segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Positivismo: a naturalização da desigualdade social



Ao propor a apropriação dos métodos das ciências naturais para as ciências sociais, Comte busca descobrir as leis imutáveis que regeriam a sociedade. Neste aspecto, não interessaria ao pesquisador buscar a compreensão das “causas geradoras” dos fenômenos sociais, mas apenas as correlações entre os fenômenos.
Tendo estes princípios do positivismo em vista, vamos compreender a diferenças entre correlação e relação de causa e efeito.

No gráfico acima temos uma curva de correlação entre duas variáveis em função do tempo. A variável à esquerda é a “Taxa de divórcio”, já a variável à direita é o consumo de margarina. Ambas as variáveis apresentam comportamento semelhante ao longo do tempo, ou seja, apresentam alta correlação. Mas a pergunta que permanece é: esta correlação sugere uma relação de causa e efeito? O consumo de margarina é a causa do divórcio?
Outra forma de se analisar correlações é através do chamado gráfico de “Regressão linear”, visto abaixo.


Conforme exemplo de Bizzo (1995), se considerarmos que a reta no eixo horizontal é o tamanho do pé de uma determinada população e o eixo vertical é o resultado de todas as alturas desta mesma população, obteremos um gráfico semelhante ao de cima. A nuvem de pontos vermelhos concentradas em torno da reta azul demonstraria a forte correlação existente entre os dois caracteres biológicos (altura das pessoas e tamanho do pé), sendo que a reta central (azul) representaria o “padrão da raça”, segundo termo definido por Galton. Se considerarmos que tal população é a população ariana, temos neste gráfico a justificativa matemática do nazismo.  Neste contexto, os pontos vermelhos circunscritos em preto seriam os “outliers”, ou os indivíduos que deveriam ser, segundo o nazismo, impedidos de se reproduzir, ou até mesmo excluídos da sociedade, uma vez que tornariam a raça ariana mais “impura”.
Esses dois gráficos nos sugerem cautela ao analisar um gráfico de correlação, pois, ele pode ser apenas fruto do acaso (Primeiro gráfico), pode ser utilizado para naturalizar as desigualdades existentes em uma sociedade ou até mesmo usado para justificar a dizimação de uma população inteira. Ou seja, ao contrário do que o positivismo defende, é imperioso buscarmos as relações de causa-efeito e propormos modelos que expliquem estas correlações.

Referência Bibliográfica:

Bizzo, Nélio. Eugenia: quando a biologia faz falta ao cidadão. Cad. Pesq,, São Paulo, n.92, p. 38-52, fev. 1995.

Aluno: Luiz Henrique de Moraes Mineli (Noturno)
Eu me organizando posso desorganizar

“O Brasil está um caos, onde ninguém mais respeita a autoridade, onde ninguém mais tem medo das leis, e para acabar com a corrupção e com a violência precisamos de um governante que ponha ordem no país”. Nunca esse discurso ganhou tanta força no Brasil atual, como se todos os problemas sociais e políticos decorressem da nossa suposta “anarquia” e nós nunca tivéssemos passado por duas longas ditaduras, nas quais a autoridade do Presidente, do General era suprema, e qualquer desvio de conduta – na verdade, questionamento – era punido com rigor; e mesmo assim os problemas não só continuaram, como alguns pioraram.
Com base nesse discurso autoritário é que a população brasileira tem caído no canto da sereia – ou da besta – para escolher seus futuros representantes, e não consegue enxergar que está depositando suas fichas não no salvador dos seus problemas, mas nos causadores deles. Afinal, é decorrente da suposta “ordem” pretérita que se consolidaram as formas mais torpes de patrimonialismo, pelas quais o público e o privado se confundem e foram usados como ferramentas de fazer política, de governabilidade, dando origem à corrupção sistêmica que assola nosso país; e, consequentemente, impacta na prestação eficiente dos principais serviços públicos, como educação, saúde, segurança pública, pois os seus gestores, em grande maioria, não são pessoas compromissadas com a causa pública, muitas vezes nem qualificação têm para tal responsabilidade, são apenas apadrinhados políticos, que estão lá para facilitar as ambições de seus mentores: como desviar dinheiro público para irrigar campanhas, receber propinas de contratos superfaturados ou gastar a verba com coisas desnecessárias para atender os interesses eleitorais do seu padrinho.
Por isso que a corrupção e a violência só aumentam, não é pela “desordem”, mas, sim, pela toda ordem estabelecida que visa somente a manutenção do poder e o privilégio de poucos em detrimento da população, causando toda a roubalheira exposta atualmente e a falência dos serviços estatais, como a segurança pública.
Então, quando Comte diz que somente uma sociedade bem organizada, pautada pela ordem rígida é que progride, isso me dá um asco ! Pois a meu ver é só para legitimar a dominação do Estado por uma minoria e fazer com que a gente acredite que a abissal desigualdade social existente é fruto de uma ordem natural estável, sem a qual a sociedade não evolui.

