segunda-feira, 30 de abril de 2012

Positivismo

                  No século XIX, Augusto Comte foi um dos percussores do Positivismo. Tal corrente pouco prega a mudança de classes social, acreditando que cada indivíduo tem uma função importante dentro daquilo que atua. Ou seja, para Comte é necessário que haja o catador de lixo, o balconista, o padeiro, o médico, o engenheiro, o advogado, pois se alguma dessas classes falharem reinará uma desordem na sociedade. É simples, imaginemos um mundo sem catadores de lixo. Quanta sujeira e mal odores dominaria as nossas ruas e consequentemente, quantas doenças não se propagariam? No entanto, não se pode confundir a existência de diferentes ordens sociais com a existência de enfermidades sociais. A miséria, por exemplo, é uma enfermidade social e a sua existência afeta na evolução da sociedade. Por isso mesmo, é algo que tem que ser combatido para se alcançar a ordem e o progresso.

                       Augusto Comte


                    Por outro lado, porque chamar alguém de positivista virou uma maneira de ofender o próximo? O positivismo jurídico está muito ligado ao dogmatismo, legalismo, conservadorismo e é muito combatido pela Dialética. Hans Kelsen - um dos maiores nomes do positivismo jurídico - afirma que o Direito " se resume exclusivamente à norma; o chamado conteúdo social da regra jurídica, que revela a n-dimensionalidade do Direito, é alheio a esta disciplina, constituindo o objeto de outras ciências sociais; não há colocar qualquer fenômeno ideológico ou axiológico na ciência do Direito, fora do qual se situa, do mesmo modo, o problema da justiça." Em outras palavras, o positivismo está muito associado as normas, as leis, esquecendo-se que o Direito é uma construção social, produto da convivência e trabalho de construção teórica.

                                                           

                         Hans Kelsen

Postagem referente a leitura de Bacon, a pedido do Agnaldo

Eu me apresento a vós despido
Despido e também livre como uma criança
E assim faço do complexo ao simples
Dou a vida a lógica, e faço dessa, arma
Tal que me permita destruir seus ídolos
Erros peculiares de cada indivíduo
Erros de doutrina filosóficas influentes
Erros da ambiguidade de cada palavra
Erros que fazem verdade percepções
Do sentir e do pensar
E assim conhecendo as leis da natureza
Por experiências e métodos em meu mundo empírico
Passo de dominado a dominador
E declaro enfim: Saber é poder.



Guilherme Paim

 
Construção positiva
Uma sociedade organizada onde cada indivíduo desempenha sua função e cada função possui um importante valor em si mesmo para a manutenção de uma organização social, parece uma agradável visão. Assim, cada função deveria ser cuidadosamente orquestrada de modo que conjuntamente colaborassem para a execução de um fim comum, que visa uma positiva ordem e evolução. Toda função poderia ser bem recompensada uma vez que ela se constitui como uma importante peça para a realização de um fim social comum. Não obstante a esse ordenado e mecânico caminho rumo a uma idéia de progresso, cabe a pergunta sobre a verdadeira natureza e conceito de progresso. Se determinada teoria positiva não está construída sobre alguns axiomas e se uma teoria social positiva não seria construída para abarcar e resolver determinada gama de situações históricas específicas, que transformadas essas situações ou frente a novos problemas futuros não seja necessária (ou ao menos mais adequada) a criação de um novo sistema social assentado sobre diferentes premissas. Esta é em pequena parte a idéia defendida por Thomas Kuhn em sua Estrutura das Revoluções Científicas, onde paradigmas científicos estão construídos sobre axiomas e devem resolver e explicar determinada gama de situações. Assim, cabe a pergunta se o conhecimento é realmente positivo, ou antes, uma simples construção humana com o objetivo de resolver e ordenar problemas específicos.
                           O FUTEBOL POSITIVO DE GUARDIOLA




Pep Guardiola anunciou, recentemente, sua saída do maior time de futebol de todos os tempos.Deixará saudades não somente por ter formado uma constelação de vencedores que trouxe o futebol de volta à arte, mas também porque propôs um novo modelo de futebol: um futebol positivo.

Futebol positivo porquê fez uso de princípios claros , fundamentados e objetivos para à formação de sua constelação futebolística.Com a sua proposta, Guardiola levou a exatidão , a mecânica , ao futebol.Ao sistematizar seu esporte, iniciou um processo pelo qual o baseball, o basquete e o futebol americano já haviam passado um século antes.
O modelo do treinador catalão pode ser considerado positivo por encontrar-se no terceiro estágio do conhecimento, segundo preceitos positivistas.O primeiro estágio, o teológico , seria o do Botafogo de Garrincha.Time esse que ganhou tudo liderado por um jogador de pernas tortas, joelhos inflamados, fumante e alcoólatra.A ciência não podia explicar seu sucesso como atleta, talvez, seu sucesso seria obra divina.O segundo estágio , para o positivismo , seria o do conhecimento metafísico.Estágio esse tão sublime, tão perfeito , que suas origens caberiam às justificativas dos deuses.A seleção de 70, e a genialidade de Pelé , foram , consequentemente , exemplo vívido do estágio metafísico positivista.
Pode-se argumentar que a seleção de 70 fora superior que o Barcelona de Guardiola, talvez sim.No entanto, seu modelo de futebol parece incontestável.Seu time acreditava na estática e na dinâmica, na ordem e no progresso.Todos jogadores apresentavam disciplina tática, todos marcavam,todos tinham  sua função vista como fundamental ao sucesso da equipe,eram cientistas da bola.No ataque, todos atacavam , em bando, com posições flexíveis, sempre com a posse de bola e com contundência, ou seja, dinâmica ao atacar; revelavam , portanto, sua formação positivista ,uma visão completa do conjunto e não unicamente de seu papel social.O futebol do Barcelona era  mecanicamente organizado, cada engrenagem tinha a sua função no funcionamento da máquina.Futebol esse que era empírico, baseava-se nos fatos, nos títulos.Ganhou 14 títulos em 4 anos.Um modelo que pode ser comprovado cientificamente, um futebol positivo, diferente da Holanda de Cruffy  que jogava tudo e não conquistava nada.
Ademais, Guardiola acreditava no uso complementar da ciência ao seu futebol positivo.Uso da biologia já que todas as peças do elenco eram similares quanto ao preparo físico, à força física, à velocidade.Uso da matemática e da estatística uma vez que havia perfeição milimétrica nos passes, contra-ataques geometricamente planejados.Perfeição estatística de todo o elenco.
O positivismo,logo, não está superado.Seus conceitos pode ser fundamentais a todos campos do conhecimento e da sociedade.Técnica,disciplina,ordem e crença no progresso fizeram parte da revolução imposta pela equipe de Guardiola.Assim, provou-se que a filosofia natural, que a física social podem ser úteis a diversos grupos sociais, não exclusivamente aos militares e conservadores radicais.


