segunda-feira, 14 de maio de 2012

Durkheim, Nietzsche e o Último Homem


O Fato social condiciona a ação humana, unifica e torna o homem socialmente homogênio. Tal homogeneidade garante (ao menos na maior parte dos casos) que padroes de ação socialmente desejáveis sejam reproduzidos. Pode-se conhecer de onde alguém vem, a que parte da sociedade pretence, ou até mesmo seus valores, de acordo suas vestimentas, sua fala, sua história, que refletem fatos sociais. Não obstante ao caráter pragmático, que possui vantagens positivas, cabe a pergunta sobre o limite e a real pertinência de uma cultura na qual a coersão social possui grandes proporções. Não seria uma total aniquilação do que existe de realmente humano, criativo, de essencialmente nosso em troca de uma ilusória segurança?
Nietzsche, em Assim falou Zaratustra, indica os problemas da natureza do homem pequeno e massificado, onde não há “nenhum pastor, e só um rebanho! Todos querem o mesmo, todos são iguais: o que pensa de outro modo vai por seu pé para o manicômio”.
Mas não é demasiado pequeno se resignar a reprimir os próprios instintos, a própria honestidade consigo mesmo, em troca da compania homogênea do rebanho? A que preço?

Em defesa das individualidades

  Estamos em um momento em que tudo está se padronizando. Os comportamentos de diferentes pessoas parecem estar caminhando para a igualdade, as pessoas estão cada vez mais parecidas; sempre com o mesmo corte de cabelo, usando roupas parecidas e as opiniões sempre com diversas semelhanças. Será que estamos nos tornando uma massa homogênea e as individualidades estão morrendo aos poucos? Ou já somos todos iguais e a originalidade é apenas uma ilusão?
    Perguntas como estas surgiram no momento em que comecei os estudos sobre o fato social de Durkheim. Consistindo no agir do homem em sociedade, o fato social para Durkheim é exterior ao indivíduo, ou seja ele é imposto aos homens e está fora do nosso controle estabelecer se eles existirão. O casamento, por exemplo, é algo que muitos afirmam ser uma "instituição falida", mas ao mesmo tempo aqueles que não se casaram são vistos com um certo nível de preconceito por todos. Mas qual a real utilidade do casamento? Se unir a alguém que você ama para o resto da vida formalmente? Para iniciar o processo de constituição de família? Não, o casamento nada mais é do que um padrão que todos querem seguir e não sabem a razão. Ninguém precisa fazer do seu amor um grande evento, a meu ver um compromisso sincero e simples entre duas pessoas vale mais do que um compromisso firmado em uma grande cerimônia. No entanto, nos vemos forçados a seguir rituais como este, porque somos ridicularizados se não o seguirmos.
   Pensamos que a nossa consciência individual é que rege os nossos comportamentos, porém, a consciência coletiva- que tem como expressão mais importante a sociedade- tem uma influência gigantesca em todas as nossas ações. Então, se a consciência coletiva for o nosso verdadeiro guia, não seria a hora de construirmos novas percepções e reformularmos certos valores? Afinal, estamos conservando rituais que não possuem nenhuma utilidade, e valores que não possuem nenhum sentido. E assim, tornaríamos a sociedade mais apta para acolher todas as diferentes consciências; tornando a individualidade algo bom, e não algo digno de coerção.

O Fato Social - Durkheim


Na importante obra sociológica denominada As regras do método sociológico, de 1895, Durkheim afirma que “espera ter definido exatamente o domínio da sociologia, que só compreende um determinado grupo de fenômenos. Um fato social reconhece-se pelo seu poder de coação externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela existência de uma sanção determinada ou pela resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual que tenda a violentá-lo [...]. É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”. Os fatos sociais dariam o tom da ordem social, sendo construídos pela soma das consciências individuais de todos os homens e, ao mesmo tempo, influenciam cada uma.
importante é ver a realidade objetiva dos fatos sociais, os quais têm como característica a exterioridade em relação às consciências individuais e exercem ação coercitiva sobre estas. Mas uma pergunta se coloca: de onde vem esta ação coercitiva? Pensemos em nossa sociedade atual. Fomos criados, por nossos pais e pela sociedade, com a ideia de que não podemos, em um restaurante, virar o prato de sopa e beber de uma só vez, pois certamente as pessoas vão rir ou talvez achar um tanto quanto estranho, já que existem talheres para se tomar sopa. Não existem leis escritas que impeçam quem quer que seja de virar o prato de sopa, segurando-o com as duas mãos para beber rapidamente. No entanto, a grande maioria das pessoas se sentiria proibida de praticar isso. Da mesma forma, por que quando trabalhamos em um escritório ou algum lugar formal os homens estão de terno e não de pijamas? Isso é a ação coercitiva do fato social, é o que nos impede ou nos autoriza a praticar algo, por exercer uma pressão em nossa consciência, dizendo o que se pode ou não fazer.
Se uma pessoa experimentar se opor a uma dessas manifestações coercitivas, os sentimentos que nega voltar-se-ão contra ele. Em outras palavras, somos vítimas daquilo que vem do exterior. Assim, os fatos sociais são produtos da vida em sociedade, e sua manifestação é o que interessa a Sociologia.

Arthur Gouveia Marchesi

O fato social e a coerção

          Estudar Durkheim é se deparar com elementos novos e antigos do método sociológico. Seguindo a linha de raciocínio de seus antecessores, ele prega uma sistematização baseada na lógica, com o sociólogo analisando os fenômenos de fora, sem se envolver, sem fazer qualquer tipo de juízo de valor. No entanto, mesmo sendo um conceito já pregado por outros filósofos, continua sendo algo dificílimo de realizar.
          Segundo Durkheim o sociólogo, assim como todas as outras pessoas, é influenciado diretamente pelo meio onde se encontra. É o que ele chama de fato social. Todos que vivem em algum tipo de comunidade e, consequentemente, se relacionam com outras pessoas sofrem ação coercitiva delas. Valores, hábitos e conceitos são impostos diariamente e de modo que se incorpore aquilo e passe a acreditar que veio de dentro de si próprio. Essa imposição faz parte de um modelo maior onde cada indivíduo tem alguma funcionalidade dentro da sociedade e ao sair do padrão é condenado, taxado.
          Entra então o conceito de solidariedade do indivíduo no qual esse último abre mão de algumas vontades individuais e desejos em prol da sociedade. Ele entra em acordo com o sistema para que haja harmonia na convivência.
          É dessa forma que, segundo Durkheim, a sociedade se perpetua, sendo coercitiva e consertando instituições que falhem na hora de incutir os valores desejados.