O sociólogo Sérgio Buarque de Holanda já ensinava sabiamente que, no Estado Brasileiro, o conceito de ordem significa privilégios. Mas acho que ensina melhor ainda o rapper Marcelo D2 quando diz que é nós população é que temos de nos unir – afinal, é a gente que é maioria e tem força para romper com a velha ordem – a fim de lutar pela garantia básica dos nossos direitos e fiscalizar todos os nossos governante e gestores públicos para que não esqueçam a quem ele servem, ideia marcante na passagem: “EU ME ORGANIZANDO POSSO DESORGANIZAR”.

John R. Angelim Novais, Direito, 1º ano, Noturno.

Pensar a política

“Política e religião não se discutem”. Durante toda a vida essa frase foi repetida para mim como o símbolo máximo do encerramento de conversas espinhosas que carregavam em seu conteúdo algum destes temas. Peço licença, neste momento, para colocar a religião de lado e focar na política e no sentido restritivo que esta frase carrega.
O cenário atual da política brasileira, de demasiada instabilidade e de recorrentes denúncias por corrupção, exige, mais do que por mero capricho, a participação e discussão densa e intensa de nós, cidadãos médios. Nós que desde pequenos somos treinados a não pensar sobre isso ou a não discutir este tema a fim de preservar certos valores morais, hoje colhemos a dolorosa safra de indivíduos que ou não interferem na política ou se mantém muito aquém do necessário nessa discussão.
Comte, em 1830, lançou uma análise sobre os estágios do pensar do ser humano que podem ser divididos em três. O primeiro – estado teológico – configura-se como a fase da imaginação. A mais primitiva das fases coloca o entendimento do ser humano como mero objeto de sua imaginação e, consequentemente, seu desenvolvimento racional limita-se a entender sua realidade como obra de divindades, mantendo-se saciado com esse conhecimento.  
O segundo estágio de compreensão, segundo Comte, é o metafísico, baseado na argumentação. Nesse estágio o ser humano tende a colocar de lado sua plena confiança de que tudo é porque é e passa a depositar seu entendimento nas forças das ideias. E por fim, o último estágio do desenvolvimento racional seria o pensamento positivo, ou seja, a compreensão de realidade agora reside no campo da observação.
Analogamente à situação brasileira atual pode-se verificar a coexistência destes três estágios na relação social estabelecida e na compreensão da importância de participação política. A discussão deste tema, por muitos evitada, é a chave para sua transformação. O Brasil vive uma polarização profunda que descaracteriza e desconfigura a real profundida e amplitude política, deixando um vácuo social que permite, em um primeiro momento, duas coisas: a manipulação de massas e a infiltração de correntes ideológicas reacionárias no poder, que, combinados, são uma ameaça às conquistas sociais e aos avanços progressistas. Tendo isso em vista, se faz necessária, portanto, a desmistificação do lema “política não se discute”, pois, se não formos nós a discuti-la, não serão os nossos interesses aqueles atendidos.


Marina R. Christensen, noturno, turma XXXIV

A Importância do Positivismo e a sua Insustentabilidade diante da variabilidade humana


           Segundo Auguste Comte existem três principais métodos de filosofar, são eles: O método teológico, que entende que os fenômenos estudados são consequência de ações de agentes sobrenaturais, tais como entidades divinas, explicando com essa teoria todas as anomalias que se encontram em nosso universo; O método metafísico, no qual os agentes sobrenaturais são substituídos por agentes abstratos; O método positivista, que renuncia o conceito de alcançar noções absolutas sobre a origem e o destino do universo, consiste em explicar o mundo, tanto físico como o social, a partir de princípios reguladores e de uma maneira sistemática: definindo o seu objeto de estudo, estabelecendo os seus conceitos e adotando um método.
           O terceiro estado, positivista, segundo Comte, seria o mais apropriado para uma visão que faria com que o homem progredisse e deveria ser adotado como método de estudo das ciências humanas, tendo como intuito a geração de um conhecimento que compreenderia, relacionaria e regeria as interações humanas dentro da sociedade.
            Porém esta ideologia não leva em consideração a grande variabilidade humana e tem como fundamento que a única verdade absoluta seria a da ciência, verdade esta que seria limitada somente pela constatação de uma ordem que valeria como regra para todos, como se a humanidade e todo o seu comportamento fosse tal qual uma lei da física, verdadeira e absoluta.

