segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Colorismo e conceitos weberianos

Max Weber foi um grande sociólogo que elaborou e expôs diversos conceitos a fim de compreender a dinâmica realidade e o papel da sociologia na sociedade e mesmo tendo escrito no contexto do século XIX, ainda na atualidade muito de suas ideias encontram-se perfeitamente aplicáveis.
É de conhecimento geral a trajetória discriminatória dos negros no Brasil e o racismo velado existente nos dias atuais. Outrossim, outro termo importante e ainda desconhecido por muitos que deve vir a debate nos dias atuais é a questão do chamado colorismo ou pigmentocracia. Utilizado pela primeira vez pela autora Alice Walker em 1982, consiste em um conceito que diz que quanto mais pigmentada uma pessoa for, mais preconceito e exclusão está sofrerá. Contrariamente ao racismo, o colorismo não se baseia necessariamente na etnia, mas sim na tonalidade da pele.
Sob o viés weberiano, deve-se entender esses problemas quanto a dominação do homem branco na sociedade brasileira desde a época colonial, cujo poder se forjou em uma legitimação justificada pelas teses eurocentristas e eugenistas que preconizavam a suposta superioridade da “raça” branca. Tal como exposto por Weber em sua distinção dos diversos tipos de dominação, a ideológica teve grande parte no enraizamento desse pensamento no tecido social que reforçou o desprezo e preconceito a tudo proveniente da cultura negra. Esse é um dos principais fatores apontados pelo colorismo: o embranquecimento dos negros na atualidade. Isso pode ser evidenciado pelo estabelecimento do padrão vigente de beleza com características europeias: pigmentação clara, traços finos, cabelos lisos etc., que por mais que hoje esses padrões são cada vez mais desafiados, deve-se notar sua predominância durante muitos anos nos conscientes dos brasileiros. A partir disso são evidenciados os termos ‘morena’, ‘pardo’, no qual as pessoas passam a se identificar, desvinculando-se ou rejeitando a termologia para si próprio de qualquer coisa que possa se relacionar a ‘negro’.
O que isso faz é com que os negros de pele clara sejam mais ‘aceitos’ do que aqueles de pele escura em determinados ambientes, justamente por se aproximarem do ideal de branquitude. Dessa forma, evidencia-se como a sociedade condiciona de forma diferentes os indivíduos, tal qual defendido por Weber quando tomado o individualismo metodológico. Consequência direta disso é a constante adaptação do modo de vida, ou seja, das ações sociais desses indivíduos a fim de serem reconhecidos dentro desses espaços.
Por fim, Weber entende a sociologia como uma ciência da realidade cujo papel é compreender a rede de significados das ações sociais. Essa compreensão deve servir como forma de criticar e entender os elementos sociais, de forma a posteriormente fornecer elementos à política, para que então essa transforme a realidade. Dessa forma, torna-se de extrema importância o papel a ser tomado por nós para se iniciar essa transformação, a negação dos valores a nós impostos de forma a reconhecermos nossa cultura e reivindicarmos pouco a pouco nossa negritude.


Roberta Ramirez – 1 º Ano/Noturno

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