segunda-feira, 19 de julho de 2021

É sempre necessária a contextualização

Conforme se viu nas aulas 4 e 5 deste primeiro semestre de curso, Auguste Comte, filósofo francês, desenvolveu, no século XIX, a teoria do Positivismo. O nome deriva do adjetivo “positivo”, que, nesse caso, deve ser lido como sinônimo de certo, definitivo, seguro. Partindo desse raciocínio, fica mais fácil assimilar que o Positivismo defendia a cientifização do pensamento e do estudo humano, com a intenção de obter resultados claros, objetivos e totalmente corretos. Também convém, agora no começo, pontuar que Comte tinha apreço pela Teleologia, definida como sendo o estudo dos fins, isto é, do objetivo, do propósito.

Trocando em miúdos, então: Comte tinha objetivos e definiu um método, um mecanismo científico que permitisse a realização desses objetivos. Simples assim!

Simples assim? Pois bem...Em virtude de sua inclinação teleológica, Comte acreditava que a história dos fatos caminhava em uma direção e que estava vinculada a uma ideia de progresso, ou melhor: uma vez iniciada, a história evolui (no sentido de melhorar, não no sentido biológico de mudar) e atinge seu fim, momento definido por Comte como sendo um estágio de perfeição.

É preciso, no entanto, ter em mente que os objetivos comteanos não necessariamente são os objetivos de todas as pessoas: um progresso para Comte pode ser um progresso só para ele e para mais ninguém. Ressalte-se, por consequência, a importância de se fazer uma contextualização quando se aborda uma corrente filosófica de outra época, pois as circunstâncias da Europa pós-Revolução Francesa em que vivia Comte não estão em consonância com as do Brasil dos anos 2.020, por exemplo.

Um caso que viabiliza de maneira excelente a aplicação da referida contextualização são as escolas cívico-militares, abordadas na aula 6, também deste primeiro semestre, que estão ou virão a ser implantadas no Brasil: sabe-se que escolas cívico-militares são bastante influenciadas pelo Positivismo, e adotar o MECANISMO positivista hoje em dia certamente seria profícuo a esses centros educacionais, visto que o método positivista possui um forte caráter científico, o que contribui para enaltecer a importância de haver toda uma metodologia presente na edificação do conhecimento; mas será que o OBJETIVO (leia: PROGRESSO) que se almeja hoje deve ser o mesmo vislumbrado por Comte?

Para o filósofo francês, um exemplo de progresso era a expulsão de políticos metafísicos do Governo; mas será que, hoje, expulsar quem pensa de maneira distinta é um exemplo de progresso? Ter, hoje, uma visão metafísica acerca dos acontecimentos continua sendo ultrapassado, como considerava Comte, imerso em suas reflexões eurocêntricas, ou é um posicionamento que deve ser respeitado?

Portanto, ao ser criada uma escola cívico-militar no Brasil, é imprescindível que suas finalidades sejam condizentes com o cenário brasileiro contemporâneo.

Decerto, não é tão simples assim.

Aluno: Marcos Tadeu Gaiott Tamaoki Junior

Curso: Direito (noturno)/2.021

Termo: Primeiro

Turma: XXXVIII.

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