domingo, 10 de setembro de 2017

Seu preço

Maria nasceu
Pobre
Marginalizada
Oprimida
Sem oportunidades na vida
Trabalhou e se de esforço o máximo que pode
Mas o Brasil está em crise!
Patrão a demite, mante-la pode fazer com que não consiga pagar seu cruzeiro final de ano, seria um absurdo!
Ela procura outro emprego, não tem sucesso
Filha chora de fome
Maria chora de desespero
Filho adoece, precisa de remédios
Desespero aumenta
Maria se vê sem opção
Vai para o caminho da prostituição
Foi obrigada a se vender
A vender sua decisão de escolha
Pessoas colocam sobre ela um preço
Que sistema é esse onde pessoas viram objetos?
Onde o rico explora o pobre se justificando : “ você teve sua chance, somos todos iguais perante a lei, somos todos igualmente livres para tomar nossas decisões"
Que sistema é esse onde o explorado pensa que tem culpa de sua condição?
Maldita seja a falácia da  meritocracia

Brenda Schiezaro Guimaro - Diurno

Minorias são o novo “preto”’

Vive-se uma sociedade em que ativismo social na mídia se tornou rentável, uma maneira que a burguesia encontrou de manipular as massas para manter o seu status quo e como previsto no manifesto comunista, os grandes industriais modelam um novo meio de família tradicional para lucrar em cima disso, a partir dos desejos de movimentos sociais e assim abafar o quê realmente ocorre na exploração do mercado sobre o proletariado.
            Trazendo visibilidade a temas como os de gênero, pautas LGBT+ e raciais, mas essa visibilidade só ampliou o mercado consumidor que versa Marx em sua obra, houve a saturação de certos padrões de beleza eurocêntricos que inflaram o mercado mundial, fazendo com que houvesse a necessidade de expandir para novos mercados, no caso o das minorias, apesar da visibilidade nestes ambientes serem de extrema importância no combate a ignorância contra tais assuntos,  estas propagandas e produtos ainda assim não são acessíveis a uma grande parte da mão de obra que constrói esse mercado.
            E temas de cunho social deveriam ser pautas do Estado para regular e educar a população como detentor do poder Supremo junto a lei, mas por conta do sistema atual em que os Estados vivem, o Mercado e o Estado tornaram-se intrínsecos, fazendo com que uma tonelada de pessoas batam palmas para indústrias que possuem maior renda que o continente africano e mesmo assim não consigam adquirir tais produtos por conta da desigualdade salarial daqueles que os empregam, junto a uma conivência silenciosa do Estado sobre os abusos os quais este participa.
            Uma constante busca pelo sonho americano de liberdade e consumo, bombardeados de forma sonora e visual, incluindo a pressão social que acabou-se criando nas sociedades modernas por conta dessa cultura comercial que é implantada nas mentes mais jovens, novamente a obra O Manifesto Comunista trata de como a cultura de determinada localidade é utilizada como meio de alienação e consumo, como se fazem hodiernamente discussões sobre a cultura negra, comercializando cremes para cabelos crespos e cacheados, venda de lenços para turbantes e roupas com estampas tribais. Esta exploração cultural não é para exaltar os negros e seu legado, mas apropriar-se deste movimento, expandi-lo, vende-lo e satura-lo, esvaziando toda a sua carga cultural e tornando-o mais um produto fútil e adestrando o povo como verdadeiro gado.
            Como foi feito com o movimento hippie nos anos 70, este grupo que pregava a liberdade sexual, amor a natureza e aos seres, um verdadeiro contraponto a política opressora americana que guerreava contra o vietnã, utilizavam de bandanas e festivais para propagar seus ensinamentos de forma sútil e compromissada com os ideais. Entretanto, após alguns anos, o movimento político foi reduzido a festivais de músicas caríssimos, bandanas que são propagandeadas em videoclipes para adolescentes, e todo aquele amor a natureza foi transofrmado em roupas que utilizam de couro animal e petróleo, não passando de um câncer, uma hipocrisia ambulante que se paga muito, para ter um look vintage e na moda.
            Exatamente por estes fatores que na obra o autor verifica a inevitabilidade das crises no sistema capitalista-burguês e gera constantemente a irritabilidade do operário, pois sua cultura é amassada, usada, cuspida e reduzida, enquanto que suas vidas não saem da lama social em que são cada vez mais puxados para baixo por meio de dívidas e hipotecas para manter a busca pelo sonho americano e padrões de primeiro mundo, isso se acumula e implode numa luta entre classes que se torna futuramente no comunismo após a ditadura do proletariado.



 Alexandra de Souza Garcia 1° Direito/noturno

É "dois pesos e duas medidas" que fala, né?

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)"Constituição da República Federativa do Brasil (1988).