Seguindo a Linha


A principal ideia defendida por Émille Durkheim é a de que o individuo é produto de uma sociedade. Ou seja, o homem não nasce um ser social, ele se transforma a partir da trajetória que cumpre, exercendo este ou aquele papel social. Ainda,  segundo o sociólogo, caberia a educação moldar os indivíduos, impondo-lhes padrões de agir social.

Sendo assim, haveria uma harmonia  e um certo equilíbrio. Mas qual a explicação dada aos desvios de conduta de alguns cidadãos? Para Durkheim, esses desvios ocorrem porque algumas instituições não estão cumprindo o seu papel de padronização.  Como seria possível  que alguém que não tenha passado pela escola  siga os mesmos padrões de conduta se não foram moldados para isso?

É ai que a sociedade mostra suas contradições, ela exige que todos sigam regras para o seu bom funcionamento.  No entanto, ela “falha” , ela exclui, ela marginaliza é como se quisesse selecionar seus   integrantes;  quanto àqueles que não a interessa de alguma forma (seja por raça, cor, cultura ou classe social), ela simplesmente prefere isola-los, esperar que cometam algum desvio para manda-los para uma reclusão, onde não possam ser vistos e assim serem esquecidos. Pois estes constituem a prova viva de que erraram... de que por mais que ela crie regras , estas não são suficientes para torna-la perfeita ou, no mínimo, padronizada e homogênea.

                DIGNIFICAÇÃO DO HOMEM
Conforme fui lendo  “As regras do método sociológico”  de Émile Durkheim, fui ficando pasma. Em seu texto, ele deixa explicita a ideia de que os indivíduos possuem maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores a eles mesmos. Ou seja, o que eu sinto, não está dentro de mim, aliás, pode até estar, mas a causa disse sentimento e a forma que eu expresso esse sentimento, não partem de mim. Estranho, estranho. Estranho porque eu sempre achei que pelo menos minhas dores, meus sorrisos viessem de mim mesma, eu sentia dentro de mim esses sentimentos, e então leio  essas palavras... Também compreendi o real papel da escola, da família e de qualquer organismo social : negar nossos instintos, para que possamos dispor a contribuir como um todo. E é isso mesmo, contribuímos através do trabalho, do silêncio, da aceitação, tornamo-nos aquilo que deveríamos nos tornar: um ser social coagido.
Não gosto de me sentir assim, um ser social que está em constante coação, até porque coação já dá um ar de algo negativo, forçado, podemos estão trocar o verbo, para imposição, o que não altera o sentido da palavra: não é por espontânea vontade que trabalhamos, deixamos nossas vontades de lado não porque somos solidários, ideia da solidariedade do individuou como um todo, não, e sim porque somos moldados para assim agir, o trabalho dignifica o homem. Para mim, a concepção de dignidade é outra, seria uma pessoa honrosa, não por trabalhar, e contribuir para todo um sistema, mas sim por ser considerada dessa forma, por agir de uma forma boa, e boa nesse caso não conforme toda a ideologia dita.
Entretanto, sim, nessa sociedade, o trabalho dignifica o homem. O homem da imagem se sente feliz, a felicidade é contagiante, o sorriso simples, o rosto sofrido, cansado, toda uma vida de miséria, mas agora, ele possui a carteira do trabalho, é um trabalhador registrado ,agora é um ser dignificado... E a coação existente não foi a seguinte: sorria que tirarei uma foto sua com a carteira do trabalho, para que todos vejam sua felicidade ao trabalhar, não, a coação existe desde seu nascimento, ele acredita nessa ideia de que ele é um ser bom por trabalhar, digno, embora tenha que sustentar sua família, trabalhe de sol a sol, viva na miséria, mas pelo menos ele é digno. Como se agora pudesse realmente se conformar com sua situação.


Ao ver essa imagem, algo me doeu. Uma angústia passou pelo meu corpo. Embora eu não saiba de onde venha esse sentimento, eu senti, não sei se esse sentimento é meu, ou ele vem de fora da minha consciência.
Não quero agir conforme estou condicionada a fazer, não quero me desenvolver da forma que todos devem, todos não deveriam ser assim... O que fazer então? Não sei.


Coisificando

Émile Durkheim, defendia a desvinculação da Sociologia de todas as correntes filosóficas, psicológicas, ideológicas e do senso comum. Sendo no estudo da vida social uma das suas preocupações, com a tentativa de aplicar um método dotado de cientificidade, colocando a Sociologia no palco junto com as ciências empíricas e objetivas.
O autor faz da vida social um fenômeno essencialmente moral, e do fato social, coisa. Neste método, coisa opõe-se à idéia. Visto que na natureza só existem coisas, os fatos sociais são naturais e se submetem às leis naturais. Estas podem ser materiais ou não, existindo em cada uma elementos distintos. Mas tal ideia nos induz a analisar todas de maneira análoga, desse modo o material e o não-material tem a ótica de abordagem semelhante. E assim o fato social é analisado como todas as coisas.
A concepção da coisificação surgiu fundada na ideia das representações destes fatos sociais no seio da sociedade. Tal ideia instituiu-se para que pudéssemos estudar conceitos e impressões, o que não aconteceria se concebêssemos, como fatos sociais, apenas as instituições instituídas.
Uma rebelião penitenciária e a moda. O que os gera senão as impressões? O que os arquiteta senão os pré-conceitos e as paixões? São fatos sociais versados de maneiras adversas, porém em essência constituem-se de impressões de naturezas pares, e muitas delas não estão ainda introduzidas na sociedade.
Que todos os fatos sociais são coisas, já se depreendeu, mas o que quase não se sabe é que nem todos eles são instituições instituídas no seio social.

