra realizada no dia 28/03 ,foi abordada o tema ''Fascismo e suas manifestações contemporâneas.Fascismo é uma ideologia política ultranacionalista e autoritária , o qual surgiu durante a 1a Guerra Mundial, no século XX. Durante a palestra, foi citada o filósofo Theodor Adorno, alemão de origem judaica, que analisava o comportamento individual das pessoas e sua influência no fascismo. Através de suas obras, Adorno afirma que o fascismo surge devido a existência de uma sociedade competitivas e individualista, além da necessidade de um líder carismático que satisfaça os prazeres pessoais dos indivíduos dessa sociedade.
  O filme ''O ponto de Mutação, baseada no livro escrito por Fritjof Capra, inicia com uma cena que retrata dois amigos, um poeta e o outro político, tendo uma longa conversa. Ambos vão ate uma igreja e observam um relógio e debatem sobre máquinas e suas influências na sociedade. Durante a discussão, uma mulher , ex-cientista, participa do debate e faz uma dura crítica sobre a maneira cartesiana, descrita por Descartes, dos políticos em geral.Além do mais, ela afirma que os problemas mundias não devem ser vistas separadamente, e sim através de todas as relações existem que o compõem. Assim como o fascismo, que não deve ser analisada separadamente, mas sim com um estudo aprofundado sobre o contexto histórico e as crises econômicas, políticas e sociais que levaram a população apoiar esta ideologia extremista, preconceituosa e autoritária.



Seung Kyung Kim    Direito- Diurno- 1o ano
    

Ciência: instrumento de mentes autônomas


O Fascismo pode ser defino como um regime político totalitário, teve sua ascensão em 1922 na Itália quando o ditador Benito Mussolini assumiu sua liderança. Esse período foi marcado por grande repressão da oposição que não concordava com os pensamentos de uma política nacionalista. As características do Fascismo se baseiam em um Estado que detém todo o poder, conservador, antidemocrático, que combate a classe operária, usa a violência (militar) para reprimir a sociedade, e prega que um líder forte será capaz de sanar todos os problemas (principalmente econômicos) do país, governado pela elite.
Na atual política brasileira podemos notar características semelhantes com o fascismo, o surgimento do neofascismo está rondando o país. A pergunta a se fazer é como escapar da regressão política que nos ameaça?
Em Novum Origanum, o filósofo Francis Bacon apresenta a teoria dos ídolos, onde os ídolos são os bloqueios, as distrações que prejudicam o pensamento racional, com autonomia. Os ídolos da caverna descreve o comportamento dos seres humanos na busca da realização dos seus prazeres individuais, esquecendo o universal, o corpo social. A sociedade precisa ser olhada de forma abrangente, cuidando das necessidades do todo, a desigualdade social é um grande problema enfrentado no mundo, mas os capitalistas só pensam em vender sua mercadoria para consumidores que nunca ficarão satisfeitos. A política do liberalismo agregada ao fascismo traz a ilusão de que a coletividade será capaz de realizar seus sonhos, tirando a capacidade de enxergarmos esse regime que lesa muitos direitos e faz a concorrência ser mais significativa que todos nós.
O filme ponto de mutação nos remete no mesmo paradigma, mas sob a perspectiva de René Descartes, onde a visão mecanicista do filósofo é criticada. Nos dizeres de Descartes “para se conhecer o todo, basta conhecer as partes” significa que a sociedade deve ser dividida entre partes (dissecada) para que cada um faça parte de um todo, ou seja, de um sistema mecânico. Esse raciocínio não é o modelo ideal para combater o individualismo que conduz o fascismo, devemos partir para uma visão sistêmica, ver o todo de maneira ampla e analisar os anseios do corpo social, como proposto por Bacon.

Os cidadãos clamam por educação pública de qualidade
Saúde básica, alimentação, trabalho
Mas os direitos são violados na verdade,
o pobre quer uma terrinha pra morar, plantar
O rico quer juntar mais mercadorias para se realizar
Enquanto o negro enfrenta o racismo
A mulher morre, feminicídio
a diversidade cultural não é aceita
o ódio, a intolerância é espalhado
onde homossexuais são mortos
O ser humano precisa acordar, precisa lutar
Ou 1964 vai recomeçar.

Joyce Mariano Santos
Direito noturno – 1º ano



Capital cultural contra o fascismo


  No filme Ponto de mutação baseado em um livro de Fritjof Capra, físico e escritor que desenvolve trabalhos em promoção de educação ecológica, a fala de Sônia, cientista que encontra um político e um poeta em seu retiro,“uma partícula é, essencialmente, um conjunto de relações que se estendem para se conectarem a outras coisas.” é, em fundamento, generalizante e descritiva do funcionamento da sociedade.Uma vez que “tudo” são ligações de partículas e todas as relações se relativizam a interligações e contatos.
  Observando o alcance de tal pensamento fundamental do planeta Terra e correlacionando-o com a realidade social, pensa-se que as sociedades capitalistas são em geral formadas por grupos, que, muitas vezes, em conflito entre sí se unem em função de interesses comuns, ou seja, recursos.A sociedade capitalista, sendo, em essência, individualista, apresenta “escassez de recursos”.Por consequência, as vontades e a falta de meios igualitários que possibilitem uma competição justa criam um sentimento de revolta e raiva no povo.O que, por fim, pode ser provida de conteúdo esclarecido ou de conteúdo baseado em um desejo irracional de felicidade causado pelo fetiche das mercadorias, conceito de Karl Marx.
  Destarte, as pessoas enraivecidas podem se juntar devido ao reconhecimento de classe e em busca de uma revolução socialista, ou podem se ligar no sentido de fazerem uma contrarrevolução, que acredite em um Estado autoritário e em um líder carismático que realizarão milagres e que dirão o que as pessoas querem ouvir, achando um culpado que não seja a essência burguesa do sistema. Fará-se,  portanto, respectivamente, uma revolução que busque igualdade competitiva e fraterna ou fará-se uma contra revolução fascista, que não fere o status quo, mas elege culpados.
  Portanto, analisando as duas possibilidades, enxerga-se que o nível de capital cultural da população fará a diferença na escolha e nos rumos da sociedade.
  No filme, o político, ao fim do diálogo, chega à conclusão de que ao chegar em um ponto de conhecimento devemos nos decidir conservar ideias anteriores e conservar as relações ou mudar e se jogar em um novo horizonte, em que não se admitem grande verdades, mas grandes sentidos na existência das coisas.Por conseguinte, observa-se que, para evitar o fascismo, deve-se promover o conhecimento do sistema capitalista, de suas contradições e assim promover um caminho que rume uma democracia de Bem Estar Social.Pois, a utopia é um grande muro que se afasta a medida que nos aproximamos dela, mas, ao mesmo tempo, nos mantém caminhando em frente, citando Eduardo Galeano e relacionando-o com a utopia socialista, a maior inimiga do modelo fascista.

Guilherme Cunha Soares 1° ano Direito Unesp diurno

Mais que conhecimento, liberdade.