A supervalorização da técnica


Augusto Comte, com sua filosofia positiva, faz refletir a respeito do método de conhecimento utilizado na intelectualidade contemporânea. Trata-se de um método geometricamente fragmentado – a chamada didática - que visa muito mais à perfeição técnica do profissional.
É recomendável refletir até que ponto tal fragmentação é nociva e até que ponto é útil e necessária na transmissão do conhecimento.
Comte diferencia os termos ciência e técnica, sendo esta a responsável pela praticidade, a aplicação, as ações profissionais em si, e aquela a preceptora da reflexão, dona de um caráter muito mais filosófico.
O profissional-cidadão completo é aquele que possui como base do conhecimento um panorama holístico da realidade, o capaz de interpretar o mundo a fim de melhorá-lo (proposta que coincide com o fim da física social).
A técnica é extremamente importante para o estágio atual de desenvolvimento científico, mas é supervalorizada em detrimento humanização do ensino, que deveria se dar através de uma educação política dos indivíduos e do incentivo à reflexão filosófica em todos os aspectos.
É necessário formar intelectuais completos, capazes não apenas de lidar com problemas práticos, mas de agir em sociedade, procurando estancar seus males. Apenas desse modo, o progresso das nações socialmente doentes poderia ser pleno e não apenas setorial (econômico ou tecnológico), como é atualmente.

O Positivismo e a mudança na concepção humana

A sociedade contemporânea foi intimamente influênciada pelas ideias positivistas de Comte. Nota-se, por esse motivo, uma profunda necessidade de dados experimentais para que haja uma verdadeira ciência. Todavia, esse conceito disseminou-se pela sociedade em diversos ambitos, uma vez que hoje o idealismo e até mesmo o racionalismo em si, são vistos como utópicos e ingêuos, tomando base apenas o mundo fisico e material. O fundamental não abrange mais o campo do "porque" das coisas, hoje é fundamental compreender o "como" os mecanismos funcionam e os fenômenos acontecem. A imaginação passou a ser subordinada a observação e por este motivo busca-se cada vez mais o que é passivel de comprovação, o concreto. Desse modo, a concepção humana de mundo foi modificada.

Marina Precinotto da Cruz, direito diurno.

Um Brasil ainda positivista

  O Positivismo de Comte por diversas vezes é interpretado como sinônimo de algo conservador e preconceituoso. Ser positivista, para muitos,é considerado uma ofensa, mas ao fazer o estudo profundo do positivismo e de seus preceitos percebemos que a sua influência é bem mais vasta do que se pensava.Comte é um defensor da manutenção da ordem social edificada,das classes sociais, pois assim a ordem é mantida. Ordem, eis uma palavra crucial, não só no positivismo como na sociedade contemporânea.
  Muitos gostam de fazer belos discursos sobre uma sociedade igualitária, citar as ideologias de Rousseau e Marx para defender uma sociedade em que o povo efetivamente governe. No entanto, todo esse rebuscamento no discurso é uma ilusão que nos impede de ver o quanto de positivista ainda há neste país. Fomos criados ouvindo que o lixeiro, por exemplo, desempenha um  trabalho muito importante para todos e por isso merece o nosso respeito, mas ao mesmo tempo escutávamos que é preciso seriedade nos estudos, pois sem o estudo o máximo que conseguiríamos era trabalhar como lixeiro. Mas como pode haver um trabalho que ao mesmo tempo em que merece respeito, ninguém quer fazê-lo? A maioria das pessoas não afirma que quer desempenhar uma trabalho importante para toda a sociedade? Ser lixeiro não é uma opção?
  A grande verdade é que dizemos respeitar os lixeiros, os catadores de lixo, os limpadores de fossa, mas na realidade o único sentimento que temos é alívio. Estamos aliviados com a existência dessas pessoas que trabalham limpando o lixo o dejeto de toda a população, uma vez que ele mantém a ordem e o bem-estar na sociedade e por isso somos gratos. No entanto, não os respeitamos realmente, pois a condição de trabalho deles sempre será na perspectiva de médicos, advogados e engenheiros, algo degradante em primeiro lugar.  Reconhecemos a importância da existência dos lixeiros para uma sociedade organizada, mas nossos filhos serão incentivados a estudarem o máximo possível para se tornarem doutores, pois esse é um título que é respeitado. Essa conduta é extremamente positivista, esse falso respeito com os catadores de lixo é só uma forma de manter a existência dos papéis sociais e assim cada um desempenha o seu papel para o bom funcionamento de toda a sociedade.
  Mesmo sendo renegado, o positivismo é uma corrente que influenciou e influencia a vida em sociedade no Brasil. A necessidade de manter a ordem, para que assim a nação progrida é algo passado de geração em geração de forma automática, quase que involuntária. Criticamos o positivismo, mas não percebemos que ele influenciou a nossa criação e o nosso cotidiano de forma preponderante.

Comte e a Transformação da Sociedade


Comte e a Transformação da Sociedade
                O positivismo já sofreu diversas críticas, sendo a mais famosa delas a de ser uma teoria conservadora. Contudo, não haveriam elementos fundamentais para qualquer transformação social contidos nas linhas de “A Filosofia Positiva?” Sem dúvida que sim, como poderá ser constatado a seguir.
                O autor, por exemplo, utiliza uma perspectiva racionalista e científica ao analisar a sociedade, defendendo o uso do conhecimento empírico adquirido para algo prático, assim como Bacon pregava. Ora, o método utilizado por si só já é uma ferramenta de transformação, pois não prende ninguém a nenhum dogma, como por exemplo, poderia fazer uma religião ao observar os fatos sociais. A busca da técnica, do prático também irá beneficiar àqueles que almejam o uso da teoria para modificar seu meio, pois irá descobrir ferramentas para resolver seus problemas e não somente constatá-los.
                Ao pregar uma união das ciências, está ajudando a criar uma visão geral do mundo, o que permite criar relações entre diversos fenômenos, de forma que um positivista poderá, com antecedência, saber os resultados de uma determinada ação. Além disso, poderá usar ferramentas como a matemática estatística, a física, a química e as outras ciências sociais para metamorfosear o mundo.
                Outro ponto muito importante das idéias de Augusto é o reconhecimento de que o governo não é a única fonte de pressão, mas que diversos grupos e camadas podem desestabilizar o sistema. O reconhecimento disso dá força à luta desses conjuntos e faz qualquer governo que tenha conhecimento do positivismo ser cauteloso com os mesmos, atendendo às suas demandas sempre que ameaçarem ao bom andamento do sistema.
                Ainda que de forma pouco radical, Comte fixa com seu pensamento bases mínimas para o bem-estar de um grupo humano moderno. Reconhece as “anomalias” da sociedade e defende que sejam sanados os problemas que levam a esses fenômenos. Fazendo isso, propaga a idéia de que o Estado deve proporcionar uma infra-estrutura mínima para a engrenagem social girar.
                Essa defesa do método e do racionalismo, além das outras ferramentas aqui apresentadas pode e deve ser usada para uma modificação do status quo, afinal, conhecimento e organização são poderes. A filosofia positiva, se seguida à risca pode dar margem a um de seus enunciados, como sendo realmente o último estágio de desenvolvimento humano. Mas, se aproveitados os bons conceitos e com coragem o suficiente para desafiar a “Ordem”, a humanidade conseguirá muito mais do que a “paz” da aceitação de uma função social pré-determinada e aí sim atingirá níveis cada vez mais altos de Progresso para todos, e não somente a elite pensante e governante prevista pelo escritor.


Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.

                       O novo positivismo
Augusto Comte discorre em seu Curso de Filosofia Positiva a necessidade de uma ciência que interprete a sociedade, um conhecimento que vislumbre o que é real, existe, o concreto. Seria como se fosse uma descrição do real, descrever e compreender para se poder intervir na sociedade. E tudo isso nasce dentro de uma sociedade que passa por turbulências, incluindo a ideia de uma civilização industrial.
E para que o Estado positivo finalmente chegasse, existiriam previamente dois estágios da construção do conhecimento, primeiramente o estado teológico e depois o metafísico. Agora, transferindo essa ideia de estágios da construção do conhecimento para minha vida pessoal, do século XXI. Encontro-me com meus 11 anos, tenho muitos questionamentos e porquês, entretanto, tudo pode ser respondido pela fé que estava em mim, “Por quê existem pessoas que vivem nas ruas?” , “ Pois o mundo é regido dessa forma, uns são diferentes dos outros”. Já aos 15 anos vejo as coisas de outra forma, “Mas e se eu fosse rica, poderosa, talvez me tornasse a pessoa mais forte do mundo, ai sim eu mudaria essa realidade, não haveria mais pessoas nas ruas, nem maldade, nem tristeza, a paz reinaria.”. E com os 18 anos chego a conclusão ” As pessoas vivem nas ruas não porque uns são diferentes dos outros por natureza própria, mas porque a vida é injusta, uns mais sortudos, nasceram em uma família mais rica, outros já nascem em meio a pobreza, sem perspectiva de futuro, apenas tentam trabalhar para sobreviver, ou vivem em favelas, ou em meios indignos, e as vezes ainda são chamados de vagabundos por não conseguirem atingir o patamar dos ricos, como se tivessem as mesmas oportunidades...”.
Pois bem, em minha vida, encontrei os três estágios de que Comte havia dito, incialmente, tudo que questionava era respondido por revelações externas, seria o "as coisas tem que ser assim", depois por querer transformar as coisas no plano das ideias, e por fim um estado considerado positivo, seria enxergar a sociedade da forma que ela realmente existe. Pode ser então que estou frente ao que Comte considera como estado positivo, entretanto eu apenas descrevo a sociedade, sem mudar nada efetivamente, será então que o Positivismo de Comte realmente mudaria/mudou a sociedade? Será que a compreensão da sociedade acarreta a sua mudança? Creio que não.
Apenas pensar, apenas refletir, não transforma as coisas, obviamente temos que pensar antes de agir, mas sem a ação não há resultados. Portanto embora há “Emergência de uma ciência da sociedade”, ainda se espera muitas ações por parte dessa ciência. Eu, no estado positivo, espero e quero mudanças, não mais a ideia de Ordem e Progresso, porque um não leva ao outro. Quero algo real, palpável, quero a igualdade entre os homens, chego a conclusão de que então, há emergência de uma ciência que transforme a sociedade. Agora a transformação é a palavra chave.

O Positivismo na atualidade


Percebemos a presença da seguinte frase na nossa atual bandeira: “Ordem e progresso”. Isso significa que, por mais que não nos demos conta, as sociedades atuais muitas vezes se apoiam em ideias surgidas no passado, em contextos específicos. Ideias estas que, apesar de serem originárias de uma realidade passada, permanecem atuais e têm muitos adeptos, como é o caso do positivismo.

Não é apenas a frase na bandeira nacional que expressa o quão presente são as ideias positivistas na atualidade. Afinal, há quem defenda, nos dias de hoje, a presença necessária da ordem para que haja o progresso como consequência natural dessa situação, assim como Auguste Comte – criador da ciência positivista – propôs nos seus escritos.  Ou seja, de acordo com a visão positivista - surgida em um contexto no qual as massas populares, descontentes, se rebelavam – a ordem estabelecida em uma determinada sociedade deve continuar (estática), para que, dessa forma, a mesma consiga progredir (dinâmica). Desse modo, qualquer tipo de revolução ou sinal de ruptura com os padrões da sociedade estabelecidos até então era visto como algo prejudicial à sociedade, posto que, assim, a ordem teria sido afetada.

Para justificar tal raciocínio, a sociedade chega a ser comparada a um organismo, o qual é composto por diversos elementos e estes, por sua vez, têm funções específicas. Segundo essa analogia, então, o proletariado, que na época questionava a concentração de poder nas mãos das classes dominantes, estava prejudicando a ordem, querendo interferir nas funções dos outros elementos desse organismo social e deixando de cumprir as suas próprias, ocasionando, portanto, a deficiência desse complexo organismo.

No entanto, se pensarmos desse modo, estaríamos negando os progressos alcançados pela humanidade através de revoluções e rupturas, tais como a Revolução Francesa, que pôs fim aos privilégios abusivos de uma nobreza que estava no poder havia séculos ou a Revolução dos Sutiãs e anos de não aceitação àquilo que já estava pré-estabelecido em nome da igualdade de gêneros entre homens e mulheres, culminando na conquista de direitos importantes a favor das mulheres na sociedade atual ou ainda o movimento hippie, que rompeu com vários padrões culturais da época, influenciou uma geração inteira e pressionou o governo a parar com as guerras que ajudava a promover, como a do Vietnã.

A verdade é que, para que haja um real progresso na sociedade, deve haver um equilíbrio entre a estaticidade da mesma, defendida por Comte, e as rupturas. Nem sempre a estabilidade e a garantia da ordem ocasionam o progresso, pois com o passar do tempo o contexto e as necessidades sociais mudam e, muitas vezes, pedem um novo modelo de estruturação da sociedade. Contudo, para que haja uma reestruturação social, quando esta for necessária, não é preciso romper com tudo aquilo que estava estabelecido anteriormente: deve-se unir aquilo que parece adequado do modelo antigo às ideias novas para que, dessa reciclagem de ideias, nasça um novo modelo social.

Pensamento positivista






De acordo com Augusto Comte, o Positivismo seria o estado mais avançado do pensamento humano e a razão seria uma máxima a qual deveria ser colocada em primeiro plano.


Segundo esta linha de pensamento também, a realidade seria encarada através de duas vias: a primeira que falaria a respeito da harmonia necessária para a existência de uma vida em sociedade e a segunda a qual dissertaria sobre a dinâmica e o desenvolvimento social. Sendo importante ressaltar que essas duas vias de interpretação da física social fazem referencia ao famoso lema positivista "Ordem e Progresso", presente até na bandeira do Brasil.


Saindo agora do universo das ideias e caminhando para um rumo mais prático, quais seriam as críticas à obra no que se refere às conseqüências da aplicação da mentalidade positivista? 

A linha de pensamento de Augusto Comte prega a concretização de seu lema "Ordem e Progresso", no entanto a falta de controle e responsabilidade deste último é pauta de várias discussões, afinal, os desmatamentos, as queimadas e o consumismo excessivo são verdades de uma sociedade a qual busca sem sombra de dúvidas o desenvolvimento, o progresso.