           O positivismo peca quando deixa de levar em conta que todos os homens, apesar de viverem em uma sociedade que os levam a se comportarem de maneira semelhante, devido as suas regras e aos seus padrões, também tem uma personalidade característica própria e inerente, com valores e morais advindos de sua constituição familiar e de todo o seu processo de formação, processo este que pode variar imensamente quando levasse em conta a sua classe social, etnia, religião e inúmeros outros fatores que fazem com que um ser humano seja completamente diferente do outro, até mesmo em uma única sociedade.

Mariana Shieh Basotti - 1º Direito Matutino 

A mais avançada das ciências


O positivismo foi teorizado por Auguste Comte, e fundamentava-se em três pontos: O primeiro, de que a ciência seria a única forma de conhecimento possível e válido, descartando-se todos os outros princípios não abrangidos por ela.
O segundo, de que a ciencia seria puramente descritiva, possibilitando a compreensão das relações existentes entre os fatos e permitindo a previsão deste.
O terceiro visava a expanão do método científico para todos os campos da atividade humana.
Portanto, o positivismo propunha uma reforma do pensamento humano, sendo uma das principais bases da ci6enia moderna.
Segundo ele, a evolução do pensamento humano e as explicações abstratas dos fenômenos observados seguia três estados, que são o Teológico, o Metafísico e Positivo.
No primeiro, há um domínio da imaginação e há a explicação dos fenômenos de forma sobrenatural e com a presença de divindades. Na metafísica, há o desenvolvimento de um raciocínio argumentativo, sendo domínio da psicologia, dos desejos abstratos.
Finalmente, no estado positivo, os fen6omenos seriam observados e explicados pontualmente, visando o bem da humanidade, o altruísmo universal.
Segundo o positivismo, as ciências foram classificadas de acordo com o seu grau de complexidade em matemática, astronomia, física, quimica, biologia e sociologia.
Essa classificação, somada à evolução das ciências nos três estados, faria da Sociologia positiva a ciência que abarcaria um grande número de ciências "abaixo" dela, tornando-se a mais avançada das ciências, emergindo uma nova ciência, a "fisica social" cujo papel seria estudar e reestruturar a sociedade visando o desenvolvimento humano.

Guilherme M. Hotta - Noturno

A Família e o Divórcio



O Positivismo de Auguste Comte compreende certa observância dos fenômenos naturais a partir de uma lógica que promova a ordem e a progressão. Nessa esteira, tais eventos, por manterem relação de regularidade, podem ser generalizados e copiados para a esfera social. Em contrapartida, segundo o filósofo, até mesmo neste âmbito, quando a ordem natural é modificada, perturbada, surgem o desequilíbrio e o retrocesso.
Posto isso, a família, em sua gênese, é formada por uma relação conjugal monogâmica e indissolúvel. Entretanto, por haver a intervenção nesta ordem, sociedades quase se dissiparam. É o caso, por exemplo, da Rússia, quando fazia parte da U.R.S.S. Por volta de 1917, com a ascensão dos sovietes ao poder político, uma de suas primeiras medidas foi a desburocratização das relações de divórcio; considerado como uma instituição burguesa, o casamento deveria ser abolido, pelo menos do ponto de vista jurídico, e a liberdade individual deveria ser ampliada. A facilidade ao divórcio, associada à regulamentação do aborto, acarretou profundas transformações tanto no bojo familiar quanto na própria sociedade. Nesse contexto, homens soviéticos possuíam efêmeros relacionamentos com as mulheres, engravidando-as e abandonando-as, trocavam assiduamente de esposas e nasciam muitas crianças abandonadas e entregues à criminalidade. A família quase se extinguiu, obrigando uma revisão dos paradigmas das ideias socialistas.   
No Brasil, houve significativo abalo nas estruturas religiosas e moralistas. Com a aprovação da primeira Lei do Divórcio, por intermédio de um plebiscito, em 1977, causando grande euforia na Igreja Católica, apoiada por setores conservadores. Para ela, essa medida seria o fim da família uma influência marcante do Comunismo em território nacional, o qual ameaçava a ordem social vigente e os bons costumes e, ainda, conduziria à diminuição do número de filhos.    