A Vera trabalha na minha casa há mais de 10 anos. Me viu crescer, me ama como filha, fazia tranças no meu cabelo antes de me colocar na van para a escola e quando eu volto para a minha cidade, já na faculdade, ela faz a macarronada que eu adoro e diz que a casa fica vazia sem mim. Ela mora em um bairro relativamente perto do meu e que, nem de longe está entre os mais perigosos e marginalizados da cidade, tem sua casa própria, reformou a cozinha e o quintal esses tempos atrás, possui carro e moto.
A Vera tem uma irmã e essa irmã tem uma filha, a Luana. Luana foi morar junto com um cara, e ele estava envolvido com tráfico de drogas. Falando assim parece um negócio barra pesada, de gente ruim. Meio Pablo Escobar. Na real ele vendia maconha, nada demais, e definitivamente nada novo sob o sol. A Luana e o namorado foram presos. Agora ela já saiu, pegou 6 meses porque era ré primária. Ele, por ser reincidente, pegou 5 anos de prisão. 
Eles estavam com 1,8kg de maconha.
Eu poderia dar o exemplo de qualquer playboy filho de emprésario/político/ator/médico/advogado que foi pego com mais droga que isso, com drogas muito mais pesadas do que essa e tão ai: livres, leves e principalmente soltos. Mas acho que vale a pena falar do famigerado caso do helicóptero do Aécio Neves - aquele que custava 2 milhões de reais e transportava 450kg de cocaína. 
O cara se candidatou à Presidência da República - e quase ganhou.
Ainda teve gente colando adesivo de "a culpa não foi minha, eu votei no Aécio" no carro.
É muito fácil e muito cômodo ser branco, nascido em família rica e neto de ex-Presidente (mesmo que por poucas horas). O mundo foi feito pra te ajudar, moldado para te atender. Até as instituições que se dizem imparciais, como a Justiça.
Se fosse eu numa situação dessas, era capaz que eu me desse bem. Branca, classe média alta, portadora de um sobrenome de origem europeia e de família de fazendeiro, filha de servidores públicos federais e sobrinha do médico legista chefe da região. Acho que eles aliviariam um pouco para o meu lado. 
É lindo estar na Constituição o princípio da isonomia. Agora, experimenta nascer pobre, negro e filho da irmã da Vera, uma empregada doméstica semi-analfabeta, ou filho da mãe do namorado da Luana, uma ex-prostituta soropositiva, pra você ver se ele é aplicado na prática. 

Lara Estrela Balbo Silva
1º ano - Direito Noturno

Exploração, ganância, desigualdade e demais males do sistema capitalista

Do início das civilizações, desde os tempos mais longínquos, uma característica marca as sociedades: seu formato estamental, em forma de pirâmide, onde muitos possuem pouco e poucos possuem muito. Não importa qual civilização, sempre existia os exploradores e aqueles que eram explorados, apenas muda-se os nomes. Nas sociedades antigas, como na Roma antiga, existiam os Patrícios e os escravos, na Idade média existiam os Senhores feudais e os servos, e no desenrolar da Idade Moderna, com a implementação do capitalismo e do modo de produção industrial, surgem os Burgueses e os proletários.
Conforme dito na música “Savages” de Marina and the Diamonds:
“É a sobrevivência do mais apto
Ricos contra os pobres
No final do dia
É uma característica humana
Escondida bem no fundo do nosso DNA
Por trás de tudo, nós somos apenas selvagens
Nós somos apenas animais ainda aprendendo a engatinhar”
Porém, discordo de um ponto. Animais procuram usufruir apenas o necessário para sua existência. Estando na natureza, todos são igual e convivem de forma equilibrada, cada um exercendo sua função. O homem primitivo viveu durante muito tempo da mesma forma que os animais, no período pré-histórico, alimentando-se do que achava no solo, colhendo, e trabalhando pelo seu próprio benefício. Com o tempo, a percepção, que o convívio coletivo e a instauração de comunidades e famílias facilitariam as atividades cotidianas. De qualquer forma, todos trabalham, e o fruto deste trabalho era repartido igualmente entre todos. Com o desenvolvimento das técnicas de plantio e pecuária, o homem passa a fabricar além daquilo que precisa, o excedente começa a ser cobiçado. Conflitos e guerras dão origem a desigualdade e a exploração do homem pelo homem, fenômeno existente até os dias de hoje.
Com a invenção da moeda, materiais e produtos deixam de ser trocados e passam a ser vendidos. Com a maquinização dos processos, os artesãos ficam para trás e são obrigados a vender sua própria força de trabalho para sobreviver. Enormes indústrias são criadas para fabricar a maior quantidade no menor tempo, vendendo produtos por um preço bem maior que seu custo real, centralizando todo o lucro nas mãos dos grandes proprietários, e dando para os trabalhadores (que são os que realmente produzem) o mínimo, do mínimo para sobreviver.
Durante anos e anos, pessoas trabalharam exaustivamente durante quase o dia todo, mulheres grávidas e crianças, em indústrias fechadas, sem descanso, sem condições de higiene e sem direitos. Pessoas sofriam acidentes, perdiam partes do corpo, mas a produção não podia parar. E o resultado: os ricos apenas se tornavam mais ricos e os pobres, mais pobres.
Com movimentos sindicais dos trabalhadores, muitos direitos (que deveriam sempre ter existido) foram conquistados e o proletariado passa a ter melhores condições. De qualquer forma, o burguês sempre arranja uma forma de continuar explorando, como no exemplo da “mais valia”, fenômeno estudado por Marx que demonstra a expropriação do valor do trabalho do proletário pelos donos dos meios de produção, que sempre acabam ficando com o lucro, e pegando ao trabalhador, menos do que o mesmo deveria ganhar.

