sexta-feira, 30 de julho de 2021

O GATO QUE QUERIA LATIR

 


Havia uma sociedade de gatos a beira de uma rodovia, próspera e ajustada, pelo fato de seguir uma linha firme de conduta até um tanto quanto conservadora e tinha como líder um lindo gato branco, gracioso pelo porte e por dar exemplo de como um gato de verdade deveria se portar, de espirito felino por natureza, jamais se dedicou a grandes projetos pessoais mas se dedicava integralmente pela comunidade da qual era líder, naturalmente o gato ao atingir a idade adulta encontrou uma parceira e com ela constituiu família, pois seu pai já era velho e logo ele se veria líder daquela comunidade e que tal líder devia ser exemplo de virtude e tradição e assim aconteceu a morte de seu pai e uma tranquila ascensão a liderança daquela utópica e pequena comunidade.

A sociedade era feliz e a vida era boa, todos sentiam a mesma tranquilidade e podiam passar os dias ao sol se lambendo, a noite todos tinham caçavam gordos ratos e não havia ali gato que quisesse uma vida melhor, era apenas seguir aquele modelo que já vinha de tempos e aproveitar as nove vidas que cada um possuía, claro, nem tudo era uma panaceia e haviam gatos que transgrediam os costumes e normas, mas afinal desde que não fossem muitos gatos esses seriam até uteis para aplicar alguma punição e mostrar aos demais que a vida dentro das normas era melhor, mas ainda assim, o líder gato prudente sempre aplicava medidas voltadas a reparar os desvios e restabelecer a rotina, procurando não deixar reparações entre a gataiada.

A maior preocupação da vida do líder era mesmo dar continuidade ao que lhe fora legado, pois aquela organização já se encontrava pronta, já havia o lugar, os ensinamentos, os costumes, não havia nada para ser mudado e ele também não desejava mudar nada por la e assim como seu pai seu maior desejo era apenas manter aquele modelo estável e entrega-lo em segurança ao seu filho que naquela altura já era um lindo gatinho siamês que o pai tentava fazer pegar gosto e correr atrás de uma bolinha de lã, a qual o danadinho insistia em ignorar.

O tempo foi passando e o jovem felino não correspondia as expectativas do pai, que a princípio achava que aquilo era apenas coisa do fulgor da adolescência e que por si só a situação se resolveria, e ia dando seus pitacos de sabedoria ao futuro líder da comunidade. O tempo foi passando e as preocupações do líder aumentaram, pois o jovem gato era muito questionador e muitas vezes não concordava com os ensinamentos do pai e questionava o porque das coisas, coisas que seu pai nunca se importou de questionar e que desejava avidamente passar ao filho mas de fato não sabia a origem dos porquês.

Um dia o jovem gato conheceu uma cadela e se encantou por ela, seu jeito gracioso de andar, de cheirar as coisas, mas sobretudo sua sede de saber, sua curiosidade aguçada, tudo cheirava e a cada nova descoberta a serelepe se punha a latir com tamanha alegria que o bichano percebeu que o latir era um clímax eufórico da cadelinha curiosa e ele queria muito ser capaz de aprender daquela maneira de se expressar, chegando em casa ele foi direto ao seu pai contar o que presenciou e queria que seu pai o ensinasse a latir, pois ao chegar perto da cadelinha para tentar aprender a mesma fugiu para o meio do mato. O líder quase teve um treco no coração, pois onde já se viu tamanho disparate, seu filho, seu sucessor querendo aprender a latir como um cachorro, seu inimigo natural mortal, a tragédia só não era maior porque a mãe do jovem gato disse que tudo não passava de brincadeira de criança, contudo o gato não se conformava com aquilo e fora procurar saber com outros gatos se algum o ensinaria a latir.

Certo dia estava o líder em sua caçada noturna com outros gatos e ao longe se ouviu um cachorro latir, rapidamente um dos companheiros de caça fez chacota dizendo que seu filho o estava chamando e todos riram do sério e imponente líder, fazendo com que o infeliz piadista quase perdesse algumas de suas vidas com a surra que levou imediatamente, logo todos se calaram, mas nasceu ali os rumores que o filho do líder era um gato que queria latir.

A situação foi se alastrando de maneira silenciosa, como todo gato sabe ser, mas em curtíssimo tempo toda comunidade só comentava sobre o gato que queria latir e isso foi fulminante para o poderoso líder, seu filho, seu sucessor, sendo piada onde ele e seus antepassados governaram com tanto respeito e como já era de se esperar descontou sua raiva no pobre o curioso gatinho, que de maneira triste se viu hostilizado em casa, zombado em seu meio social e não compreendia que modelo era aquele que não se permitia sair dos padrões impostos sem ser massacrado por todos, quando saia de casa era seguido por dezenas de gatos incitando-o a latir, gatos que antes eram seus amigos e bajuladores querendo cair nas graças do futuro líder, mas que agora gritavam seu nome e escarneciam do pobre animal.

O gato no auge de seu inconformismo, viu que nunca poderia latir, ou mesmo cogitar latir, pois fora censurado e cancelado de seu meio e se de fato latisse não poderia voltar para sua casa pois seria morto dentro ou fora dela, desesperado o gato não era mais compreendido ou aceito, e num ímpeto ocasionado pelo frenesi daquela epifania, em que tudo ficou claro na sua frente, não poderia ser o gato que nascera para latir ou para pensar, e pulou embaixo da roda de um caminhão de abacaxis que passava pela rodovia naquele momento, seu pai ao ver a cena respirou aliviado, pois ao se suicidar seu filho enfim tinha exercido um papel compreensível por aquela sociedade e nunca mais correria o risco de ser conhecido pelo gato que conseguiu latir, mas apenas pelo gato que se matou, e com esses pensamentos pôs-se a tratar do enterro de seu amado filho.


NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR

TEXTO SOBRE: O FATO SOCIAL - DURKHEIM

DIREITO MATUTINO

TURMA: XXXVIII

quinta-feira, 29 de julho de 2021

 

Rodopio no túmulo

    Emílio e a mãe estavam sentados na sala, em uma sexta-feira qualquer. Já haviam conversado acerca do trabalho dela, das despesas do veterinário do gato, das emoções conflitantes da mocidade, e parecia que nada mais restava. Eis que o telejornal ajudou: "meliante, de dezessete anos, roubou duas bicicletas, algumas latas de tinta, três pincéis. Foi morto na manhã seguinte, e especula-se que um dos donos dos comércios furtados tenha orquestrado o crime".

    Dona Michele foi rápida e elogiou quem quer que tivesse tido aquela ideia brilhante, pois um "de menor" não seria preso de jeito nenhum, e, se fosse, a "gentalha dos Direitos Humanos" daria um jeito de tirar da cadeia. Tinha que matar mesmo, e tirar a vida de um jeito doloroso, porque ninguém precisava de bicicletas, tintas e pincéis pra viver, de modo que o roubo era pura crueldade. Ela ainda deu pancadinhas nos ombros do filho, para instigá-lo a chacoalhar a cabeça em concordância. 

    Emílio, porém, respirou fundo, e perguntou à mãe o que aconteceria depois. Desapareceriam da cidade os ladrõezinhos? Despareceria o roubo, muitas vezes estatal, aos microempresários? Surgiria a paz mundial, ou, dada a escala, a municipal? Não. Ficaria uma mancha de sangue em certa rua, apareceria um ponto a mais de periculosidade perto de casa, estaria uma família vizinha partida ao meio. E só. 