Ao longo da história da humanidade a ciência sempre desempenhou um papel fundamental na forma que as pessoas se relacionam entre si e com o mundo. Entretanto, a maneira que ela é utilizada nem sempre é benéfica a todos, a titulo de exemplificação, durante a Segunda Guerra Mundial muitos políticos e médicos alemães, baseados em conceitos supostamente científicos, categorizaram povos judeus como inferiores, assim como os europeus fizeram com os afrodescendentes e indígenas, gerando assim mortes em massa e exclusão social.
Porém, vale ressaltar que, embora possa ser utilizada de forma indevida, ela pode ter caráter emancipatório, como é o caso dos estudos que visam mostrar a plena capacidade feminina de executar funções antes vistas como masculinas, objetivando que existam direitos igualitários entre homens e mulheres.
Ademais, a partir da análise do filme  "Ponto de mutação" fica evidente que para que a ciência seja benéfica é necessário que ela se adeque a realidade do objeto analisado e que leve em consideração a ética e, acima de tudo, esteja comprometida com o bem estar social e a verdade, pensando não apenas em atender as necessidades do presente e de grupos de indivíduos em especifico, mas no coletivo e nas futuras gerações.
Nesse sentido, levando em consideração a onda conservadora que é crescente no mundo, é preciso que o meio científico se torne um aliado dos cidadãos, haja vista que ele é capaz de desmentir preconceitos e de conscientizar a população, por meio da divulgação do conhecimento, pois como dito por Karl Marx "a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa" e como é sabido ao se ignorar a gravidade dos fatos e permitir que a população permaneça em sua menoridade intelectual se cria uma brecha para a divulgação de ideias com caráter superficial, que visam atingir aquilo que a população anseia por ouvir, que normalmente são ações pensadas apenas a curto prazo e as quais não prezam pelo bem estar social e sim de grupos em específico com viés fascista e limitante.

Danieli Calore Lalau- Direito (noturno)

A ciência como aliada contra o fascismo.

Por muito tempo, a ciência nos serviu como instrumento essencial nos avanços presenciados por toda a humanidade. Contudo, funções inimagináveis da ciência a serviço de condutas humanas relacionadas a guerras, destruição em massa que põem em risco a própria humanidade também tomaram conta da realidade. Tal contradição põe em cheque hoje a questão sobre qual a função da ciência e análises sobre o poder que ela pode exercer até mesmo sobre a política são essenciais no contexto atual.
Iniciamos a segunda década do século XXI com diversas incertezas, instabilidades democráticas e (re)ascensão de discursos autoritários e extremistas. Interpretações do mundo globalizado e altamente tecnológico retornam a visões de pensadores como Descartes e Bacon ilustradas e questionadas no filme "Ponto de mutação", de Bernt Capra, a realidade é descontruída e remontada diariamente e o papel da ciência é ainda limitado, inexpressivo sobre tal realidade.
Bacon e Descartes propuseram que a ciência nos deveria servir como objeto para compreensão do mundo, sendo ela consistente na generalização, universalização a partir de detalhes, individualidades "componentes de um todo". Tal aplicação da ciência é intensamente criticada e condenada pela cientista no filme Ponto de mutação em sua discussão com os outros dois personagens e a defesa de mudança na maneira de interpretarmos o mundo é feita de forma consistente e elencada pela personagem. De modo perfeitamente análogo à realidade atual, nós também, diante da constância de tais pensamentos de generalização, nos encontramos sedentos por uma ciência que forneça novas formas de interpretarmos o mundo e promovermos mudanças urgentes.
Diante de discursos fascistas, autoritários- cujo "teor" unificador, engrandecedor e nacionalista promove a sensação de que não existe desigualdade, que somos todos fortes unidos e iguais e que devemos abandonar as individualidades em prol da conquista de uma sociedade sólida, a ciência não deve ser utilizada como forma de apoio e justificação a tais discursos. A ciência deve ser emancipatória.
Os anos de reinado da ciência usada como justificativa devem ser tomados como experiência para a resistência exigida de nós contra manifestações antidemocráticas, devemos utilizar o conhecimento sempre a nosso favor, à nossa vida, à nossa existência, à nossa humanidade. É dever, portanto, lutarmos por uma ciência que rompa com velhos paradigmas, alimente ideais de igualdade, manutenção de direitos e que seja nosso esteio para a divulgação e disseminação de ideias de valorização de individualidades, manutenção das liberdades individuais e que proporcione a todos a conscientização de que conquistas democráticas não devem ser abandonadas diante de discursos fascistas engrandecedores de uma falsa realidade.
Lorena Yumi Pistori Ynomoto- Direito noturno

Olhar multifacetado

 O filme “O Ponto de Mutação” dirigido por Bernt Amadeus Capra apresenta três personagens principais que desiludidos com a finalidade de uma criação científica, a candidatura à presidência e a dramaturgia respectivamente, encontram-se no castelo medieval francês de Mont Saint Michel e discutem sobre as organizações sociais, comparando-as com as engrenagens de um relógio velho. Assim, recorrendo-se ao título do filme, entende-se que o ponto de mutação delimita a passagem do antigo para o novo. A nova visão de mundo que permeia o enredo é a holística, ou seja, os personagens compreendem que um objeto deve ser estudado em seu todo, analisando suas relações com a natureza e com os seres humanos. Ocorre, dessa maneira, uma crítica ao método cartesiano reducionista, o qual buscar atingir a verdade a partir da fragmentação da realidade.

 Na X Jornada Inaugural do Direito, discutiu-se as manifestações contemporâneas do fascismo, regime ultranacionalista totalitário que surgiu na Itália mediante crise da primeira Guerra Mundial. Sabe-se pelo tema do evento que algumas características da ideologia fascista ainda permeiam a sociedade atual como, por exemplo, o culto a força física, o qual desestimula o desenvolvimento do pensamento racional e crítico defendido pela ciência moderna.

 Em suma, nota-se que o individualismo humano decorrente da sociedade capitalista do século XIX apresenta impacto global. O próprio regime fascista foi configurado como uma ameaça à sobrevivência humana, pois se responsabilizou pela morte de milhões de pessoas. Dessa maneira, observa-se a necessidade de alterar uma visão fragmentada em busca de atitudes fraternas do ser humano com o mundo ao seu redor.