Finalmente, com a facilidade para se desvencilhar de relacionamentos conjugais, hoje, o que se observa é uma frieza das relações; um descompromisso. As pessoas já não se casam mais, pois não querem nem o trabalho, nem o dispêndio para se separarem, levando-se a um quadro de fluidez e de inconstância. Ademais, o número de divórcios se elevou significativamente, o que interferiu na dinâmica social e na própria formação familiar existente.


Luciana Molina Longati, Direito, Noturno, turma: XXXIV

Discordo

Desenvolvido por Auguste Comte sob a proposta principal de ordenamento e sistematização das ciências, seria de fato o positivismo a expressão máxima dos estados de desenvolvimento do conhecimento humano e o pensamento positivo a inspiração mais viável para se alcançar o progresso? Talvez seja prepotência demais de minha parte, principalmente pela falta de bagagem acadêmica, ousar discordar ou reafirmar as ideias desse pensador. Mas, honestamente, eu discordo.
Penso que o conhecimento buscado com base nessas ideias só contribui para uma espécie progresso engessado, que serve a uma só classe. Quando observamos a universidade pública no Brasil, por exemplo, torna-se notável que seguindo essas ideias que foram enraizadas no pensamento dos indivíduos ao longo dos últimos séculos, certas ciências que não se enquadram na sistematização proposta por Comte, ou nos anseios positivistas, são subjugadas, sobretudo as ciências humanas, ao mesmo ritmo que as ciências que desenvolvem tecnologias, produtos e ‘progresso’ são estimadas e são o destino da maior parte dos investimentos, bolsas e auxílios.
Além disso, observo que a ideia comtiana de sistematizações foi em muito adotada na análise da sociedade e de seus componentes, e a ideia de descrições (mesmo que não acompanhada de prescrições) do que é correto ou ‘normal’, ao meu ver é muito nociva, considero muita inocência não observar que a partir do momento que se descreve o que é normal e conveniente ao funcionamento da sociedade, subentende-se de maneira sutil o que é destoante e negativo, com base nessa sistematização, diversas opressões são amplamente normalizadas e ações tomadas em prol do bem estar da sociedade e mantimento da ordem são legitimadas. Parece absurdo e distante, mas se fizermos uma breve análise dos Estados ocidentais influenciados por estas ideias, veremos que com base nesta exata ideia acima citada, de mantimento da ordem e do bom funcionamento da sociedade, justificaram-se absurdos como a segregação racial norte-americana, é mantida até hoje a estruturação patriarcal e machista da família, entre outros tantos exemplos.

Seria injusto não considerar que o positivismo é de uma contribuição gigantesca para o desenvolvimento científico e sociológico, principalmente pelo rompimento com o que encontrava-se em voga na época de seu desenvolvimento. Porém ao que observa-se hoje, considero necessário posicionar-se de maneira crítica a este ideal.

Positivismo e suas influências

O positivismo de Augusuto Comte busca a descrição dos fenômenos, ignorando sua origem, que seria uma busca "insolúvel". Nessa perspectiva, o positivismo ao descrever a realidade e aquilo que é normal, prescreve também aquilo que é anormal. Quando ocorre socialmente uma suspensão da normalidade, gerado por algum fenômeno que se apresenta de forma contraditória, há o estranhamento pois a realidade não está correspondendo àquilo que lhe é normal. Exemplos de suspensão da normalidade podem acontecer quando indivíduos marginalizados estão presentes em lugares elitizados, causando estranhamento. 
No Brasil, as influências positivistas são claras, em governos e, principalmente nos militares. Em governos como a Era Vargas, a eliminação dos conflitos sociais, a construção de um Estado forte eram prioridades. Manter os trabalhadores organizados, reprimindo qualquer manifestação contrária a ordem. Enquanto nas forças armadas há a valorização do mérito, dos deveres e da disciplina. A hierarquização é tão sólida que entre as ordens de comando não há discussão, o superior possui maior conhecimento tático, estratégico e, portanto suas ordens devem ser seguidas sem haver questionamentos.
O pensamento positivo busca uma concretização dos ideais baconistas, sob os quais somente o conhecimento científico é verdadeiro. Também se caracteriza pela sua previsibilidade "ciência, daí previdência, daí ação", o que possibilita o desenvolvimento de técnica, contribuindo para o desenvolvimento da indústria - e assim do capitalismo.