    A mãe, já com sobrancelhas franzidas, perguntou ao moço se ele gostaria que o skate e os patins dele fossem levados, porque, se ele não visse problema, ela se livraria deles o quanto antes fosse possível.  Michele embasou-se ainda no esforço do comerciante para estabelecer-se, que ela conhecia bem, em razão de ter visto o próprio pai nessa luta. Ela terminou o discurso avisando que o avô estaria, naquele momento, "envergonhado das posições do neto, a revirar no túmulo". 

    O menino sabia que a mãe provia o sustento da casa, mas corria sangue sociológico nas veias dele. Então, Emílio perguntou se ela exigia notas fiscais em todos os comércios por que passava (inclusive na doceria da rua de baixo), se ela somente compartilhava memes com a autorização e menção do autor, se ela evitara o jogo do bicho durante toda a vida. Diante das negativas, o rapaz deixou o silêncio inquirir de qual modo ela gostaria de ser assassinada. 

    Ele perguntou se ela sabia que aquelas práticas eram criminosas, e ela disse que não. Emílio, depois, comentou que, talvez, o meliante não tivesse tido pais que lhe ensinassem a não roubar e que ofertassem a ele meios dignos de aquisição de bens, assim como ela não tivera quem ensinasse essas sutilezas legais. Talvez coubesse às escolas e aos membros da prefeitura explicar esse tipo de coisa, não? Talvez coubesse às forças estatais municipais, estaduais e federais disponibilizar centros de arte e esporte públicos, para que ninguém precisasse roubar nem pincéis, nem patins. Sem muito o que dizer, a mãe prometeu pensar no assunto e começou a procurar uma comédia romântica para amenizar os ares.  Longe dali, no interior de  um túmulo limpo e decorado com flores, um esqueleto rodopiou de orgulho, pois o esforço para melhorar a condição da renda da família, afinal, valera a pena. 

Maria Paula Aleixo Golrks - 1° semestre - Direito matutino 

    

segunda-feira, 19 de julho de 2021

 ****O presente texto irá correlacionar a leitura de alguns escritos de autoria de Auguste Comte com as vídeo-aulas sobre a matéria. 



   Auguste Comte foi um filósofo francês nascido em Montpellier já no apagar das luzes do século XVIII. É muito lembrado por ser o idealizador da corrente filosófica conhecida como Positivismo e ser considerado o pai da Física Social, posteriormente intitulada Sociologia. 


   Antes de fazer um apanhado geral sobre a parte da sua obra estudada em sala de aula, é muito importante contextualizá-la no tempo e no espaço, sob pena de incorrer em anacronismo. 


   Os séculos XVIII e XIX foram, sem dúvida, momentos definidores do que viria a ser o mundo na contemporaneidade. Aspectos políticos, econômicos, sociais, religiosos e principalmente culturais, anteriormente enraizados em boa parte do inconsciente coletivo europeu, estavam sendo abalados e questionados por novas ideias e novos posicionamentos frente aos problemas e inquietações mundanas. As ideias iluministas, contestatórias, profundas, reflexivas, varriam não apenas o continente europeu. Os filósofos iluministas influenciavam, também, uma gama enorme de novos territórios, muitos dos quais tidos como meras colônias a serem subjugados por outros povos. As Revoluções Inglesas dinamizaram questões políticas ao submeterem o poder monárquico absoluto a um parlamento, a uma constituição. O pensamento religioso, já fragmentado desde a reforma protestante e a contrarreforma, vê cada vez mais as suas bases serem afetadas pela Revolução Científica, laica, objetiva e com fim prático. Os EUA declaram-se independentes e após a guerra de libertação, proclamam uma República Constitucional. A Revolução Industrial abala os alicerces daquele mundo pós-feudal, ainda muito ligado ao campesinato, a agricultura de subsistência e a vida rural. Algumas cidades se configuram como aglomerados imundos onde os trabalhadores, sem qualquer tipo de direitos, se submetem a jornadas extenuantes de trabalho. Homens, mulheres, crianças…..tudo era bem vindo e bem aceito no chão de fábrica!! A França, expressão máxima do absolutismo monárquico, ainda uma sociedade estamental, privilegiava cada vez mais o clero e a nobreza em detrimento de todo o resto. O estopim se dá em 1789, quando a Revolução Francesa dinamita a estrutura do antigo regime e transforma radicalmente tudo que era sólido até então. Portanto, o contexto no qual Comte estava inserido era de enorme ebulição e desordem. Ideias radicais digladiavam com ideias conservadoras, ataques e contra-ataques eram uma constante, forças revolucionárias se chocavam com forças restauradoras. A incerteza era a tônica. 


   Influenciado por esse cenário, Comte busca explicar o porquê desse caos, o porquê dessas forças contrárias e propõem um método científico empírico capaz de utilizar o ferramental empregado pelas ciências naturais no estudo das leis naturais. Ele pretendia estudar e compreender os fenômenos sociais da mesma maneira que se estudava os fenômenos naturais. O objetivo era bem claro: assim como a descoberta do funcionamento das leis naturais possibilitou uma intervenção e um certo domínio sobre a natureza, a compreensão dos fenômenos sociais permitiria um direto controle na organização e estrutura da sociedade.   


   Os três pilares básicos da filosofia comteana são a filosofia da história ( dividida em três estados: teológico, metafísico e positivo ), a fundamentação e classificação das ciências e a criação de uma física social ( chamada em um outro momento de sociologia ). 


   Comte escreve que essa anarquia geral que se instalara era derivada do embate entre os três tipos de pensamento ( estados ). O Estado Teológico seria o mais primitivo deles. Valia-se de argumentação sobrenatural para explicar os fenômenos. É esse estado de pensamento inicial que possibilitou uma certa coesão social. O Estado Metafísico seria uma fase de transição. Tenta explicar os fenômenos valendo-se de uma argumentação mais racional, mais estruturada. Elimina o sobrenatural e substitui Deus por ideias ou forças. É nesse estágio que observa-se o início da emancipação do ser humano perante a natureza. Comte critica duramente esses dois estágios de pensamento por buscar explicar a origem e o fim dos fenômenos. Ele acreditava que a humanidade não possuía a total capacidade intelectual para compreender determinados fenômenos, daí a necessidade de não perder tempo estudando e explicando a origem, o porquê e o fim de certos fenômenos. A marcha progressiva do espírito humano se completaria com o Estado Positivo. Esse estágio seria o mais completo e perfeito e englobaria todas as leis naturais e também os fenômenos sociais. Aqui, a imaginação e a argumentação dariam lugar à observação pura. O Estado Positivo busca o fato social, a ordem, não o início ou o fim. Ele busca leis imutáveis e a previsibilidade. O lema seria algo como “observar para prever”. Esse estágio positivo marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais. A filosofia positiva busca resumir todos os princípios e fenômenos num número pequeno de ordenamentos e leis gerais. Esse desenvolvimento do projeto positivista só teria êxito com uma reorganização intelectual do indivíduo, que posteriormente reformaria os costumes da sociedade e, por fim, acarretaria na reformulação total das instituições. 


   Num outro momento, já no desenvolvimento da Física Social, Comte afirma que essa ciência deve ter uma visão orgânica do todo, deve ser funcionalista. As partes só teriam utilidade no todo, no conjunto. O individual seria submetido ao coletivo. O ordenamento interconectado e interdependente é o foco e o que trará o desenvolvimento e o progresso para a sociedade. Isso valeria inclusive para o desenvolvimento de outras sociedades que, na visão positivista, estariam em estágios inferiores de desenvolvimento. O ápice do progresso seria a sociedade europeia e industrial. A marcha para o desenvolvimento, portanto, seria nessa direção. Daí a ideia da ordem levar necessariamente ao progresso.