Do abstrato ao real


Muito presente na visão de mundo contemporânea, a física social de Augusto Comte surge em um momento em que há uma mudança na forma de relações entre as pessoas, em qualquer aspecto da vida humana. Com as novas tecnologias e o desenvolvimento das ciências o homem passa a receber cada vez menos, já que suas tarefas tornam-se cada vez mais insignificantes e substituíveis, tendo nesse momento a inserção não só da mulher como fonte de trabalho, mas das crianças também, e as relações familiares começam a se vincular submetidos à força do mercado. Essa nova visão de mundo deixa insatisfeita a massa popular, e todas as suas novidades vêm sendo confrontadas por ela, por isso a necessidade de diagnosticar as patologias que acometem a classe operária através de uma ciência social que consiga corrigir os males, acalmar os ânimos, para tornar a ordem.
Essa nova ciência surge como uma ciência da ação, não da contemplação, seria o estado viril do conhecimento humano, que não se conforma com o mundo e estuda os movimentos reais da sociedade, seria o conhecimento mais elevado, até mesmo pelo desenvolvimento da ciência, e torna a sociedade um organismo produtivo, sendo capaz de superar os conhecimentos anteriores, que tratavam de movimentos abstratos que não mais nos servem, que existiam como pensamento e não como objeto que tem como princípio da positividade; não é o conhecimento mais digno pois está em uma dimensão de ideias, não dá para pensar em uma sociedade cada vez mais complexa a partir, por exemplo, da teologia ou da metafísica, não que estes conhecimentos não tenham sido essenciais para o homem, mas eles não servem mais para a sociedade industrial. 
Para Comte existe uma ordem que impulsiona o andamento da sociedade, a anarquia do mercado causa o empobrecimento das massas, condutas desviantes seriam engrenagens desajustadas que precisam de amparo para funcionar harmonicamente, se o estado cumprir seu papel e dar boas condições de vida, as classes deixam de se revelar, um exemplo disso poderia ser as políticas de assistência aos mais pobres, como o bolsa família, que faz o homem pobre não se revelar contra as suas condições, ou o populismo de Vargas que trouxe para si as funções sociais de coerção. A pluralidade leva a algo insolúvel, por isso o liberalismo é incompatível com o positivismo, que seria a ciência da intervenção. Se existe uma ordem, conserve-a, as mudanças de funções de órgãos são a morte, o conjunto social perece gerando desordem. A ordem seria, então, o caminho para o verdadeiro progresso. Palavras muito conhecidas por nós, brasileiros, já que o positivismo está na nossa raiz, tivemos influencia direta dele, através dos militares, na proclamação da república, na constituição e até na nossa bandeira nacional.  


Os benefícios do positivismo

A filosofia positivista de Auguste Comte, surgiu na França no início do século XIX, período o qual engloba a Pirmeira Revolução Industrial. Devido a excessiva introdução das máquinas nas linhas de montagem, há o surgimento de uma nova classe social: a operária. Tendo em vista as más condições de serviço, estes trabalhadores dão início a manifestações providas de indignação e rebeldia.
É neste contexto que Comte propõe sua filosofia, segundo a qual é necessário o abandono da metafísica para que torne-se possível uma análise mais concreta da sociedade. O autor introduz a teoria de que deve-se observar a sociedade e seus conflitos buscando controla-la e, simultâneamente, compreende-la. Comte acreditava ser possível observar a vida social por meio de um modelo científico, interpretando a história da humanidade, e a partir dessa análise, criar um processo permanente de melhoria e evolução.
Segundo ele, a filosofia nao deve ser uma ciência superficial meramente especulativa, ela deve, sobretudo, influenciar na sociedade. Para Comte, o estado positivo era o último estágio na construção do conhecimento e antecedendo-se a este encontra-se o estágio teológico e, posteriormente, o metafísico. Ambos necessários ao amadurecimento das formas de entendimento e explicação do mundo, porém o estágio terceiro (positivo) destaca-se como marco no aperfeiçoamento do espírito humano.
O autor equipara a sociedade a um paradigma newtoniano, pois segundo este existem leis gerais e regulares que condicionam o movimento cotidiano de todos os astros e por conseguinte, na sociedade também existem leis gerais que controlam os fenômenos sociais, instituições, governos e manifestações.
O positivismo proposto por Comte afirma que somente com disciplina e organização há progresso. No entanto, apesar de radical e rigoroso o positivismo acompanhou e estimulou a organização técnico-industrial da sociedade moderna e fez uma exaltação otimista do industrialismo. Nesse sentido, pode-se compreendê-lo como produto desta sociedade que a leva a desenvolver-se e consolidar-se prosperando.

 
Giovanna Cardassi dos Santos Yarid
 

 

 

 


 

Ordem e Progresso

Real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. É dessa forma que Comte define a sua corrente filosófica. Tal conjunto de idéias, desenvolvidas no início do século XIX, critica a teologia e a metafísica, passando a analisar a sociedade de acordo com a observação e não com a dedução. Dessa forma, o positivismo pode ser considerado um movimento de base empirista.

Uma das principais idéias de Comte é: cada indivíduo tem o seu papel na sociedade, que nao funcionará corretamente sem o seu cumprimento. Assim ele compara a sociedade como um organismo, onde cada órgão, cada sistema tem a sua função necessária para o bom funcionamento do indivíduo.

A consequencia disso é a utilização das suas idéias para defender o caos, as "doenças" da sociedade industrial, uma sociedade marcada pela exploração do proletariado industrial por parte dos burgueses. A frase "Ordem e Progresso" reflete bem isso. O significado é: uma sociedade organizada, onde todos os indivíduos cumprem perfeitamente os seus papéis é uma sociedade que vai progredir. Seria Comte um pensador pró-burguesia?

José Eduardo Garcia Tavares

O Positivismo Encalhado.