Por um mundo não linear

   A Revolução Industrial e a Revolução Neolítica são dois das três momentos históricos que mudaram o curso da humanidade, com o avanço tecnológico favorecendo esses acontecimentos. O outro momento que moldou a civilização ocidental foi a Revolução Francesa, que se diferencia das anteriores por não ter uma inovação tecnológica colaborando para seus acontecimentos. Tal exceção à regra colabora para analisar a filosofia positivista, e sua Lei dos três estados.
   A contribuição que Revolução Francesa fornece para a análise do texto de Augusto Comte está nos motivos que levaram à tal ruptura da sociedade contra a organização social vigente, porque foi a presença de novas ideias, e não de uma nova tecnologia, que desencadeou os acontecimentos. O que coloca em dúvida a progressão linear da sociedade no tempo, pois, o surgimento de ideias pode afetar a sociedade de maneira profunda e o pensamento humano não ocorre de forma linear.
   Em Curso de filosofia Positiva a Lei dos três estados são denominadas por Comte como Teológico, Metafísico e Positivo; sendo o positivismo o estágio final no qual a humanidade nega as forças abstratas buscando as Leis naturais.  Essa negação do abstrato sugere a inadequação do místico na sociedade moderna, o que seria equivocado de se pensar, pois, o sobrenatural e a tradição são tão humanos quanto seus instintos naturais.

   Assim, são os acontecimentos posteriores a publicação do texto de Comte que coloca suas ideias, de pretensões universais, a prova. E os eventos subsequentes serão exemplos do poder da ideias na subversão das leis sociais, sendo o Nazismo e o Comunismo as ideologias de maior influência nos incidentes do século XX.

O Positivismo de Comte



O positivismo foi pensado a partir do contexto geral da segunda metade do século 19, como uma forma de pensar que refletisse as grandes modificações ocorridas durante esse período, e que servisse ao capitalismo moderno. Hoje, esse pensamento orienta a maior parte da sociedade
No primeiro trecho, há uma introdução das intenções do autor ao publicar tal curso, e em seguida os princípios teóricos da nova filosofia, a qual ele acaba dando o nome definitivo de filosofia positivista. Segundo Comte, o pensamento positivo é o estado definitivo, o último estágio da construção do conhecimento. Antes desse estágio, porém, foi preciso que a sociedade passasse pelo pensamento teológico e, depois, pelo metafísico. Formas de pensar que Comte julga inúteis para servir ao novo modo de vida e de pensar que o mundo havia atingido, porém necessárias às primeiras conjecturas teóricas sobre o universo.

O estabelecimento da filosofia positiva marca, então, o amadurecimento do espírito humano. Mas o que caracteriza essa filosofia? Comte então explica as propriedades fundamentais essa proposta. A visão das leis gerais da sociedade deveria ser baseada nas "leis lógicas" dos fenômenos, ou seja, a pura razão lógica tomaria lugar de qualquer deus ou qualquer outra tentativa de explicação para os acontecimentos. Para tal, é claro que uma reforma da educação fazia-se necessária. Comte afirma que o isolamento das ciências entre si deveria ser erradicado, e inclusive uma nova ciência, com a função de achar as ligações e interdependências entre todas as ciências, deveria ser criada. O conhecimento, então, deveria tornar-se "uno". Conclui-se, então, que, devido a todas as mudanças, revoluções e o fervilhamento científico desse período, uma reorganização social deveria ser feita, com o Positivismo como base para tal.

Comte achava que a convivência das 3 filosofias (teológica, metafísica e positiva) havia provocado uma anarquia intelectual na sociedade, o que resultou numa incapacidade de produzir instituições sólidas. Um ponto muito importante do discurso positivista é o trabalho conjunto da reflexão e aplicação, ou seja, ciência e técnica. Essa cooperação mútua é essencial para a superação da fragilidade fisiológica do ser humano, ou seja, para a transformação da natureza. Além desse fim prático, porém, Comte vê uma outra utilidade para a ciência, ou reflexão. A "interpretação do mundo" também é fundamental para o indivíduo. Este deveria enxergar as relações constantes e invariáveis entre os fenômenos. Dessa forma, seria então possível ver para prever.

No segundo trecho da obra, conhecendo agora as metas e os preceitos da filosofia positiva, somos então apresentados às condições de estabelecimento do espírito positivo. Comte julga as instituições de seu tempo como marcadas pela "anarquia social". O positivismo vem, então, substituir essa agitação política, que não da frutos, por um movimento mental, intelectual. "A principal fonte desse deplorável conflito consiste na especialização cega e dispersiva que caracteriza profundamente o espírito científico atual.(...)".