   As ideias de Comte influenciaram muitos pensadores, cientistas, políticos, personalidades e estudiosos de diferentes países. Hoje, contudo, após uma infinidade de revoluções no pensamento mundial, após duas grandes guerras, muitos pontos de sua filosofia encontram-se datados, ultrapassados e até mesmo negados. 


   Para o positivismo, as ideias contrárias, o pensamento divergente, subverteriam à ordem estabelecida. Há um claro preconceito com a pluralidade de ideias e opiniões. Em nome de uma aparente harmonia social, o positivismo prega o pensamento único. Essa rigidez, quando extrapolada para o interior da sociedade, impregnando todos os estratos, poderia ser utilizada como legitimação cruel na questão da divisão de classes, como se determinadas camadas sociais estivessem exatamente onde deveriam estar, em posições pré-estabelecidas, impossibilitando, por exemplo, uma mobilidade, uma ascensão social. O caráter autoritário desse pensamento mostra-se, também, na não liberdade individual frente às leis do positivismo. O indivíduo não existe nesse modelo. O indivíduo só existe enquanto coletividade, enquanto massa, enquanto todo. Ele seria uma peça quase insignificante compondo um todo maior, mais abrangente, normativo, ordenado e impessoal. 


   Além disso, o Positivismo abre mão de buscar a essência dos fatos e dos fenômenos para dedicar-se aos fatos do presente, do agora. Ele ordena e sistematiza, o histórico seria um mero detalhe sem importância e indigno de análise. 


   O caráter etnocêntrico e eurocêntrico é uma constante na argumentação positivista que hierarquiza as sociedades em mais ou menos desenvolvidas. Não bastasse esse detalhe, a sociedade europeia é colocada como o supra sumo do desenvolvimento, o cume do progresso, e o ideal a ser alcançado por todos os outros povos. Ignora-se completamente o fato das sociedades serem diferentes por uma série de razões. Não leva-se em conta as infinitas questões culturais inerentes aos mais variados povos, a maneira como suprem as suas necessidades, a forma como desenvolvem os seus meios de produção, seus anseios, etc. 


   Para finalizar, é interessante notar a forma como se daria o progresso humano no pensamento positivista. Ao atrelar uma ordem social à ideia de progresso, conquistado através das leis positivas, na verdade o resultado seria uma manutenção do status, uma conservação institucional. A reorganização seria uma reengenharia para deixar tudo como está, sob a aparência envernizada de um suposto progresso. 



ANDRÉ MICHIELLI ( 1° ano - Direito - Noturno ) 


Auguste Comte e o POSITIVISMO - A bandeira brasileira,o casamento civil, as escolas cívico-militares, o behaviorismo e outras curiosidades.


- Introdução e Contexto Social e Histórico;

- O Positivismo e seus três estágios;

- Positivismo no Brasil, casamento civil, a inscrição "ordem e progresso" da bandeira brasileira e as escolas cívico-militares;

- A Religião da Humanidade, fundada por Comte;

- Comte, o "pai" da Sociologia e Emile Durkheim;

-  A Ciência para Comte e a psicologia Behaviorista;

-  Referências bibliográficas, comentários e curiosidades sobre Comte e sua teoria.


Introdução 


O contexto onde nasce e se desenvolve um pensador é muito importante para entender sua obra, mas no caso de Comte, é muito mais importante ainda. É impossível entender Comte sem entender o contexto em que ele nasceu e viveu. O contexto histórico vivenciado por Comte é de intensa transformação. Ele viveu na França napoleônica, no final da Revolução Francesa, sendo, também, contemporâneo da Revolução Industrial europeia e do desenvolvimento e crescimento da ciência. O resultado é uma Europa em ebulição, sofrendo transformações em todos os âmbitos da sociedade: educacional, religioso, econômico, social e político. 

 Auguste Comte nasceu em Montpellier, na França, no ano de 1798. Ele era filho de uma família monarquista tradicional e católica. Apaixonado por ciência, estudou na Escola Politécnica de Paris. O autor foi fortemente influenciado por Conde Henri de Saint Simon, de quem Comte foi secretário. O conde foi o primeiro filósofo a ver claramente a importância econômica na sociedade moderna e cujas ideias Comte absorveu sistematizando nelas um estilo pessoal que logo difundiu na fase inicial do desenvolvimento da Sociologia como ciência e do Positivismo. Acreditava Saint Simon que o conhecimento científico traria o desenvolvimento da humanidade, e que os fenômenos sociais, assim como os fenômenos físicos, respeitariam as leis físicas. Portanto, a compreensão das leis naturais possibilitaria a adoção de medidas que visassem ao equilíbrio social. Uma curiosidade interessantíssima é que o Conde de Saint Simon é considerado um dos fundadores do socialismo moderno e do socialismo utópico.

Comte foi o formulador das ideias positivistas com o trabalho “Plano de trabalhos necessários para a reorganização da sociedade”, em 1822. Ele também é conhecido por ser um fundador da Religião da Humanidade ou Religião Positivista, que substituiria as religiões tradicionais e colocaria o ser humano e o progresso positivista no lugar da ideia de Deus. 


Positivismo e a Lei dos Três Estágios 


Compreendendo que o ser está fadado ao processo evolutivo, Comte desenvolve o positivismo como estágio final de evolução da sociedade, baseado no conhecimento verdadeiro, conquistado pelo progresso científico, que já conquista a Europa no século XIX. Há a observação científica da realidade que, de acordo com ele, resultaria na possibilidade de se estabelecerem leis universais visando o progresso da sociedade e dos indivíduos. 

Para a explicação do processo evolutivo positivista, Comte propõe uma divisão trina de etapas: a Lei dos Três Estágios. Nela, afirma que a sociedade possui uma distinção de graus de desenvolvimento, iniciando pelo estágio teológico ou fictício, passando pelo estágio metafísico ou abstrato e, por fim, chegando ao objetivo final da sociedade, o estágio positivo. Veremos cada estado mais detalhadamente a seguir:


Estágio Teológico ou Fictício: Este seria o primeiro estágio da sociedade, representado pelas respostas mitológicas sociológicas e dos eventos naturais, nos quais o conhecimento racional não representa o centro das relações de compreensão da vida em sociedade. Por isso, o ser humano se utilizava das crenças religiosas para explicar a complexidade da vida humana. Exemplo: sociedades totêmicas ou aborígenes. 

Estágio Metafísico ou Abstrato: Esse estágio societário representa uma transição, lenta e gradual, entre as representações mitológicas e racionais, se utilizando da razão filosófica para a compreensão e explicação da humanidade. Representado por Agostinho, Michelangelo, Da Vinci. Um bom exemplo deste estágio é o período Renascentista.

Estágio Positivo ou Científico: Por fim, o mais avançado estágio seria o Positivo, em que a ciência seria a base da sociedade e o conhecimento seria o respaldo para toda explicação humana, subordinando toda imaginação e metafísica como base da argumentação explicativa. Esse estágio acabaria levando a sociedade a uma evolução social e o ápice de organização em comunidade, sendo representado por uma ditadura republicana tecnocrática, com base no ensino laico, público, gratuito e universal. É neste estado em que a Física Social se enquadra, tendo como papel principal a compreensão dos problemas sociais, levando ao direcionamento da sociedade para uma organização última. 


