sábado, 17 de março de 2012

Ruptura e Continuidade

A obra em questão mostra-se um divisor de águas entre o modo de pensamento coberto pelo véu religioso, e a luz que representa o uso da razão. Na época em que Descartes nasceu, o conhecimento oficial era derivado da religião, e aplicado á ciências que agora consideramos com alternativas, tais como astrologia, alquimia e mágica. Com isso, vivera em um mundo onde a sabedoria era absorvida de uma fonte que não o homem, e que, por consequência atribuía os fenômenos á configuração metafísica.
A partir de então, o autor utiliza-se do conceito Cogito ergo sum como princípio elementar para construir uma linha de raciocínio na qual em suas palavras, ele “era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de lugar algum, nem depende de qualquer coisa material”.
Com isso, Descartes defende que o modo de conhecimento depende apenas da razão, e, portanto, do homem. Busca uma interpretação de justiça do homem pelo próprio homem, a partir de uma preconização de uma racionalidade que passa a ser a base de todas as ciências, mas o autor considera que o desenvolvimento desse novo método de conhecimento é cumprir o desígnio divino de dominar - assim como o Criador – todas as coisas, á medida em que mostra Deus como um arquiteto maior e o homem, por ser dotado da razão, o único capaz de desvendar o mundo.
Portanto, embora a obra toda represente um novo curso para as ciências humanas, ao mostrar-se conservadora nos princípios religiosos, não caracteriza-se emtodo uma divisão dos padrões sociais, e sim em uma adição á sociedade conservadora da época.

O ATUAL DISCURSO DO MÉTODO

Apesar do Discurso do Método ter sido publicado em 1637 ele continua atual. Pois ainda seguimos o método cartesiano baseado na razão para interpretar o mundo e é isso que nos possibilita o advento de tecnologias tais qual o computador, uma máquina baseada em um código binário, entre outras. Descartes diz também que não basta somente ter o espírito bom, temos de aplicá-lo bem. Um exemplo que poderia ser tomado e de Einstein que ao desenvolver a tecnologia da fissão de urânio usou para o tratamento de câncer, entretanto ele deveria ter parado ai, pois sua outra aplicação como bem sabe causou milhares de mortes.
Em outro momento Descartes afirma que antes prefere a desconfiança à presunção e que se olharmos as ações dos homens não há aquela que seja fútil ou inútil. É uma bela maneira de nos lembrar que nós devemos valorizar e aprender com as atitudes das pessoas pois não são inúteis e sempre servirão para agregar algo as nossas vidas. E até é possível estabelecer um paralelo com Sócrates com relação à preferência da desconfiança, que é a frase que o filósofo grego sempre falava “Só sei que nada sei”.
Outro ponto a ser tratado é a relação de Descartes e a superstição. A principio Descartes queria superar a superstição, o mágico, a alquimia para edificar o conhecimento verdadeiro. Entretanto ele acreditava que quem gerava seu conhecimento era Deus, sendo Ele uma superstição todo o fundamento de seu método está baseado em uma explicação não racional.Mas é que para Descartes que viveu no século 17 não havia teoria Darwiniana da Evolução e numa sociedade onde o cristianismo era muito arraigado a conclusão que ele chegou para a fonte de sua racionalidade foi Deus.
Concluindo, o Discurso do Método continua atual porque não perdeu sua capacidade de elaborar respostas e perguntas que continuam validas ao passar dos séculos.

A presença de Descartes e de Deus na atualidade

  Quando René Descartes é mencionado em algum contexto, na maioria das vezes, seu nome será associado ou aos seus feitos matemáticos, ou a sua célebre frase; "Penso, logo existo". No entanto, a contribuição de Descartes na vida contemporânea é bem mais abrangente do que pensamos.
  A obra cartesiana foi determinante para que o pensamento científico se pautasse na razão, tornando possível o surgimento de um conhecimento livre de mitos e superstições. Tal perspectiva de ciência se mostra bem parecida com a atual, porém, há alguns pontos do pensamento cartesiano que parecem destoar de nossa realidade. Em "O Discurso do Método", Descartes afirma que os homens possuem a capacidade de raciocinar e interpretar o mundo graças à uma entidade superior, ou seja os homens são racionais graças a vontade de Deus.
 O fato de Descartes ter associado a existência da razão com uma figura divina causa incerteza nos leitores do século XXI, uma vez que a existência deste mesmo Deus a que Descartes se refere, tem a sua existência questionada diversas vezes dentro do pensamento científico atual.O que chamamos de ciência atualmente, tem como um de seus pilares para provar a sua veracidade,o fato de que as descobertas ou teorias científicas não possuem justificativas místicas. Mas antes de descartar todo o pensamento cartesiano é preciso levar em consideração que assim como o filósofo, nós também em diversos momentos nos justificamos na existência de Deus quando há algo que não conseguimos explicar claramente.
  Sendo assim, é perceptível que mesmo após mais de três séculos e várias definições e teorias que definiam o homem como um ser dotado de razão, ainda seguimos a conduta cartesiana e acreditamos no poder de  uma entidade divina. É por este fato e tantos outros que podemos dizer que a sociedade contemporânea ainda é cartesiana , pois por diversas vezes seguem os mesmos procedimentos que Descartes seguiu ao contribuir para o surgimento da ciência moderna.
   
