A religião, hoje tão citada e muitas vezes criticada por sua influência na política brasileira, país teoricamente laico, foi um dos mais importantes alvos de estudo do alemão Max Weber. Em seu livro "A ética protestante e o espirito do capitalismo", uma de suas melhores obras, trata-se sobretudo da influência da religião no capitalismo, trazendo reflexões muito úteis inclusive no século XXI.
Religiões como a católica e algumas correntes evangélicas, por exemplo, que pregam pela simplicidade da vida e desapego com bens materiais levam sues fiéis a terem um estilo de vida e uma mentalidade capitalista diferenciada, com atividades econômicas não semelhantes a de religiões de cunho calvinista, onde há a crença de que o trabalho e o acúmulo de riquezas são sinais da predestinação divina e, portanto, suas atividades econômicas visam atingir esse objetivo.
Apesar de ter sido um estudo principalmente com base alemã, seus frutos são extremamente úteis para a compreensão, entre outros, da realidade brasileira, pois, considerando o fato da religião protestante engrenar a busca por mais trabalho e acúmulo de bens materiais, entende-se o por que de atividades não vistas como grande fonte de lucros, como os esportes para a grande maioria da população, apresentarem importância secundária na vida de diversos cidadãos.
Mesmo na análise feita por Weber de ramos do protestantismo mais recentes também encontra-se o fato do trabalho ser instrumento de confirmação de benção divina, o que prova que a influência da religião no capitalismo não é um fenômeno datado, mas tem um alcance muito maior e complexo do que ao primeiro olhar pode parecer.
Dessa forma, pode-se concluir que a religião que na prática é responsável por feituras de leis, exclusão de cidadãos que não pertencem as correntes mais comuns no Brasil e, exercedora de coerção a diversas pessoas no que diz respeito a vestimenta e escolhas das mulheres, entre outros fatos, tento o poder de ter representatividade no Congresso Nacional Brasil, como é o caso da Bancada dos Evangélicos, é a mesma que, com raízes históricas, alcança o "bolso do povo", á medida que consegue moldar milhares de pessoas a seguirem pela busca de determinadas atividades econômicas.
Aluna: Izabelle de Freitas Custodio - 1º ano Direito Noturno
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
A "Cura Gay", uma análise utilizando Weber
Recentemente, "a Justiça Federal do Distrito Federal liberou psicólogos a tratarem gays e lésbicas como doentes, podendo fazer terapias de 'reversão sexual', sem sofrerem qualquer tipo de censura por parte dos conselhos de classe. A decisão, do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, é liminar e acata parcialmente o pedido de uma ação popular" (G1). Esta liminar foi concedida contrariando a Organização Mundial da Saúde (OMS) e até mesmo desmerecendo o texto do Conselho Federal de Psicologia, o qual proíbe tal tratamento. Esta liminar diz que só é possível a realização dessas terapias para fins de pesquisas científicas.
Após a publicação desta liminar, a polêmica da “cura gay” volta a ser discutida pela população brasileira e é possível notar muitos discursos de ódio, privando o bem-estar de alguns, e isto pode ser observado utilizando o conceito de ação social de Max Weber, para ser feita a análise de tal respaldo sobre a decisão do juiz e as opressões contra os homossexuais: Weber diz que para analisar as ações de um indivíduo, é necessário investigar referências à sua conduta por meio de ações de outros, os quais orientam o desenvolvimento desses atos. Há quatro tipos ideais de ação social tratada por Weber, e para explicar o que está em pauta, usaremos somente a ação tradicional. Esta é simplesmente a ação em que o indivíduo é movido por suas crenças, costumes e hábitos. Ela se manifesta de duas formas diferentes nesta análise: para explicar aqueles que agem de maneira repressiva por defesa aos dogmas de sua religião, repudiando qualquer ação homossexual por ser instruído a não aceitar esta orientação sexual
(comentários extraídos da matéria do G1 já exposta, link no final da publicação)
E para explicar opressões que são oriundas de um grupo social conservador em que o indivíduo está ou estava incluído, desde sua infância. Isso pode ser um grupo de amigos, a própria família, etc.
(comentários extraídos do vídeo Cura Gay ● Mario Sergio Cortella 19.09.2017, link no final da publicação)
Em certos momentos, estes indivíduos até mesmo exprimem a vontade do poder, que também é tratada por Weber, que consiste em "impor a própria vontade numa relação social" (Economia e Sociedade: Fundamentos da Sociologia Compreensiva, p. 33).
(comentário extraído do vídeo Cura Gay ● Mario Sergio Cortella 19.09.2017)
Observando o ambiente social em que estamos incluídos, em conjunto com o que o Estado defende em sua Constituição, o que prevalece é a liberdade e o bem-estar de todos, logo é errôneo esta ação social tomada por alguns de desrespeitar e privar a felicidade e liberdade de cidadãos legítimos que gozam do mesmo direito que estes opressores têm. É difícil a fiscalização na Internet, porém é necessária para extinguir este ato de repúdio público, pois isto pode influenciar outros indivíduos, principalmente crianças, a compartilhar a mesma ação social.