Vivemos em um mundo ocidentalizado, que prega a garantia dos direitos humanos, o modelo democrático de governo e a liberdade das pessoas. Com isso, criamos a ilusão de que pertencemos a uma sociedade mais justa e que tem maior respeito às necessidades humanas e não percebemos que, a todo momento, sofremos uma enorme coerção social.

Se pensarmos, por exemplo, no uso da burca – tão criticado por alguns no mundo ocidental – e no simples fato de comermos de garfo e faca, conclui-se que ambos são hábitos que foram impostos às pessoas de suas respectivas sociedade e, portanto, limitaram a sua liberdade individual. Aliás, pensando ainda por esse lado, qual a diferença entre a imposição do uso da burca e a imposição dos padrões de beleza nos países ocidentais?

A verdade é que as duas violentam o direito de escolha das mulheres segundo a sua própria vontade e marginalizam aquelas que não seguirem os padrões colocados como corretos na sua sociedade. O reflexo de tal coerção pode ser percebido com o aumento do número de casos de bulimia e anorexia conforme a exploração do padrão de beleza da mulher magra foi intensificado.

Estes são apenas pequenos exemplos, mas seguimos um padrão repleto de imposições, as quais, muitas vezes sequer percebemos: o uso de talheres, o uso obrigatório de nossas roupas – garantido, aliás, por lei -, o modo de andar, a maneira de falar etc. Às vezes, notamos que algumas pessoas não se submetem a tais hábitos e criam uma maneira alternativa de agir, passando a ser, inicialmente, marginalizadas. Entretanto, com o tempo, formam-se grupos que estabelecem um novo padrão, com novas imposições, como é o caso dos hippies, punks e emos, por exemplo.

Assim sendo, percebe-se que é praticamente inevitável a criação de regras e padrões a serem seguidos em uma determinada agrupamento social. Podemos pensar até mesmo em uma única família, que estabelece suas próprias regras e um modo de agir para serem seguidos em casa. O membro da família que não se adequa a esse modelo passa a ser cobrado pelo restante da família, podendo até mesmo ser expulso de casa. Isso é estendido para o restante da sociedade, em vilarejos, cidades ou países.


A continuação do pensamento positivista de Durkheim




Durkheim, no desenvolvimento de seu pensamento positivista, acredita que a explicação dos fatos sociais não está vinculada a necessidades sociais imediatas, ou seja, ele é derivado de vontades que regem a sociedade há tempos. Além disso, as instituições, para ele, não teriam surgido do nada, mas sim dessas necessidades, que se adéquam ao organismo social.
Outro fato interessante desse pensamento relaciona-se a divisão do trabalho: esta seria um exemplo de um condicionamento interno que molda as ações sociais. Comparando a sociedade com um corpo, podemos dizer que cada indivíduo exerceria uma função exata, assim como os órgãos no corpo, para que funcionasse o organismo social.
A sociedade, porém, não seria a soma das consciências individuais. Estas não explicariam o caráter absoluto (geral) dos fatos sociais, ou seja, não seria somando tais aspectos que chegaríamos a explicação do fato social, mas este se encontraria enraizado em outro fato social, e sua explicação adviria das ações internas da sociedade.
Por fim, notamos que no pensamento de Durkheim não existiriam conexões causais que explicassem os fenômenos sociais, senão uma faculdade virtual que impeliria a história para frente. Além disso, ele critica a concepção de sociedade de Hobbes (na qual a sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural) e Locke (neste a sociedade trata-se de um direito natural inalienável).


Nossas escolhas como "não-escolhas" (PATE 1 - DURKHEIM)


Tenho controle de minha vida? Essa pode ser uma pergunta que inicia todo o estudo sociológico durkheimiano. Nossas ações, decisões, são pura e simplesmente pessoais ou são internalizadas tão profundamente que nós as tomamos como nossas?
  E assim, com esses questionamentos perturbadores, Durkheim inicia o estudo sociológico não como especulação, mas como ciência fundamentada. O ser, observável em eventos públicos, torna-se componente de uma grande massa com mesmos costumes, cultura e consequentemente com as mesmas ações para determinadas situações. Como cada homem é diferente do outro isso nunca seria possível espontaneamente, a não ser que todas essas concepções fossem introduzidas profundamente no ser, aos poucos, como se fosse algo natural. No filme “A origem” do diretor Christopher Nolan, o protagonista consegue manipular sua esposa de tal forma que ao introjetar uma ideia, muito profundamente, ela absorve tal qual como parte de si, como se fosse algo que partiu dela mesma, bem como a sociedade com seus costumes e cultura.
  Pensamentos e sentimentos em comum não significam que é um fenômeno analisado socialmente e confirmado, comprovado pela sua grande repetição, e sim que as pessoas são predispostas à eles. Dessa forma, nossas escolhas em uma sociedade, se dentro do padrão tido como normal ou aceitável, são ínfimas, ou quase insignificantes, pois somos tomados não só pela não compreensão desse fenômeno, mas também manipulados por diversas instituições e órgãos a aceitar e agir de um mesmo modo para que a sociedade como um todo continue com uma certa coesão, harmonia, interessante à um grupo, ou simplesmente a preguiça toma as pessoas, devido à diversos fatores diários que não possibilitam toda a sociedade refletir sobre si, pela falta de tempo, oportunidade e dinheiro.
  Então, ninguém está acima dessas ideias introjetas, nem mesmo o sociólogo, pois cresceu com uma gama de aspectos que, de tão arraigados, continuarão nele, mesmo depois de ter consciência desse fato.

Sociedade guia do homem.

