segunda-feira, 30 de abril de 2012


            Evolução: Charles Darwin a afirmou sobre as espécies de seres vivos; Herbert Spencer a aplicou sobre os indivíduos humanos; para Karl Marx também os sistemas econômicos progrediam um sobre o outro; Alan Kardec sugere sua existência sobre as almas; Auguste Comte a concebe sobre as sociedades.
            Todos esses pensadores têm em comum, além do amparo na ideia de progresso e evolução, a contemporaneidade: pertencem a uma mesma era de avanços tecnológicos advindos da Revolução Industrial e desenvolvimento científico em todas as áreas do conhecimento. No século XIX a ciência fazia-se a senhora de todas as esferas do saber humano, o método era aplicado em toda verdade que se quisesse afirmar como científica e ser respeitada dentro desse contexto histórico-social.
            Para adequar as ciências humanas a esses aspectos, Augusto Comte propõe um novo tipo de ciência: a social. A princípio, “Física Social” era como o autor pretendia chamá-la. Física, do Latim physica, (e esta do Grego physike episteme), literalmente “conhecimento da Natureza”. Comte visa propor, dessa forma, um estudo da sociedade como um elemento tão regrado e previsível qual a natureza que nos rodeia.
            Observando a sociedade dessa forma, Comte afirma que cada indivíduo tem um papel específico nela, como um nicho social. Mas que é a natureza, se não uma ordenação aparente causada por séries de conflitos entre seus elementos?
            O ser humano é inconstante. A Evolução teorizada por tantos homens do século XIX está impressa na nossa alma: queremos evoluir! E foi essa insatisfação com a condição em que encontravam que motivou os indivíduos ao progresso da humanidade – a subversão, e não a ordem: o indivíduo que sai do seu nicho e se aventura a buscar algo diferente, como o nucleotídeo cuja sequência se altera para gerar novas características, sejam elas salutares ou não.
            Eis a beleza da natureza e o carma da sociedade: a evolução não cessa. Composto por indivíduos insatisfeitos, esse bicho de múltiplas cabeças e incontáveis chifres talvez tenda a nunca sentir-se pleno, mas justamente assim é que buscará esse Norte difuso chamado progresso, até que esbarre no seu Armageddon. 





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