Bruna Yoshida Carneiro - primeiro ano - Direito Matutino 


Teoria Holística e solução dos grandes problemas da sociedade atual

O filme “ponto de mutação” apresenta uma nova forma de compreender o mundo denominada Teoria dos Sistemas ou Pensamento Holístico. Esse novo arcabouço teórico busca substituir a Teoria Reducionista com o intuito de melhor interpretar a realidade dos séculos XIX e XX.
Os grandes articuladores da Teoria Reducionista foram, entre outras figuras ilustres, Descartes, Bacon e Newton. Esta teoria enxergava o mundo em pequenas partes, com o intuito de interpretar a natureza analisando e estudando mínimas porções isoladas. Descartes entendia a realidade como um mecanismo, utilizando a metáfora de um relógio para descrevê-la. Bacon atribuía à natureza um carácter feminino, indicando que o homem deveria subjulgá-la e tortura-la, buscando extrair dela todo o conhecimento possível. Com sua máxima “Saber é Poder”, Bacon deixou claro o teor patriarcal de sua teoria cuja característica é exercer domínio sobre as outras coisas. Finalmente, o sonho cartesiano do mundo como uma máquina perfeita torna-se um fato consumando com as Leis de Newton. É importante destacar que o mecanicismo da Teoria Reducionista provocou um distanciamento e uma indiferença das pessoas com relação à natureza. A ciência contemporânea parece ter seguido o conselho de Bacon, pois, atualmente, o planeta está sendo escravizado e torturado pelo homem. Como evidências dessa afirmação, podemos citar o aquecimento global, a superpopulação, a extinção em massa de espécies, a poluição, entre outros exemplos.
Além da crítica à visão reducionista, o filme também questiona como os avanços científicos são utilizados pela humanidade. Ao mesmo tempo que são aplicados em causas nobres como a medicina, servem a interesses bélicos como os projetos militares. O descobrimento e a posterior utilização da energia do átomo constitui um dos melhores exemplos dessa questão na atualidade. Este avanço, se por um lado favoreceu a geração de energia elétrica, por outro propiciou o desenvolvimento das armas nucleares. A reflexão de Isaac Asimov se aplica muito bem a essa temática: “O aspecto mais triste da vida de hoje é que a ciência ganha em conhecimento mais rapidamente que a sociedade em sabedoria”.
Diante dessa problemática, surge o pensamento holístico como forma de solução. Analisando o mundo partindo de uma perspectiva subatômica, a teoria dos sistemas conclui que todos nós somos parte de uma inseparável teia de relações. Ao invés de se concentrar em blocos básicos, essa teoria pensa nos princípios de organização, auxiliando a humanidade a resolver a sua crise perceptiva: a natureza não mais será enxergada como uma máquina e sim como um complexo vivo, que evolui e se transforma junto com os seres humanos. A compreensão do mundo por meio da perspectiva holística nos ajudaria a resolver os complexos problemas que assolam o nosso século, além de evitar a instauração de regimes totalitários como o fascismo. De acordo com o pensador Gramsci, “o fascismo é a tentativa de resolver os problemas da produção e da troca através de rajadas de metralhadoras”. Tal afirmação indica que este regime é marcado pela superficialidade crítica, entendendo de maneira incompleta a realidade do mundo, além de ser marcado pela extrema violência e por um nacionalismo exacerbado. Estas características são conflitantes com a visão de mundo holística, responsável pela análise profunda e multifacetada dos problemas, pela reflexão constante e por estabelecer um sentimento de união entre toda a raça humana e o planeta. Para finalizar, é importante observar que a Teoria dos Sistemas busca trazer uma responsabilidade aos cientistas sobre a consequência de suas descobertas. Os pesquisadores devem estar atentos aos possíveis danos de seus trabalhos à sociedade, tomando como indicativo de alerta o fato de que 70% da pesquisa realizada nos EUA é financiada pelas forças armadas. Neste caso, a sabedoria dos índios americanos seria de grande ajuda: em sua sociedade “primitiva”, estes homens apenas tomavam as importantes decisões pensando na sétima geração.

Fascismo: A unificação individualista das massas


O sucesso de regime fascista se deu pela segregação e sentimento etnocêntrico em um período crítico de entre guerras. Esse é uma forma política contrária a revolução que, a partir da busca de um inimigo em comum, motiva a união de uma massa. Ao se sobrepor sobre um “inimigo” isso mostra uma visão fragmentada da sociedade, como é evidenciado pelo filme “Ponto de mutação” de Fritjof Capra, em que uma cientista crítica a percepção individualista e fragmentada que a humanidade possui sobre si mesma e o método científico cartesiano que analisa partes ao invés de um todo.
A visão individualista e de segregação se reflete em todos os campos da sociedade, sendo reproduzido no cotidiano escolar em que há uma fragmentação do ensino que dificulta a prática de uma visão holística e empatia, pois a partir do conhecimento e consciência do novo e diferente se quebra padrões rotineiros.
A partir de uma visão individualista há o perigo eminente de se desenvolverem grupos extremos (não empáticos) uns contra os outros, sendo um grupo de extrema direita o neofascismo que desconsidera as particularidades e direitos de todos os indivíduos, como é mostrado no filme que cada um tem sua visão e suas experiências porém ainda são capazes de se verem inseridos em um todo. Também é interessante o conceito ecológico trazido no filme em que na natureza  tudo está conectado e que somos frutos de um todo e não independentes dele, pode se dizer que esse conceito é a base da Carta da Terra, uma declaração de princípios étnicos, consciência para com o futuro objetivando a paz, esperança e um chamado à ação.
O pensamento individualista e competitivo se infiltrou na percepção da realidade relativa aos outros, isso é muito bem exemplificado pelo principio da meritocracia. Para mudar essa realidade é necessário mudar a percepção sobre ela, criando uma visão transversal e interdisciplinar a partir do conhecimento e consciência do todo ao invés de suas partes.


                                                  Monique Santos Fontes
                                                   1 ano Direito Noturno

Mutação científica: mudança "genética" nos métodos científicos


  O nascimento da Ciência Moderna – datado no séc. XVI – significou ao mundo inúmeras revoluções pontuais, até quando se trata da esfera política. Ambos os mundos até hoje são intercambistas de conhecimentos e vivências. No entanto, a mecanicidade dessa comunicação direta pode significar algumas interferências prejudiciais, haja vista que o campo social do qual trata a política requer uma visão mais holística, conforme a organicidade das sociedades.


  A visão sistemática do mundo Moderno, representada principalmente por René Descartes e Francis  Bacon, significou, por exemplo, pensamentos positivistas, darwinismo social e até mesmo enaltecimento da competitividade, conceitos base de regimes totalitários. Eis um exemplo: o Fascismo.


  Definido como uma contrarrevolução (forma política) travada em resposta ao perigo, mesmo que abstrato, ocasionado por revoluções de cunho popular, o fascismo apresenta-se como uma ideologia ultranacionalista, autoritária, liderado por um homem hostil e ao mesmo tempo carismático, e, além disso, forma-se por um conjunto de pessoas individualistas que dispõem-se a diluir tais individualidades em prol de uma convicção una e coordenada por um “mito”. Toda essa bagagem acerca desse regime totalitário e suas manifestações contemporâneas, foram expostas durante a X Jornada Inaugural do Direito “Marielle Franco”, ocorrida em 28 de fevereiro de 2019 no campus Unesp Franca.


  Parafraseando Thomas Jefferson, “É uma tolice a sociedade apegar-se a velhas ideias em novos tempos”. Tanto a Ciência Moderna quanto a política atual precisam adaptar-se a uma nova roupagem global, observando a sociedade por uma visão sistemática, ou seja, como uma matéria dotada de inúmeras ligações, que, se desvencilhadas atrapalham o sistema. Os conhecimentos cruciais de Bacon e Descartes precisam ajustar-se às necessidades sociais reais, superando a de crise percepção – essa proposta pelo livro “O Ponto de Mutação” de Fritjof Capra - na qual estamos todos envoltos.