Dentro do processo científico, Comte passa a classificar as diversas ciências respeitando quatro grandes critérios avaliativos: cronologia, nível de complexidade, generalidade e dependência. Nisso, Comte elege seis ciências: a Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e a Física Social (Sociologia). Já a matemática ela a entende como um meio para se chegar e provar  a ciência e não uma ciência.


Positivismo no Brasil, casamento civil e as escolas cívico-militares


A teoria positivista de Comte se alastrou pelo mundo e influenciou diretamente na construção republicana brasileira. Com a deposição de D. Pedro II, o Brasil adotou o positivismo como a base filosófica para a construção de uma nação republicana, em 1889.

O positivismo corresponde a uma corrente filosófica de grande relevância para o contexto intelectual brasileiro na transição do século XIX para o XX. Suas ideias deram origem a uma interpretação cientificista e laicizada da política. No Brasil, isso está relacionado, por exemplo, com o movimento que separou a igreja do estado, tornou a religião um domínio do privado e instituiu o casamento civil.  

 A ala militar se apropriou da filosofia positivista, visando estabelecer a ordem social em busca do progresso nacional. O lema "Ordem e Progresso" , expresso na bandeira nacional, é a expressão máxima dessa filosofia no solo brasileiro, essa palavras fazem parte de uma frase maior, do próprio Comte: "o amor por princípio, a ordem por base, e o progresso por fim"

Críticas não foram poupadas à inscrição dessas palavras na bandeira e várias mudanças foram propostas, sem sucesso. Entre as mais significativas, posteriormente,  foi a do senador Augusto Coelho Rodrigues que propôs trocar a inscrição por "Lei e Liberdade".

 

As escolas cívico militares: Atualmente, no Brasil, a expressão da filosofia positivista pode ser vista na idéia de criar escolas com valores e conduta disciplinar militares. A imposição da disciplina deve ser, assim como era, para os positivistas, uma função primordial da escola, pois ali os membros de uma sociedade aprenderiam, desde pequenos, a importância da obediência e da hierarquia. Também serão doutrinados a aceitar e defender a sociedade como ela é, sendo a proposta de mudanças na ordem social, uma tentativa de sua subversão pois afetaria e prejudicaria o necessário e legítimo equilibrio e harmonia dessa sociedade. Num exemplo extremado, pode-se dizer que para essa visão, lutar ou combater o racismo, será incentivar o conflito entre as raças, gerando um desequilíbrio e, também uma ruptura no conceito de uma sociedade equilibrada, unida e com uma forte democracia racial. Ou seja, estar em ordem numa sociedade sem conflito é o ápice da sociedade positivista, conceito de base dessas escolas cívico-militares. Abaixo, conceitos peculiares das escolas cívico militares 

“Seu primeiro e principal resultado social consistirá em firmar solidamente uma atividade moral universal, prescrevendo a cada agente, individual e coletivo as regras de conduta mais conformes à harmonia fundamental” (p.86).

Qualquer trabalho é digno de reconhecimento. Aliando-se e aplicando-se por sua natureza a todos os trabalhos práticos, tendem ao contrário, a confirmar ou mesmo inspirar o gosto por eles, quer enobrecendo seu caráter habitual, quer colocando suas consequências penosas.

Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciação das diversas posições sociais e das necessidades correspondentes, predispõe a perceber que a felicidade real é compatível com todas e quaisquer condições, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas convenientemente.” (p.85).Traduzindo: Se conforme e aceite a sua vida com humildade e a sociedade como ela é, fazendo o seu melhor para manter tudo do jeito que está, sem tentar mudar nada ou alterar as posições e privilégios existentes, corrigir injustiças que não existem, pois isso criaria sem necessidade o desequilíbrio nesta perfeita e justa sociedade em que vivemos. Em outras palavras mais eufemistas, ainda que percebidas as desigualdades sociais, a grande preocupação (assim como a de Comte) é com a coesão da sociedade conseguido através de um consenso moral de conformismo e aceitação plena. 

Émile Durkheime é considerado, ao lado de Comte, um dos pais da sociologia moderna e fez sociologia combinando teoria empírica com teoria sociológica.  


Religião da Humanidade ou Positivista


O positivismo, segundo Auguste Comte, seria a Religião da humanidade, substituindo todas as concepções de deuses anteriormente fundamentados na metafísica, tendo a razão e a ciência como a expressão máxima da organização social, carregando o lema “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Aqui, o espiritual é substituído pelo material, buscando uma espiritualidade plenamente humana.

O culto da Religião Humanista está baseada em um tripé: Humanidade ou o Grande Ser (conjunto de seres humanos que contribuíram ou contribuem para o progresso civilizacional), Grande Fetiche (os elementos que compõem o planeta Terra) e, por fim, o Grande Meio (os astros, planetas e universo). 


Sociologia


Dentre os principais autores que articularam a Sociologia em sua fase inicial de desenvolvimento é considerado o “Pai da Sociologia”, Comte propõe o desenvolvimento de uma ciência que seja capaz de estudar e compreender a sociedade, com o intuito de organizá-la e transformá-la. A sociologia seria uma auxiliadora no processo de evolução da sociedade, sendo ela, a expressão máxima da racionalidade humana. 

A Sociologia, inicialmente, é batizada como Física Social pelo autor, que, da mesma maneira que as ciências naturais desvendam as leis naturais, aponta a Física Social como capaz de descobrir as leis sociais, permitindo o conhecimento das leis que regem a sociedade e, assim, encaminhar a humanidade em direção ao progresso.

Dentro das características da Física Social, podemos notar a neutralidade e a objetividade do cientista. Ao estudar a sociedade o pesquisador deveria se abster de opiniões pessoais, para que estas não interferissem e contaminasse o processo do conhecimento, garantindo, assim, um estudo coeso. Um exemplo que posso apresentar que clarifica essa visão de "neutralidade" científica vem do Behaviorismo, Na psicologia behaviorista – influenciada pelo positivismo -, em um processo de observação, não se pode dizer que a pessoa olha para alguém ou para algo, mas que ela olha em direção a alguém ou a algo, pois dizer que ela olha para alguém ou algo seria uma inferência do pesquisador/observador, portanto inadequada, pois ela poderia estar olhando em direção à, mas nao vendo ou numa linguagem mais behaviorista, "não tendo a percepção" daquela realidade.

A Sociologia consolidou-se como ciência no final do século XIX graças aos trabalhos de Émile Durkheim, considerado tantas vezes como “pai” da Sociologia. Neste contexto, uma série de condições sociais, econômicas, políticas e acadêmicas contribuíram para o seu surgimento, dentre elas a Revolução Industrial, o cientificismo e o positivismo, herança do iluminismo francês.   



Referências bibliográficas, Comentários e Curiosidades sobre Comte e o positivismo


(Importante ter a honestidade intelectual em declarar que, alguns, dos comentários e curiosidades abaixo foram retirados de questões de vestibulares)


- Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na Antiguidade Clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A constituição de saberes autônomos, organizados em disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a razão.

Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.


- Sobre o surgimento da Sociologia, a relação entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas estava na crença da razão como promotora do progresso da sociedade e foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo.   


- Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social e destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30.


 - Na parte mais tardia de sua carreira, Comte elaborou planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade francesa em particular, e para as sociedades humanas em geral, baseado no seu ponto de vista sociológico. Ele propôs o estabelecimento de uma “religião da humanidade”, que abandonaria a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no centro dessa nova religião 

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 28. 


- Comte aponta para o papel da Sociologia como ciência fundamental para a compreensão do consenso moral, como solução para regular e manter unida a sociedade.  Seu esquema sociológico positivista, acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender esse progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social. Era um grande defensor da moderna sociedade capitalista. 