  O positivismo de Augusto Comte, que data de 1830, foi desenvolvido durante um período de complexas turbulências na Europa, que culminou com a Primavera dos Povos em 1848. Durante esse tempo, a constante incerteza do desenrolar dos fatos ocorridos durante revoluções pairava sobre o mundo ocidental.
  Foi nesse contexto que surgiu o pensamento Positivo. Sua linha racionalista aplica às ciências humanas a mesma estrutura de funcionamento das ciências naturais. Isso implica na formação de leis rígidas, tais como surgiam na Física e Química. O processo de pensamento e geração de conhecimento então se debruça sobre as ciências humanas como sujeitas a certas leis fixas. Se, um satélite orbita harmoniosamente outro de acordo com equações e fórmulas, nas Humanas o mesmo deveria ocorrer com a sociedade, segundo Comte.
  Esse modelo, que tenta equacionar a sociedade, compreendia-se como o mais avançado e maduro estágio do conhecimento humano. Seria infinito e perfeito, sempre a desenvolver novos conhecimentos e tecnologias.
  Hoje em dia não é difícil observar que o fenômeno positivo mantém bases fortes com estrutura fixa. Muitos ainda concordam com seu viés extremamente racionalista. Seu poder se deve ao enorme processo de desenvolvimento e progresso que cruzou a sociedade mundial ao longo dos últimos dois séculos, que acarretou na adesão de muitos discípulos.
  No entanto, eu me questiono se não seria a hora de enxergar a sociedade de outro modo. O progresso só é alcançado na ordem? As engrenagens desajustadas devem ser mesmo desligadas do todo, transformadas em peças obsoletas? Será realmente possível equacionar todos os processos e fenômenos sociais? Reduzir as ações humanas em algo do tipo X+Y=Z?
  Eu acredito que o modelo positivo não se encaixa no padrão atual de desenvolvimento. Transformado sentenças judiciais e leis num formulário e não levando em conta milhares de outros processos que fogem á ponta do lápis dos legisladores e juízes. Também esquecendo da individualidade e formação única que cada um de nós teve a oportunidade de aprofundar e desenvolver.
  O momento de crise atual, tanto política como econômica, talvez esteja pedindo como um pré-requisito uma mudança de visão e padrões de análise. Não deveríamos olhar tudo como peças simplesmente organizadas na natureza. A natureza por si só é algo complexo e que deve ser visto pelo todo, afinal nós somos parte dela e estamos encarregados, de certa forma, de uma parte de sua manutenção. Precisamos crer que é possível analisar as coisas e a nós mesmos como algo único, sem paralelo, não apenas mais uma peça, bem feita ou não, encaixada no sistema.

Mentalidade Positivista


  O positivismo pauta-se na ideia de que o indivíduo faz pelo todo, ou seja, cada “peça” deve cumprir seu papel para que seja mantido o funcionamento da sociedade. A sociedade funciona como um corpo humano, dependendo assim de todos os órgãos para que possa ter um funcionamento pleno. Embasado nesses ideais o positivismo prima pelo bom funcionamento da sociedade e o desenvolvimento ordenado das coisas.
  
  Segundo Comte o ser humano passa por três estágios distintos na vida: teológico, metafísico e positivo. Durante o estado teológico as explicações advêm de vontades análogas as nossas como a religião e crendices, daí esse estado também ser conhecido como fictício. No estado metafísico o ser humano põe sua psicologia sobre a natureza, com isso, a metafísica desconstrói a ideia teológica de subordinação do homem ao sobrenatural, exigindo-se explicações cientificas. Já o estado positivo, detém-se à descrição dos fatos, sem se preocupar com explicações, consistindo na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
  
  A grande importância do positivismo está na organização técnico-industrial da sociedade moderna. Sendo assim, o positivismo pode ser compreendido como produto da sociedade técnico-científica e ao mesmo tempo, como uma ferramenta para o desenvolvimento e consolidação da mesma. Fundamentalmente, o positivismo de Comte, caracteriza-se pela devoção à ciência, guiando a vida individual e social de cada ser humano.







Ordem = Progresso?


                Estamos em meados do século XIX. O povo mostra a sua insatisfação às condições em que viviam. Condições, estas, que nada mais faziam do que refletir o advento do Capitalismo e da Revolução Industrial. As famílias, antes dependentes da terra, agora dependem da venda de sua força de trabalho. Um verdadeiro mercado humano. E é nesse contexto que aparece Augusto Comte.
                Augusto Comte vivencia um período de instabilidade, de choques, de “rebeldia”. Por isso, propõe uma ciência da sociedade, positivista, ansiando apenas reestabelecer a antiga ordem, por fim. Utiliza uma metodologia na qual a sociedade se organiza por leis, semelhantes às leis da física. Enfim, quer compreender as relações sociais, porque apenas assim seria possível corrigir os seus desvios e as suas consequências indesejáveis.
                O que significa, de fato, reestabelecer a ordem? Para Comte, significa que cada indivíduo deve exercer sua função, cumprir seu papel, como num organismo vivo. Isso significa que, na prática, para alcançar o (tão sonhado?) progresso, deveríamos agir de uma forma pré-estabelecida para um bem comum. Funcional. Porém, como ignorar os desejos individuais de ascensão social e econômica que também se tornaram tão presentes com o capitalismo? Seria apenas uma utopia? Estaria Comte já justificando a desigualdade social?
                Além disso, Comte considera que o conhecimento é construído a partir de três estágios, na seguinte ordem de evolução: o primeiro deles, o teológico, no qual o ser humano explica sua realidade a partir dos deuses; em segundo lugar, o metafísico, que utiliza entidades abstratas para explicar a realidade, e é uma transição entre o teológico e o positivo; e, por fim, o positivo, que busca não mais o porquê das coisas, e sim o “como”, no qual o conhecimento se baseia nos fatos observados. Porém, partindo dessa lógica, como caracterizamos a coexistência desses pensamentos até hoje em nossa sociedade?
                Enfim, podemos visualizar até hoje a influência do pensamento positivista em nosso meio, mostrando o quanto ele foi importante e bem aceito em diversos âmbitos. Bons exemplos são a nossa bandeira brasileira, mas especificamente na frase “Ordem e Progresso”, sua influência nos militares e até a própria Religião Positivista.






            Evolução: Charles Darwin a afirmou sobre as espécies de seres vivos; Herbert Spencer a aplicou sobre os indivíduos humanos; para Karl Marx também os sistemas econômicos progrediam um sobre o outro; Alan Kardec sugere sua existência sobre as almas; Auguste Comte a concebe sobre as sociedades.
            Todos esses pensadores têm em comum, além do amparo na ideia de progresso e evolução, a contemporaneidade: pertencem a uma mesma era de avanços tecnológicos advindos da Revolução Industrial e desenvolvimento científico em todas as áreas do conhecimento. No século XIX a ciência fazia-se a senhora de todas as esferas do saber humano, o método era aplicado em toda verdade que se quisesse afirmar como científica e ser respeitada dentro desse contexto histórico-social.
            Para adequar as ciências humanas a esses aspectos, Augusto Comte propõe um novo tipo de ciência: a social. A princípio, “Física Social” era como o autor pretendia chamá-la. Física, do Latim physica, (e esta do Grego physike episteme), literalmente “conhecimento da Natureza”. Comte visa propor, dessa forma, um estudo da sociedade como um elemento tão regrado e previsível qual a natureza que nos rodeia.
            Observando a sociedade dessa forma, Comte afirma que cada indivíduo tem um papel específico nela, como um nicho social. Mas que é a natureza, se não uma ordenação aparente causada por séries de conflitos entre seus elementos?
            O ser humano é inconstante. A Evolução teorizada por tantos homens do século XIX está impressa na nossa alma: queremos evoluir! E foi essa insatisfação com a condição em que encontravam que motivou os indivíduos ao progresso da humanidade – a subversão, e não a ordem: o indivíduo que sai do seu nicho e se aventura a buscar algo diferente, como o nucleotídeo cuja sequência se altera para gerar novas características, sejam elas salutares ou não.
            Eis a beleza da natureza e o carma da sociedade: a evolução não cessa. Composto por indivíduos insatisfeitos, esse bicho de múltiplas cabeças e incontáveis chifres talvez tenda a nunca sentir-se pleno, mas justamente assim é que buscará esse Norte difuso chamado progresso, até que esbarre no seu Armageddon. 