   Considerado o pai da sociologia, Durkheim em sua obra 'Regras do método sociológico' define-a como a nova ciência social. Em resumo das ideias apresentadas em sua obra, fica definido que o estudo dos fatos sociais deve ser feito tratando os mesmos como figuras materiais. Entendemos isso como a ação de tornar fatos imateriais em objetos concretos para o estudo.
    Durheim, Como fruto do seu método de estudo chega a conclusão que a sociedade prevê as ações dos indivíduos que a compõem, sendo qualquer ação cometida por qualquer um já esperada pela organização social.Ou seja, o individuo criado em meio as regras sociais se comporta de maneira a ter suas ações regidas por estas, voltando ao caso do exemplo de usarmos talheres ao envés de comermos com as mãos.
    A partir da conclusão,de que o individuo é regido pela sociedade, o estudo da sociologia se foca no chamado `fato social´. Esta forma de pensar colocando o todo (sociedade) como foco do estudo para entender o ser humano (individuo) elaborada por Durkheim se tornou a matriz do pensamento da sociologia moderna.
Vicente SG Videira.

Ciência do coletivo


Existe uma força que molda os homens nas suas ações e comportamentos, ao passar por um conhecido na rua e dar "bom dia" você estaria sob essa força da sociedade, dos padrões de conduta, que recebe o nome de fato social; essa força é notada ao tentarmos lutar contra ela, mesmo nos nossos momentos mais íntimos não fazemos coisas que seriam consideradas fora dos padrões, pois ao sermos educados algumas condutas foram incutidas no nosso agir. Durkheim foge dos padrões dando pouca margem ao individual, e se preocupa em estudar o coletivo, já que para ele a explicação está na sociedade e não no indivíduo em si.
Desde pequenos recebemos a educação da nossa família, vamos à escola, igreja, faculdade, e por isso nos comportamos de uma determinada maneira; uma pessoa que não teve uma formação de caráter familiar e escolar não terá os mesmo padrões de comportamento de uma que passou. Para Durkheim o homem não é mau por natureza, as instituições que são falhas, por isso devemos buscar nelas a educação, pois algumas visões não surgem espontaneamente, são incutidas em nós.
Até mesmo o que pode parecer espontâneo, como uma insatisfações, é levado por um estado de alma coletivo; fenômenos marcados pelo individual, como nossas escolhas, são o peso de uma trajetória a ser cumprida; o trabalho não passa de uma expressão do coletivo, de contribuir com o todo; uma pessoa que se veste de uma maneira diferente dentro de um grupo será olhada diferente, pois o que não está no nosso coletivo, nos estranha.
A sociologia é a única ciência em que os seres se analisam, por isso devemos nos distanciar para não fazermos parte do objeto que estamos estudando, pois há um perigo quando o objeto é igual ao observador, já que os elementos passionais afetam nossa análise e devemos construí-la a partir da realidade, e não da ideia que se tem daquilo, há uma inversão no modelo, devemos fugir de especulações, ir além da teoria.
O FATO SOCIAL E A CRISE GREGA 




O resultado recente das eleições na Grécia anunciam a possibilidade de um novo patamar da crise, econômica e social, que aflige a Europa desde 2008. No entanto, com o aumento do desemprego, dos suicídios, da emigração, surge a questão se não se trata, também, de uma crise essencialmente social.


A rigidez da Alemanha quanto ao respeito das condições impostas, por parte dos gregos, pelo bail-out financiado pela União Europeia é fruto de uma consciência coletiva anglo-saxônica, de um fato social, de que os gregos não seriam capazes de gerir sua própria economia, sendo adeptos de comportamentos extravagantes, improdutivos e preguiçosos (http://www.smh.com.au/world/german-greek-tensions-ignite-in-war-of-words-20110624-1gjjy.html). Para os alemães, os líderes da nova Europa, a crise se resume aos dados estatísticos dos bancos e da economia falida da Grécia. Entretanto, a suposta racionalidade alemã referente à crise e sua visão coletiva superam o perigo da generalização, comprovando-se estatisticamente, sendo, portanto, um fato social.

O poder de coerção e a força imperativa do fato social, nesse caso, seria a visão majoritária alemã de que os gregos não teriam condições de se recuperar economicamente sem ajuda externa, e, que os problemas profundos da economia Grega são fruto dá própria inabilidade local de se auto-sustentar (http://www.reuters.com/article/2012/02/26/us-eurozone-germany-poll-idUSTRE81P0BW20120226E). Esse poder de força é identificado pela ameaça de sanção, segundo Durkheim, nesse caso, a sanção define-se pela crescente rejeição aberta aos imigrantes estrangeiros de formadores de opinião, visão essa respaldada por apoio popular(http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2010/09/09/AR2010090903264.html). Portanto, os políticos alemães são seres sociais na medida em que sofrem coerção de uma visão majoritária que limita a resposta individual, no sentido que a possibilidade de sanção eleitoral os impede de agir de forma mais original e inovadora.

Nesse sentido, constata-se que aqueles que sofrem as consequências da crise econômica passam por uma crise social desconhecida de muitos não europeus, e, se há a aceitação que as autoridades competentes responsáveis por idealizar o plano de austeridade ao país helênico, e por liderar a execução das medidas, são afetadas por influencias sociais e por fatos sociais, pode-se afirmar que uma resposta adequada à crise deveria enxergar os parâmetros humanos não financeiros e econômicos.

Somente uma resposta mais pluralista e sociológica encontraria vias reais de resolução da maior crise socioeconômica desde 1929. Uma proposta abrangente, nas esferas social, financeira e econômica poderia trazer a receptividade do povo grego para as medidas de austeridade impostas verticalmente por Berlin e Paris. Em um contexto de diálogo e cooperação, concessões podem existir, e assim, os pré-requisitos necessários para o retorno da estabilidade política estariam sedimentos para a reconstrução de uma Grécia arrasada.