Essa ambição, mesquinharia e egoísmo sem fim é o que tornou o mundo tão desigual. Homens colecionam mansões enquanto outros vivem debaixo de pontes. Do que adianta uma legislação que diz que todos têm direito a um lar, a saúde, educação e lazer, se quando eu olho para a realidade, vejo que isso de fato não acontece? Até quando países mais pobres vão ter sua matéria prima explorada, e seus trabalhadores serão obrigados a trabalhar em regime de escravidão (como o exemplo da marca de roupas ZARA) para que outras pessoas ostentem produtos caríssimos, fabricados sob o suor não-remunerado de seres humanos, assim como eles? Até quando pessoas morreram de fome, enquanto toneladas de alimentos são desperdiçados diariamente em shoppings e grandes estabelecimentos? Até quando pessoas morrerão nas filas de hospitais públicos que não possuem verba para comprar materiais simples como luvas e seringas enquanto milhões são desviados para o bolso de políticos corruptos? Sintetizando, até quando a ganancia irá sobressair a compaixão e empatia pelo próximo? Está é uma pergunta de uma importância tremenda, que com pesar, não sei responder.


Yan Douglas Alves Teles - 1ºAno - Direito/Noturno

Análise objetiva do papel burgues na transição entre as Idades média e moderna e suas críticas pelos autores estudados.

Ainda na Idade Média, surge na Europa Ocidental a classe que seria a responsável pelo fim do sistema feudal e inicio do que conhecemos como Idade Moderna. Isso aconteceu quando moradores de burgos, cidades geralmente muradas e autogovernadas, intensificaram a prática mercantil, fenômeno conhecido como renascimento comercial e urbano. Tal classe, a burguesia, quebrou o status quo quando passou a ter importância política mais relevante que a nobreza, visto que aquela passou a acumular dinheiro, enquanto esta dependia dos titulos que ganhava muitas vezes sem mérito.  
Em 1789, na França, essa mesma classe executou um rei e, com ele, o Antigo Regime; mais tarde seria a responsável pela revolução industrial, evento que mudaria drasticamente, entre outras coisas menos interessante pra minha análise, a situação da população em termos de qualidade de vida.  
Nesse contexto, muitos estudiosos passaram a criticar e buscar soluções para os rumos que tomava o sistema capitalista nessas condições, é ai que surge Karl marx e Friedrich Engels. Inspirados na noção de dialética do filósofo Georg Hegel, sugeriram que a disputa de classes era o motor da história humana, sendo a burguesia apenas uma das classes que viria a ser sobreposta por outra, no caso o proletariado. 
Essa sobreposição era, para os autores, inevitável devido às condiçoes de exploração pressupostas no sistema mercantil moderna – destacando ferramentas como a mais-valia. Além disso, acreditavam que a alienação do trabalhador, pautada em ideologias, era a base para o sistema capitalista e o motivo de o proletário não se revoltar com sua situação.
Gabriel Nagy Nascimento, Direito Noturno. 

Liberdade para quem?!


 Sendo a liberdade um dos valores mais proclamados pela burguesia durante a derrocada da sociedade feudal, e esta ligada principalmente à propriedade individual e à liberdade de comércio, tem-se ainda uma falsa ideia de que na sociedade burguesa moderna possuímos liberdade de um modo geral, porém, a mesma é ilusória e privilegia somente os interesses da classe dominante. 

 Por exemplo, um vendedor de uma loja de calçados encontra-se condicionado a cumprir uma meta diária de vendas imposta por seu patrão, sob pena de ser demitido caso não atinja uma quantidade "x" mínima de sapatos vendidos ao final do expediente. Deixam de viajar, comprar coisas que gostariam porque precisam pagar as contas no final do mês. As pessoas estão se tornando cada vez mais ansiosas, frustradas e insatisfeitas com seu padrão de vida devido à tamanha pressão social exercida sobre elas. 

 A mulher não se encontra menos privada de sua liberdade dentro da sociedade capitalista. Ela não possui voz política, muito menos representatividade dentro de um sistema patriarcal. Ela ainda possui um salário menor comparado com o do homem mesmo trabalhando no mesmo cargo. Ela possui regras de conduta moralmente aceitas pela sociedade. Sua sexualidade desde cedo é reprimida, e se a mesma se atrever a burlar padrões e regras sociais já é vista com maus olhos por todos à sua volta. Sem falar no medo diário de andar desacompanhada pelas ruas à noite, ou de usar determinada roupa por medo de sofrer assédio. A liberdade nunca foi um privilégio da comunidade feminina na sociedade burguesa, e está longe de ser. 

 A luta de classes se expressa na visível desigualdade socio-econômica em uma grande metrópole urbana, como a cidade de São Paulo, onde de um lado da rua se encontram condomínios luxuosos e do outro moradores de rua, mal possuindo dinheiro para suas próprias condições de subsistência. 

O Direito, tomado como fonte da liberdade e felicidade geral, deve ser acionado a fim de se remediar essa terrível moléstia social, privilegiando as classes menos favorecidas e gerando oportunidades iguais para todos. Ele deve ser tido como um instrumento de luta contra toda forma de opressão de uma maioria por uma minoria. 





"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido." - Dalai Lama

Juliana Beatriz de Paula Guida - 1° ano - Direito Matutino


Operário, ontem e hoje

Apesar de nascido sob a tutela do modo burguês de produção, não é considerado burguês em condição. Não detém a posse da propriedade ou dos meios de produção, e assim, vende seu trabalho braçal a um burguês real.

Operário, explorado e extorquido. Dele lhe são tiradas horas de produção - as quais não são contabilizadas em seu mísero paga-pão. Essa é a mais-valia, que mais lhe valeu o suor de seu esforço, convertido em capital oriundo de sua serventia.

Capitalizado, o proletário tornou-se mercadoria. Subjugado ao seu superior - não como outrora fora no regime feudal - perpetua sua existência no labor industrial. Como mero objeto, não importa a idade ou sexo, mas sim sua contribuição à economia.