 

 - Uma das grandes preocupações de Auguste Comte era a crise de sua época, causada, segundo ele, pela desorganização social, moral e de ideias. A solução se encontraria na constituição de uma teoria apropriada – a Sociologia –, capaz de extinguir a anarquia científica vigente, origem do mal. Esse seria, precisamente, o momento em que se atingiria o estado positivo, o grau máximo de complexidade da ciência. 

 

- O nome “positivismo” tem sua origem no adjetivo “positivo”, que significa certo, seguro, definitivo. Como escola filosófica, derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza e do próprio universo. Com esse conhecimento pretendia-se substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais - até então - o homem explicaria a realidade e a sua participação nela” 

(COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo, 2005, p.72.). 


- Auguste Comte foi quem deu origem ao termo Sociologia, pensada como uma física social, capaz de pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua opinião, ainda no século XIX. 


- “Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: estado teológico [...] estado metafísico [...] estado positivo [...]”.

(COMTE, A. Curso de filosofia positiva. Trad. José Arthur Giannotti. São Paulo: Abril, 1985, p. 9-11).


- As preocupações intelectuais de Auguste Comte decorrem, principalmente, da herança do Iluminismo e da Revolução Francesa. Inspirado no método de investigação das ciências da natureza, procurava identificar os princípios da vida social assim como outros cientistas explicavam a vida natural. Além de cunhar o nome da nova ciência de Sociologia, foi dele a primeira tentativa de definir-lhe o objeto, seus métodos e problemas fundamentais, bem como a primeira tentativa de determinar-lhe a posição no conjunto das ciências. 


-  “A história da sociologia caracteriza-se pelo relacionamento ambivalente com a biologia e outras disciplinas que dizem respeito ao meio ambiente natural (...) De um lado, o pensamento sociológico é fortemente influenciado pelas imagens de desenvolvimento, evolução e adaptação de organismos (...) Paralelamente, o desenvolvimento da teoria sociológica segue um modelo principalmente moldado pelas reações contra o simplismo biológico de vários tipos (especialmente o darwinismo social e o determinismo ambiental).”

(BUTTEL, F. A sociologia e o meio ambiente: um caminho tortuoso rumo à ecologia humana,

In Perspectivas. V.15, 1992. p. 69). 


- O positivismo, sendo mais que somente um método científico, valorizava justamente a "Ordem e o Progresso", impondo-se como teoria do social capaz de solucionar os problemas de desorganização da sociedade moderna. 


- A produção intelectual de Comte se insere em um contexto no qual os primeiros sociólogos buscavam estabelecer a sociologia enquanto ciência, a partir da definição de uma metodologia semelhante a das ciências da natureza, de modo que se propunha uma análise das sociedades humanas baseada na mesma precisão que estas. 

- A teoria, ou lei, dos três estados, proposta por Comte, define o estado teleológico como aquele no qual as sociedades explicam o mundo por meio de divindades e forças sobrenaturais. Nesse estágio de desenvolvimento, que Comte considera primitivo, o mito tem um papel central no entendimento do mundo. Já o estágio metafísico é caracterizado por um abandono parcial das explicações míticas e pelo início das investigações sobre a natureza a partir de raciocínios abstratos. A filosofia passa a substituir o mito como forma de investigação e explicação do mundo. Por fim, no estágio positivo, observa-se a ciência como instrumento de investigação e explicação da natureza, a partir da identificação e descrição de leis gerais. Para Comte, esse seria o estágio mais avançado da civilização. A filosofia comteana pode ser entendida como uma reação ao contexto da Revolução Francesa, que questionou a ordem vigente


- Os problemas sociais não eram vistos como resultado do desenvolvimento econômico, mas expressão de que determinada sociedade ainda não chegou ao estado positivo. A sociologia seria responsável justamente por conduzir a sociedade na superação desses problemas.  

Segundo Comte, a sociedade está organizada segundo leis da natureza. O homem racional seria aquele capaz de conduzir a sociedade ao seu progresso, justamente de acordo com essa lei natural. 


- O conhecimento científico, segundo Comte, não é metafísico, sendo superior à toda visão metafísica e religiosa do mundo.  


- Para Comte, a sociologia seria a forma mais evoluída de explicação das sociedades. Além disso, vale ressaltar que a sociologia de forma alguma naturaliza a vida social por meio de explicações ambientais. 


- “Ordem e Progresso” tem origem no Positivismo de Auguste Comte, estando relacionado ao lema da religião positivista: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Essa relação surgiu a partir da forte influência do positivismo nos ideais republicanos, no Brasil.  


- O positivismo valoriza a ciência como principal fonte de conhecimento, estando acima da religião e da filosofia. Esse modelo também atinge a educação e está presente em diversas escolas. Isso se verifica, por exemplo, quando as disciplinas científicas em uma escola são mais valorizadas que as disciplinas artísticas ou culturais.  


- Convicto de que a reorganização da sociedade exigiria a elaboração de uma nova maneira de conhecer a realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vinha obtendo em todos os campos de investigação. (...) O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, já constituído em várias áreas do saber. 

MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 44.


- O conjunto da nova filosofia tenderá sempre a fazer sobressair, tanto na vida ativa como na especulativa, a ligação de cada um a todos, sob uma série de aspectos diversos, de modo a tornar involuntariamente familiar o sentimento íntimo da solidariedade social, (...) Não somente a ativa busca do bem público será sempre privada, será sempre representada como a maneira mais conveniente de assegurar a felicidade privada; mas, por uma influência (...) dos pendores generosos, se tornará a principal fonte da felicidade pessoal. 

COMTE, August. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Escala, s/d, p. 74.


- A Revolução Industrial e a Revolução Francesa impulsionaram o surgimento da Sociologia como ciência voltada para compreender as novas relações entre as pessoas. Essas relações envolviam agora um complexo de hábitos e costumes e eram provocadas por causa da maneira de se produzirem e se consumirem os excedentes na Europa do século XIX. Sobre esse período da Sociologia e com base nesta concepção as investigações sociológicas deveriam utilizar os mesmos procedimentos das ciências naturais, ou seja, a observação, a experimentação e a comparação.   

 Rubens Chioratto Junior 

 Sem pão, sem brioches .


O positivismo foi uma corrente filosófica que nasceu na França, no século XIX, derivada do pensamento iluminista .Pode-se dizer que o seu fundador foi o filósofo e também criador da sociologia, Auguste Comte(1798-1857), ele apostava no progresso moral e científico da sociedade por meio da ordem social, porém esse pensamento contextualizado durante a Revolução industrial, é extremamente controverso, tendo em vista que o positivismo tem um viés totalmente conservador, mas eu lhe pergunto ,conservar o que? A desigualdade social, a falta de percepção crítica (essa sendo muito importante para a manutenção de governos totalitários), o status quo da burguesia e a imobilidade social.

É importante destacar, inicialmente, que o positivismo, foi pensando de uma maneira totalmente distante da realidade brasileira, haja vista que nosso país foi invadido pela coroa portuguesa e, com isso, os povos originários foram dizimados, os africanos foram arrancados do seu país de origem para serem escravizados na “Terra Brasilis”. Logo, o Brasil apresenta vários problemas sociais, oriundos da fatídica e contestável “colonização”, por isso, não basta essa visão de ordem e progresso, é preciso revolucionar para mudar. Na realidade, essa percepção positivista é perigosa, uma vez que essa ideologia está absolutamente disfarçada. Metaforicamente posso dizer que o positivismo é “o lobo na pele de cordeiro”, isto é, ele se manifesta, sobretudo com uma propaganda apaziguadora, desse modo, segundo essa ideologia só é possível ter progresso se existir a ordem, mas de modo subjetivo para manter essa ordem  é preciso que o corpo social  mantenha-se em disciplina sem contestar, para assim, não criar fissuras que podem ameaçar o progresso. Basicamente é: oprimidos mantenham a ordem para que se mantenha o progresso desta classe dominante infame.