Links:
Matéria da G1: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/juiz-federal-do-df-libera-tratamento-de-homossexualidade-como-doenca.ghtml
Liminar Completa: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/09/Decis%C3%A3o-Liminar-RES.-011.99-CFP.pdf
Vídeo Cura Gay - Mario Sergio Cortella 19.09.2017: https://www.youtube.com/watch?v=6T62LUc_wA4
Rodrigo Tinel Guerra, 1º ano Direito Diurno
Sobre a Realidade Weberiana
Diferentemente de Durkheim, Weber deprecia a ideia na qual o homem deve ser capaz de se despir de todos seus valores, crenças, ideais ao vislumbrar a sociedade para que, assim, da maneira mais racional possível, obtenha uma sentença mais justa. Para Weber as experiências, conceitos, religiões, ideias de cada homem estão intrínsecas em seu pensamento, ações, e, portanto, julgamentos.Jose Antonio Dias Toffoli, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal afirmou que a defesa de interesses não poderia ser enxergada como algo negativo “temos de acabar com a ideia de criminalização da política. Se alguém é eleito com base numa região do país, com base no apoio de um segmento social...” e ainda afirma que a interpretação da lei vai conforme a consciência (valores) da cada julgador; no entanto, ao analisarmos homens públicos, que devem primar pelo bem social coletivo, tamanha influência do particular é prejudicial, para a amenização dessa influência existe a hermenêutica e a tentativa de se evitar o solipsismo, tentativas às vezes frustradas, como o episódio recente que abre a possibilidade de uma "cura gay".Como ocorre no Brasil muitas propostas são negadas no legislativo por posições conservadoras e religiosas de certas bancadas antes mesmo de serem discutidas, o debate e o confronto são submetidos ao silêncio incontestável da dogmática religiosa que não pode, ao ver de Durkheim, integrar uma conduta político-jurídica que pretenda ser justa e racional. Questões como a união homoafetiva, aborto, utilização de células tronco embrionárias, que são barradas logo num primeiro momento pelo legislativo são embutidas de valores individuas quando deveriam ser tratadas apenas em suas concepções sociais, fazendo-se o sopesamento de suas vantagens versus os entraves sociais.Portanto, a análise de Weber demostra uma realidade perigosa na qual a racionalidade do direito é superada muitas vezes por preconceitos, fundamentos religiosos, interesses pessoais, interesses de uma determinada classe social, que ao ascenderem ao poder criam uma lógica cruel que confunde o público e o privado; permitindo que as conveniências individuais ou exclusivamente classistas prevaleçam.
Guilherme M.Hotta, 1o ano Noturno
O brasileiro e o "vira-latismo"
A construção social estamentada
em classes sociais já foi um tema muito explorado por Marx sob uma perspectiva
econômica. A partir do princípio das relações econômicas a sociedade se divide
entre aqueles que são subordinados e aqueles que oprimem. Webber, no entanto,
traz para nós uma óptica fundada no indivíduo, pois acredita que os valores
podem se dar apenas no âmbito específico das relações interpessoais, o que
norteia, portanto, a discussão para a esfera cultural.
Dada estas circunstâncias,
a relação de cada indivíduo baseia-se no nível de identificação que ele tem
para com o outro e de como ele enxerga sua posição dentro da sociedade. Isso
interfere na ação desse sujeito histórico-social e na capacidade do mesmo de se
colocar como tal dentro dos parâmetros sociais. Uma vez que uma pessoa não se
identifica culturalmente com seus semelhantes de nada pode chamá-los como tal,
implicando numa relação de descaracterização de subordinação estrutural econômico-social
no imaginário destes indivíduos.
Dentre os exemplos que
poderiam aqui ser citados, um de grande importância e de amplo valor cultural é
o sentimento de “vira-latismo” que acomete grande parte dos brasileiros. Esse
termo, cunhado para designar essa sensação de que a cultura de outras
sociedades – e aqui, vale lembrar, fala-se de países cujo desenvolvimento
econômico se deu pela exploração de outras nações, o que os coloca numa posição
privilegiada dentro da dinâmica mundial – é melhor ou mais bem desenvolvida que
a nossa.
O primeiro fator de risco
ao realizar tal análise é o de comparar culturas. Comunidades sociais não se
desenvolvem no mesmo ritmo, ou pelos mesmos meios, ou, até mesmo, pelos mesmo
propósitos. Portanto, comparar culturas diferentes, que nasceram e se
desenvolveram de formas diferentes, as hierarquizando é, no mínimo, imprudente.
Tendo isso em vista, tal hierarquização coloca novamente nossa nação numa
posição subalterna e isso é feito, justamente, pelas próprias pessoas que as
compõem, evidenciando a identificação do nosso povo com a classe opressora e
não com a classe subordinada, à qual realmente pertence.