A Ilusão da Liberdade

“Liberdade: essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Vivemos atualmente sob o signo do liberalismo, palavra que remete, antes de tudo, à liberdade - não apenas econômica, mas política e social. Assim, desde muito cedo somos levados a dar um grande valor à liberdade.
Contudo, será que todas as nossas crenças e opiniões, em que acreditamos estar usando nossa liberdade de escolha, realmente são frutos de nosso livre-arbítrio?
Quando crianças, nossos pais nos “educam”, impondo-nos uma maneira de pensar: quais valores seguir, em quais crenças acreditar... Com o passar do tempo, vamos sendo iniciados em novas instituições além da família, como a escola e a igreja. Dessa forma, muitas outras ideias vão sendo impostas em nossa consciência. Exemplo disso é o desespero que sentimos quando não há nada para fazer ou quando dormimos o dia todo. Há, assim, uma aceitação do ócio como algo prejudicial, legado do protestantismo e base do capitalismo. Percebemos, desse modo, que nossas escolhas não passam de ilusão.
Será, então, que não há nenhum modo de exercer a tão sonhada liberdade? Podemos, primeiramente, agir cartesianamente, colocando em dúvida tudo aquilo que acreditamos como sendo o “correto”. Após essa revisão de valores, devemos buscar conhecer as doutrinas que antes imaginávamos como inadequadas. Assim, se uma pessoa é inicialmente adepta ao capitalismo, deve colocar sua maneira de pensar em questionamento e, totalmente despido de suas crenças, buscar conhecer os outros modelos. Somente desse modo, ela poderá seguir ou não o capitalismo de acordo com sua verdadeira escolha.
Entretanto, ainda que tenhamos escolhido qual doutrina seguir, somos a todo momento levados a agir de acordo com a consciência coletiva dessa teoria. Dessa forma, percebemos que não há como exercer um livre-arbítrio total, uma vez que vivemos em sociedade.
Assim, ainda que procuremos minimizar a falta de liberdade, colocando em dúvida nossas crenças e redefinindo valores, sempre seremos marionetes sociais. A liberdade é uma ilusão. E a única forma de realmente possuirmos livre-arbítrio é, infelizmente, a morte.

   

              Émile Durkheim, filosofo que se dedicou muito mais a sociologia do que a própria filosofia, acreditava que o homem deixou de ser de ser  animal quando aprendeu os hábitos e costumes do grupo social em que vivia, dessa maneira ao se "Socializar" ele passou de animal a um ser Humano. 
              A partir da visão do homem sociável, vivendo em sociedades, ele definiu o que viria a ser um fato social coisificando-o e aplicando para isso três características, na qual seriam elas: generalidade, exterioridade e coercitividade.
              Considerando ainda, fato social como algo social que não necessita do indivíduo, mas sim do agir do Humano dentro do espaço em que vive em decorrência dos hábitos e costumes que aprendeu.
                que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais.” 
                Durkheim dá a educação o papel de construtor do ser sociável, incumbindo-a de transmitir ao indivíduo as regras, os hábito e costumes que caracterizam o seu grupo social para que assim esses possam viver interagindo uns com os outros. 
                    


     Guilherme Paim

Submetendo-se aos Padrões

Émile Durkheim priorizou o estudo da sociologia como uma ciência capaz de analisar os fatos socias. Essa ciência deveria observar os fatos socias como coisas, sem levar em conta possíveis conceitos pré-estabelecidos, pois isso poderia prejudicar a busca pela verdade científica. No entanto, isso nao significa uma desumanização dos fatos por Durkheim, apenas a intenção de estudar o objeto em si, livre de influências.

Segundo Durkheim, os indivíduos sofrem, a partir do momento em que nascem e sao inseridos na sociedade, diversas formas de imposições de valores e comportamentos. Essas imposições ocorrem por diversas instituições socias como, por exemplo, familia e escola. As regras, apesar de impostas, sao percebidas pelos seres como um comportamento espontâneo. Passamos a aceitar esses valores, interiorizando-os e nos acomodando a eles como se fossem frutos da nossa própria personalidade.

Deve-se, ainda, levar em conta que a transgressão a esses valores leva o indivíduo a uma espécie de marginalização social, pois este fica sujeito a sofrer punições por agir de forma contrária aos comportamentos seguidos pela maioria. Punições de âmbito social, ou seja, exclusão. A partir dai podemos descatar, ainda, o suicídio social, o qual se faz resultado das pressões sociais e da não adaptação aos padrões pré-estabelecidos. Extremo de uma sociedade que molda os comportamentos e rejeita tudo aquilo que os contradiz.

O que pode parecer um impulso pessoal, as vezes, na verdade é um padrão ja estabelecido pela sociedade. Tradições como casar, ter filhos, podem ser consideradas fatos sociais, uma vez que são hábitos ja estabelecidos pela sociedade e quando contrariamos esses conceitos sofremos as pressões sociais. Portanto, o homem é por natureza um ser social, que se transforma a partir de sua trajetória nas instituições sociais, adquirindo comportamentos que nao são propriamente pessoais, mas sociais.

Giovanna Cardassi dos Santos Yarid

 

Durkheim e o Fato Social


  Émile Durkheim é considerado um dos pais da Sociologia moderna. Em seu livro 'Regras do método sociológico', coloca a Sociologia como a nova ciência social. No primeiro capítulo, afirma que os fatos sociais devem ser tratados como objeto, o que veio a ser o tema central de sua obra.

  Ao fazer tal afirmação, Durkheim mostra que cada ação individual ou grupal dentro da sociedade é prevista pela mesma. Mostra que o modo de agirmos, pensarmos ou criarmos é tangenciado pelas normas sociais a que estamos incluídos. Seja por costumes, dogmas morais, religiosos ou pela economia estatal. A existência da sociedade então passa a se tornar independente de manifestações individuais nela ocorridas. Dessa forma, o 'Fato Social' torna-se o objeto de estudo da Sociologia. 


  Com o passar do tempo, esse pensamento ganhou forças e vê-se sua utilidade no mundo contemporâneo. Muitas vezes, é somente pelo estudo do 'todo' que podemos entender suas particularidades. Isso se prova através das correntes morais que formam as diferentes vertentes políticas na sociedade, correntes essas que são formadas pelo Direito Público, e somente pelo estudo desse (o todo) às compreendemos.