Ademais, é possível pensar o positivismo no contexto da Revolução Francesa, que ocorreu no século XVIII, a população estava passando por diversas privações, como por exemplo, à fome, e a rainha Maria Antonieta soltou o famoso bordão “Não tem pão, coma brioches “, com isso, o povo ficou irado, tomou a bastilha, invadiram o palácio de Versalhes e decapitaram os monarcas. Nesse cenário, ascende ao poder a burguesia e com ela o lema Liberté, Egalité, Fraternité - liberdade e igualdade para explorar os trabalhadores e fraternidade para mascarar uma possível luta de classes, afinal somos todos irmãos, sim claro, em situações opostas e distintas, porém irmãos. Nessa conjuntura, surgiu o positivismo, tudo que a classe dominante precisava, uma vez que o positivismo consegue manter as massas em ordem sem precisar transparecer sua face perversa, assim sendo, não causas grandes revoltas. Desse modo, é possível inferir que a maneira que o positivismo penetra e se consolida é através da manipulação do pensamento dos civis. Assim, os proletariados continuam sem pão, sem brioche, sem - teto, sem-terra, sem dignidade e o principal sem contestar, porque o que de fato importa é a ordem e o progresso custe o que custar.

Por fim, é necessário que o positivismo seja desmistificado e seus males divulgado amplamente, é preciso que esses conceitos pule os muros das universidades, é necessário que a população saiba o que está acontecendo de fato, porque somente através da mobilização popular que a revolução será possível, visto que as instituições são frágeis perante o capital. Ou seja, a sociedade precisa assumir a autonomia do pensamento, não basta, portanto, somente beneficiar a população com políticas sociais. A população precisa pensar de maneira crítica, para assim, parar de consumir os conteúdos que reforçam os padrões burgueses. Nesse sentido, é plausível referir que a burguesia alinhada com a mídia até fazem críticas a gestão do acéfalo que nos governa, mas de forma alguma fazem crítica à política neoliberal do Guedes. Por isso, a população precisa estar a posto, pois segundo Pachukanis, basta uma pequena crise no capitalismo para que a classe dominante coloque no governo o primeiro chefe de milícias que aparecer. Em suma, reforço que o real objetivo do positivismo é manter as massas no cabresto da ignorância e em resposta a esse sistema vil, trago o refrão da música Mandume, escrita pelo rapper Emicida, “Eles querem que alguém  Que vem de onde nós vem, Seja mais humilde, baixe a cabeça, Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda, Eu quero é que eles se fod@.


Pollyanna Nogueira - Direito - turma XXXVIII

“Comte-me”

 

Tudo começou com uma ideia de ordem e progresso:

propagada na bandeira; difamada no Congresso.

Dizem que não há verba para o avanço da ciência,

mas sim ao voto impresso que mantém a Vossa Excelência.


O domínio da natureza é passada aos estudantes,

mesmo sabendo que nossas florestas já não são como antes.

Ensinam a importância do desenvolvimento,

que sempre custou caro com tanto desmatamento.


Na teoria, a humanidade é dogma fundamental.

Esquecida no Brasil,

onde a pobreza é algo cultural.


Eis aqui a filosofia positiva,

ultrapassada há anos, 

porém ainda muito viva...


Gabriel Drumond Rego - Direito matutino - Turma XXXVIII.

Qual o preço do progresso?

 

No dia 15 de Novembro de 1889 é instaurada a república brasileira. Sob o lema de “ordem é progresso”, que ainda estampa a nossa bandeira, colocamos um pé na modernidade através de, ironicamente, um golpe de Estado. O lema do positivista, apesar de saltar aos olhos em um primeiro momento, pode soar sarcástico se pensarmos que esse passo para o futuro se dá de forma tão arbitrária. Que preço podemos pagar pelo progresso?

Com a sua filosofia Positivista, Auguste Comte é pioneiro a identificar que a sociedade deve ser um objeto de estudo. Critico à religião e a metafísica, ele baseia sua filosofia no estudo das coisas como são, não idealizando como deveria se e, dessa forma, defende que as sociedades passam por três etapas de desenvolvimento: o teológico, onde as buscas por resposta se pautam na fé, em Deus como a resposta; o metafísico, um estágio de transição que evolui do primeiro e onde o homem deixa de responsabilizar Deus por todos os fenômenos; e, por fim, o positivo ou científico, em que o homem passa a buscar os fenômenos na ciência. É nessa teoria dos três estados que baseia o desenvolvimento das sociedades e da natureza humana, de uma forma linear e sentido único.

Entretanto, sabemos bem que sociedades não evoluem naturalmente, mas utilizando de tal análise é que justificativas como as para a escravização de indígenas e negros surgem, colocando os portugueses, por exemplo, como aqueles que vem para levar povos ditos atrasados em direção ao progresso, ou até mesmo norteando políticas de “branqueamento da população” como as aplicadas no Brasil com o fim da escravidão. O negro agora liberto representava o atraso, o padrão branco e europeu era considerado o grande ideal do progresso, dessa forma seriam eles, os brancos europeus, a ajudarem a impulsionar o país em direção ao futuro. Essa política, apesar de nada recente, ainda surte efeito na atual sociedade brasileira, sendo uma de muitas políticas adotadas desde o declínio da escravidão e que contribuíram para a formação do abismo entre os povos marginalizados e a dignidade.

Ainda que suas ideias representem um avanço em relação a época e o positivismo ainda reverbere pelo mundo, a contribuição de Comte pode ser levada como uma via de mão dupla. Representa tanto aquela que é a fagulha para o surgimento de uma nova forma de analisar o homem e a sociedade, como também, nos discurso de quem convém, a justificativa para ideais e atrocidades injustificáveis em nome do progresso.

Jordana Queiroz Dias, 1º semestre - Diurno.

Um progresso teórico

 Todos têm algo de positivista. A simples pergunta "para que eu vou usar isso?" demonstra a preocupação humana pela busca do útil e do real, e comprova a afirmação anterior. Assim, ao criar a física social e expor seu curso positivista, Comte mostrou uma maneira de enxergar a sociedade que visava o progresso, este que é ainda o objetivo do homem contemporâneo.

Comte deixa clara a importância do cumprimento dos papéis na sociedade por cada um, sendo todos igualmente necessários para o equilíbrio desta da mesma forma como uma engrenagem é para o funcionamento de uma máquina. É preciso que exista ordem, pois sem a manutenção da mesma, além de nunca se atingir o potencial humano, será estabelecido o caos.

O "Curso de Filosofia Positiva" prega uma ciência de ação. A ousadia de Comte consiste em propor soluções, não mais teóricas, mas efetivas.


Corretas ou não, as ideias positivistas foram de extrema influência no Brasil e no mundo. O fato de apresentar soluções práticas para os problemas sociais fez do positivismo um método popular para as políticas públicas, que procuravam manter a ordem social. Resta ainda a questão da igualdade social, pois não se pode ignorar que a mesma é parte do caos. Enquanto a prática não se resolve, o progresso fica apenas na sua forma teórica.