É, portanto, necessário
reavaliar esse espectro de subordinação cultural imposto à nós. Essa síndrome “vira-latista”
é mais uma forma estruturalmente encontrada para que nós mesmos nos coloquemos
em uma posição de inferioridade e não possamos nos identificar com nossas
próprias raízes culturais, tornando essa opressão muito mais fácil e fluida.
Marina Ribeiro Christensen
1º Direito Noturno
Turma XXXIV
Colorismo e conceitos weberianos
Max Weber foi um grande sociólogo
que elaborou e expôs diversos conceitos a fim de compreender a dinâmica
realidade e o papel da sociologia na sociedade e mesmo tendo escrito no
contexto do século XIX, ainda na atualidade muito de suas ideias encontram-se
perfeitamente aplicáveis.
É de conhecimento geral a
trajetória discriminatória dos negros no Brasil e o racismo velado existente
nos dias atuais. Outrossim, outro termo importante e ainda desconhecido por
muitos que deve vir a debate nos dias atuais é a questão do chamado colorismo
ou pigmentocracia. Utilizado pela primeira vez pela autora Alice Walker em
1982, consiste em um conceito que diz que quanto mais pigmentada uma pessoa
for, mais preconceito e exclusão está sofrerá. Contrariamente ao racismo, o
colorismo não se baseia necessariamente na etnia, mas sim na tonalidade da
pele.
Sob o viés weberiano, deve-se
entender esses problemas quanto a dominação do homem branco na sociedade
brasileira desde a época colonial, cujo poder se forjou em uma legitimação
justificada pelas teses eurocentristas e eugenistas que preconizavam a suposta
superioridade da “raça” branca. Tal como exposto por Weber em sua distinção dos
diversos tipos de dominação, a ideológica teve grande parte no enraizamento
desse pensamento no tecido social que reforçou o desprezo e preconceito a tudo
proveniente da cultura negra. Esse é um dos principais fatores apontados pelo
colorismo: o embranquecimento dos negros na atualidade. Isso pode ser
evidenciado pelo estabelecimento do padrão vigente de beleza com
características europeias: pigmentação clara, traços finos, cabelos lisos etc.,
que por mais que hoje esses padrões são cada vez mais desafiados, deve-se notar
sua predominância durante muitos anos nos conscientes dos brasileiros. A partir
disso são evidenciados os termos ‘morena’, ‘pardo’, no qual as pessoas passam a
se identificar, desvinculando-se ou rejeitando a termologia para si próprio de
qualquer coisa que possa se relacionar a ‘negro’.
O que isso faz é com que os
negros de pele clara sejam mais ‘aceitos’ do que aqueles de pele escura em
determinados ambientes, justamente por se aproximarem do ideal de branquitude.
Dessa forma, evidencia-se como a sociedade condiciona de forma diferentes os indivíduos,
tal qual defendido por Weber quando tomado o individualismo metodológico.
Consequência direta disso é a constante adaptação do modo de vida, ou seja,
das ações sociais desses indivíduos a
fim de serem reconhecidos dentro desses espaços.
Por fim, Weber entende a
sociologia como uma ciência da realidade cujo papel é compreender a rede de significados
das ações sociais. Essa compreensão deve servir como forma de criticar e
entender os elementos sociais, de forma a posteriormente fornecer elementos à
política, para que então essa transforme a realidade. Dessa forma, torna-se de
extrema importância o papel a ser tomado por nós para se iniciar essa transformação,
a negação dos valores a nós impostos de forma a reconhecermos nossa cultura e
reivindicarmos pouco a pouco nossa negritude.
Roberta Ramirez – 1 º Ano/Noturno
A evolução do Direito
Em algum dia de julho, lembro-me de estar em Londres, em um
daqueles ônibus doubledecker cheios de turistas, e ouvir a guia dizer:
"Essa era uma das principais praças de execução pública da cidade. Não se
sabe ao certo quantas pessoas morreram aqui, pois o número é muito
grande."
Aquilo me chamou a atenção, tentei olhar para aquele jardim florido cheio de famílias e pensar em forcas, cadáveres e uma multidão ensandecida ovacionando o ato.
É verdade que, na ausência de qualquer limitação ao poder do governante, a população ficava à mercê de seu bel-prazer, e o pior de tudo: as penas públicas, hediondas e exageradas eram encenadas para servirem de exemplo, criando (aos nossos olhos atuais, para não interpretar a História anacronicamente) um verdadeiro show de horrores.
É espantoso pensar que, no mesmo país em que conheci uma praça de execução pública, passei pelo lugar em que a Magna Carta foi assinada, na cidade de Windsor. Havia uma placa no lugar: "o lugar de nascimento da democracia moderna". E realmente, tais escritos não são presunçosos. A Magna Carta deu o pontapé inicial, no mundo ocidental, para a delimitação do poder de monarcas absolutistas, para evitar arbitrariedades. Foi o início do Direito Constitucional e dos Direitos Humanos, e do Direito Moderno.
O bom funcionamento do Direito Moderno deve-se à sua legitimação do poder, que Weber denomina legal-racional, que necessita de um aparato de Estado que funcione estritamente de acordo com as leis, para que não haja atos imprevisíveis. Assim, é possível para os cidadãos moldarem seus atos de acordo com as leis vigentes.