Ensinar ao indivíduo não apenas o que ele iria utilizar na prática, mas sim uma educação universal, é fundamental para cada membro ativo da sociedade enxergar seu papel no processo geral, e assim regozijar-se por cumprir tal tarefa. Comte aponta os operários como melhores candidatos a tal processo, por duas grandes razões. Primeiro, o operário não estaria "contaminado" por nenhuma outra base de pensamento, o que o torna um campo fértil para plantar uma nova educação. E ainda, o trabalho deste indivíduo é feito a partir do contato direto com a natureza, ou seja, ele enxerga o produto de seu ofício.

Essa visão como parte de um todo, juntamente com um programa social adequado são essenciais para afastar o trabalhador da anarquia e das ambições naturais. E é aí que entra o positivismo. Na política social. Ao invés de uma discussão metafísica vã, uma "fecunda realização dos 'deveres essenciais.' "

Por fim, Comte explica a chave da estruturação social. A solidariedade. "O homem em si não existe. Existe sim a humanidade". Afinal, o desenvolvimento vem unicamente graças ao progresso da sociedade. A felicidade está associada ao bem público. O bem supremo, então, é o bem da maioria.

Gianlucca Contiero - Diurno

Família






- Senta aqui para jantar, moleque – Ordenou.

-Já vou, deixa só eu matar o chefão aqui, pai – pede o menino, enquanto aplica habilmente um combo de 12 na tela do videogame.

- Não tem essa de esperar você – replicou com voz firme – a comida está quente, a mesa está servida e a família deve se reunir na hora do almoço.

-Mas é rapidinho, tô quase matando já – responde enquanto morde os lábios; sua face está marcada pela concentração. Afinal, se tratava de uma fase particularmente difícil de Mortal Kombat.

- Eu não quero saber se falta muito ou pouco pra você terminar este jogo estúpido – disse categoricamente João, enquanto se levanta calmamente da mesa e vem em direção ao filho. Em seguida, se aproxima do console e o tira da tomada dizendo – Anda vamos log...

-MEU, O QUE VOCÊ FEZ? – Vociferou incrédulo o mais jovem – TEM NOÇÃO DO TEMPO QUE EU PRECISE PRA CHEGAR AQUI? QUE ATITUDE IDIOTA DO CAR...

-Olha essa boca, Lucas – lançando um olhar penetrante no guri, responde irredutível – Eu sou seu pai, e você me deve respeito. Além disso, sou eu quem decido as coisas por aqui, sou a cabeça desta casa, e você é menor de idade ainda por cima, portanto, está duplamente subordinado a mim.

- Só porque eu tenho 17 anos? Então quer dizer que hoje eu sou um completo imbecil que não consegue deliberar sem sua permissão, que não pode fazer o que bem entender, mas que milagrosamente no mês que vem eu serei dotado de inteligência suficiente para poder discernir?

- Sim, é exatamente isso. É o que diz a lei.

- Por que diz a lei? – Visivelmente imperturbado – Leis podem ser mudadas, se necessário.

-É claro que podem, é o princípio da falseabilidade afinal de contas. Mas as leis são alteradas quando se percebe que a nossa observação de um determinado evento está equivocada.  As leis reais da natureza são imutáveis. Veja por exemplo, eu sou seu pai e você é meu filho. Não importa o que você fale, não importa o quanto lute contra isso, essa é uma verdade absoluta, e assim será até o final dos tempos.

- Quem sabe eu seja filho do vizinho...

- E mais, cada um aqui tem uma função dentro de casa. -  respondeu sem demonstrar ter ouvido o filho - Eu trago o sustento, sua mãe limpa a casa, seu irmão está terminando a faculdade e você precisa arrumar suas bagunças e, sobretudo, estudar pra dar certo na vida. Aqui não existe nenhum eu, apenas o nós.  O todo é mais importante que a soma de suas partes. A família é a prioridade.

- Agora anda, vamos almoçar que a comida está esfriando...

O filho o segue sem falar nada. Mas deixando escapar, em sua face, um olhar sombrio tão sanguinário quanto aqueles de tal jogo de Combate Mortal.







E assim caminha a família tradicional brasileira: na busca incessante da ordem para encontrar o progresso. Repleto de suas leis imutáveis. Carregados dessa constatação superficial do mundo. Sem se dar conta de que, quando se mergulha numa piscina rasa de cabeça, alguém acaba quebrando o pescoço.