 


O sei que nada sei de René Descartes

                                             
Por mais que Descartes, em seu livro Discurso sobre o método, tenha criticado os filósofos clássicos por gerarem conhecimento inútil, estéril e sem sentido prático; não há como não comparar suas ideias com as de Sócrates, o patrono da filosofia clássica.
Assim como Sócrates, Descartes nunca se contentou com opiniões estabelecidas, preconceitos e crenças inquestionadas. Em sua obra buscou orientar a razão e assim chegar ao conhecimento pleno, verdadeiro e, antes de tudo, aplicável.
Quando menino, René acreditava que chegaria a esse conhecimento através das letras, pois assim conheceria escritos de pessoas ditas "dotadas de ciência". No entanto, quanto mais estudava e aprendia, mais constatava sua ignorância, se enchia de dúvidas e mais se distanciava da verdade absoluta.
Mais tarde, o jovem Descartes buscou conhecimento através das viagens porque achava que conhecendo diferentes povos poderia tirar algum proveito que o fizesse distinguir o verdadeiro do falso. Todavia, essa busca no "livro do mundo" não lhe deu a luz que tanto objetivava. Então, percebeu que deveria investigar dentro de si mesmo o caminho certo para a razão, o que fica claro no trecho onde cita sua terceira máxima: "procurar sempre antes vencer a mim próprio do que ao destino, e de antes modificar os meus desejos do que a ordem do mundo (...)"
Mas o que torna a obra de René tão atual, em minha opinião, é quando ele fala em "É bom saber alguma coisa dos hábitos de diferentes povos, para que julguemos os nossos mais justamente e não pensemos que tudo quanto é diferente dos nossos costumes é ridículo e contrário à nossa razão, como soam fazer os que nada viram". Pois no mundo em que nos encontramos, o multiculturalismo tem sido alvo de revoltas e perseguições. Como exemplo, a Europa que virou  palco de intolerância e conflitos contra estrangeiros, principalmente muçulmanos e africanos. Tanto para Sócrates quanto para Descartes, o homem tem que ir além da aparência e dos sentidos, ou seja, abolir preconceitos. Logo, quando a humanidade tomar consciência de que sabe que nada sabe, talvez, poderá respeitar as diferenças, as particularidades e os costumes de outras culturas.

Revolução ou racionalização?

Raros são os textos que seguem atuais após séculos de sua publicação. Grandes exemplos disso são "o Príncipe" de Maquiavel, e "Política" de Aristóteles. Entretanto, quando pensamos em "O Discurso do Método" de René Descartes nos deparamos com um texto com pensamentos que poderiam ser contemporâneos, mas sim com reflexões que se tornaram mais expressivas com a passagem do tempo.

Hoje vivemos em uma sociedade extremamente racional se comparada às do passado. Muitas das crendices e passionalidades foram deixadas de lado, dando lugar ao racionalismo marcante do século XXI. O que seria de nossa medicina se ainda levássemos em consideração os mitos como método de cura? Quão ultrapassada seriam nossas leis se ainda mantivéssemos as tradições da antiga Europa dominada pela Igreja católica?

Nossa sociedade mudou muito com a valorização da razão, e a ela podemos creditar o avanço tecnológico atual e muitos dos direitos e liberdades que hoje desfrutamos. Revolução Puritana e Gloriosa, Revolução Francesa, entre tantas, podem ter como estopim um fato considerado passional, porém quando levado em consideração todo o contexto do período em que elas se passaram será confirmado que foram na realidade revoltas puramente racionais, que buscavam mudanças para uma já ultrapassada sociedade européia.