Porém, na Modernidade é possível enxergar um fenômeno que Weber denomina "materialização do direito moderno", que pode ser facilmente explicado com um único termo: "canetada". Se os detentores do poder começam a agir de acordo com com seus próprios valores, a arbitrariedade e a imprevisibilidade retornam ao âmbito penal do Direito.
Aquilo me chamou a atenção, tentei olhar para aquele jardim florido cheio de famílias e pensar em forcas, cadáveres e uma multidão ensandecida ovacionando o ato.
É verdade que, na ausência de qualquer limitação ao poder do governante, a população ficava à mercê de seu bel-prazer, e o pior de tudo: as penas públicas, hediondas e exageradas eram encenadas para servirem de exemplo, criando (aos nossos olhos atuais, para não interpretar a História anacronicamente) um verdadeiro show de horrores.
É espantoso pensar que, no mesmo país em que conheci uma praça de execução pública, passei pelo lugar em que a Magna Carta foi assinada, na cidade de Windsor. Havia uma placa no lugar: "o lugar de nascimento da democracia moderna". E realmente, tais escritos não são presunçosos. A Magna Carta deu o pontapé inicial, no mundo ocidental, para a delimitação do poder de monarcas absolutistas, para evitar arbitrariedades. Foi o início do Direito Constitucional e dos Direitos Humanos, e do Direito Moderno.
O bom funcionamento do Direito Moderno deve-se à sua legitimação do poder, que Weber denomina legal-racional, que necessita de um aparato de Estado que funcione estritamente de acordo com as leis, para que não haja atos imprevisíveis. Assim, é possível para os cidadãos moldarem seus atos de acordo com as leis vigentes.
Porém, na Modernidade é possível enxergar um fenômeno que Weber denomina "materialização do direito moderno", que pode ser facilmente explicado com um único termo: "canetada". Se os detentores do poder começam a agir de acordo com com seus próprios valores, a arbitrariedade e a imprevisibilidade retornam ao âmbito penal do Direito.
Lara Estrela Balbo Silva - 1º ano Direito Noturno
O capitalismo calvinista não gosta de Mozart
Segundo Sir Ken Robinson, não havia nenhum
sistema público de educação no mundo antes do século XIX, pois, esse sistema
foi criado com o propósito de produzir trabalhadores para o emergente mundo industrial.
Forma-se, hoje, ao redor do mundo, pessoas para compor a economia
individualista capitalista, herança da ética protestante do final do século XVIII,
adotada, principalmente, pelo norte dos Estados Unidos. Um dos problemas desse
cenário é o foco da educação na formação de indivíduos para tarefas de raciocínio,
em detrimento da criatividade. O outro problema é a preparação educacional
dessas pessoas para um mundo que ninguém pode prever.
Não há como
saber como será o mundo, econômica e socialmente, daqui 10 anos, ainda assim preparamos
um sistema educacional que educa, com ferramentas do passado, pessoas para
lidar com uma realidade que será diferente. Gordon Moore, com sua famosa lei de
Moore, que prevê a multiplicação em duas vezes do número de transistores por
circuito integrado, ilustra o intenso avanço tecnológico a que estamos
submetidos.
Tal situação
soma-se com a preferência da criança com vocação para o setor acadêmico sobre a
criança com vocação artística. Enxerga-se na proficiência acadêmica a esperança
para a perpetuação do capitalismo individualista, que espera conseguir um
avanço tecnológico e econômico investindo em indivíduos academicamente bem
sucedidos. Mas a academia não é o único caminho para o sucesso como se vê no
exemplo de Gillian Lynne, uma coreografa famosa que relata sua dificuldades escolares
durante os anos 30, Lynne identifica suas qualidades somente após desistir da
escola e entrar para a dança. Hoje ela é dona da Gillian dance Company e uma
multimilionária.
Há a
necessidade, portanto, de promover a nossa empatia também com as crianças,
promovendo uma educação completa, combinando ciências e artes, em conjunto com
novas tecnologias, e buscando prepara-las para um futuro que proporcionará novos
desafios. Só assim o mundo poderá melhor contemplar a criatividade de pessoas
com Mozart, que não seria Mozart nesses sistema educacional
Defesa, interesse ou dominação?