  Faz-se necessário uma interdisciplinaridade entre as ciências, tendo em vista que foi diante um contexto tecnicista pautado pelas Guerras Mundiais que proporcionou o advento de Estados ultraconservadores em nome da evolução de uma só nação.


  Na atualidade, comportamentos fascitóides são frequentes, e ao escolherem uma personagem de representação, dão origem ao que se denomina neofascismo. Diante desse cenário, “o ponto de mutação” deve ser agora, e as ciências são ponto crucial para a redefinição dessas correntes sociais, tornando o saber que também é poder, segundo Bacon, um saber global diante o combate do fascismo.

                                                      

Vitória Garbelline Teloli - 1° ano noturno

Desabrochando a esperança

Pra não dizer que não falei das flores.
"Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão"
Com essa canção, na polarizada terceira edição do Festival Internacional da Canção (FIC), Geraldo Vandre canta com orgulho seu grito de resistência aos  olhos dos censores militares. Não por acaso, após sua apresentação, é levado e torturado.
Assim funciona um regime autoritário e fascista, cerceia liberdades que os afrontam. Atualmente, há sementes dessa visão relutando pela reencarnação. No entanto, há solução: a dádiva da ciência. Antigamente questionada pelo seu rigor unicamente lógico, na contemporaneidade, o método cientifico gira em torno de mecanismos melhor ponderados. Assim citado no filme "Ponto de Mutação", há, sobretudo na análise da personagem "Sonia", uma ciência cuja técnica é "ecológica", isto é, compreende um evento a partir de um evento especifico inserido em um todo. À luz desse ideal, cristaliza-se uma formula que combate uma visão simplista e tecnocrata exemplificada, no filme , pelo personagem "Jhom" (um jornalista cético e que já se candidatara a presidência dos EUA). Com razão, portanto, não há nada melhor para vencer o autoritarismo o véu cristalino da razão, ou seja, um raio de sol que desabrocha toda a esperança por um mundo melhor.


A ciência moderna poderia ser um apoio a regimes ditatoriais?

           O desenvolvimento da ciência moderna, por Descartes e Bacon, teve como base o método e a razão. A busca pelo pragmatismo e pela utilidade do conhecimento foi extramente revolucionária para o pensamento da época e sistematizou a ideia de que este representava poder. Dessa forma, ao fragmentar as partes de estudo, tendo como objetivo analisá-las separada e profundamente, a noção de entendê-las como parte de um sistema macro se perdeu durante os séculos.
           Nesse contexto, é necessária a compreensão de que as primordialidades dos séculos XVI e XVII não são, atualmente, as mesmas. Sendo assim, a manutenção de tal pragmatismo, imposto pelo método da ciência moderna, é, além de anacrônico, insuficiente. Como mencionado por Sonia no filme "Ponto de Mutação", a ciência deveria se adaptar às transformações do mundo e não ser tão rigorosa quanto a utilização de novos métodos, valorizando, além da própria razão, outros maneiras de se alcançar o conhecimento.
           Dessa maneira, a ciência deveria abranger e ampliar seus conceitos para que um maior avanço seja atingido, não no campo econômico e militar, mas sim no campo social. Logo, como refletido pelos protagonistas do filme já mencionado, a utilização de estudos que poderiam ser largamente relevantes para a população em geral são, constantemente, voltados para a melhoria de um grupo restrito e elitizado, quando não usados em guerras e conflitos.
           Assim, a manifestação silenciosa de novas formas de governos totalitários, como o fascismo, possui  apoio da ciência quando se busca o enriquecimento e a manipulação da massa, já que através de um líder hostil e carismático, a sociedade se vê ludibriada e com anseio de alcançar todos os prazeres prometidos pelo mesmo.
           Para que assim não seja, a ciência deveria caminhar lado a lado com os conceitos de ética, humanização e direitos, tendo em vista que, por ser produzido pela sociedade, necessitaria retornar à própria sociedade e criaria assim uma rede de conexões interpessoais que baniriam o crescimento de governos ditatoriais superficialmente críticos.

Laura Tamiê Facirolli Fukuhara
Direito noturno

A ciência justifica a barbárie?

 A ciência é um dos importantes guias da humanidade. Descobertas e inovações sempre acompanharam o homem, e é justamente isso, a racionalidade, o que começou a distingui-lo dos outros seres. A partir de um momento histórico, porém, as descobertas passam a obter um caráter formal e quase institucional, elevando a ciência a um patamar de alta influencia, já que nos tornamos muito dependentes da mesma. A partir desse momento, as metodologias científicas passaram a orientar não só as próprias pesquisas mas também todo o pensamento dos grupos que mais a detinham e, consequentemente, influenciavam o modo de vida de todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, se integravam a esse sistema.
 Essa visão cientificista levou as nações capitalistas (ou seja, quase todas) a um grande culto ao progresso que justificaria atrocidades cometidas por lideranças das mesmas nações. Como dito pela personagem Sonia em Ponto de Mutação, de Bernt Capra, cidadãos do Terceiro Mundo pagam a dívida externa dos seus países com a sua fome, e os governantes destroem suas riquezas naturais buscando sempre o capital necessário para comprar produtos que o mantém no círculo da globalização.
 A sociedade do capital tenta nos compensar com o prazer: esse modelo preza pela satisfação individual para nos compensar pelo que não temos (sempre buscamos o que não temos, independente do quando dinheiro se tem). E é na falta de alguma coisa que se deseja, em uma escala nacional, que nasce o sentimento fascista: as pessoas que são cooptadas por essa doutrina abrem mão de parte de seu egoísmo natural para idolatrar o seu líder, que normalmente representa um amor pelo progresso e um nacionalismo extremado. E, com esse líder, se assume o sentimento de hostilidade com todos os que não o idolatram. Outro exemplo do caráter destrutivo desse sentimento é o filme A Onda, de Denis Gansel, que mostra como um experimento que tenta simular um grupo fascista toma proporções enormes, chegando ao suicídio de um garoto.
 A culpa da ciência no surgimento do fascismo é a valorização do sentimento individual em detrimento do comum. Na nossa sociedade, a maioria das descobertas privilegiam a pessoa que a adquire ou algum grupo ou nação que a detém. Uma ciência que nos ajudaria a deter comportamentos fascistas seria uma ciência emancipatória, que reduziria a preocupação com a auto-imagem e valorizaria a nossa relação como parte de um todo, que não seria apenas representado por nossas nações, mas sim por algo global. Essa ciência auxiliaria não só às pessoas mas também na nossa relação com a natureza. Sabe-se, porém, que a ciência é submissa às lideranças e ao capital, tornando muito difícil que vozes que vão contra a ciência padrão, como a da pesquisadora Sonia Hoffman, de Ponto de Mutação, sejam ouvidas. 