Obviamente não podemos simplesmente desconsiderar as emoções dos seres humanos, pois estas são parte de sua natureza e sempre terão sua importância. Entretanto devemos continuar o curso lógico da história e seguir com a racionalização em detrimento de falsos mitos e tradições, para libertar e evoluir na revolução (ou racionalização) de cada dia.

Descartes discute em seu livro "Discurso do Método" que a razão e a experiência devem guiar a ciência moderna. Durante sua explicação, o autor critica o modo tradicional de ensino, pelo qual ele mesmo foi educado. Ele acredita que essa erudição tradicional não gera frutos pois não modifica a realidade, ou seja, é apenas aparência, sem nenhuma essência. Esse tema aparência X essência é, na realidade, muito atual. O mundo capitalista e a vida da sociedade burguesa levaram o homem a valorizar mais o exterior em detrimento do conteúdo. Por isso, rotulamos a menina tatuada e nos afastamos, mesmo sem antes tê-la conhecido; o empregador prefere dar a vaga de emprego à mulher de melhor aparência do que àquela considerada fora dos padrões de beleza; trocamos o carro todo ano mesmo não tendo dinheiro para isso, mas não podemos ficar atrás do vizinho. Estamos a todo momento julgando o que vemos. Por isso, para o homem moderno, importa mais aparentar do que ser.

A razão em Pink Floyd 





O uso da razão para se atingir a plenitude intelectual e, até mesmo espiritual, como princípio fundamental cartesiano não está superado, mesmo em um tempo no qual o pragmatismo científico e coletivo questione a verdadeira função da Filosofia. A razão em sua essência, porém não estritamente secular, neutraliza as paixões ligadas aos dogmas religiosos, às tradições e ao senso comum. A partir do momento que o homem se torna fundamentalmente racional há o fim da censura psicológica  e, com isso, os questionamentos se tornam abundantes e cada vez mais ousados; a dúvida passa a ser o imperativo. Com a dúvida surgem as tentações às decepções, à nostalgia, à descrença, ao vazio da existência humana.

Pink Floyd é, indubitavelmente, a representação mais duradoura, ou seja, clássica, da dúvida, da razão levada ao extremo. Sua obra explora e questiona a solidão, a família, a guerra, a existência humana de uma forma universal ainda que intimista. Outros já fizeram o mesmo, mas poucos conseguiram desvendar as cicatrizes, os medos e os sonhos do homem contemporâneo. Uma obra sempre taxada de niilista, de depressiva, que consegue dissecar o subconsciente coletivo com toques psicanalíticos. E isso, sem dúvida, só foi possível devido à crença no poder e na clareza da razão, como acreditava Descartes, para se chegar ao conhecimento e à harmonia. Somente os céticos desfrutam da capacidade de se desvincular de todo um legado cultural, religioso e moral para propor discussões pendentes ao ilimitado e ao desconhecido.

Muitos séculos depois de Descartes, e seu pensamento assim como Pink Floyd, continuam mais atuais do que nunca. O descontentamento cartesiano com a erudição e com a educação tradicional ainda persiste, mesmo com a facilidade de acesso à informação e com o auxílio da tecnologia. O discurso do método, portanto, ainda é um instrumento para o crescimento do homem. A razão, essa que sempre leva a dúvida, é , portanto, um meio seguro para se compreender a atualidade, e isso, não poderia ficar mais evidente do que na obra de Pink Floyd. Aqueles que ainda buscam um método deveriam conhecer melhor Pink Floyd. Se acharem a música perturbadora demais, nada melhor do que fazer uso da razão para lidar com o sofrimento e a irracionalidade do homem.