A análise weberiana do
capitalismo busca, através da ação social lastreada na cultura e tempo de
determinada sociedade, compreender a singularidade do Ocidente. Acredita-se que
a formação histórica religiosa, principalmente o protestantismo, influenciou a busca
pelo lucro como ética social. Analogamente, tais teorias com a realidade atual,
nota-se que em algumas propagandas comerciais, como anexada, de certos produtos
e empresas ocidentais tem buscado defender movimentos sociais, principalmente o
feminista e LGBT, todavia o interesse dessas empresas, não baseia-se em um
apoio real, defesa e melhoria de vida e condições, mas a dominação de um grupo
de consumidores que vem crescendo e pode tornar a maioria. Desse modo,
utiliza-se da ação racional para atingir uma ação afetiva e emocional dos
consumidores. Vendendo um tipo ideal se empresa que não corresponde à
realidade. Ademais, a dominação pode ser feita de diversas maneiras, não só a
emocional, mas há também uma dominação legal, utilizando leis e a burocracia para
manter o status quo que interesse a classe dominante e detentora do poder. A
dominação tradicional, tendo sua base em estruturas já consagradas da
sociedade, como o patriarcalismo. Além da dominação carismática, que é instrumento
tanto de líderes religiosos, como da propaganda tratada anteriormente, contudo,
esse tipo de cominação pode ser frágil e instável, mas tem se mostrado útil ao
público alvo de tais empresas.
Marina Domingues Bovo - 1º ano direito matutino
Meu Espírito
Não me canso. Minha natureza é insaciável e permanentemente
ilimitada. Meu combustível é minha essência. Entendo qualquer ferramenta
sistematizada como válida para que haja a manutenção de minha busca eterna por
atingir meus objetivos infinitamente consumíveis.
Tal jornada não pode ocorrer em congruência com um misticismo
barato e irracional, geradores de um encantamento tolo. Meus interesses, nossos interesses, devem
andar em companhia da ciência, fundamentados nos alicerces da razão e da
realidade contra a dinâmica cruel da fugacidade do tempo e o “pecado” basal do
ócio.
Abraço a racionalidade, a inteligência e a astúcia
para dar as costas aos prazeres mundanos e carnais da vida. Encaro frente a
frente o trabalho como um dever de minhas crenças, uma obrigação para com a
vontade divina, um agradecimento às graças depositadas por Deus em minha vida
de escolhido. Por minha natureza divina, vejo as gotas de suor ao me redor
tornarem-se dividendos e salvações eternas. Minha relação com Deus coloca em
prática toda a minha potência inerente à minha natureza. Esta crença me move,
me guia, permite minha existência. Eu, por minha vez, em minha capacidade
total, não me limito a um só lar e resido nos comércios de Tours, nas casas dos
trabalhadores de Emden, nas colunas centenárias da abadia de Westminster e nos
planaltos da Virginia. Entretanto, ainda não possuo a liberdade necessária para
adentrar em territórios orientais.
É desta profunda relação simbiótica entre minha
existência e a crença religiosa no poder do trabalho que obterei forças para
que possa expandir meus endereços e levar a racionalidade do amor de Deus paraa
todos a quem Ele designar com a graça de sua vocação. Assim, por meio destes
preceitos, propagarei tal ética e, consequentemente, possibilitarei o
crescimento de meu espírito.
Lucas Correa
Faim – 1 Ano Direito (Noturno)
Qual o remédio para a doença causada pelo capitalismo?
É fato conhecido
historicamente que a Igreja Católica, desde muitos séculos atrás, rege as
relações sociais e o modo de vida de muita gente. Porém, apesar de toda a sua influência
e o poder que sempre exerceu diante de boa parte da sociedade, o maior sistema
presente na atualidade teve como um de seus pilares outra religião diferente do
catolicismo. Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber afirma
a reforma protestante como uma das bases para a consolidação do pensamento capitalista,
até hoje muito difundida e servindo para a manutenção desse sistema e de suas
estruturas, além de suas consequências sociais extremamente duras e
questionáveis. O sociólogo nos explica como se dava a interpretação do trabalho
para as crenças católica e protestante. Para a primeira, o trabalho seria nada
além de um meio de subsistência, condenando a acumulação de capital; para a
segunda, o trabalho era muito mais que uma fonte de renda, mas sim um “espírito”,
aquilo que deveria guiar as ações sociais, supervalorizando o trabalho e
desvalorizando o ócio. Divergindo, mais uma vez, do catolicismo, o protestantismo
não enxergava a “salvação do homem” como mero resultado da fé e das boas ações;
acreditava que isso não estava ao alcance de Deus ou dos homens, mas que os
seres estariam predestinados ou não para a salvação divina. Entretanto, eles
passaram a enxergar a ética do trabalho como um meio de garantir sua salvação,
e fizeram dela o seu espírito de vida.
A relação que podemos
estabelecer com os dias atuais é o impacto que essa “ética do trabalho” no sistema
capitalista causou na sociedade. Atualmente, as pessoas têm um ciclo de vida
pré-definido: nascer, estudar, trabalhar e morrer. Obviamente, cada indivíduo
tem seu direito de escolha, mas cabe questionar até que ponto o trabalho é
saudável para alguém, visto que cada vez mais cresce a quantidade de pessoas
que necessitam de ajuda psicológica, de medicações para tudo (dormir,
permanecer acordado, ter maior rendimento e etc). As consequências disso tudo
nem sempre são saudáveis: muitas pessoas com depressão, muitas pessoas
infelizes com o trabalho e seguindo uma carreira visando apenas ao retorno
financeiro, jovens que nem saíram da faculdade e já sentem os impactos da
pressão neles colocada desde cedo. A grande crítica a essa parte da estrutura
capitalista é a forma como ela robotiza os seres humanos e pode até mesmo
adoecê-los nesse jogo de tempo x dinheiro. Vive-se em uma sociedade enferma,
cega pela riqueza e pela acumulação, deixando de lado o principal sentido da
vida: viver.