Nicole Gouveia Martins Rodrigues

"Selvagens conscientes"


Émile Durkheim, francês, é considerado um dos pais da Sociologia moderna, pois introduziu ao pensamento científico o conceito de fato social.
Para Durkheim, os fatos sociais devem ser tratados como coisas, e se imprimem nelas. Isso pode ser notado ao observarmos os códigos de leis, as modas ou os gostos.
Os fatos sociais, como coisas, têm três características: a coerção, ou seja, o padrão cultural do grupo estudado; a exterioridade, que defende a ideia de que os padrões antes relacionados são exteriores aos indivíduos e, portanto, independentes de suas consciências. Também há a generalidade, que explica que um fato social não existe em um único indivíduo, mas na sociedade em geral. É exatamente aí que se enxerga o padrão social, algo que é imposto a alguém, que já estava lá antes e que continua, não dando escolhas aos indivíduos.
Os fatos sociais, sendo coisas, não têm caráter de um fenômeno orgânico ou psíquico, constituindo maneiras de pensar, agir ou sentir.
Durkheim baseia sua pesquisa no conceito de “Consciência Coletiva”, partindo da ideia de que todo homem é um selvagem que se tornou sociável por necessidade de conviver com seus semelhantes, aprendendo costumes e hábitos. Para ele, a “Consciência Coletiva” seria originada nesse processo de socialização do homem e nela se fixam os fatos sociais. Os fatos variam de cultura para cultura, mas todos têm em comum a base da moral social, que estabelece um conjunto de normas e regras, ditando o que é certo ou errado, legal ou ilícito, permitindo a convivência entre os ‘selvagens conscientes’.

Sociedade escravizada

      Os hábitos,comportamentos;o fotótipo de vida a que seguimos na sociedade ocidental contemporânea correspondem a uma imposição de regras estabelecidas pela própria sociedade e ,independem do desejo e liberdade de exercê-los ou não em nossa individualidade e particularidade.Essa afirmação é verdadeira pois pode ser aplicada no contexto da proposta elaborada por Émile Durkheim;no qual ele disserta  em “As regras do método sociológico” acerca do “Fato Social”,afirmando que este se define por aquilo que independe do desejo individual do homem,o qual age de acordo com as regras sociais.
      Um exemplo concreto dessa imposição presente na sociedade é a questão do trabalho.O trabalho é visto por todos como uma identidade do indivíduo,como fator determinante de sua dignidade.Quando ocorre a pergunta “Quem é você?” a primeira resposta que se dá é o nome e a segunda é a profissão,como se isto fizesse parte do caráter do cidadão.Porém,o que evidencia que a relação do trabalho não emana da essência do ser humano é o fato deste ter necessidade de ser  remunerado para existir.O trabalho é algo de desinteresse para o homem;tanto isso é fato que POSSUI um valor(econômico),ao invés de SER um valor(ético).
      Outro fato concreto que solidifica o argumento citado é a agregação do caráter ao vestuário do indivíduo.Por todo o mundo ocorrem casos de estupro,no qual o réu é absolvido ao constatarem que a vítima se encontrava,na ocasião do crime,trajada com roupas curtas ou justas;culpabilizando-a do crime como se o modo de se vestir justificasse a efetuação do crime.Em contraposição a estas absolvições expandiu-se a chamada “Marcha das Vadias”,na qual mulheres se vestiam com roupas insinuantes em uma passeata como protesto a tais crimes de estupro,alegando que usar roupas curtas ou justas não significa ser prostituta ou querer ser violentada;o que é fato.
      A população não deve se submeter a tais imposições.Quem se sentir prejudicado por essas regras presentes na sociedade tem o o dever de manifestar seu descontentamento como ocorreu na “Marcha das Vadias” ou em tantas outras “marchas”.Ninguém tem o direito de ditar regras quanto à maneira de se vestir,ou de se comportar.O caráter diz respeito à essência do indivíduo,não ao fenótipo .

O bicho homem



          Um dos princípios de Durkheim é que nós humanos não passaríamos de animais, porém “socializados”. Tal ideia pode causar reflexão, já que, em teoria, a espécie humana é a dotada de inteligência, e a com maior capacidade de raciocínio da natureza.
           É no mínimo curioso imaginarmos um humano vivendo em estado selvagem. Para satisfazer a curiosidade, com uma breve pesquisa é possível o acúmulo de diversas informações sobre casos semelhantes ao proposto por Durkheim.

           O primeiro é o interessante caso de Kaspar Hauser, que viveu na Alemanha. Hauser quando jovem foi criado absolutamente isolado. Seu único contato com humanos era com alguém, que diariamente o alimentava. Com sua falta de socialização, Hauser não desenvolveu a habilidade de se comunicar verbalmente, ou, principalmente, de forma escrita. Entretanto após aproximadamente 15 anos de reclusão o garoto foi deixado na praça principal de uma grande cidade alemã, com apenas uma carta na mão que continha uma breve explicação sobre sua história. Após viver na cidade, e poder entrar em contato com outros humanos Hauser passou a aprender a se comunicar e a progressivamente se portar como os demais moradores da cidade. Este caso foi muito divulgado pela a Europa, e ganhou notoriedade com o filme alemão “O Enigma de Kaspar Hauser” (Jeder für sich und Gott gegen alle), de Werner Herzog, de onde foi retirada a foto do início do texto.

          O segundo caso é mais recente, é o caso de Oxana Malaya, a “garota cachorro”. Ela teria vivido dos três aos oito anos, em uma matilha, onde teria se desenvolvido físico e mentalmente. Com o passar do tempo ela foi reinserida na sociedade, porém mesmo hoje, com vinte e oito anos ainda guarda resquícios de seu desenvolvimento canino.

          Estes casos, de certa forma, confirmam o princípio de Durkheim, que o homem seria um animal socializado, e mais que isso, cria um questionamento sobre a verdadeira “supremacia” do homem em relação aos outros animais, se não conseguimos nos desenvolver sem o exemplo de um semelhante. Este pensamento é muito válido nos dias de hoje, em que a questão ambiental é discutida com tanta freqüência. Se os homens dependem de si para se desenvolver, da mesma forma que a grande maioria dos outros seres vivos, por que razão deveriam ser considerados soberanos ante as demais espécies, quando se trata da utilização dos recursos naturais?