A Ordem e o Caos

Todos têm algo de positivista. A simples pergunta "para que eu vou usar isso?" já mostra a preocupação humana pela busca do útil e do real, e comprova a afirmação anterior. Assim, ao criar a física social e expor seu curso positivista, Comte mostrou uma maneira de enxergar a sociedade que visava o progresso, este que é ainda o objetivo do homem contemporâneo.
Resgatando a ideia do mundo mecânico de Descartes, Comte deixa clara a importância do cumprimento dos papéis na sociedade por cada um, sendo todos igualmente necessários para o equilíbrio como a engrenagem o é para o funcionamento da máquina. É preciso que exista ordem, pois sem a manutenção da mesma, além de nunca se atingir o potencial humano, será estabelecido o caos.
Apesar de defender, de certa forma, a desigualdade social, o " Curso de Filosofia Positiva" prega uma ciência de ação. A ousadia de Comte consiste em propor soluções não mais teóricas, mas efetivas.
Corretas ou não, as ideias positivistas foram de extrema influência no Brasil e no mundo. O fato de apresentar soluções práticas para os problemas sociais fez do positivismo um método popular para as políticas públicas, que procuravam manter a ordem social. Resta ainda a questão da igualdade social, pois não se pode ignorar que a mesma é parte do caos. Enquanto a prática não resolve, o progresso fica na teoria.

A ciência elevada a décima impotência

Para alcançar "ordem e progresso", lema da corrente de pensamento liderada por Auguste Comte, seria necessário alcançar o terceiro dos três estados da evolução humana: o estado positivo, marcado pelo triunfo da ciência, que seria capaz de compreender toda e qualquer manifestação natural e humana.

Acontece que para alcançar esse patamar é necessário abandonar qualquer tipo de concepção que não tenha sido experimentada previamente. Qualquer tipo de pensamento abstraído do universo tátil, das sensações e não comprovado por testes deveria ser revogado. Estão compreendidos nesse meio a filosofia, a teologia, a metafísica e outros parâmetros pelos quais se orienta a humanidade.

É uma visão que acompanhou a sociedade moderna e esteve de acordo com sua organização técnico-industrial. Seu estímulo desencadeou avanços na industrialização, as mudanças provocadas o tonaram anacrônico. É impossível separar desenvolvimento de sustentabilidade e consumo de consciência para poder seguir em frente com o progresso.

O Positivismo incluso na sociedade

   A corrente filosófica do Positivismo, fundada por Auguste Comte, surgiu na França no começo do século 19, e tem como ideia principal a que o conhecimento científico é superior e este deve se embasar rigorosamente em fatos devidamente testados e comprovados, e prega ordem e método como instrumentos imprescindíveis ao desenvolvimento social. 

   Na evolução da corrente positiva, surge o Positivismo Jurídico. O qual coloca em segundo plano o chamado 'Direito Natural' defendido por outras correntes, colocando como prioridade às determinações das leis. Por acreditar que o Direito deve ser principalmente o produto da autoridade do poder legislativo.

   O que traz a questão: Será um método que é de certa forma comedido capaz de compreender e caminhar junto à uma sociedade tão plurificada como a atual?

   Enquanto a corrente Positivista reduz a esfera do conhecimento à visão científica, excluindo outras formas de assimilação e interpretação do mundo, ele também dá caráter de universalidade ao conhecimento, quando liga o objeto ao todo que o cerca (contexto natural, histórico). Enquanto rebaixa o pensamento crítico, superestimando a coleta contínua de informações e dados científicos, também se atenta à relatividade do conhecimento, o enxergando de diferentes formas de acordo com seu tempo histórico. E enquanto separa a ciência de alguns conceitos contemporâneos de ética (como o já citado Positivismo Jurídico), fato que para mim é grave, ele também afirma a importância das ideias e valores para a construção do homem que vive em sociedade.

   Acredito que o positivismo traz grandes vantagens à visão de mundo atual, mas é necessário que esteja aliado à outras correntes que supram suas áreas incompatíveis com o mundo moderno.

Nicole Gouveia Martins Rodrigues

O positivismo e sua influência no Brasil



O positivismo de Augusto Comte surgiu na França, no século XIX, e esse novo método que visa empregar as ciências matemáticas e a experimentação não só nas chamadas ciências da natureza, mas também nas ciências sociais e políticas foi de grande influência na Europa, chegando até o Brasil.
Exemplos da influência do positivismo podem ser encontradas na nossa literatura, em importantes obras de autores como Aloísio de Azevedo e Raul Pompéia. Este possui em sua grande obra "o Ateneu" uma clara orientação positivista essa mesma orientação aparece nas obras "O Mulato", "Casa de Pensão" e  "O Cortiço"  de Aloísio de Azedo.
Essas obras revelam uma natureza que, diferente da encontrada no estilo romântico, se encontra despida de qualquer forma de idealismo, e essa forma de abordar o mundo permite que a sociedade seja analisada e observada, o que por sua vez nos leva à chamada "física social" proposta por Comte.
No âmbito da política essa influência pode ser notada laicização do Estado, na Abolição da Escravatura e até mesmo na Proclamação da Republica, mas o maior símbolo dessa corrente no Brasil encontra-se na bandeira nacional criada por Raimundo Teixeira Mendes: A máxima "Ordem e Progresso" mostra uma busca por uma sociedade mais justa fraterna e progressista, baseada nos mesmos ideais da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), maior marco baseado no positivismo da história mundial.
Em uma história mais recente foi Vargas quem utilizou ideias positivistas para criar uma legislação trabalhista, visando fazer com que as "engrenagens" da sociedade brasileira funcionassem de melhor maneira.
Com tudo isso é possível perceber que o positivismo de Comte, embora criado no contexto de uma França revolucionária foi de grande utilidade e influência em nosso país, marcando de maneira bastante clara nossa literatura e nossa forma de fazer política.

A Física Social de Comte

A complexidade da sociedade faz com que seu entendimento seja também complexo. A partir dessa idéia, August Comte elabora seu método de análise, denominado Física Social, que, assim como a física, baseia-se em leis lógicas que tentam explicar os fenômenos recorrentes.
            Não somente isso, Comte afirma que a física social surge com o amadurecimento ‘positivo’ das demais ciências. Com isso, ele introduziu uma corrente de pensamento até hoje muito utilizada, o positivismo.
            Trata-se da objetividade do método frente às abstrações a que estamos sujeitos, ‘o útil frente ao inútil’. No entanto, ele admite que é preciso o conhecimento fundamentado da demais ciências, uma vez que o positivismo surge do amadurecimento das mesmas.
            Comte, que se baseou nas produções de Bacon e Descartes, ao introduzir seu trabalho, revolucionou as formas de pensamento e interpretação dos fenômenos sociais e, embora muito criticada, sua corrente de pensamento se faz presente não só em diversas formas de governo, mas também em cada indivíduo.