Pedro Henrique Barreiros Hivizi —- XXXVIII 


Marechal de Ferro

 Sob o lema positivista ordem e progresso, a República foi inaugurada no Brasil. Paradoxalmente, o povo, que constituía a recém formada -forjada- nação, assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Essa caracterização de Aristides Lobo remete à proclamação do primeiro governo republicano do país, comandado por Deodoro da Fonseca e marcado pelo fracasso econômico na tentativa de industrialização. Seu sucessor, Floriano Peixoto, foi o primeiro a exemplificar, com sucesso, um modelo de governo com tendências positivistas. O Marechal de Ferro, como ficou conhecido, passou a buscar o apoio do povo, de modo a garantir a sua soberania, como um guia para o desenvolvimento da nação.

Floriano fortaleceu o caráter centralizador do governo enquanto lidava com as revoltas dissidentes e com a crise financeira herdada de Rui Barbosa, na gestão anterior, gradativamente tornando-se um símbolo cívico, patriótico, para assegurar a tão almejada ordem, em conjunto com o progresso. O presidente foi capaz de conquistar a adoração do público com o auxílio de uma associação entre esses lemas e sua imagem, como um verdadeiro culto, característica específica da arte positivista, também observada em outros momentos da história brasileira. 

Tanto fez o Marechal de Ferro para a doutrina, que hoje, no Rio de Janeiro, o Monumento ao Marechal Floriano Peixoto, inaugurado em 1910 -após a sua morte- por Eduardo de Sá, traduz alguns dos ideais positivistas em suas características. Além disso, Florianópolis recebeu esse nome após o sucesso do presidente no combate à Segunda Revolta da Armada, traduzido pelo fuzilamento de mais de mil rebeldes. Assim se construiu, historicamente, a ideia de progresso incondicional da qual o Brasil nunca efetivamente se desvencilhou, evidentemente estampada na bandeira nacional.

Ana Clara Alves Gasparotto - Primeiro semestre - Direito matutino



O despautério positivista

A corrente filosófica positivista, desenvolvida pelo francês Augusto Comte durante o século XIX, é pautada mediante uma concepção que intenta uma reorganização social. Essa, afim de alcançar o estágio positivo, se livra de qualquer gênese teológica ou abusão generalizada, findando um corpo social regido pela “ordem” e pelo “progresso”, assim como descrito na bandeira brasileira atualmente. Isto é, as políticas públicas do país ainda são guiadas por essas correntes, amparadas, principalmente, pela classe média.

No entanto, esse positivismo defende que essa ordem e esse progresso só podem ser alcançados quando as pessoas deixam de lado suas individualidades e suas necessidades em pró da conservação social para constituir, assim, um Estado Forte. Desse jeito, a moral humana é a concepção de que o bem público só alcança seu deleite distante das rebeliões, protestos e reivindicações da população. Mas, como essa corrente é regida, em suma maioria, pelo os que detém dos privilégios e visam continuar com eles, o apoio para com as classes que necessitam sempre serão ignorados ou mal vistos. Ou seja, o problema que afeta a comunidade nunca será questionadoinvestigado ou solucionado, porém, sempre mascarado. Máscaras essas apoiadas pela religião, pela moral da família e pela ordem.

Considerando o que já foi dito, um dos exemplos de tentativa para dissimular esses que tentam infringir os bons costumes é a imposição de um pensamento neutro nas escolas, uma vez que, com a falta de conhecimento e posicionamentochance de revolução da maioria se torna inexistente. Seguindo essa perspectiva, outro ponto a ser citado é crescimento da taxa de violência contra os que se identificam transexuais, travestis, gays, lésbicas etc. Justamente por afetarem essa moral que agride a ordem constituída por heteros e cis até então no nosso país.

Outro exemplo desse despautério é o incentivo recorrente do governo federal para que as pessoas continuem saindo de casa para efetuarem e ocuparem seus respectivos cargos profissionais em plena pandemia, isso com a justificativa de que o país não pode estagnar, afetando assim o “progresso” da nação, deixando de lado e ignorando as milhões de vidas afetadas pelo vírus. Contudo, para concluir, basta deixar claro que o positivismo qualquer coisa que impossibilita qualquer revolução é um erro e que sem revolução não há progresso, provando também a grande hipocrisia dessa corrente. 

Vinicius Estevan Branquinho | Direito - Noturno 1° Semestre

É sempre necessária a contextualização

Conforme se viu nas aulas 4 e 5 deste primeiro semestre de curso, Auguste Comte, filósofo francês, desenvolveu, no século XIX, a teoria do Positivismo. O nome deriva do adjetivo “positivo”, que, nesse caso, deve ser lido como sinônimo de certo, definitivo, seguro. Partindo desse raciocínio, fica mais fácil assimilar que o Positivismo defendia a cientifização do pensamento e do estudo humano, com a intenção de obter resultados claros, objetivos e totalmente corretos. Também convém, agora no começo, pontuar que Comte tinha apreço pela Teleologia, definida como sendo o estudo dos fins, isto é, do objetivo, do propósito.

Trocando em miúdos, então: Comte tinha objetivos e definiu um método, um mecanismo científico que permitisse a realização desses objetivos. Simples assim!

Simples assim? Pois bem...Em virtude de sua inclinação teleológica, Comte acreditava que a história dos fatos caminhava em uma direção e que estava vinculada a uma ideia de progresso, ou melhor: uma vez iniciada, a história evolui (no sentido de melhorar, não no sentido biológico de mudar) e atinge seu fim, momento definido por Comte como sendo um estágio de perfeição.

É preciso, no entanto, ter em mente que os objetivos comteanos não necessariamente são os objetivos de todas as pessoas: um progresso para Comte pode ser um progresso só para ele e para mais ninguém. Ressalte-se, por consequência, a importância de se fazer uma contextualização quando se aborda uma corrente filosófica de outra época, pois as circunstâncias da Europa pós-Revolução Francesa em que vivia Comte não estão em consonância com as do Brasil dos anos 2.020, por exemplo.

Um caso que viabiliza de maneira excelente a aplicação da referida contextualização são as escolas cívico-militares, abordadas na aula 6, também deste primeiro semestre, que estão ou virão a ser implantadas no Brasil: sabe-se que escolas cívico-militares são bastante influenciadas pelo Positivismo, e adotar o MECANISMO positivista hoje em dia certamente seria profícuo a esses centros educacionais, visto que o método positivista possui um forte caráter científico, o que contribui para enaltecer a importância de haver toda uma metodologia presente na edificação do conhecimento; mas será que o OBJETIVO (leia: PROGRESSO) que se almeja hoje deve ser o mesmo vislumbrado por Comte?

Para o filósofo francês, um exemplo de progresso era a expulsão de políticos metafísicos do Governo; mas será que, hoje, expulsar quem pensa de maneira distinta é um exemplo de progresso? Ter, hoje, uma visão metafísica acerca dos acontecimentos continua sendo ultrapassado, como considerava Comte, imerso em suas reflexões eurocêntricas, ou é um posicionamento que deve ser respeitado?

Portanto, ao ser criada uma escola cívico-militar no Brasil, é imprescindível que suas finalidades sejam condizentes com o cenário brasileiro contemporâneo.

Decerto, não é tão simples assim.

Aluno: Marcos Tadeu Gaiott Tamaoki Junior

Curso: Direito (noturno)/2.021

Termo: Primeiro

Turma: XXXVIII.

 Pensa no Brasil. Pensou?

Agora presta a atenção: Ordem e Progresso chegou, não notou?

Do lado de cá tem quem vai se anular e numa falsa norma, entrar

Do lado de lá, eu vou te dizer: só existe gente querendo mandar em você!