Capitalismo paradoxal: ora ciência e técnica, ora desigualdade brutal. Mas sozinho não está o operário, seus antepassados fazem parte da história, dessa inexorável história movida por lutas de classes. Luta contra aqueles que lhe deram as armas e lhe tiraram o chão.

"Quebrem as máquinas!" uma vez clamaram. Unidos, independente da maioria e pela maioria, marcham para derrubar a burguesia. Marcham contra a concentração de riquezas, contra a opressão e a supremacia.

Hoje, dia 10 de setembro de 2017, a luta proletária persiste. Não mais sob os moldes do comunismo, pois a propriedade privada prevalece e cresce a cada dia. Em meio a crise econômica e política, o proletariado toma as ruas e clama pelo fim das reformas trabalhistas que lhes são coagidas.

O que lhes resta é: unirem-se!

Bárbara Gomes Brandão - 1º ano de direito (diurno)


Dinheiro constrói?

“Opressor e oprimido”
Relação sempre presente
Desde a primeira civilização
Mas por que, então
É tão nociva?
Por que?
Porque ela corrói
Corrói a humanidade
Eis que na atualidade
Toda pessoa tem lá no fundo
A ganância que ela impõe
Mesmo sem querer

Ah! O capitalismo!
Tão belos aqueles prédios de vidro!
Mas como foi que esses prédios
Assim, subiram?
Tão belos aqueles carros de luxo!
Mas como foi que esses carros
Assim, criaram?
O capitalista diz:
“Com dinheiro, óbvio! ”
Mas o dinheiro também constrói?
Achei que fosse uma mera folha de papel...

Emily Caroline Costa da Cunha - Direito - 1° ano (diurno)

A permanência do pesadelo

  "E a boca que beija vai te difamar". O poder ambíguo da boca expressa na música Leviatã, com uma força ainda maior, encontra-se no capitalismo, pois, se por um lado este é o promotor da fartura e da alegria, por outro é o responsável pelo medo e pela fome e, de uma forma mais trágica do que ao primeiro olhar pode parecer ser.
  No capitalismo, defendido com todas as forças pelos poderosos e por seus demais cegos seguidores, o rico não é o que trabalha, mas sim aquele que explora o trabalhador, que, por sua vez, do capitalismo só colhem o fruto de uma vida indigna frente ao tamanho de seus esforços. Infelizmente há inúmeros exemplos dessa realidade, como os trabalhadores de famosas redes de fast food, que são submetidos a passar horas vendendo sua força de trabalho para conseguirem a mínima remuneração necessária para sobreviver, enquanto os donos dessas redes ou franquias, nem ao menos se dão ao "luxo" de passar alguns minutos fazendo os trabalhos que exigem de outrem, todavia apenas recolhem a maior parte do dinheiro proveniente do trabalho alheio.
  Desses lamentáveis fatos encontra-se a compreensão da diferença entre liberdade para Marx e para Hegel, por que, enquanto este acreditou que todos eram livres, aquele a definiu como diretamente proporcional aos meios materiais que cada indivíduo tem, o que, ao olhar para a desigualdade existente desde a tempos passados, é possível verificar que, embora todos são livres para tomar decisões, para cada um estas tem pesos diferentes, como por exemplo para o trabalhador de uma rede de fast food, que se optar por não ir no restaurante em um dia terá como punição o desconto de um valor monetário necessário para sua subsistência, e para o dono de uma dessas redes, que optando em não comparecer a um dos restaurantes da sua rede não terá nenhuma consequência significante em sua vida.
  Assim, frente a realidade de sua época e prevendo as tragédias futuras, Marx lutou para conscientizar os proletariados sobre suas condições e sobre a importância da união entre todos eles para que assim tivessem forças para enfrentar os burgueses, entretanto, por diversos fatores, como vontade de se tornar um dos burgueses e acumular mais propriedades privadas, ainda hoje essa união não se concretizou, fazendo com que o pesadelo permanecesse.

Aluna: Izabelle de Freitas Custodio- 1º ano direito noturno

Quanto vale o seu show?



Quem nunca ouviu reclamações sobre o salário de jogadores de futebol, cantores, ou atores? Acho que todos nós. Quem nunca quis ser um deles também? Fama, dinheiro, facilidades são muito atraentes, né? Mas como dizem, o sol não sorri pra todos... ou melhor nem todos nascem com talento, e conseguem vencer. Nesse levante dos que não saíram da mediocridade, as críticas sempre vem acompanhadas de um “ tanto dinheiro só pra jogar futebol?” Recentemente, com o sucesso dos chamados Youtubers também, “isso nem é profissão”. Mas você, que critica o valor atribuído as pessoas, venderia quantas camisas com o seu nome nas costas? Levaria quantas pessoas para te ver cantar? Bateria quanto no ibope uma novela em que você estrelasse? Quantas visualizações um vídeo seu daria?

Segundo Karl Marx, as coisas têm um “valor real”, atribuído de acordo com a quantidade de trabalho depositado nelas. Então tece-se a crítica do valor subjetivo, aquele exemplo “batido” do “quanto vale um copo d´água numa praia, e quanto vale o mesmo copo no Deserto?” Assim endosso as refutações ao Karl Marx. As coisas não possuem um valor próprio, fixo, regrado, elas têm o valor que damos pra elas.