Kelly Akemi Isikawa - 1º ano/diurno
Direito Natural Puramente Formal de Weber e o MST
O Direito, em consonância
com seu viés moderno, adquire como significado os direitos e deveres de uma sociedade
de acordo com suas normas e regras. No entanto, para Weber, muitas vezes tal
conotação passa a ter forma ideológica, pois as condutas que levam à formação
do Direito ainda são muito pautadas no social, ainda que sejam racionais, não
havendo espaço para as ações sociais pautadas na reciprocidade. Como
consequência disso, ocorre o que Weber chama de “Direito natural puramente
formal”, que consiste na garantia que o Estado dá apenas à forma de contrato.
Ao olharmos para o MST (Movimento Sem Terra), a elucidação prática da teoria de
Weber fica mais clara. Disposto no 5°
artigo da Constituição Federal de 1988, parágrafo XXII, “é garantido o direito
a propriedade”. No entanto, como movimentos que lutam pela reforma agrária e a
garantia de terra para todos, podemos ver o Direito como ferramenta puramente
formal. O Brasil, a quem compete o título de um dos maiores países em relação à
extensão de terras, sempre teve tal concentração fundada na mão de grandes
latifundiários, desde os tempos de colônia, até a contemporaneidade. A área em
que consistem estabelecimentos rurais é baixíssima perto da área dita ocupada,
como ilustrado no gráfico abaixo:
A isso
atribuímos os traços da ética e da pressão dos interesses dos grupos de
latifundiários, que influenciam no sentido de reivindicar justiça material. A
pressão competida disso resulta na falta do Direito abrangendo toda a sociedade
que dele necessita. Além disso, a pressão social que tornam esses movimentos
ilegítimos perante o aspecto geral também contribuem para a dificuldade
encontrada em tais garantias, vez que muitas vezes a ideologia de que Weber
chama de “ética protestante” acaba tão difundida que é reproduzida pelos que
não conseguem conceber dos direitos reivindicados. Podemos constatar isso no
artigo apresentado por Cristiane de Souza Reis, pu blicada na “Revista Âmbito
Jurídico”, em que a mesma fala sobre o
MST, na qual “é muito comum ouvirmos falar em
quanto os atos do Movimento são violentos e ilegais, identificando-se, não
raras vezes, seus integrantes como baderneiros, desordeiros e, principalmente,
criminosos. Tendo por base as formulações de Foucault (1988), verifica-se que a
estratégia da criminalização é simples e facilmente formulada na teoria geral
do contrato, pois o “criminoso” ao romper o pacto social, torna-se inimigo de
toda a sociedade, não obstante se torne co-partícipe da punição que se exerce
sobre ele. A infração lança o indivíduo contra todo o corpo social,
formando-se, assim, um formidável direito de punir. Verifica-se também, por
parte da imprensa uma colaboração neste quadro, um preconceito que se amplia
discriminando os movimentos sociais, por meio de preconceitos e de enorme carga
imagética contra as lutas e revoltas justas do povo brasileiro.”
Ainda
que a sociedade tente se livrar de tais padrões, apenas com uma análise mais
profunda dos reais problemas do país isso pode vir a se tornar possível, além
da necessidade da quebra de preconceitos e estereótipos muitas vezes julgados
pela massa que não encontram embasamento para tais acusações.
Particular X Bem social
Weber se diferencia de Durkheim por ser contrário á ideia de que o homem deva despir-se de seus valores e ideais para alcançar a sociedade mais justa de forma racional. Em sua concepção, toda essa carga ideológica é intrínseca - e, portanto, inseparável - aos homens, transferida a todos os seus pensamentos, ações e julgamentos.
O vice-presidente Dias Toffoli segue este pensamento weberiano, ao dizer que a interpretação da lei é feita justamente de acordo com os ideais e valores de quem está julgando, e que a busca pela defesa dos interesses decorrente desta aplicação valorativa ao Direito deveria ser analisada de forma positiva. Ele sustenta este pensamento ao se posicionar contra à "criminalização política", já que cada deputado, por exemplo, foi eleito pela região cujos interesses ele representa e que compactua ou deveria compactuar com sua ideologia. Este pensamento, na verdade, é difícil de se sustentar materialmente.
Tratando-se de figuras públicas que tem poder decisório influente em toda uma população, o público deve sobressair ao privado, senão a postura é prejudicial ao povo. Os representantes devem prezar pelo bem social geral. A recente proposta para a "cura gay" é reflexo da aplicação do particular no público, já que aqueles valores que os homens políticos aplicam em sua família estão sendo sobrepostos ao povo, extrapolando os limites do conservadorismo. Assim também ocorre quando temas como o aborto e o casamento homoafetivo são colocados em pauta, logo são arquivados sem a devida discussão, pelo fato de certas bancadas estarem agarradas a ideologias particulares e nem um pouco pertinentes à legislação de um país heterogêneo como o Brasil. Na visão de Durkheim, isso é o que ocorre justamente pelos políticos não se despirem dos valores que trazem de casa em busca de uma justiça racional.