Contraponto do tradicionalismo

     O Positivismo de Augusto Comte surge devido ao novo contexto sociológico que se constroi com a Revolução Francesa e a Primeira Revolução Industrial. Com esses novos acontecimentos históricos modificando a dinâmica social, Comte enxergou a necessidade de resgatar e aperfeiçoar as ideias de René Descartes e Francis Bacon, os quais acreditavam em uma mudança da filosofia estudada até então, pois esta, tendo como principal objeto de análise o mundo metafísico, não era adequada à resolução dos problemas práticos, o que se via cada vez mais necessário, principalmente com o surgimento da classe operária, com a ascensão da burguesia e outros fatores que condensavam os conflitos na sociedade.
      Assim, nasce a filosofia positiva, a qual, segundo Comte, marca o início do amadurecimento do homem. Ela, afastando-se da metafísica, procura entender as leis gerais que regem a sociedade, uma vez que o autor estabelece uma analogia entre os fenômenos físicos e os fenômenos sociais, baseando-se no paradigma newtoniano, o qual afirma que o comportamento do universo obedece à forças regulares, leis, das quais ele não poderia escapar. Do mesmo jeito se comportaria a sociedade, e o positivismo tem como objeto de estudo tais leis, para que desse possa diagnosticar o meio social e resolver seus conflitos.
      E mesmo sendo uma filosofia totalmente oposta à anterior, Comte afirmava que a filosofia tradicional era fundamental ao surgimento da filosofia positiva na sociedade. De acordo com o autor, dois estágios sociais precederiam a instalação do positivismo: o primeiro seria o teológico, e o segundo seria o metafísico. Embora estes fossem inferiores, eram etapas necessárias ao amadurecimento das formas de entendimento e explicação do mundo por parte dos homens, formando-se assim uma analogia com a vida humana, sendo o positivismo o último estágio da construção do conhecimento, o mais maduro.
      O Positivismo, apesar de ser visto como uma ciência social excessivamente conservadora por alguns, exerceu importantes influências na sociedade, inclusive na sociedade brasileira. Esta adotou inclusive um lema positivista para a bandeira, o "Ordem e Progresso", o qual provém da máxima positivista "O amor por princípio, a ordem por bamodo se, e o progresso por fim", que ilustra a importância da organização social para o seu avanço.

Será progresso?



Auguste Comte, fundador da sociologia e da filosofia positivista, propunha, a partir da ciência, criar uma sociedade pautada na ordem e no progresso. Suas ideias influenciaram gerações, e ainda hoje são a base de diversas ideologias. No Brasil, principalmente no final do século XIX, o positivismo teve forte influência nos primeiros governos republicanos, inclusive tendo a sua máxima inscrita na bandeira: ordem e progresso.
Entretanto, ideais que até então parecem nobres, trouxeram também consequências desastrosas para humanidade. A busca pelo progresso gerou uma incontrolável disputas entre os países, e estes, também pela consequência desse progresso, possuíam um grande poderio militar. Resultado: guerras mundiais, onde milhões de pessoas tiveram suas vidas danificadas.  
O progresso também é algo muito questionável nos dias de hoje. O planeta Terra já está sobrecarregado de avanços tecnológicos, e a natureza sofre com a religião da ciência. Até que ponto vale avançar e “passar por cima” de valores morais? Será o progresso do homem mais importante que o próprio homem?

Estudo social

  Comte nasceu na França em um período de muita turbulência social atrelada a uma crise de valores morais.Devido a isso fez estudos da realidade dos fatos a fim de formular leis naturais para modificar a natureza humana. 
  Para Comte as leis sociais deveriam ser como as ciências exatas, assim como a física. Deveria haver a adoção de um critério de verdade. Suge então, a sociologia, a ciência exata para a organização social.
  A sociologia, na concepção de Comte seria dividida em duas partes, a primeira é a estática social e a segunda a dinâmica social. Uma refere-se a união da sociedade e a outra sobre as mudanças da mesma.
  No positivismo a sociedade funciona como uma organismo vivo, no qual todas as partes funcionam juntas, já que para haver progresso não pode existir individualismo. 
  A influência positivista na educação dá-se com o currículo fragmentado, além do fato de haver necessidade de privilegiar as ciências exatas em detrimento das humanas, isso pois com a primeira tem-se a observação da própria verdade.
  O positivismo teve grande repercusão na América Latina, sobretudo no Brasil.O próprio movimento republicano no século XIX teve participação de positivistas, tal fato pode ser observado na constituição de 1891 e na bandeira brasileira com a frase "Ordem e Progresso".

Ser ou não ser positivista?


(Acompanhe o resto desta HQ em: http://www.filosofianaescola.com.br/2012/03/auguste-comte-em-quadrinhos.html)


Ao pensarmos na palavra “ciência”, logo associamos com a idéia de pesquisadores da área de exatas e suas experiências mirabolantes. Porém, a corrente positivista, marcada pelo nome de Augusto Comte, propôs uma nova categoria: a física social, uma ciência baseada no comportamento dos indivíduos em sua sociedade. Porém, quais seriam as conseqüências de tal estudo? Quais os fatos a serem analisados?
Os fenômenos naturais, incluindo os indivíduos, seriam regidos por uma lei única, a qual, quando descoberta, explicaria a ocorrência destes. A única maneira de conhecê-la, porém, não estaria na filosofia clássica, fundamentada em suposições; mas sim em estudos concretos, com experiências capazes de serem comprovadas ou, ate mesmo, desmentidas. E é isso que a filosofia positivista proporciona: um olhar científico sobre fatos totalmente sociais.
Comte, para afirmar sua teoria, demonstra as vantagens de tal caminho, colocando como objeto de estudo o próprio indivíduo em seu meio social. Porém, demonstra também a dificuldade em interligar a “ciência” e a “sociedade”. Esse seria o ponto ideal para a descoberta da lei geral e a resolução de todos os empecilhos que desordenam as relações humanas.
O Positivismo seria, então, uma maneira correta de interpretar os acontecimentos da sociedade, já que tem suas bases fixadas em “pilares concretos”? Bom, não é bem assim que funciona. Muitos acreditam que esse pensamento racionalizado, com muita “ordem e progresso”, não seja a melhor maneira de encarar a realidade, já que comportamentos mudam a todo o momento. Diante disto, o conceito positivo adquiriu duas vertentes, atraindo adeptos e inimigos.
A questão é: ser ou não ser positivista? A resposta para essa pergunta depende da visão de cada um de nós sobre os fatos sociais. Não se trata de um olhar único, mas sim de diferentes visões acerca de um mesmo objeto de estudo: o homem, ser este que cada vez mais surpreende a própria humanidade.