Quanto não foi falado nos últimos da transferência do Neymar para o PSG, 222 milhões de euros, o equivalente a 820 milhões de reais. Achou absurdo né... E se eu te falasse que o valor do clube (PSG) passou de 1 bilhão para 1 bilhão e meio de euros assim que o contratou, que foram vendidas 1 milhão de euros em camisas do jogador em um dia, que o PSG teve um aumento de 10% de seguidores em três redes sociais (Twitter, Instagram e Youtube), que o site oficial do PSG aumentou sete vezes seu número de visitantes, que cerca de 200 jornalistas tentaram se cadastrar para acompanhar a estreia dele, que Neymar em uma semana vendeu mais camisas que o principal destaque do time na temporada passada em um ano, essas informações o fariam mudar de ideia? O fariam perceber que ele vale tudo isso porque tem gente (e muita gente) que dá audiência pra isso? 

As pessoas se acostumaram a criticar e diminuir quem promove entretenimento, não ouço muitas críticas aos salários dos juízes, por exemplo... Se eu sou contra algumas pessoas ganharam muito por explorarem seus talentos? Não, eu sou contra muitas pessoas ganharem “nada” por terem empregos considerados comuns...

Luiz Felipe Fermoselli Andreotti, Direito 1º Ano (Noturno)

Transformações históricas em uma venda qualquer

Baixa idade média, em uma vila da Europa ocidental acontecia uma transação comercial, um mercador, membro de uma guilda e morador do burgo em que estavam trocava seu produto com o cliente. A história marcaria pra sempre aquele ato e aqueles homens, irrelevantes em sua singularidade e fundamentais em suas atitudes, tratava-se da classe social que séculos depois revolucionaria o mundo derrubando reis e impondo novas formas de produzir e de fazer trocas, burgueses que transformariam a política, a cultura e a sociedade.
            A troca, a venda, o burguês, o cliente, o burgo, o valor, o trabalho. Já constatado a importância que tiveram para promover a mudança da idade média para a era moderna e o fim do feudalismo até culminar com o capitalismo industrial contemporâneo, agora procura-se saber onde estava inserida a força transformadora existente naquele momento capaz de proporcionar tudo isso. A ideia ou o material. Congelando a imagem estudada, trazemos a busca de onde se esconde o que mudou tudo: a forma de produzir os bens ali vendidos e toda a força humana por detrás, ou as idéias humanas, conceitos e discursos presente na consciência e dos homens ali postos e nas relações em que estão inseridos.
            Vemos o embate da teoria de Hegel e da teoria de Marx e Engels com ambos estudando o curso da história e as mudanças que nela acontecem e onde o homem se apresenta nesse espetáculo. Óticas opostas, um vê o mundo das ideias e o outro o mundo material, afirmando seus posicionamentos se era a mente abstrata, ou a mão concreta, que a muda o mundo.


Daniel Chaves Mota - 1º Ano, Direito (noturno).

Um jogo sem fim: Capitalismo

Nos jogos eletrônicos, sejam de aparelhos celulares, videogames ou computadores, há, frequentemente, um elemento que o movimenta e traz propósito ao "continuar jogando": uma moeda. Seja para melhorar aspectos do personagem ou de mecânicas do jogo, possibilitando evolução, ou apenas para comprar acessórios e regalias dispensáveis, o dinheiro se torna um objetivo presente durante toda a sua experiência com o jogo. Por um lado, esses sistemas monetários permitem a sensação boa de que o esforço do jogador foi recompensado. Por outro, sempre há limites; inevitavelmente chegará uma hora em que tudo que poderia ser comprado já o foi, e não há mais nada a se aproveitar do jogo em questão.
Transportando isso para o "mundo real", o dinheiro é um elemento presente desde o nascimento do ser humano na sociedade capitalista. É a força motriz do crescimento e desenvolvimento de todos. Estuda-se para entrar em uma boa faculdade. Entra-se em uma boa faculdade para obter um bom emprego. Trabalha-se para estabelecer renda, constituir família e proporcionar bom padrão de vida para os filhos.
No entanto, embora seja debatível que, assim como nos jogos, o dinheiro é a recompensa de um esforço (no caso, o trabalho), muito dificilmente alguém "comprará tudo o que pode ser comprado". Diferentemente dos jogos, o capitalismo sempre proporciona inovações que atualizam o "menu" do que pode ser comprado. A vida e o capital formam um ciclo sem fim para a existência, onde obtêm-se mais dinheiro e gasta-se esse dinheiro, até a morte. E é difícil decidir se o que atualmente ocorre é mais cruel do que se, de fato, houvesse um fim para esse ciclo; pois dessa forma, toda a existência teria se provado inútil.
Para Marx, esse ciclo sempre crescente e aprimorado das relações de mercado garante poder e autoridade à burguesia, às custas de todos os outros. Inclui o mundo inteiro e, para que seja superado, necessita da urgente intervenção do proletariado. Contudo, o próprio proletariado está se acomodando com o pouco que o capitalismo os proporciona. Por conta própria, está entrando no jogo sem fim do mundo real. O que muitas vezes é pobreza generalizada passa a se confundir com humildade e torna-se motivo de orgulho por parte dos próprios afetados. Será que algum dia seremos libertos do ciclo, ou para sempre seremos os pobres jogadores do capitalismo?