Lucas Valeriano dos Reis / 1º Direito - Noturno

RESPOSTA DE AUGUSTO COMTE A LIBITINO DILIGEU

Algum lugar, 14 de agosto

 

  Caro amigo Libitino Diligeu,
  Começo minha carta agradecendo-vos! Em verdade, não repartistes os louros do Discidt comigo, mas, por conseguinte, também não repartistes a vergonha de, na tentativa de maximizar a lógica positiva, ter, a partir do positivismo, criado sua própria cova.
  Para que entendais minha resignação, tens, primeiro, que entender os motivos pelos quais, em tão longínquos tempos, cheguei a conclusão de que a ciência era o único instrumento de desenvolvimento humano: o contexto histórico em que vivi foi marcado por "anarquias" e "desordem", regimes despóticos e revoluções. Tais acontecimentos levaram meus contemporâneos a uma insatisfação com a política em geral, chegando a beirar a descrença. Tinha-se, então, uma crise de valore.
  Daí origina-se minha ideia de que as anomalias deveriam ser eliminadas e, consequentemente, eliminar-se-ia também a desordem e, dessa forma, a sociedade poderia livremente caminhar para o progresso.
  Entretanto, ao longo dos séculos, conversando com pessoas com crenças diferentes, percebi que é justamente na desordem que se atinge o ápice do desenvolvimento. A contraposição de ideais, perspectivas e realidades força o ser humano ao seu limite. Força-o a se questionar se aquilo que acredita é realmente correto, força-o a investigar, força-o a progredir.
  Minha teoria, jovem aprendiz, não fora ao todo inútil. Apesar de ter falhado em vários pontos, por um jogo de interesses regido pela ganância e o egoísmo, observo que, ainda no seu tempo, minha sociologia é adotada como um dos principais pilares do corpo social. A sociedade industrial, ainda sim, é muito ligada à ideia de que o único conhecimento válido é o científico e o único desenvolvimento válido é o tecnológico. Assim sendo, vai-se rotulando certos grupos e comportamento como anormais, forçando-os a se encaixarem nos padrões, evitando conflitos...
  Sinto muito não poder ajudar-vos. O trabalho de nossas vidas, resulta, no final das contas, em uma grande inverdade. Inverdade essa que, ironicamente, é a base do tão avançado e científico pensamento positivista.
Atenciosamente,

Augusto Comte
Gabriel Chiusoli Ruscito - Direito 1° ano, noturno

Sociedade industrial e saúde humana.

Existindo em uma sociedade pós moderna líquida de crise de valores em diversos níveis, mundo que a séculos já não se pauta pelas explicações teológicas e metafísicas, passamos através da era da industrialização que caminha para um novo momento, um mundo pós industrial, com o capital baseando-se não mais pelo objetivo de produzir maior quantidade em menor tempo, mas lucrando agora com a venda da criatividade, da estética, produtos imateriais e capital virtual. Juntamente com essas mudanças, temos um repensar sobre os conceitos positivistas nesse novo mundo.
            O positivismo pregou a exaltação do saber científico sobre as outras formas de conhecer o mundo, dizendo como fato que a humanidade caminharia para uma sociedade industrial positivista em que os problemas que afligem os humanos seriam derrotados pela ciência. Atendo-se a um ponto específico, vejo a questão da definição de ordem, palavra fundamental para Auguste Comte, fundador da filosofia positiva. O lema escrito na bandeira do Brasil define a ideologia: ordem e progresso. Ordem que manteria o progresso. Ordem que permitiria o progresso. Com o objetivo de melhorar a vida humana e nos alçar a nosso máximo, uma sociedade deveria ser muito bem ordenada para seu bom funcionamento.
            Entre o repensar sobre o positivismo, dito no início do texto, vejo necessidade do repensar sobre a extrema ordenação das coisas. O mecanicismo do mundo me parece ter retirado a organicidade das relações e do viver humano, onde tentar racionalizar ao máximo seres complexos biológicos como a espécie humana me parece um possível fator que está, discretamente, causando um período obscuro. Desenvolveu-se industrialmente a cura para infecções, combate-se o câncer, transplantam-se órgãos, e o que nos mata é a depressão. Fato é que algo está de errado com as relações humanas para termos crescimento claro e significativo de doenças psicológicas como depressão, pânico, bipolaridade e ansiedade, onde trago como último debate, se isso não seria fruto do positivismo e de outras ideologias que ignoram o lado humano, suas limitações e impulsos animais e irracionais, prendendo os homens em uma forma de viver da qual ele não está sendo capaz de suportar, refletindo, dramática e fortemente, em mentes afligidas em um mundo onde todas as doenças físicas podem ser enfrentadas.


