quarta-feira, 29 de maio de 2024

O trabalho e a sociedade do cansaço


Uma das principais distinções entre os seres humanos e os outros animais está centrada no trabalho. Tal atividade rege a vida dos indivíduos modernos, sendo o meio pelo qual estes manifestam sua humanidade, asseguram sua sobrevivência e interagem com a natureza. Segundo o sociólogo Marx: “[O] trabalho é, assim, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas sociais, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana”

Nesse sentido, ao analisar a situação do trabalho na sociedade contemporânea pós-covid, observa-se um aumento nas desigualdades do sistema capitalista, uma vez que a automação e a digitalização, ao permitirem a continuidade do trabalho de maneira remota durante o isolamento na pandemia, polarizaram fortemente o mercado. Muitas pessoas com altas qualificações na área da tecnologia encontraram caminhos para aumentar sua produtividade e manterem-se estáveis durante a pandemia, no entanto, indivíduos que possuíam empregos que exigiam presença física ou que possuíam negócios próprios acabaram por enfrentar desemprego e grande insegurança financeira. Logo, nota-se a perpetuação e o agravamento da desigualdade no corpo social.

Além disso, na atualidade, com o rápido avanço das tecnologias, muitas pessoas passaram a valorizar a flexibilização e a autonomia do trabalho. Entretanto, isso fez com que a vida pessoal e a vida profissional dos indivíduos se misturassem, dificultando sua separação. Sob esse prisma, os seres humanos começaram a dar extrema importância ao trabalho, exigindo cada vez mais de si mesmos um bom desempenho e maior tempo de dedicação a seus trabalhos. Segundo o filósofo sul – coreano Byung – Chul Han, esse excesso de cobrança e de positividade relacionado ao trabalho é uma das maiores características da sociedade atual, a qual tem se revelado em um ritmo de crescente aceleração e adoecimento mental de seus componentes.

Nessa perspectiva, entende-se que as inovações tecnológicas estarão cada vez mais ligadas ao mercado de trabalho, exigindo novas habilidades e competências dos trabalhadores. Com isso, é necessário que os cidadãos estejam sempre cientes de seus direitos, afim de garanti-los, e que governos ao redor do mundo criem políticas públicas para um mercado mais inclusivo e que respeite a dignidade de deus trabalhadores.

 

Maria Vitória Ferreira

1º Direito Matutino

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