Gustavo Carneiro Pinto
1º Ano de Direito - Noturno

O fascismo - o não entender

"Vou te contar que
os olhos já não podem ver"
Estaria sobre o Ponto de Mutação
Tom Jobim a compreender?

Além do visível
vai o mundo humano
Uma máquina constante
nunca foi seu 'dever ser'

Há quem o simplifique
exemplifique
não aplique
e pouco explique

Quem de fato tem o mundo nas mãos?
Não fui eu
Não sou eu
Não seremos nós

Quem na prática tem o mundo em suas mãos?
Ele ontem, hoje, amanhã
Ele Hitler, Mussolini
Incógnitas não tão incertas, não tão antigas, não tão diferentes

Ele é quem distorce
Omite o já invisível
Confunde o deveras incompreensível
Prejudica o que nunca foi favorecido

Ele que se põe ao lado do ódio
da morte, da violência
do medo e da injustiça
do poder que tem a igualdade como carência

Como quem não compreende a fundo a realidade,
busca medidas erradas para problemas certeiros
esquenta-se com gelo
acolhe se afastando

Munido com armas
repressão
é esse o jargão
da falsa proteção

Não se entende o átomo
um vazio de matéria e de sentido
O que dizer sobre o mundo 
que do primeiro é construído?

O Ponto de Mutação ainda está lá
O fascismo agora está aqui
está ali, aí
O fascismo - o não entender.

Marco Alexandre Pacheco da Fonseca Filho
Direito diurno - turma XXXVI








Tic-Tac, o mundo em suas últimas horas

Exalta-se a crise. O extremo é louvável. No fim dos nervos perde-se a democracia. Na confluência dos ódios transforma-se pessoas em números. Tal premissa vale-se de uma afirmação da Cientista em " Ponto de Mutação ": " Vocês políticos são cartesianos ". Será mesmo que são? A escola de Frankfurt descreve que o fascismo europeu resultou da instrumentalização da razão, mas pode-se chegar à audácia de dizer que a instrumentalização foi emocional. Absorvendo o Ídolo baconiano do Foro, os líderes fascistas trouxeram as artérias à política, a insatisfação, em seu plano ultrarradical, sorveu o ideal democrático, tudo à base de uma retórica impecável, fervorosa como uma novela latina.
A sociedade moderna diversas vezes perde por não "analisar relógios", por ter uma sabedoria inconsciente que olha os ponteiros e não enxerga as engrenagens. Mesmo que contrarie todo sofrimento da cientista, pode-se dizer que a política, na verdade, deveria ser cartesiana, a fim de se evitar vícios fascistas. Quando os três protagonistas do filme começaram a discutir sobre um reles relógio, a metafísica que surgiu tornou-se uma bela catarse. Anseia-se pelo império da dúvida. Tendo em vista que a padronização da consciência já criou campos de concentração. urge a necessidade de se questionar tudo, mas, ao mesmo tempo, ser objetivo nas mudanças.
Na verdade, falta cartesianismo na política. Enumerar os prós e os contras e agir consoante o bem comum. A queda do cartesianismo instaura o império das vontades, não da dúvida. Instaura um reino totalitário que desmembra a dignidade do ser humano. Falta, também, a indução experimentada e não a simples convicção em axiomas provenientes de retóricas incendiadas.
Destarte. Seja um poeta, ou um político ou uma cientista, o relógio está sempre da mesma forma. pronto para ser estudado. Do vidro faz-se o direito inerente ao homem, dos ponteiros a dialética constante da vida humana e das engrenagens uma esfera política muito bem concatenada, dotada de pragmatismo e neutralidade, para que não se transforme relógios de sol em judeus, e o sol em arianismo. 

Evoluções

"Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia"

Chico Buarque, em suas palavras que não poderiam ser mais atuais, trás à tona os sentimentos proporcionados pela Ditadura Civil-Militar de 1964. Porém, as questões que aqui serão abordadas se referem às manifestações não puramente truculentas, mas da violência baseada na filosofia: o fascismo. Em primeiro lugar, faz-se necessário estabelecer os parâmetros da ciência da época: assim como abordado no filme "The Turning Point", a Ciência não deve ser baseada em atos mecânicos, como se baseada fosse em engrenagens, em meros atos positivados pela sua metodologia. A Ciência deve ser viva, integrar seus diversos ramos e, assim, criar ligações e resultados mais completos. 
Ao dizer isso, pretende-se estabelecer uma conexão desses conceitos com o contexto histórico da ascensão do fascismo. Naquele tempo, o Estado de Legalidade proporcionou, através da aplicação fria da lei, atrocidades diversas. Essa legalidade, baseada no direito positivo, mostrou-se ineficiente, já que trata de um contexto muito restrito, enquanto a evolução se trata da análise de contextos em sua amplitude. Por isso, surge o tema: a ciência em oposição à ascensão fascista. 
Com o desenvolvimento dos métodos científicos modernos, percebeu-se a importância a humanização das áreas mais mecânicas do meio tecnológico. Através disso, a ciência tornou-se menos engessada e passou a abranger diversas formas de pensamento científico. 

"A cadela do fascismo está sempre no cio."
Bertolt Brecht
Como bem disse Brecht, a sociedade deve sempre estar atenta às manifestações fascistas que tendem a surgir. Para isso, a ciência, em especial as ciências humanas, têm papel fundamental: a elas competem o esclarecimento e o pensamento crítico, que são vitais para o combate a ideologias baseadas na manipulação das massas por ideias distorcidas, tal como o fascismo. 

Não se trata de um título
livros, estudos e pompa
A sociedade merece mais
Merece evoluir 
Ou pelo menos tentar
Sem que dela seja tirada
por cães, sempre atentos
a fé na bonança.
Leonardo de Paula Barbieri 
1º ano - Diurno

A maquina do mundo


No filme “Ponto de mutação”, de Bernt Capra, o caráter multifacetado do mundo é abordado e explicado por uma das personagens, Sônia, que critica a visão de Descartes, adotada pelos políticos, da natureza como uma grande máquina quando, na realidade, trata-se de um grande arranjo de engrenagens igualmente importantes e relacionadas entre si.
Ainda que lançado em 1990, o filme traz uma discussão extremamente atual: A crise da percepção. Baseada numa visão individualista e materialista, essa pode ser observada na recente ascensão do fascismo, um regime político do capitalismo e antirrevolucionário, estritamente ligada à crise enfrentada pelos países, como ocorreu no Brasil quando, em meio à estagnação econômica, crise do capital e regressão social, surgiu uma figura, candidato à presidência, com a promessa de reverter tais situações, trazendo discursos machistas, homofóbicos, racistas, altamente preconceituosos, de enorme dano às lutas e movimentações sociais, um completo regresso.
Sendo assim, a ciência possui papel essencial no entendimento da máquina que é o mundo e na maneira de se compreender as complexas engrenagens que o regem e o configuram para que seja possível enxergar de forma abrangente as realidades e superar a implantação de sistemas totalitários.