Daniel Chaves Mota – 1º Ano de Direito (noturno).

Já para seu lugar!


Numa época de mudanças intensas no mercado e na indústria, a economia, a educação e todas outras instituições da sociedade não ficaram de fora das transformações. Nesse cenário surge o primeiro Filósofo Social, Augusto Comte, ou como se denominava também “Físico Social”, e seu discurso ficou conhecido como “positivismo”.
Um conceito, que tinha como base a estática das instituições para promover a ordem, fazia sentido naquela época, quando acreditava que havia necessidade de se organizar tudo de novo para que o progresso da sociedade não cessasse. Porém, até hoje podemos ouvir discursos que tem seu fundo positivista, que disfarçam o preconceito e conservadorismo em “preocupação com a ordem”.
Um negro em restaurante de luxo, uma mulher ocupando o cargo de C.O. numa grande empresa, uma mulher negra dentro da universidade, o casamento homossexual, um empresário de sucesso que veio das periferias... Todas essas situações parecem espantar os olhos das “pessoas de bem”, causa desconforto simplesmente por estarem fora da ordem que se acredita existir. Essas pessoas parecem fora do seu lugar.

Essas diversas situações acontecem com frequência nos dias de hoje, não são fora da lei, e muito menos passivas de punição. Entretanto, a sociedade e os olhares insistem em dizer onde é o lugar de cada um, punindo com suas risadinhas de canto, as portas que não se abrem nas empresas, certos direitos que ainda não são concedidos aos casais homossexuais. Acreditar que existe um lugar fixado para cada um que nasce no mundo é acreditar que nascemos destinados, portanto, precisamos nos contentar e exercer esse papel. E isso não deve acontecer.


Luísa De Luca, 1 direito noturno.

Negativo positivismo




Nasce como o salvador

A verdade sã científica

O não abstrato domínio

Transforma em bom o fato;



Positivo é o saber:

verdade indubitável

a irracional cancerígena

o cegante sol platônico.



Tarde sem Sol, o eu sem ver:

Sociedade em crise vã

Crepúsculo do saber

Fatídico para o ser



Madrugada irracional sem métrica positiva

Negatividade em fato: o positivismo

Ventos de um novo ser

Barrados pela vigente sociedade do saber

Mas do alto desses muros pode-se ver

O que, em novo, se faz em aurora


Vinícius Henrique O. Borges
1º Ano de Direito, Noturno, UNESP Franca

       Breve crítica a ideia de marcha progressiva do espirito humano


Auguste Comte teve grande importância para o pensamento ocidental do século XIX por ter se tornado o principal autor do positivismo, linha teórica que defendia uma maior valorização da ciência e do conhecimento, disposto de maior aplicabilidade, mais próxima da experimentação do que de experiências teológicas e metafísicas.
Comte, em seus escritos, acreditava numa linearidade da história baseada em três estágios. Sendo do primeiro ao último, o movimento de consolidação do entendimento humano sob a realidade.
No entanto, devido aos seus anseio em explicar a “marcha progressiva do espírito humano”, o pensador comete o erro de criar narrativas correlacionando os fatos por ele observado aos seus modelos teóricos criados para explicar isso. Assim, os estágios teológico, metafísico e positivo perdem a validade enquanto lei fundamental, como caracteriza Auguste Comte em seu livro curso de filosofia positiva.
A criação de narrativas para justificar decisões que favorecem o status quo é uma prática bem recorrente ao longo da história. Na Alemanha nazista, por exemplo, disseminou-se através da propaganda ideológica e do sistema de ensino da época todo um conjunto de ideias para validar os acontecimentos do povo alemão que favorecessem a narrativa criada pela ideologia Nazi.
Intencionalmente ou não – e em menor escala – Comte enfatiza os valores defendidos pela nova entidade soberana de sua época: o Mercado. Por isso, dentro do seu desenvolvimento do entendimento, surge uma hierarquização dos saberes humanos, no qual as ciências naturais e sociais (mais alinhadas aos interesses do Capital), passam a ocupar um papel privilegiado dentro da organização da Academia.

Davi Pontes - 1ºano Direito Noturno