Durkheim Hoje: Perpetuação das morais



          Mesmo havendo opiniões que contrariam a visão de Durkheim, este, parece enquadrar em seus pensamentos, explicações muito persuasivas sobre a sociedade. Sua descrição de Densidade Material no que tange a interconexão entre os habitantes de uma sociedade possibilitando a existência de uma “vida comum” pode ser observada tanto em países ocidentais como em uma tribo isolada no coração da África.
          Uma  vez que cada sociedade tem como um “objetivo maior” a continuidade dela própria, independentemente dos fatos sociais que sejam considerados normais, essa sociedade não estaria empenhada na auto sabotagem, resultando no seu fim.
          Dentro dessa linha de raciocínio o relativismo cultural e o distanciamento do fato social ajudam no entendimento dos diferentes costumes que, mesmo que apreçam destituídos de sentido para o mundo ocidental, contribuíram para a continuidade de determinada sociedade.
          O que é conflitante hoje é o fato de diferentes costumes chocarem a comunidade internacional ocidental que tem uma moral pautada nos Direitos Humanos e que tenta de uma forma ou de outra, interferir em assuntos considerados internos de países radicais.
          Existe para Durkheim uma auto negação do indivíduo em prol do coletivo que resultaria em moral. A coerção existente na sociedade seria pois para a afirmação dessa moral coletiva e que por consequência estaria ligada a sustentação da própria sociedade. Assim, de suas próprias maneiras, essas sociedades estariam então lutando para se preservar, mesmo que seus costumes sejam, muitas vezes, brutais.
          Com base no que foi exposto acima pode se entender que as diferentes formas de organização social estão muito expostas atualmente, é impossível esconder algo, principalmente em sociedades onde a existem veículos de comunicação.
          Com isso é perceptível a ascensão de debates relativos a qual moral seria melhor para aplicação mundial. Considerando apenas países, não vivemos mais em um mundo dicotomico e sim em um mundo com pluralidade de culturas e morais sendo muito difícil chegar a um acordo sobre qual moral deveria ser seguida. Isso faz com que a tolerância seja um desafio gigantesco uma vez que os detentores de diferentes morais, julgam-se absolutamente corretos.

Causa eficiente, vale pro Brasil?


Émile Durkheim em sua obra “As regras do método sociológico” discute sobre algo chamado “causa eficiente” que transmitiria uma mensagem para todo o corpo social, para evitar, ou parar uma lesão nesse corpo. Mas, sendo o Brasil um corpo fortemente baleado, há causas eficientes possíveis para tanto?
                Tentamos o positivismo por um bom intervalo de tempo, temos o “ordem e progresso” em nossa bandeira, mas o resultado não foi o esperado, já que tudo que tivemos foram revoltas e mais abalos no corpo social no início do século XX.
Por outro lado, pode ser que estejamos encontrando um caminho, dessa vez mais durkheiminiano: A operação da Secretaria Municipal de assistência social do Rio de Janeiro acolheu 65 pessoas da cracolândia do Jacarezinho em abrigos, sendo 5 deles menores de idade; os fortemente dependentes são levados a tratamento em uma das quatro unidades de abrigamento compulsório. Ao menos, teoricamente, a ação parece boa, mais próxima de uma causa eficiente, apesar de não sabermos exatamente como procedem a essas ações.            
Drukheim e Comte defendem que cada individuo tem seu lugar na sociedade, de igual importancia, porém há lugar para essas pessoas? Qual seria? É nesse ponto que entra talvez a causa mais eficiente para o Brasil: a educação. Em longo prazo, esta abre espaço para essas pessoas no corpo social, além de resolver outras lesões. Problema: o investimento nessa causa deve vir de uma parte já lesionada, o Estado. Então, essa de causa eficiente, de parar uma lesão, vale pro Brasil, ou já somos terminais?




Murilo Aires

Marionetes?


Em seu livro, “As Regras do Método Sociológico”, Émile Durkheim elabora toda uma teoria sociológica a respeito dos acontecimentos que norteiam internamente a sociedade, dos fatos sociais, ou seja, daquilo que tem como substrato o agir do homem. No desenvolvimento de sua obra, há também dizeres sobre o caráter coercitivo da sociedade sobre o indivíduo de forma que, por detrás de seus impulsos, existem imposições coletivas.

Durkheim ainda alega que embora a coerção aconteça, ela não necessariamente exclui a personalidade individual.  Tal afirmação, no entanto deixa margem para alguns questionamentos, como o seguinte: Até quem ponto, na realidade sugerida pelo sociólogo, haveria liberdade?

Na atualidade, os modos de comportamento são padronizados. Que roupas usar, aonde passear, quando casar e ter filhos, que empregos possuir, as respostas para tudo isso já estão enraizadas na mente da população e esta faz de tudo para seguir as normas sociais de conduta estabelecidas. Nesse sentido, a existência da liberdade é algo questionável, pois as ações humanas seriam fruto de uma cadeia de influência, de algo já montado. As próprias opiniões do ser humano a respeito de que atitude tomar sobre a vida ou o cotidiano podem ser postas a prova no aspecto da originalidade então.

Nesse sentido, seríamos marionetes? Teríamos fios sociais os quais controlariam nossa movimentação? 

As respostas para tais indagações são abstratas, porém a reflexão sobre as mesmas pode ser muito produtiva, pois permite a construção de um senso crítico mais apurado naquele que se dispõe a fazê-la.









Sobre Durkheim e o meio social

Os vínculos morais comuns e as possibilidades dos habitantes que ocupam o mesmo espaço físico de se interconectarem definem o meio social.
A sociedade não representa a soma das consciências individuais, é a expressão de uma consciência coletiva.
Os indivíduos que estão inseridos num grupo pensam, agem e sentem diferente de quando são apenas indivíduos. É nessa natureza que é preciso buscar as causas próximas e determinantes dos fatos que nela se produzem.
Sentimentos como religiosidade, ciúme sexual, piedade filial e amor paterno resultam da organização coletiva ao invés de constituírem sua base.
 Os fatos sociais se consolidam a partir de causas eficientes que se vinculam ao ordenamento geral do organismo social, ao equilíbrio do grupo.
Para Durkheim, a coerção da sociedade emana da realidade, é produto de causas dadas, da funcionalidade que se depreende da condição dependente dos homens. A disciplina social é condição essencial da vida, a realidade social ultrapassa o indivíduo. 