Gabriela Makiyama 
Direito Noturno 
1º Ano

A sombra pendular do fascismo



  A sociedade é composta por um conglomerado de relações, estas que alimentam o ideológico das gerações conforme suas mudanças e transmutações ao longo do tempo. No filme “Ponto de Mutação” a cientista expõe que para entender os problemas da sociedade, é preciso analisar todas as suas conexões, de forma sistêmica e integral, e é dessa forma que o fascismo do século XX e o fascismo contemporâneo devem ser abordados.
   A origem do fascismo na Itália com Benito Mussolini tem raízes profundas e é fruto de um longo processo político num contexto conturbado da história europeia, que partiu desde a aversão aos estrangeiros, o desenvolvimento do nacionalismo fanático, até a implementação de um governo totalitário, que conseguisse reunir todos os ideários fascistas com o consentimento da população.
   Tanto Mussolini como Hitler possuíam um carisma sem igual, seus discursos eram famosos por conseguir convencer até mesmo o opositor mais endurecido, o que lhes dava pleno apoio político, legitimando suas atrocidades e seu governo autoritário. Este fator carismático configura uma das formas de poder explanadas por Max Weber, em que o governante tem sua legitimidade calcada na aprovação geral, além disso, os governantes fascistas em questão conseguiram compilar outras formas de poder também expostas por Weber, como o Legal (por ocuparem o mais alto cargo político) e o Tradicional (por representarem uma liderança militar). Atualmente, este cenário pôde ser visto nas eleições brasileiras, em que determinados candidatos adotaram discursos que a população queria de fato ouvir, ainda que tais falas apresentassem aspectos repugnantes e preconceituosos.
   Além do carisma, o totalitarismo presente nesta forma de governo contribuiu diretamente para que os regimes fascistas se perpetuassem, pois extinguiram todos os meios democráticos, com o fechamento do parlamento, a censura e a propaganda nacionalista. No Brasil, o totalitarismo se manifesta a partir das constantes repressões à mídia, por meio de uma censura velada e covarde contra os meios de comunicação. Além disso o racismo, a homofobia, a xenofobia e outras formas de preconceito voltaram a crescer de forma exorbitante a partir dos últimos meses, em decorrência da ascensão de um governante que compactua de forma declarada com este ponto de vista grotesco.
   Como se não bastasse a semelhança com os aspectos fascistas entre os governos de Mussolini e Hitler, e o governo atual brasileiro, viu-se uma crescente vertical do setor militar, que agora, conta com cargos de alto escalão nos ministérios e secretariados, que reiteram uma política hipócrita de combater a violência com mais violência, por meio da criação de leis mais ríspidas e a proposta mais absurda de todas: a revogação do estatuto do desarmamento.
   A superação do pensamento irracional por Descartes e Bacon foi consumida pelo desenvolvimento do fascismo na Europa através da ausência de uma ciência racional que provasse a inveracidade de tudo aquilo que se pregava pela ditadura alemã e italiana, que eternizaram o fascismo não mais como uma forma de totalitarismo, mas sim como uma vertente a ser seguida, uma forma de pensamento de caráter pendular, que ao longo dos anos retorna para assombrar aqueles que são reprimidos. A aberração fascista agora tem assolado a população brasileira, que, em sua maioria, permitiu que ela se alastrasse novamente, ao abandonar o a forma racional do pensar, adotando-se um discurso odioso típico de tempos remotos em que a barbárie e a violência eram cotidianas.

- Jonathan Toshio Maciel da Silva
Direito (noturno)

Racionalismo mecanicista: uma visão de mundo ultrapassada


    Na Idade Média, o mundo encontrava-se predominantemente subjugado pelo obscurantismo, o povo era privado do conhecimento e condicionado à uma realidade de pouca percepção em relação ao que estava à sua volta. Entretanto, com a passagem para a Idade Moderna, apareceram Descartes e Bacon trazendo ao mundo novas formas de encará-lo: o primeiro com seu racionalismo fundamentado em um eterno estado de desconfiança e o segundo em um exercício empírico rigoroso. A natureza e a sociedade passaram a serem vistas como uma máquina, um relógio que se pode desmontar e reduzir a um monte de peças que, ao serem analisadas, tornariam o conhecimento palpável.
  
   Entretanto, apesar de ter sido extremamente revolucionária, tal percepção da realidade tornou-se limitada. Ver o mundo como uma máquina pode ter sido útil para a superação dos obstáculos de 400 anos atrás, mas hoje, com a grande diversidade de ideias e o surgimento de novas barreiras, essa visão objetiva não é nada além de ultrapassada.  Como foi dito no filme "Ponto de Mutação", a realidade não é um relógio desmontável, é um sistema extremamente profundo e plural que relaciona todas as coisas.
  
   Infelizmente, esse esclarecimento sobre a situação não é compartilhado por todos e tal visão mecanicista continua tendo relevância na formação de conhecimento e na tomada de decisões importantes. É necessário entender que nossas vidas não são objetos isolados que podem ser vistos de forma objetiva como se fossem máquinas, elas são parte de uma estrutura muito mais complexa e integrada que envolve a natureza, seus fenômenos, as experiências de cada indivíduo e as relações dele com o que está a sua volta.
  
   Dessa forma, pode-se entender que o que antes era a solução para os entraves da sociedade, agora é o problema. Tal visão abriu margem para que pensamentos problemáticos e soluções imorais para crises que seguem uma lógica simplista e mecanizada de perdas e ganhos se proliferassem. Um exemplo categórico foi o Fascismo, que surgiu como uma resolução ideal para a questão da crise que a Itália enfrentava e a maioria de seu povo, sem olhar para a realidade como um sistema integrado e encarar os problemas que tal regime iria trazer para aqueles que destoavam de seus ideais, aceitou sem muita reflexão.
     
    Analisando historicamente, o Fascismo italiano, em teoria, teria sido superado.  Entretanto, a conjuntura social e filosófica que criou o ambiente propício para o seu surgimento não. Tal movimento intolerante foi reconfigurado e ganhou um novo rosto: o neofascismo. Essa continuação, diferentemente de seu antecessor, não é mais sobre a luta contra uma classe operária em busca de uma ditadura do proletariado e contra liberalismo desenfreado, ela encontrou sua nova forma no ódio contra aqueles que lutam por direitos mais igualitários e no discurso moralizante e incoerente dos grupos economicamente liberais e moralmente conservadores. Na contemporaneidade, esses grupos opositores aos ideais fascistas não querem eliminar o capitalismo, querem reformá-lo para que ele atenda não só a classe dominante, mas toda a sociedade.

   Hoje, assim como na década de 20, a intolerância e o desespero por uma solução objetiva que colocaram o fascismo no poder ainda se manifestam. De fato, a realidade é outra, não há o perigo de uma revolução de esquerda e nem um Estado nacionalista buscando enfrentar as potências dominantes. Entretanto, a intolerância mobilizando massas que pregam o conservadorismo reacionário continua presente. Ainda somos uma sociedade que não se preocupa com o bem estar geral seguindo uma tendência liberalista sedimentada em uma ideia utópica de que os indivíduos possuem iguais oportunidades para se desenvolverem. Ainda somos uma sociedade que não encoraja a prevenção de seus problemas e sim a intervenção quando eles se mostram verdadeiros empecilhos. E continuaremos sendo até que entendamos que esses problemas são apenas fragmentos de um bem maior: a visão de mundo que temos.