Tiago Nery Constantino - 1º ano Direito Matutino
Considerando a dinamicidade social, o mundo sofre constantemente transformações que são decorrentes das ações do povo e das atividades político-econômicas. Como exemplo de mudança pode-se usar a sociedade feudal, onde o modelo de divisão estamental não conseguiu sustentar as mudanças econômicas que ocorriam e, portanto, acabou sendo transformado pela classe que detinha o poder econômico: a burguesia. Desde então, a partir da revolução ocorrida há séculos, a sociedade inseriu-se e subordinou-se a produtividade que é, hoje, a base da ordem social. 
            Marx e Engels analisaram a sociedade mantendo o foco no modelo capitalista e no seu impacto na sociedade. A questão, como Marx elucidava, é puramente fatual e histórica, tanto que ele admitia que os interesses burgueses, vindos desde a revolução, passariam a conduzir a sociedade. Visto isso, é perceptível que a produção passou a ser responsável por determinar as relações sociais de forma geral, sejam elas políticas, econômicas ou religiosas.
            A música “A galinha” dos saltimbancos, escrita por Chico Buarque/Bardotti/Enriquez que diz:
{...} A escassa produção
Alarma o patrão
As galinhas sérias
Jamais tiram férias
"Estás velha, te perdoo
Tu ficas na granja
Em forma de canja"
Ah!! É esse o meu troco
Por anos de choco???
Dei-lhe uma bicada
E fugi, chocada {...}
Ela pode ser vista como uma crítica dos autores a classe dominante e ao modelo produtivo, pois a galinha que produziu a vida toda para o senhor e que hoje está velha, não alcança a produção que antes tinha e por isso seria descartada pelo senhor sem que ele considerasse todo esforço e produção que um dia ela ofereceu a ele, e é dessa forma que o sistema de trabalho é gerido nos dias atuais; Os trabalhadores produzem em troca de um salário para que os detentores da estrutura produtiva lucrem e, esses, em algum momento, acabam substituindo o trabalhador por outro mais novo cuja mão de obra seria mais barata ou simplesmente os demitem substituindo o trabalho manual pela maquinaria. O poder dessa classe produtiva na sociedade, além de desconsiderar o trabalho do proletariado, ainda tem certo domínio político, visto que o mercado interfere no funcionamento do Estado. Um exemplo disso é a reforma trabalhista que muito foi discutida e aprovada no país, a qual beneficia mais a classe dominadora do que a trabalhadora, na medida em que propunha mudanças como a possibilidade do aumento da jornada diário de trabalho e uma maior autonomia para o empregador discutir quesitos como férias, salário e tempo de descanso com o funcionário.
O mercado é o quesito dominante que interfere, portanto, nas ações políticas e no direito, que acabam sendo instrumentos legitimadores desse. Hoje, o fenômeno da globalização homogeneizou a ideologia capitalista em âmbito estatal, reconhecendo, de forma majoritária, o mundo como capitalista, sendo assim, a dinâmica da sociedade acaba sendo moldada para suprir as necessidades do sistema.

  
1º ano noturno

Atualidade do marxismo

Ao observar a situação político-econômico no que se põe em evidência a classe trabalhadora é clara o quadro de calamidade. Enfrentamos um tempo de injustiças, falta de defesa de direitos e insatisfações. Isto posto, podemos apontar o método revolucionário de análise de realidade proposto dos Marx e Engels no século XIX, o materialismo histórico dialético, apresentado na obra “A Ideologia Alemã”.

Marx e Engels se referem com frequência a Hegel como o filosofo que criou os princípios elementares da dialética. Contudo, sua dialética se difere da hegeliana, pois dispõem que a análise da realidade deve partir do material para a ideia, a partir da observação do concreto. Na concepção marxista, a dialética é um dispositivo empregado para compreender a história, ela considera o movimento natural da história, que pode ser transformada por ações do homem. Logo podemos considerar a dialética marxista como uma ferramenta para examinar, investigar e nos indagar sobre a realidade vigente.

O capitalismo em seu grandioso poder de transformação, que perdura desde a época feudal, forjou como disse Marx “ as armas que trazem a morte para si própria”. Essas armas se referem ao quadro que o próprio capitalismo desencadeará, e acima de tudo ao proletariado, o autor do fim desse sistema. À vista disso, nos voltamos a realidade e deparamos com problemáticas no que se refere a esse sistema: crise de superprodução, excesso de lixo, destruição do ambiente que arrisca a devastação de todo o planeta, desigualdade social, substituição de mão de obra; tudo isso graças ao progresso que transforma as forças produtivas em forças destrutivas, somado a livre concorrência do mercado.

Compreendemos assim, a importância do pensamento marxista para o proletariado no mundo atual, este que é o prejudicado dos efeitos do capitalismo; a partir de suas obras que conscientizavam as condições de trabalho e importância da força de união do proletariado. À frente das mazelas atuais, é mais do que necessário mudança, através da conscientização de luta e de direitos partindo da classe trabalhadora. Ademais, o mundo tecnológico apesar de ser uma afronta para estes, por inutilizar em grande parte  suas mãos de obras, trouxe consigo também plataformas que possibilitam a comunicação, ou seja, é um meio que a classe tem de se fortalecer. Além disso, é essencial o empenho de conquistar uma maior representatividade, pois segundo Marx “ o poder executivo do Estado não passa de um comitê para gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia".

