domingo, 10 de setembro de 2017

Um jogo sem fim: Capitalismo

Nos jogos eletrônicos, sejam de aparelhos celulares, videogames ou computadores, há, frequentemente, um elemento que o movimenta e traz propósito ao "continuar jogando": uma moeda. Seja para melhorar aspectos do personagem ou de mecânicas do jogo, possibilitando evolução, ou apenas para comprar acessórios e regalias dispensáveis, o dinheiro se torna um objetivo presente durante toda a sua experiência com o jogo. Por um lado, esses sistemas monetários permitem a sensação boa de que o esforço do jogador foi recompensado. Por outro, sempre há limites; inevitavelmente chegará uma hora em que tudo que poderia ser comprado já o foi, e não há mais nada a se aproveitar do jogo em questão.
Transportando isso para o "mundo real", o dinheiro é um elemento presente desde o nascimento do ser humano na sociedade capitalista. É a força motriz do crescimento e desenvolvimento de todos. Estuda-se para entrar em uma boa faculdade. Entra-se em uma boa faculdade para obter um bom emprego. Trabalha-se para estabelecer renda, constituir família e proporcionar bom padrão de vida para os filhos.
No entanto, embora seja debatível que, assim como nos jogos, o dinheiro é a recompensa de um esforço (no caso, o trabalho), muito dificilmente alguém "comprará tudo o que pode ser comprado". Diferentemente dos jogos, o capitalismo sempre proporciona inovações que atualizam o "menu" do que pode ser comprado. A vida e o capital formam um ciclo sem fim para a existência, onde obtêm-se mais dinheiro e gasta-se esse dinheiro, até a morte. E é difícil decidir se o que atualmente ocorre é mais cruel do que se, de fato, houvesse um fim para esse ciclo; pois dessa forma, toda a existência teria se provado inútil.
Para Marx, esse ciclo sempre crescente e aprimorado das relações de mercado garante poder e autoridade à burguesia, às custas de todos os outros. Inclui o mundo inteiro e, para que seja superado, necessita da urgente intervenção do proletariado. Contudo, o próprio proletariado está se acomodando com o pouco que o capitalismo os proporciona. Por conta própria, está entrando no jogo sem fim do mundo real. O que muitas vezes é pobreza generalizada passa a se confundir com humildade e torna-se motivo de orgulho por parte dos próprios afetados. Será que algum dia seremos libertos do ciclo, ou para sempre seremos os pobres jogadores do capitalismo?


Tiago Nery Constantino - 1º ano Direito Matutino

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