segunda-feira, 19 de julho de 2021

Marechal de Ferro

 Sob o lema positivista ordem e progresso, a República foi inaugurada no Brasil. Paradoxalmente, o povo, que constituía a recém formada -forjada- nação, assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Essa caracterização de Aristides Lobo remete à proclamação do primeiro governo republicano do país, comandado por Deodoro da Fonseca e marcado pelo fracasso econômico na tentativa de industrialização. Seu sucessor, Floriano Peixoto, foi o primeiro a exemplificar, com sucesso, um modelo de governo com tendências positivistas. O Marechal de Ferro, como ficou conhecido, passou a buscar o apoio do povo, de modo a garantir a sua soberania, como um guia para o desenvolvimento da nação.

Floriano fortaleceu o caráter centralizador do governo enquanto lidava com as revoltas dissidentes e com a crise financeira herdada de Rui Barbosa, na gestão anterior, gradativamente tornando-se um símbolo cívico, patriótico, para assegurar a tão almejada ordem, em conjunto com o progresso. O presidente foi capaz de conquistar a adoração do público com o auxílio de uma associação entre esses lemas e sua imagem, como um verdadeiro culto, característica específica da arte positivista, também observada em outros momentos da história brasileira. 

Tanto fez o Marechal de Ferro para a doutrina, que hoje, no Rio de Janeiro, o Monumento ao Marechal Floriano Peixoto, inaugurado em 1910 -após a sua morte- por Eduardo de Sá, traduz alguns dos ideais positivistas em suas características. Além disso, Florianópolis recebeu esse nome após o sucesso do presidente no combate à Segunda Revolta da Armada, traduzido pelo fuzilamento de mais de mil rebeldes. Assim se construiu, historicamente, a ideia de progresso incondicional da qual o Brasil nunca efetivamente se desvencilhou, evidentemente estampada na bandeira nacional.

Ana Clara Alves Gasparotto - Primeiro semestre - Direito matutino



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