Dessa forma, nota-se a fragilidade da análise de Weber, já que o o bem social e a aplicação homogênea e justa do Direito são, muitas vezes, atravessados por preconceito, religiões, conservadorismo, interesses de classes, favorecendo o particular ao invés do público.
Gianlucca Contiero Murari - diurno
Weber, venha cá me tirar dessa angústia
Quero o que sempre quis,
Ou quero o que quiseram de mim?
Veja bem o burguês,
Seus valores são os meus,
Eu quero ser ele,
Eu quero ter o que ele tem,
E a isso me dedico
Com trabalho e avareza.
São minhas de fato estas ações sociais,
Ou produtos das relações sobre as quais eu já nem tenho mais poder?
Por isso
Ainda te pergunto:
Quero o que quero,
Ou só o que permitiram a mim querer?Leonardo Rosa - Noturno
Weber, o Direito e a padronização
Aos olhos de Weber o
Direito é a expressão máxima do racionalismo na sociedade moderna. Tal racionalismo
é dividido em duas formas: formal e material. Por formal se compreende uma medida
onde é possível calcular as ações e efeitos que provem delas, através da razão pode-se
dimensionar, ou seja, é a positivação do que é tangível. Já a material é mais
subjetiva na medida em que leva em conta os valores, exigências éticas e
políticas, os interesses materiais de um grupo. No direito, essas racionalidades
seguem um “caminho” que vai do material para o formal, pois o legislador deve
construir um sistema jurídico sem lacunas, onde o abstrato possa ser aplicado
no caso concreto e ainda há necessidade de abranger uma infinidade de fatos
para obter soluções das mais diversas.
Jogando as ideias de
Weber para um caso prático podemos visualizar que a sociedade de hoje se
preocupa com uma padronização dos indivíduos, pois seria mais fácil prevê-los e
controla-los, chamada pelo filosofo “calculabilidade”. Para obter êxito na
padronização é necessário que se patologize as diferenças, afim de sejam
curadas e o padrão se estabeleça novamente. Logo, a comunidade LGBT como um
todo configura um problema social. Esse pensamento preconceituoso e conservador
da sociedade, de certa forma, faz “pressão” para que o legislador, ou
magistrado, abram precedentes para a cura dessa “doença” que é a comunidade
LGBT, nasce assim a “cura gay”.
Weber dizia que a sociedade capitalista “desracionalizava” o direito,
como podemos ver nesse caso onde se abriu precedentes para psicólogos realizarem
a reorientação sexual dos seus pacientes, curando os gays. Essas lacunas nas
leis, possibilita que seja feito o julgamento de forma muito arbitraria pelo
magistrado, onde ele leva em conta muito mais seus próprios preconceitos do que
a liberdade individual de cada indivíduo de exercer sua sexualidade sem interferência
externa do Estado ou de psicólogos.
luisa de luca - 1 ano direito noturno
Capitalismo e sua Dinamica
Na Era Moderna, o Ocidente veio a conhecer a organização capitalística racional, a qual era assentada no trabalho livre e valorizava aspectos como o lucro, o culto ao trabalho. Dentro desse contexto, Weber, em sua obra "A Ética protestante e o espírito do Capitalismo", procura compreender como e quando o Ocidente passou a agir dessa maneira. Isto posto, o sociólogo conclui que essa atitude tinha um caráter religioso: calvinistas buscando exteriorizar o sinal da predestinação.
A ética protestante, integrante do pensamento calvinista, compreende a ética como um padrão de conduta. Segundo essa concepção, trabalhar e prosperar são ações muito importantes, visto que representam sinais da graça divina e, por conseguinte, da salvação por Deus.
No decorrer da historia, principalmente na Europa, essa ação social – a ética- protestante se racionaliza e se universaliza para além da religião. Dessa forma, ela foi fundamental para a expansão das ideias de economia e de sociabilidade capitalista. Assim sendo, o capitalismo tal como hodiernamente se apresenta, só tem início quando ocorre a racionalização da ética protestante. Essa racionalização, por sua vez, pode ser: contábil, científica, jurídica e, sobretudo, do próprio homem.
Em suma, o protestantismo foi, para Weber, a efetiva revolução moderna, uma vez que ele trouxe uma mudança na consciência dos indivíduos, os quais deixaram de se conformar com o mundo e passaram a querer dominá-lo e transformá-lo.
Maria Theresa 1 Diurno
A ética protestante, integrante do pensamento calvinista, compreende a ética como um padrão de conduta. Segundo essa concepção, trabalhar e prosperar são ações muito importantes, visto que representam sinais da graça divina e, por conseguinte, da salvação por Deus.