Lethicya Yuna Ide Ezaki - 1º ano Direito (matutino)
Não adianta esperar ser servido por um garçom atento. O sistema serve ao capital. O proletariado pode ele mesmo buscar. Não o prato feito, como aquele que é entregue de bandeja aos donos dos meios. Mas pode ele mesmo plantar, cuidar, colher, preparar, e aí sim finalmente comer. Depois, é claro, de ter servido as mesas poderosas umas quatro, cinco, seis, sete vezes, ou mais.
E então voltar ao trabalho pois é preciso salário para garantir o alimento, ainda que produzido por ele mesmo. Em um ciclo infinito, até a próxima refeição, ou até que acabe. Ou a vida, ou o emprego. Ás vezes o emprego, e então a vida.
Mas não se pode reclamar de barriga cheia, e nem de barriga vazia, pois os supérfluos dariam tudo para ser parte deste carrossel. Como podem dar tudo, se não têm nada? Pior que ter pouco, é não ter nada. Pior que não ter nada, é ter menos ainda. O emprego antes da vida, dos filhos, do corpo, da felicidade, do amor. A sobrevivência não permite viver, e nem existir como unidade no mundo. As pessoas se misturam. Os mesmos problemas, as mesmas atividades, as mesmas dores já crônicas de executarem as mesmas tarefas árduas. O cérebro aos poucos desistindo do pensar. Pensar cansa, e ninguém nos paga para isso. Eu queria ter pensado um pouco hoje, mas chegaram as contas para pagar.
A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra pós revolução industrial era lastimável, poucos vão negar. Mas como estão os trabalhadores hoje? Vivem? Ou pouco contestam os cortes de direitos porque não têm tempo para pensar?

Gabriela Rangel Eduardo Silva
Direito matutino- 1° ano

descrevendo o passado e prevendo o futuro

Publicado em 1848, um ano importante para a história mundial, “o manifesto comunista” escrito por Marx e Engels faz uma crítica direta ao modo de produção capitalista burguês e demonstra a existência e luta de classes durante toda a história. Também é tratado no livro o caráter revolucionário que a burguesia tinha, pois conseguiram superar o antigo regime e construindo uma nova forma de produção. Assim, devido ao capitalismo industrial e o êxodo rural surge uma nova classe: o proletariado. Conhecida também como classe operária, os proletariados são os que não possuem os meios de produção e vendem sua força de trabalho para receber o salário que sustenta sua família. Dessa forma, os interesses da burguesia e do proletariado são totalmente contrários, pois quanto maior a exploração do trabalhador, maior o lucro do burguês. Quando o livro foi publicado, já existia uma pequena legislação trabalhistas, mas muito distante da nossa atual. É importante dizer que Marx, mesmo naquela época, já discursava sobre um capitalismo global, que é amplamente discutido e questionado nos dias de hoje. Com as multinacionais e o mercado praticamente todo aberto a qualquer tipo de mercadoria as “jogadas” que são feitas para diminuir custos são diversas, mas a principal é a contratação de mão de obra estrangeira e muito barata. Deixando claro mais uma vez, que em cima da força de trabalho do proletariado pode se lucrar mais e mais e sempre mais! Dessa forma, Marx descrevia o passado e ao mesmo tempo previa um futuro. O Brasil, em especial, passa por um momento de flexibilização das leis trabalhistas, mudando nossa CLT e facilitando em diversos pontos a exploração da mão de obra. O que nos faz pensar até quando a “burguesia” vai ditar as regras em detrimento da classe operária?

Luisa de luca - direito noturno 1 ano
                                 CONSUMIDO


        Cama, café gelado,roupa de operário e bota de aço
        Mais um dia produtivo na indústria
        Ou talvez, só mais um dia de angústia
        Mãos, dedos, martelo e prego
        Mas não martele a mão nem pregue os dedos
        O martelo talvez seja a salvação
        Começa-se uma conversa na fábrica de uma tal revolução


        A burguesia quebra os dedos do operário
        Os mesmos dedos que gastam o salário
        O capital voltando para o burguês
        Maravilha ! Nenhum gasto se fez
       

        O gasto verdadeiro foi físico, mental
        Coisas que não valem no mundo do capital
        O proletário chora ao ver as contas e a falta de comida
        O olhar de sua filha o intimida, o que fazer ?
        Lembra das conversas da fábrica e do martelo
        Não tem tanta certeza, mas não há outra saída
        Uma vontade o inflama, usar o martelo para recuperar sua vida !





Gabriel Martins Raposo                        Direito 1°ano - Noturno
 

O Marx e o Hegel em todos nós.

A dialética idealista de Hegel e a materialista de Marx, que se contrapõem e discordam tanto, coexistem. Não digo que ambos estavam certo em nas suas falas de que a realidade é composta por suas respectivas dialéticas, mas que as existem em nosso imaginário.

 O ser humano tende a utilizar-se da perspectiva que melhor o favorece em qualquer situação, o que acarreta, muitas vezes, em contradições. Aqui, somo marxistas, ali, somos hegelianos. Tendemos mais ainda em ver o concreto do outro e o nosso abstrato, a minha intenção, a sua ação. Hegel falava de um Espírito, espírito que nós vemos em nós mesmos, nas pessoas próximas de nós, na realidade em que acreditamos e na realidade que queremos para o futuro. Enquanto o material, as reais consequências, o funcionamento do dia a dia na prática, são creditados àquilo que somos distantes, que talvez não concordemos. E, apesar dessa dinâmica ser o que geralmente acontece, não nos abstemos de trocar as visões se isso nos convém.

No entanto, a verdade é que nem Hegel, nem Marx construíram seus pensamentos em volta do indivíduo. No que essa discussão discussão afeta a sociedade em geral, afinal?  O mundo está cheio de idealistas, de materialistas e, consequentemente, das discussões entre eles. Essas discussões, como é possível ver no ambiente de instabilidade moral e financeira atual, agitam e movem a sociedade em determinadas direções. Uns gritam por valores morais, outros gritam por valores financeiros. Quem é que diz qual está certo quando ambos valores trazem consequências? 