A situação tá tão doida e eu preciso destacar: positivismo é só uma palavra bonita pra poder

te enganar

Se disfarça na grafia e no som para conseguir te seduzir..... Cuidado!

Quando menos imaginar a acusação vai ser

‘’ a sociedade você quer subverter!’’


Sem antes analisar o problema, a solução já vai constar

Ninguém se propõe a entender e mudar

A sociedade positivista só quer crucificar,

Comte, me conte: até quando sua lógica vai tentar vigorar?


Numa sociedade plural não adianta sistematizar

Aqui cada ser humano vai viver e se reinventar

Ninguém quer estar numa lógica subversiva na qual seja necessário se degradar

Sendo assim, não há sentindo para o positivismo prosperar


Por último, vou te questionar:

Ordem e Progresso para quem

Se só o que vale são atitudes que nos fazem refém?

Parece ditatorial e não posso deixar de afirmar

a única forma de organizar é de fato desorganizar


Aluno: Pedro Oliveira Silva Júnior 

Direito - Noturno - 1*Ano

Pouca ordem e minguado progresso

 A República Brasileira completa neste mês de novembro 132 anos, no dia 15. Neste dia, em 1889, o “golpe político-militar” se deu e o novo regime que se instaurou possuía referências diversas do dos governantes luso-brasileiros. Uma das referências era Auguste Comte, expoente do positivismo, teoria que se baseia na ideia do progresso contínuo da humanidade, sendo esse progresso baseado no processo científico e nas ditas ciências positivas.


Um dos adeptos a essa doutrina era o próprio Deodoro da Fonseca, primeiro presidente brasileiro e figura central da proclamação. Logo, os impactos dessa filosofia foram tremendos e moldaram nosso sistema de forma multifacetada. Mas o que nós temos a dizer dessa filosofia, 132 anos depois? Se estivéssemos naquele 15 de novembro, na praça da aclamação, qual seriam nossos sentimentos acerca do novo mote?


De certo a ideia de ordem não soa mal, muito menos a de progresso. Porém seria o progresso realmente algo inevitável? Seria a ordem sempre benéfica? No que tange a aplicação dessas ideias, podemos dizer, uma vida e meia depois, que não se efetivaram. A ordem se tornou seletiva e casuística. E o progresso, raro, custoso e evitável.


O positivismo, passando por um funil militar e aplicado nas normas do estado brasileiro, funciona apenas na mente de quem acredita estar a serviço do progresso, de forma conveniente, utópica, como um grande engenheiro social. As mudanças de cima pra baixo, que partem da ideia de que é possível modificar a sociedade do alto, sem grandes transtornos e de maneira controlada, chegam na ponta mostrando sua verdadeira face; após a imposição da realidade, algo que já não era bom acaba sendo ainda pior.


No Brasil de hoje, nosso motor, em relação ao mundo, não é “descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, as relações invariáveis de sucessão e de similitude”, mas sim rechaçar a ciência e a observação, seus produtos e métodos.


A ordem, que seria universal e garantiria o ambiente propício ao progresso contínuo, aparece apenas nos códigos e em bravatas (aliás, efetivas), de forma fluida e bem flexível.


O progresso, que seria o fim inevitável da aplicação das bases de Comte, aparece apenas como lema e se encontra em um cabo de força com o retrocesso.


Nosso princípio é o sectarismo, nossa base é a ignorância e o nosso fim é o inferno na terra. Assim como o positivismo suplantou um conjunto de valores anteriores, talvez devêssemos fazer o mesmo. Se tomarmos o progresso como algo raro, talvez sairíamos da inanição e trabalhássemos a fim de fazê-lo acontecer.



Miguel Francisco C. R. - Turma XXXVIII (noturno)   - 1° Semestre

O problema positivista

 A sociedade atual é de longe a mais dinâmica e a mais mutável dentre todas as sociedades

já existentes, a chamada “aldeia global” existe a menos de 60 anos e já se modificou

incontáveis vezes, está claro que o tutano do mundo é a inovação e a capacidade de se

adaptar a cada novo desafio ou demanda existente.

Quando Comte escreveu suas ideias a respeito do seu vislumbre de sociedade positivista, o

mundo era maior, tinhas mais distancias, consequentemente era um planeta mais

engessado e mais resistente à mudanças, seguidores de Comte no século XIX talvez tenham

sidos revolucionários, mas hoje, são retrógados, mas não culpo Augusto, seria impossível

um filho do final do século XIII, imaginar que em um bicentenário depois a estrutura social

se modificaria tanto, abandonando aquele caráter centralizante, onde a forma de manter a

sociedade viva era justamente se agarrar na ordem e nas coisas já existentes, um tempo

onde o ceticismo ao novo era encarado como salvar as tradições que os trouxeram ao

presente, felizmente ou infelizmente, a sociedade do século XXI tem que se revolucionar a

cada hora, o povo multiplicou mais de 7 vezes desde o nascimento de Comte e o mundo

cada vez mais se reduz ao ponto de caber na palma da mão. Os filhos do nosso tempo têm

ânsia por velocidade e clamam por cada vez mais demandas a respeito da diversidade

crescente das novas aldeias da “aldeia global”.

Os povos que demoram demais em aderir as boas novidades do mundo, são os povos que

estão fracassando em seu propósito de melhorar a vida de seus cidadãos, o problema do

positivismo nos dias atuais é que ele se propõe em conservar as coisas como estão e a

demanda do mundo é a liberdade para inovar, o mundo que pensa demais se vai ir ou vai

ficar, é o mundo dos séculos passados, o mundo do hoje é o que, vamos agora? Ou

deveríamos ter ido ontem?

João Pereira

Os valores positivistas

 O positivismo nasce no contexto da revolução industrial como uma

consequência da tentativa de Auguste Comte de formar uma das primeiras

formas de estabelecer as características técnicas das ciências humanas,

encaixando-as no seu devido espaço intelectual. Que na época estava quase

que dominado pela ciência natural, que estava ganhando um grande impulso

graças a própria revolução industrial, que enaltecia as grandes descobertas na

área das ciências naturais. Então, justamente por essa vulnerabilidade, Comte

se vê obrigado a “desenvolver “e acabar com essa defasagem nas

humanidades, baseando-se na montagem de um método cientificista como

feito em outras áreas anteriores ao próprio positivismo.

Essa filosofia positivista, tem como característica combinar a conservação e o

melhoramento, visando a “ordem e progresso”, usando como base a

centralidade moral e o amor a sociedade, logo condena o indivíduo em prol da

sociedade, descartando o homem e assumindo apenas a sociedade como meio

para a evolução. Além disso tenta resolver os problemas sociais com base na

explicação e intervenção da situação, em outras palavras busca resoluções

imediatas, onde são vistas as consequências, mas não são interpretadas as

causas.

Portanto, fica nítido que essa física social tem muitos traços de uma

pseudociência, justamente pelo fato de procurar a resolução de determinadas

situações de maneira imediata, que acaba causando uma falta de profundidade

e de interpretação nos problemas, produzindo um raciocínio superficial e

equivocado, além de se fundar frequentemente em ideias deterministas.

Aplicando um pensamento de moral patriarcal, ou seja, apresenta uma

prioridade seletiva, impedindo a igualdade social para com as minorias e

culpando as mesmas pelas dificuldades, com o intuito de diminuir os motivos

de nossas lutas, categorizando as culturas e destruindo as culturas não

predominantes.


Vinícius Barboza Felix dos Santos, Direito Matutino.