segunda-feira, 30 de abril de 2012

Do abstrato ao real


Muito presente na visão de mundo contemporânea, a física social de Augusto Comte surge em um momento em que há uma mudança na forma de relações entre as pessoas, em qualquer aspecto da vida humana. Com as novas tecnologias e o desenvolvimento das ciências o homem passa a receber cada vez menos, já que suas tarefas tornam-se cada vez mais insignificantes e substituíveis, tendo nesse momento a inserção não só da mulher como fonte de trabalho, mas das crianças também, e as relações familiares começam a se vincular submetidos à força do mercado. Essa nova visão de mundo deixa insatisfeita a massa popular, e todas as suas novidades vêm sendo confrontadas por ela, por isso a necessidade de diagnosticar as patologias que acometem a classe operária através de uma ciência social que consiga corrigir os males, acalmar os ânimos, para tornar a ordem.
Essa nova ciência surge como uma ciência da ação, não da contemplação, seria o estado viril do conhecimento humano, que não se conforma com o mundo e estuda os movimentos reais da sociedade, seria o conhecimento mais elevado, até mesmo pelo desenvolvimento da ciência, e torna a sociedade um organismo produtivo, sendo capaz de superar os conhecimentos anteriores, que tratavam de movimentos abstratos que não mais nos servem, que existiam como pensamento e não como objeto que tem como princípio da positividade; não é o conhecimento mais digno pois está em uma dimensão de ideias, não dá para pensar em uma sociedade cada vez mais complexa a partir, por exemplo, da teologia ou da metafísica, não que estes conhecimentos não tenham sido essenciais para o homem, mas eles não servem mais para a sociedade industrial. 
Para Comte existe uma ordem que impulsiona o andamento da sociedade, a anarquia do mercado causa o empobrecimento das massas, condutas desviantes seriam engrenagens desajustadas que precisam de amparo para funcionar harmonicamente, se o estado cumprir seu papel e dar boas condições de vida, as classes deixam de se revelar, um exemplo disso poderia ser as políticas de assistência aos mais pobres, como o bolsa família, que faz o homem pobre não se revelar contra as suas condições, ou o populismo de Vargas que trouxe para si as funções sociais de coerção. A pluralidade leva a algo insolúvel, por isso o liberalismo é incompatível com o positivismo, que seria a ciência da intervenção. Se existe uma ordem, conserve-a, as mudanças de funções de órgãos são a morte, o conjunto social perece gerando desordem. A ordem seria, então, o caminho para o verdadeiro progresso. Palavras muito conhecidas por nós, brasileiros, já que o positivismo está na nossa raiz, tivemos influencia direta dele, através dos militares, na proclamação da república, na constituição e até na nossa bandeira nacional.  


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