Esse entrave é tão presente hoje, e uma dialética está tão misturada à outra, que o nosso presente é praticamente impossível de se discutir chegando-se à uma conclusão, o que nos leva à grande confusão atual. Talvez tudo isso aconteça porque não conseguimos decidir se somos utilitaristas, materialistas, idealizadores ou qualquer outra categoria. Talvez sejamos tudo, e, então, não saibamos conciliar as infinitas visões que temos do mundo.

Débora Graziosi Ferreira Ramalho 
Diurno

O materialismo dialético como ciência social da mudança

A autonomia que, aparentemente, provem dos ideais de cada um dos homens e do coletivo, não passa de uma ilusão social. Todos os âmbitos dessa moral ideológica que persegue os homens ao longo de toda história e que molda a mesma para os futuros acontecimentos são, segundo Marx, um fruto da vida material e de como o indivíduo se relaciona com esse meio.
O autor, juntamente com Engels, acreditava que socialismo era um produto da história, e como tal, partindo do pressuposto que a parte material é a que tem mais influência na sociedade e em suas mudanças, gerava a tão famosa luta que acompanha a história ao longo dos séculos: ricos contra pobres.
Observa-se que essa luta evoluiu ao longo da história. Antes, era a nobreza contra a burguesia e com as diversas revoluções que aconteceram ao longo dos séculos XIX e XX, a burguesia elevou-se ao papel de dominação e passou a oprimir o proletariado. Mas essas diversas rupturas sociais e ideológicas resultaram em diversas mudanças no meio material e financeiro; o conceito de trabalho foi se alterando juntamente com os direitos atribuídos aos trabalhadores e assim, se aderiu ao termo mais-valia para caracterizar o principal mecanismo de exploração do proletariado na sociedade capitalista.
Com todas as alterações que aconteceram na sociedade desde que esse termo e o socialismo segundo as crenças de Marx e Engels apareceu, não seria surpresa que tenha surgido uma ideologia que buscasse desvendar os novos tempos que se abriram. O materialismo dialético veio com a missão de entender como se dá o desenvolvimento histórico. Esse mecanismo não só mudou o modo como a filosofia tradicional era vista (“ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui é da terra que se sobe ao céu”), mas mostrou que os seres são uma junção de positivo e negativo, e que só assim se dá a síntese do concreto.
Toda essa evolução repleta de mudanças e rupturas, nos trouxe até o século XXI, onde o modo de produção capitalista é duramente criticado por ter se mostrado um método de apropriação dos meios de produção e por propiciar uma competição acirrada e cega entre os produtores, elevando o produto final a condição de ser superior aos produtores, o que se ampliou de forma global.
Essa “corrida pelo ouro” tem incitado a revolta de grande parte do proletariado, que recorre a teorias socialistas de filósofos do século passado para apoiar sua busca pela mudança. Infelizmente, tudo que se nota a partir disso é que aquelas teorias e ideologias não conseguem curar as chagas que o capitalismo trouxe, o que faz com que esse proletariado fique preso e perdido entre ideologias ultrapassadas e líderes que não conseguem exercer seu papel e, junto com o povo, mudar a atual realidade de exploração e opressão.


Ananda Gomes Sanchez, 1º ano, Direito Noturno.

Liberdade condicionada

“Todos são livres” é o que o senso comum acredita quando se pensa sobre a liberdade, ainda mais em uma sociedade ordenada por um Direito que afirma e regulamenta isso. Mas será que todas as pessoas são verdadeiramente livres? Hegel diria que sim, uma vez que a história humana segue trajetória de crescente ampliação da liberdade devido à correção que cada época faz de sua precedente e o Estado, de onde nasce o Direito, tem a liberdade de cada indivíduo emanado em si. Marx, no entanto, nega a dialética hegeliana acerca da liberdade, bem como o que o seu influenciador teorizou. Para ele, a liberdade é intrínseca ao objeto: quanto mais meios materiais uma pessoa possui, mais livre ela é.
Analisando situações reais com a ótica marxista, é possível concluir que há correspondência entre essa teoria e o fato cotidiano. Vamos ilustrar com a seguinte situação: Martha sai de sua cidade natal para fazer faculdade e, devido à boa condição financeira de seus pais, ela não precisou se preocupar com a qualidade de vida que terá longe de casa. O mesmo não se pode dizer de Elaine, uma menina que passou em um vestibular de alta concorrência em uma universidade do estado de São Paulo, mas que teve de negar um futuro por sua família não ter condições de mantê-la. Ambas possuem a liberdade de escolha, mas suas decisões foram determinadas pela materialidade. Esse breve exemplo, dentre outros diversos que poderiam ser citados, mostra a disparidade existente entre os indivíduos. As desigualdades, de fundo econômico, social e político, impedem com que as pessoas tenham acesso às mesmas oportunidades e, a partir disso, à mesma condição de liberdade.

A nossa liberdade é condicionada por uma materialidade que não abrange a todos homogeneamente. O Direito atestar a liberdade como algo acessível a todos é uma das formas que a classe dominante utiliza para introduzir seus preceitos no meio social e manter-se hegemônica, uma vez que essa instituição cerceadora da sociedade e a qual recorremos para organizar os nossos conflitos é, segundo Marx, apenas a imposição das particularidades burguesas sobre os outros.  


Yasmin Fernandes Soares da Silva - 1º ano Direito [matutino]