Um Paradigma Newtoniano

De acordo com a obra de Augusto Comte, Curso de Filosofia Positiva, a ordem deve ser conservada. O autor estava inserido num contexto social de revoltas dos operários, os quais já estavam cansados da exploração que sofriam nas indústrias. Mulheres e crianças trabalhavam sem limite de horas e não tinham qualquer segurança no seu ambiente de trabalho. Esta situação causou revolta na sociedade e a ordem foi rompida. Surge, então, a pergunta: como restabelecer a ordem?
Comte propõe uma ciência denominada de Filosofia Positiva, a qual se distingue da tradicional na medida em que se torna mais real. Comte considera a filosofia tradicional muito abstrata, diferentemente da Filosofia Positiva, que tem como objetivo explicar as patologias sociais e transformar as revoltas sociais.
 A Filosofia Positiva tem como metodologia o paradigma Newtoniano. Assim como Newton conclui que o universo se ordena através de leis da física, Comte afirma que a sociedade é regulada por meio de leis sociais. São duas leis fundamentais da sociedade: Estática e Dinâmica. A primeira estuda as condições constantes da sociedade, a segunda trata das leis do seu progressivo desenvolvimento. A estática propõe a ordem, a dinâmica, o progresso. Segundo Comte, a dinâmica social está subordinada à estática, pois o progresso é alcançado através da ordem.
Na nossa sociedade atual, conseguimos exemplificar vários usos da filosofia comteana. Será que poderíamos citar a recente desocupação da favela Pinheirinho na cidade de São José dos Campos como um exemplo? Num primeiro momento, julgamos este acontecimento como sendo positivista, uma vez que, o juiz expediu uma decisão para expulsar os invasores de um terreno particular, o objetivo, então, era manter a ordem. Contudo, podemos considerar que a decisão judicial não foi positivista, na medida em que, a ordem não foi estabelecida muito antes, ou seja, o Estado não cumpriu seu dever de oferecer moradia à população de baixa renda, um direito fundamental de qualquer cidadão. Por isso, a decisão judicial seria positivista se tivesse alocado essas pessoas em casas populares estabelecendo, assim, a ordem.
Matheus da Silva Mayor

Patologia social

A sociologia na visão de Conte possui princípios semelhantes ao da física, pois não busca um fim crítico revolucionário, mas sim a observação das leis que regem a sociedade a fim de sanar as patologias da sociedade. Deste modo o positivismo não se preocupa com a elucubrações da sociedade e com conjecturas da filosofia da sociedade, mas sim com a praticidade da observação das leis sociais.

Esta ciência somente se prende aos fatos, e não possui um engajamento ou mesmo uma vinculação ao seu objeto de estudo. No momento de surgimento do positivismo, ele foi inovador ao pensamento da época, por ser a primeira ciência a debruçar-se sobre a sociedade de modo objetivo.

O positivismo busca o real, ou seja resultados, sendo assim Conte classifica o positivismo como "o útil diante do inútil, o real diante do irreal". Nesta visão, as ideias abstratas da sociedade, como por exemplo o " contrato social" são inúteis , pois não possuem fins práticos diante da sociedade.

Para Conte, cada individuo na sociedade possui uma função da qual, não pode se ocupar de outra. Pois deste modo quebraria a sincronia que faz a sociedade funcionar saudavelmente. Os grupos sociais não devem ser modificados, onde cada um em sua função tem uma função vital para a manutenção do corpo social. Deste modo se obtém a ORDEM, o único elemento que possibilita o progresso. Devido a isto o sociólogo observa duas leis fundamentais á sociedade: A da estática, onde para o bom funcionamento da sociedade os grupos sociais devem permanecer imutáveis, e a Lei da Dinâmica, onde através do bom funcionamento do corpo social se alcançaria o progresso.
Nos ideais de Conte buscar as causas mais profundas das patologias é algo inacabável, logo devemos nos deter ao agora e aos fatos momentâneos, para curar de imediato as patologias sociais, com o fim de estabelecer a ordem e atingir o progresso.

Incompreendido

          A complexidade do mundo, hoje, está fora do alcance das explicações positivistas. August Comte é muito criticado não só por ignorar a metafísica mas também por acreditar que a as pessoas deveriam lutar para que as realidades sociais não mudassem, pois cada um desempenha um papel na sociedade e esse papel deve ser valorizado.
          Comte tem uma imagem ligada ao conservadorismo, e grande parte dos pensadores de hoje parecem tê-lo esquecido. Fato facilmente constatado ao se visitar o seu túmulo no cemitério do Père-Lachaise, um túmulo simples e sem muitos adornos reflete o pouco orgulho que Paris tem desse sociólogo.
          Mas a realidade é que Comte não é bem compreendido. Este sociólogo contribuiu muito para o pensamento de sua época e não só pessoas como países inteiros, como o Brasil, foram influenciados pelos ideias positivistas. No caso do Brasil, muito se avançou em períodos dominados pelas ideias positivistas, um exemplo disso foi a Era Vargas.
          Na óptica do positivismo clássico, a ideia de reforma social traz o estabelecimento de condições dignas de existência para todas as classes sociais e existe uma grande preocupação em relação a achar meios de se curar a sociedade das supostas “anomalias” que causariam um mal funcionamento da sociedade.
          A verdade é que o positivismo bem aplicado seria muito melhor do que o socialismo real, por exemplo, que teoricamente deveria trazer igualdade para todos e melhoras sociais, mas que na verdade criou um sistema tão repressor quanto outros que vieram antes.
          Sendo assim, dentro do positivismo de Comte existem princípios que defendem o amor pela sociedade que, se estivesse funcionando de forma eficaz, traria uma experiência de paraíso na Terra. Mesmo que não houvesse mobilidade social, o que é péssimo para qualquer sociedade, existe na solidariedade positivista uma tentativa de salvação da sociedade,que acabaria resultando no bem estar do indivíduo.       

“Tudo é relativo. Eis o único princípio absoluto.”


Augusto Comte, francês nascido em 1857, além de criador da disciplina Sociologia, também é o pai do pensamento positivista. Tal corrente propõe a observação científica da realidade, cujo conhecimento tornaria possível o progresso dos indivíduos e da sociedade como um todo.
Comte acreditava que a observação do convívio social deveria ser interpretada através de um modelo e que, a partir dessa análise, criar-se-ia um processo de evolução e melhoria permanente. A filosofia positivista do autor não admite que crenças, superstições ou religiões sejam capazes de explicar os fenômenos naturais ou sociais, aceitando apenas esclarecimentos por parte de experiências empíricas, previamente observadas, comparadas e classificadas em métodos. Tal visão também não se atém na causa dos fenômenos, mas sim nas leis que os regem: é a investigação do real.
A principal característica do pensamento positivista é a previsão, ou seja, sugere que devemos primeiramente conhecer a realidade em que vivemos para sabermos quais as conseqüências das atitudes que tomamos no presente. Tal característica se sintetiza na frase “ver para prever, a fim de prover”, de Comte.
O positivismo também teve forte influência no Brasil, como pode ser visto até mesmo no maior símbolo pátrio do país, a bandeira nacional, onde as palavras “ordem e progresso” são de evidente crédito positivista. A filosofia positivista também marcou presença na música brasileira, principal meio cultural do país, como pode ser visto na música “Positivismo”, de Noel Rosa e Orestes Barbosa: “A verdade, meu amor, mora num poço. É Pilatos, lá na Bíblia quem nos diz. Também faleceu por ter pescoço o (infeliz) autor da guilhotina de Paris. Vai, orgulhosa, querida, mas aceita esta lição: no câmbio incerto da vida, a libra sempre é o coração. O amor vem por princípio, a ordem por base. O progresso é que deve vir por fim. Desprezaste esta lei de Augusto Comte e foste ser feliz longe de mim.”