No decorrer da historia, principalmente na Europa, essa ação social – a ética- protestante se racionaliza e se universaliza para além da religião. Dessa forma, ela foi fundamental para a expansão das ideias de economia e de sociabilidade capitalista. Assim sendo, o capitalismo tal como hodiernamente se apresenta, só tem início quando ocorre a racionalização da ética protestante. Essa racionalização, por sua vez, pode ser: contábil, científica, jurídica e, sobretudo, do próprio homem.
Em suma, o protestantismo foi, para Weber, a efetiva revolução moderna, uma vez que ele trouxe uma mudança na consciência dos indivíduos, os quais deixaram de se conformar com o mundo e passaram a querer dominá-lo e transformá-lo.
Maria Theresa 1 Diurno
BALADA PARA UN LOCO
O capitalismo, como um ethos a ser seguido, é, apesar de
produtivo, pobre. Veja bem, a palavra usada “produtivo” não tem aqui nada a ver
com “construtivo”, isto é, algo que constrói coisas novas. O capitalismo repete
algo bem sucedido e, sobre este, deriva incessantemente até ser sua existência
tornar-se obsoleta. De forma análoga a tais “coisas”, pessoas também sofrem um
processo de repetição incessante, de suas personalidades, até um ser, ou um
estilo de ser, tornar-se obsoleto e desprezível. É tal a sorte do capitalista,
na dinâmica social em que ele influencia a universalidade e esta à ele, o homem
burguês, se ainda é possível chamá-lo assim, é o que tem grande pressão
modificante na dialética social. Qual a consequência disso? Utilizando-se de um
papel, que não me pertence, de sociólogo diria que a consequência seria uma
sociedade cristalizada de costumes e cimentada de desejos. Para melhor ilustrar
o que quero dizer, invoco uma personagem: Amélia. Filha de família de alta
renda de São Paulo, engenheira civil, amante do cinema hollywoodiano, carrega
consigo um volume de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo,
frequentadora do Café Divano. É neste que se encontra nosa personagem neste
momento presente.
Aproveita seu café expresso, mas de forma expressa, pois
não pode se atrasar para o trabalho. Ainda faltava uma reta rua de 1 Km. Rua
linda, para seu gosto, casas de simétrico quadrado, bloco sobre bloco
edificando prédios altos, brancos: puros. Nada abalava sua casta mente
paulistana, nada até o momento. É que, em toda aquela coerência metropolitana,
nunca lhe passou pela cabeça a possibilidade de presenciar tão impar figura. Um
loco! Carregava em sua cabeça meia melancia carcomida, vinha em sua direção. Em
seu desespero pensou em inúmeras formas de se defender do potencial assalto.
Gritou, mas ninguém a ouvia, alias somente ela o via. Põe a mão em seu spray de
pimenta em sua bolsa. Chega o louco, aproxima-se, levando consigo toda
surrealidade possível. Ergue a mão, chamando-a, chamando aquela que a ele
aponta um spray de pimenta, inútil agora, porque já arde no coração da moça
toda vontade reprimida. A loucura! A irracionalidade a contaminara.
Amélia sai, então, de seu mundo cubista perfeitamente construído
por um engenheiro formado na USP, segue o louco, o qual pela rua perpendicular
vai andando até um beco. Sem exitar Amélia entra com ele, do que vê uma
carruagem, a carruagem de seu amado. Amado, ahh, quem diria, enfim Amélia encontrara
alguém para chamar de seu, para chamar comigo. “Onde vamos?”, pergunta a moça “Para
onde não?” ao que contesta o homem. “Por que é tão louco?”, “Por que não? Por
que ser coerente em um mundo racionalmente incoerente?”. Era de uma clareza
invejável, percebia Amélia, ou de uma insanidade, logo descobriria,
independentemente, agora era tarde, já era uma louca também. “Vamos, senhorita,
vamos cavalgando por nossas ilusões”. Saem em essa carruagem puxada por um
burrinho com tranças tortas na crina, viajam de canto em canto, de tempos em
tempos em um baile sem ritmo e cheio de poesia.
Amélia
recorda-se então de seu livro, esquecera-o no café, na racionalidade. Não é
importante, pensou, o ethos nele
escrito não foi algo escolhido por mim, mas sustentado, não mais! A ética
capitalista cerceara dela a emoção, mais que isso, o sentimento. É o sintoma de
uma sociedade cristalizada de costumes e cimentada de desejos. Nossa heroína não
mais se prestaria a tal papel. O teatro de sua vida agora se recheará de
emoções, sem esquecer-se da razão, necessária, as vezes. Foi tal a sorte de
Amélias, reificadas por si e por todos durante uma vida, não se deixaram entrar
na obsolescência. Mudou de ethos,
esse que o único sentido da vida é viver.
REFERÊNCIAS: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo - Max Weber; Balada para um Loco, Amelita Baltar, Astor Piazzola
REFERÊNCIAS: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo - Max Weber; Balada para um Loco, Amelita Baltar, Astor Piazzola