Coação social


    Para Durkheim a sociologia é a ciência das realidades, o papel do sociólogo é compreender e interpretar os mecanismos de coerção sobre a sociedade, ele não deverá evidenciar o individuo uma vez que a maioria de nossas ações são feitas em prol do coletivo, logo o objetivo da sociologia são os  fatos sociais que devem ser analisados como coisas, a analise da sociedade é, portanto, o fator chave para o sociólogo.
    O fato social são todos os fenômenos que acontecem em uma sociedade com certa generalidade e com interesse social mas para que todas as ações humanas como comer, beber não sejam consideradas fatos sociais Durkheim delimita que só há fato social quando existe uma organização definida, regras jurídicas, dogmas religiosos, por exemplo.
    A  sociedade nos impõem visões e comportamentos pelos quais jamais chegaríamos espontaneamente, essa “educação” para a vida em sociedade é imposta pela educação familiar assim como pela educação escolar, dessa maneira é forjado o ser social, então não podemos esperar que um individuo que não tenha tido educação familiar e quando introduzido à educação formal que por muitas vezes é falha em nosso pais se torne um homem com valores interiorizados iguais ao de um individuo que foi perfeitamente forjado pela educação.
    A pressão estabelecida na sociedade para que perpetuemos os moldes já firmados gera na sociedade preconceitos contra aqueles que não estão adequados a estes moldes, não casar na faixa etária considerada normal, casas e não ter filhos, não gostar de trabalhar são motivos que já fazem muitos olharem essas pessoas com olhos diferentes daqueles que estão nos padrões. O suicídio ira ser para Durkheim o resultado de múltiplas pressões da sociedade industrial, religiosa que imprimem preconceitos a sexualidade, a moral, entre outros. Não se encaixar no molde imposto faz com que o individuo fique angustiado, o suicido irá se tornar não uma decisão individual de acabar com a vida, mas sim de fugir das pressões da sociedade, principalmente da sociedade industrial.
   Os costumes e valores impostos pela sociedade estão tão enraizados em nós que algumas formas de comportamento mesmo que expressem vontades individuais trazem já consigo hábitos forjados na dimensão do coletivo, segundo Durkheim.
   Portanto, a população, a urbanização, a arquitetura, e estrutura política irão sempre ser reflexos de determinados padrões culturais, revelarão decisões coletivas sobre a forma de sociabilidade. 

Indivíduos autênticos?


Émile Durkheim parte da ideia de que o indivíduo é fruto da sociedade e portanto é essencial que o objeto de estudo da sociologia sejam os "fatos sociais", que influenciam e determinam as atitudes e os comportamentos do ser humano na sociedade. Os fatos sociais regem a ordem social, são construídos com a junção das consciências individuais de todos os homens e, ao mesmo tempo, influenciam cada uma. Eles têm o poder de coerção sobre os indivíduos, fazendo-os agir de acordo com uma maioria e não de acordo com suas vontades individuais.
Podemos classificar como fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, costumes, enfim, todo um conjunto de “coisas”, exteriores ao indivíduo e aplicáveis a toda a sociedade, que são capazes de determinar suas ações. Um indivíduo em um restaurante, por exemplo, dificilmente comerá com as próprias mãos na ausência de talheres; mesmo na intimidade de sua casa, a pressão moral que a sociedade exerce em cima desta atitude é tão grande que o indivíduo não se sente à vontade nem mesmo quando não há ninguém para observar.
A própria sociedade é quem cria esses mecanismos de coerção, fazendo com que os indivíduos aceitem de uma forma ou de outra as regras estabelecidas, mesmo que não percebam esse pacto que estão estabelecendo.
É fato que as ideias de Durkheim são extremamente atuais, visto que os indivíduos estão cada vez mais buscando a aceitação social e o "encaixe" em grupos determinados por uma ideologia de manutenção da ordem na sociedade. 

Eu: menos eu, mais sociedade



Ontem poderia ser mais um dia qualquer. Mais especificamente, mais um domingo qualquer. Mas não foi. Estávamos no segundo domingo do mês de maio e, portanto, Dia das Mães aqui no Brasil e em diversos outros países do mundo. Muitos dizem que é apenas mais um dia comercial, afinal, Dia das Mães podem ser todos os dias. Porém, é fato: espera-se, se não a companhia, pelo menos um tratamento especial dedicado às mães nesse dia. É um costume, um hábito. Um costume talvez não tão arraigado quanto o uso de roupas ou o uso de talheres para comer, mas ainda sim, um costume.
Os costumes, assim como as regras jurídicas, morais, os dogmas religiosos, etc. são exemplos dos chamados fatos sociais. E são exatamente esses fatos sociais que devem ser o objeto de estudo da Sociologia, segundo Émile Durkheim, o Pai da Sociologia. Em sua obra, “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim apresenta o fato social como algo que influencia o indivíduo em suas ações, porém, é exterior a ele. Uma espécie de molde, um padrão a que nos sujeitamos perante a sociedade, para que sejamos aceitos dentre seus membros.
Assim, num pensamento sistêmico – no qual somos diversas engrenagens - e pós- positivista, espera-se que “funcionemos” de determinada maneira, pré-estabelecida, que, pela educação que recebemos, através das diversas Instituições (família, escola, Igreja, Estado...) manterá o status quo. E, portanto, se não cumprirmos nosso “papel”, nos tornaremos um “peso”, um estorvo para a sociedade.
            Além disso, é também a partir da ideia de Durkheim que tem início o que hoje conhecemos por “relativismo cultural”. Com a ideia de educação como base para a construção do comportamento individual, é natural que, se temos diferentes culturas, teremos diferentes grupos sociais. Assim, Durkheim também serviu de base para a Antropologia
            Enfim, percebemos o quão importante foi o pensamento de Durkheim para que entendêssemos as nossas próprias reações aos fatos cotidianos e às demais ações da sociedade. Porém, por vezes, esse hábito de prosseguir com padrões pré-estabelecidos pode entrar em choque com as diversar transformações através dos tempos, ou ainda, gerar certa acomodação em situações em que mudanças seriam necessárias.