   Nesse sentido, é preciso afirmar que os pensamentos de Descartes e Bacon não devem ser condenados, apenas precisamos reconhecer suas limitações para superarmos os entraves que impedem o surgimento de uma ciência que consiga acompanhar a evolução do mundo com suas particularidades. Assim como Thomas Jefferson disse, é tolice uma sociedade se apegar a ideias ultrapassadas em novos tempos como é tolice um homem tentar vestir suas roupas de criança. É necessário uma nova forma de visão de mundo que nos ajude a escapar do fascismo e de outros problemas causados pelo excesso de racionalismo mecanicista e individualizante. É necessário que a realidade seja reconhecida pelo que ela realmente é: um sistema de conexões interligado que contempla todas as coisas em seus mais diversos ângulos.

                                                         Victor A. Lopes - Direito Noturno

A contemporaneidade da discussão acerca do Fascismo.


O Fascismo se trata de um regime político surgido na Europa no começo do século XX, porém um regime que não se limitou à este referido espaço e tempo, sendo necessária a reflexão acerca de suas vertentes e de sua influência que se fazem presentes até a atualidade.
Conforme observado na fala dos palestrantes Hélio Alexandre, Patricia Soraia e Pedro Xapuri, o Fascismo se caracteriza como uma forma de regime político do Sistema Capitalista que surge na Itália em meados da década de 1920, com a ascensão de Mussolini ao poder. Podemos caracterizar sucintamente esse regime como sendo um regime totalitário, ditatorial, em geral pautado em princípios como o Nacionalismo Ufanista, a centralização do poder na figura de  um líder – ora carismático, ora autoritário – e a promessa de solução rápida e eficaz dos problemas pelos quais a sociedade estaria passando, bem como a culpabilização imposta à pequenos grupos sociais por esses problemas. À exemplo disso, podemos contextualizar o cenário alemão de 1920: uma sociedade arrasada pela 1ª Guerra Mundial bem como pelas sanções dela oriundas – tais como o Tratado de Versalhes – que humilhavam a nação:

“A população alemã, por sua vez, detestou o tratado [de Versalhes]. Um jornal alemão, o Deutsche Zeitung, comentou: “Nunca nos deteremos até recuperarmos o que merecemos.” Economicamente, o tratado representou uma corrente no pescoço da Alemanha.”
(CHALTON, 2017. p. 54)

            Conforme citado, a sociedade alemã do Entreguerras se constituía de uma sociedade com seu orgulho, sua nacionalidade ferida. Para além dessa esfera nacionalista, se tratava também de uma sociedade economicamente falida, que enfrentava um cenário de fome e destruição. É esse o contexto fértil ao surgimento do fascismo: uma sociedade em crise.
A sociedade em crise é essencial ao fascismo pois a população, ao se ver inserida nessa condição de crise, necessita e anseia de um milagre, de uma resposta rápida e eficaz para sanar esses problemas, e é desse anseio que se alimentam as lideranças e o próprio regime fascista. A liderança fascista se aproveitando do momento de desespero se apresenta com um discurso autoritário, que, ao prometer milagres, faz surtir na população uma esperança por dias melhores, e esta, quando enxerga isso, passa a apoiar veementemente o regime e suas ideias.
 O perigo de – num ato de desespero - acreditar e apoiar tão intensamente um regime e suas ideias é justamente fugir e abdicar da metodologia racionalista proposta por Descartes: ora, se acreditamos tanto em algo que nos é imposto sem ao menos questionar, sem que essa crença seja oriunda de nossas experiências, retrocedemos ao período anterior à revolução do pensamento cartesiano, acreditando agora em dogmas fascistas como analogamente acreditávamos nos dogmas religiosos, que tínhamos como verdade absoluta. O perigo desse retrocesso e dessa abdicação do conhecimento oriundo da razão e da experiência – nesse caso – é historicamente conhecido: o Holocausto. Por simplesmente aceitarem a tese de que a culpa dos percalços pelos quais a Alemanha passava era dos judeus, uma sociedade inteira passa a legitimar e apoiar um massacre humano sem precedentes na história. Tal como na época da forte influência da Igreja Católica toda uma sociedade – acreditando em dogmas religiosos no lugar da experimentação racionalista - apoiava o assassinato de pessoas simplesmente por serem supostamente bruxas, a sociedade Alemã Nazifascista apoiou o Holocausto, tendo no lugar dos dogmas religioso os “dogmas” fascistas.
Para nós, atualmente, chega a parecer insano que toda uma nação apoiou e legitimou tão naturalmente um massacre como o Holocausto, porém devemos compreender que esse absurdo foi oriundo justamente da ideologia Nazifascista que, se aproveitando do momento de crise, tirou das pessoas o método racional e a própria racionalidade, implantando no lugar um pensamento quase que psicopata.
            Contextualizando com a analogia aos dogmas católicos, podemos também dissertar acerca da referência presente no filme Ponto de Mutação: ao entrarem na Igreja, os personagens notam e se sentem pequenos frente à grandiosidade da construção, algo totalmente intencional por parte da Igreja Católica. A grandiosidade não deixa de ser uma imposição do catolicismo aos fiéis, uma vez que esse sentimento de inferioridade da pessoa perante a Igreja resulta também numa sensação de que aquilo – a Igreja – por ser extremamente maior, majestoso e imponente, não seria passível de nenhum questionamento, devendo apenas ser aceitado sem contestação.  
            Historicamente não faltam exemplos de como essa aceitação de conceitos pré-estabelecidos - bem como a consequente abdicação do uso do método científico pautado na razão – resultaram em consequências drásticas em seus respectivos contextos, seja na Alemanha Nazista com o Holocausto, seja na Europa da “Caça às Bruxas” com a morte de milhares de pessoas de forma institucionalizada. Em se tratando da história ser geralmente tida no mundo acadêmico como algo cíclico, devemos sempre estar atentos à essas ameaças, principalmente em momentos de crise como os que passamos atualmente.
            Segundo a palestrante Patricia, o Neofascismo obviamente não se utilizaria das mesmas características de seu contexto de surgimento, haja vista que a maioria  das características não é mais passível de sentido no atual contexto, porém, isso não significa que  algumas características constatadas na sociedade de hoje não possam ser tidas como vertentes de características do Fascismo original, evidenciando assim certo perigo. O anticomunismo exacerbado pode ser ligado ao atual sentimento de antipetismo, a crise alemã pode também ser comparada – resguardadas as proporções - com a atual crise política brasileira que surge com o Impeachment da Presidenta Dilma. O surgimento de uma liderança – agora eleita - pregando soluções rápidas, agressivas e principalmente culpabilizando determinados grupos sociais pelos problemas também pode ser objeto de comparação. Todos esses exemplos nos mostram certamente a contemporaneidade e a necessidade da discussão acerca da temática fascista, uma vez que não obstante termos, segundo a obra “Ponto de Mutação”, evoluído do “grande relógio mecânico” ao “pequeno relógio de quartzo”, ainda assim estamos sujeitos aos erros – e às consequentes barbáries – do passado.