René Descartes e sua contribuição na evolução do pensamento humano

Ao longo da história, o homem foi dando passos importantes em direção a uma melhor compreensão do mundo que o rodeia, buscando explicações metafísicas, religiosas e racionais que lhe explicassem questões fundamentais de sua existência: de onde vim? Qual o sentido da minha vida? Como posso conhecer a verdade dos entes materiais?
                Foi assim que ao longo dos séculos, o homem foi adquirindo uma maior perfeição em seu conhecimento. A primeira forma de explicar os acontecimentos naturais foi uma explicação mítica, os deuses regiam o universo; depois surgiu na Grécia a passagem do mito ao logos, com Axímenes, Tales de Mileto e outros pensadores que começaram a se questionar sobre a “arjé da physis”. Durante o longo período medieval, ocorreu o conhecido fenômeno denominado “Cristandade” a explicação religiosa fazia parte do cotidiano do homem, que vivia em função do sobrenatural.
                Outra fase entra em cena, quando o centro do universo deixa de ser Deus e torna-se o homem, passa-se do teocentrismo para o antropocentrismo. E dessa forma aquilo que mais nos diferencia dos outros seres, nosso intelecto, torna-se o elemento fundamental pelo qual o homem tenta explicar a realidade que o rodeia.
                René Descartes com seu método cuja base era a razão marca um momento crucial na história humana. Descartes propõe uma nova forma de pensar através da dúvida metódica, não se contenta com uma mera explicação, busca a verdade última das coisas até que não reste mais dúvida alguma, chegando a uma verdade indubitável: “Cogito, ergo sum”, (penso logo existo).
O homem, a partir de Descartes, deixa de buscar todas as suas respostas somente com a fé e passa a usar cada vez mais métodos de pesquisa e pensamentos que lhe demonstrem o porquê das coisas, que lhe ajudem a entender os fenômenos naturais de modo racional e não mais teológico.

Pensar para existir



René Descartes, com seu método cuja base era a razão, deixando de lado o dogmatismo de sua época e pregando uma ciência ao alcance de todos, inova e dá início à filosofia moderna com a célebre frase: “Eu penso, logo existo”. Frase na qual está implícito que a essência do homem está no ato de pensar e que para esse ser alguém não há necessidade de mais nada, além disso.
O grande progresso da ciência no mundo contemporâneo e a maior facilidade de acesso ao conhecimento advêm do método narrado por Descartes em “O Discurso do Método”. Tal método, segundo o filósofo, poderia ser utilizado por qualquer ser humano por esse possuir a razão, o bom senso, o que o diferenciava dos animais.
Porém, todo homem tem a oportunidade de pensar e sendo assim existir?
Em pleno século XXI, em todo o mundo, um número muito elevado de indivíduos vive precariamente; milhões de pessoas passam fome, não possuem moradia, não têm acesso à saúde, não têm acesso à educação e consequentemente é elevado o número de analfabetos; tal quadro social pode se exemplificado pela África subsaariana, que sofre as conseqüências de sua colonização até os dias de hoje e é uma das áreas do globo em que predomina a extrema pobreza. Pessoas que vivem desse modo, apenas lutam, como animais, por sua sobrevivência; entretanto , animais são desprovidos de racionalidade enquanto tais pessoas apenas são impedidas de fazer uso da sua. E, partindo do pressuposto que para existir há necessidade de pensamento, perante a sociedade tais seres humanos passam a não existir.



O método descartiano aplicado a vida pessoal e profissional nos dias de hoje

  Descartes, ao enunciar sua teoria sobre a racionalização,tinha por objetivo derrubar o Mundo Mágico existente em sua época, Mundo este onde os mitos eram tão ou mais importantes que o pensamento crítico. Analisando o século XXI percebe-se que seus pensamentos nunca estiveram tão atuais. Somos descartianos tanto na vida particular quanto na profissional.

  O bom profissional tem por dever atender as necessidades da sociedade da melhor maneira possível. Ele não deve deixar influenciar-se por suas crenças ou emoções desmedidas. A moderação é a grande virtude dos bons profissionais. O dinheiro não é uma consequência dessa virtude, é apenas uma ferramenta utilizada pela ordem vigente para compensar e estimular os que mais produzem, os que mais geram lucros.

  Embora com uma frequência menor, é possível ainda assim perceber as ideias de Descartes presentes em nossas vidas particulares. Ao tomar decisões como: casar ou não, ter ou não filhos a metodologia descartiana se faz presente. É preciso, nesses momentos, deixar a idealização de lado e analisar com cuidado todos os efeitos que a escolha venha a produzir, não só no presente, mas principalmente no futuro. Assim, caso o resultado não seja o melhor possível, ele já era do conhecimento do indivíduo.

  Seria bobagem afirmar, no entanto, que somos seres completamente descartianos, nossa humanidade consiste justamente em nossas diversas emoções e na expressão delas. Embora consigamos aplicar sua teoria de maneira, no mínimo, eficiente, não somos capazes e duvido que um dia seremos de aplicá-la em sua totalidade em  todas as esferas da vida humana.