 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CHALTON, Nicola. A história do século 20 para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2017. 200 p.

Adelino Mattos Marshal Neto - 1º Direito Matutino. 

Por uma ciência que nos ajude a escapar do fascismo


      O fascismo surge após a Primeira Guerra Mundial, um regime totalitário específico do capitalismo que, além de muitos outros aspectos, combatia manifestações de esquerda e buscava ser uma contrarrevolução. Hoje, é possível perceber uma ascensão da extrema direita por todo o mundo e no Brasil não é diferente. É possível perceber, porém que, em alguns países, essa onda converte-se progressivamente em regimes neofascistas. A conversão não é literal, e sim ideológica, pois é visível a disseminação de posicionamentos preconceituosos e consoantes com o fascismo.
       No Brasil, as manifestações fascistas contemporâneas estão ligadas a crise da democracia e estagnação econômica que fortalecem a insatisfação e a criação de um inimigo comum, que no fascismo do século XX era o comunismo. No entanto, é possível escapar dessa ascensão por meio da ciência. O filme “Ponto de Mutação” de Bernt Capra mostra uma crítica ao pensamento mecanicista de Descartes e aponta uma outra maneira de analisar o mundo.
        Pensar o mundo e as pessoas como máquinas, como um relógio não leva em consideração a diversidade de acontecimentos e a repercussão das ações presentes no futuro. A personagem Sônia, uma cientista que enfrenta um dilema em relação ao avanço científico e o uso dele nas guerras, sugere uma visão mais abrangente do mundo. De acordo com ela, as pessoas e suas relações não devem ser analisadas separadamente, pois, os problemas estão no conjunto.
         Essa interpretação pode ser trazida para o contexto político atual. Quando a população analisa os problemas que sofre de maneira cartesiana, deixa de lado as repercussões e, muitas vezes, as reais razões daquela questão. Assim, suas convicções são baseadas na própria bolha e isso pode gerar uma propagação de ideais específicos e danosos para a sociedade, como o fascismo. Dessa maneira, analisar os problemas enfrentados como um único corpo e buscar resolvê-los pensando nas consequências e demandas sociais, não permitirá o avanço neofascista.

Beatriz Falchi Corrêa - diurno

O alerta da ciência


O modo mecanicista de se pensar baseia-se na filosofia de Descartes e Bacon ao considerar as partículas do todo, aquilo que o compõe, como objetos de estudo para se ter uma visão e real e domínio do mesmo. Tal maneira tem sido usada desde sua concepção até os dias atuais, tratando-se da política, cultura e demais áreas do conhecimento, como áreas separadas e analisando-as como fatias de um todo denominado sociedade. Desta maneira, classifiquemos como exemplo o regime fascista de acordo com o pensamento apresentado.
                Politicamente falando o sistema fascista é contrário a ciência por essa ser crítica e tentar duvidar das alegações impostas ao regime. No quesito sociocultural temos uma sociedade fragilizada por uma crise econômica e de representatividade, restando se apegar ao saudosismo ou a movimentos considerados “suprapartidários” que possuem um líder que expressa os anseios populares. Segundo o professor e jurista da USP Alysson Mascaro, o Brasil encontra-se exatamente nesse ponto, porém a análise mecanicista falha ao não analisar o todo e sim partes das características que acarretaram tal fato.
                Em vista disso é nítido que o mecanicismo possui falhas evidentes e outro método deve ser utilizado. No filme “O ponto de mutação” de Fritjof Capra é possível analisar o esboço de um sistema, o qual denomina-se ecológico, no qual desprendendo-se do significado do termo é a análise do todo e de suas circunstâncias para assim analisar o fato. A cientista retratada, Sofia Hoffman, apresenta para os outros personagens tal método e os auxilia a sair do mecanicismo.
                A ciência atual utiliza-se desse e de certo modo consegue desenvolver-se melhor do que o mecanicismo, que começa a gerar danos à humanidade. Por criticar o modo de pensar e as verdades absolutas existentes, é papel da ciência utilizar dos meios da dúvida e do sistema ecológico demonstrado no filme para alertar a sociedade do fascismo e auxiliar em seu combate, pois dessa maneira cumprirá um papel que não lhe cabe apenas, mas de forma oportuna lhe foi designado.

O Sistema da Política no Brasil

            O atual cenário político brasileiro é delicado e difícil de se traduzir, muito embora seja passível da compreensão. Ao apenas suscitar o tema política atualmente, várias dúvidas e questionamentos surgem, pessoas entoam discussões acaloradas e não se chega praticamente a lugar nenhum.
Enfim, para compreender as celeumas da política brasileira, há de se refletir de outra maneira, e não somente basear-se nos debates, deve-se ir mais a fundo, tratando do sistema como um todo. Esta forma de se compreender e investigar os problemas da realidade está presente no ponto de vista de Sonia Hoffman, personagem do filme “Ponto de Mutação” (1991), do cineasta Bert Capra. Ela, ao discutir com um político acerca dos entraves sociais presentes na sociedade contemporânea, propõe um modo de análise oposto ao cartesianismo, que concebe o mundo como uma máquina perfeita, na qual cada detalhe é uma peça e para compreender a máquina como um todo deve-se conhecer a fundo cada peça individualmente. A cientista sustenta a teoria de que se deve compreender as coisas a partir do sistema no qual elas estão inseridas, afirma ainda que vê o mundo não como uma máquina, mas sim como um ser vivo.
Na política, esta forma de compreensão é de grande utilidade, visto a vivacidade e a humanidade do sistema político. A tendência autoritária do novo governo brasileira não é explicável a partir de fatos analisados individualmente. Para a total compreensão do sistema, implica a esquematização de fatores precedentes, os interesses por trás desta gestão, a formação histórica-social da população brasileira, acontecimentos internacionais e, inclusive, o advento das novas mídias digitais. A soma de todas estas peças, acrescida das ligações entre elas nos permite conceber a política brasileira em seu atual estágio.
          Para a compreensão destes fenômenos e suas interrelações não basta um estudo apenas teórico, há necessidade de observá-los na prática. O entendimento desta matéria só é possível através da experiência prática, pois a mera teorização e antecipação dos conceitos não traduzem a totalidade da complexidade da realidade, compreensível apenas na visualização do sistema completo. A completude do sistema é entendida através da realidade factível da sociedade, o contato com esta sociedade de fato é essencial para a compreensão da realidade política. E, então, a partir da soma dos fatores e interrelações, conglobado com a experiência da sociedade de fato, pode-se compreender o sistema da política brasileira em seu inteiro teor. 


Luiz Felipe de Aragão Passos - 1º Ano de Direito/ Diurno.