domingo, 9 de abril de 2023

A consciência coletiva ao longo dos séculos

     Para Émile Durkheim, o fato social é exterior ao indivíduo, ou seja, não depende apenas desse para existir, então pode acontecer antes mesmo do nascimento do cidadão, e o influencia a agir de certa maneira, a qual é estabelecida pelo contexto social, a fim de permanecer na comunidade e, por isso, mantém a coerção social. Sob essa perspectiva, pode-se notar o fato social sendo colocado em prática na consciência coletiva, uma vez que essa é o conjunto de ideias comuns à população daquele período, formando uma espécie de pensamento comunitário. Por exemplo, durante a Idade Média, o conceito de “bruxa” que permanecia no ideal coletivo era usado para punir mulheres que não concordavam com a vida submissa a qual eram impostas e não apenas para aquelas cidadãs que praticavam as feitiçarias que eram condenadas pela Igreja Católica. Assim, queimar tais mulheres na fogueira era socialmente aceito, dado que não estavam cumprindo com o esperado pela consciência coletiva e ameaçavam a ordem previamente estabelecida.
     No entanto, infelizmente inúmeros preconceitos fazem parte da consciência coletiva até a atualidade, como evidencia Grada Kilomba ao questionar a falácia comumente propagada pelo corpo social quanto a universalidade e a legitimidade da ciência feita por brancos devido exclusivamente à etnia dos cientistas, enquanto a ciência das pessoas pretas é dada como subjetiva e logo é desconsiderada. Além disso, Grada também coloca em pauta o silenciamento de pessoas por causa de etnia, sexualidade e gênero, já que a consciência coletiva impõe que apenas homens héteros e brancos podem produzir conhecimento e ainda detém a “imparcialidade” como pano de fundo. 
     Ademais, aqueles que ousarem resistir sempre sofrem reações punitivas que buscam “restabelecer” a norma a fim de evitar a quebra do equilíbrio, o que Durkheim denomina “anomia”, que significa a deteriorização das regras que mantém a coerção social. Para exemplificar, é possível citar o apedrejamento de mulheres que cometiam adultério em praça pública na Antiguidade com o intuito de servirem de exemplo para que outras cidadãs não repetissem tais ações, o que conservaria a ordem. Dessarte, um pensamento comum do corpo social está presente há séculos e ainda permanece na atualidade, sendo exterior e imposto ao indivíduo. 

Gabriela Carvalho Granero - 1° ano direito matutino 
RA 231223757

A consciência coletiva: colonização e corpo social doente

No livro "Memórias da Plantação", a escritora Grada Kilomba incita e reflete em suma dos lugares sociais, em que evidencia um notório objeto de apagamento acerca do lugar de fala, tal qual, foi procedente dos vestígios da colonização e fomentado pela dominação de uma voz universal.
Nesse sentido, ela questiona: "quem pode falar?", tendo em vista que, a branquitude que tem voz dentro de espaços acadêmicos e de esferas políticas. Diante disso, percebe-se que esse questionamento rumina numa ‘’territorialização do saber’’, pois se num mundo onde a Ciência Moderna faz com que o conhecimento seja poder, logo as pessoas que não possuem voz nesse espaço são empurradas para as margens juntamente com o silêncio.
Ademais, o sociólogo Émile Durkheim aponta que a sociedade sempre vai sobressair ao indivíduo, de tal forma que pode ser até comparada a um ‘’corpo biológico’’, um organismo vivo que se desenvolve e coexiste num mecanismo de solidariedade.
Portanto, a partir de que momento esse órgão social, tal qual, possui uma consciência coletiva regida por uma cultura de ideias morais e normativas, vai ‘’legitimar’’ a voz das pessoas submetidas às margens? Porque, infelizmente, a coesão proposta por Durkheim não se concretiza numa realidade apresentada por Grada, onde a margem e o silêncio afetam e adoecem há tanto tempo esse corpo social.

Melissa Estevam dos Santos – 1° Ano de Direito (noturno) – RA: 231224321

Último suspiro das minorias negras


“Eu não consigo respirar” – última frase dita por George Floyd.

O funcionalismo social proposto por Émile Durkheim admite os chamados “fatos sociais” como mantenedores do estado normal da sociedade, sendo esses todos os modos de agir exteriores e coercitivos ao indivíduo. Entende-se por estado normal a situação em que a população se insere dentro dos costumes e das normas pré-estabelecidas e aceitas socialmente ao longo da cronologia humana, tendo em vista evitar o que viria a ser chamado de estado patológico.

Todavia, não é só porque tal sociedade funcionalista se mantém intacta até os dias atuais e conserva em si a determinação da consciência coletiva que ela é totalmente correta ou, aliás, que é correta de qualquer forma que seja. Com a leitura do texto contido no livro “Memórias de plantação: episódios de racismo cotidiano”, denota-se como a voz de um povo pode ser silenciada não só de forma quantitativa, mas também de maneira qualitativa, haja vista a desqualificação acadêmica sofrida pela autora Grada Kilomba, além de todo o descrédito apresentado por pesquisas, trabalhos e projetos propostos por estudantes negros, sendo julgados como subjetivos, demasiadamente interpretativos e/ou emocionais.

Ainda diante do texto supracitado, pode-se inferir como esse silêncio converge justamente para grupos marginalizados socialmente. Tal margem não se trata, muitas vezes, de um lugar geográfico, mas sim de um substrato social para transgredir formas de pensamentos retrógadas enraizadas socialmente. Com isso, minorias são cada vez mais silenciadas, e tais minorias, grande parte das vezes, não são, de fato, menores em número, mas sim em força de expressão e poder representativo de fala.

À luz do exposto, reitera-se a frase citada no início do texto de George Floyd (pouco antes de ser assassinado por um policial nos EUA) e pode-se adicionar que não somente ele não consegue respirar, mas todo o seu “grupo”, composto por milhares de indivíduos negros, os quais são diariamente silenciados e sufocados (tanto no sentido literal quanto metaforicamente) a fim de não quebrar a engrenagem que gere a funcionalidade social e dá sequência a consciência coletiva permeada ao longo dos séculos.

TEMA: "A consciência coletiva de cada dia"

Nome: Lucas Leite Silva de Oliveira - Direito (matutino)/ 1° semestre 

RA: 231224516

A conciência coletiva e a Páscoa

     A consciência coletiva é um mecanismo de integração social pesquisado principalmente pelo sociólogo francês Émile Durkheim, onde define como um conjunto conhecimentos e valores socioculturais comuns de uma sociedade a tal ponto em que indivíduos com pensamentos diferentes expressem mesmos comportamentos, favorecendo a integração social. Esse mecanismo existe desde o início da formação dos grupamentos sociais para sobrevivência dos seres humanos no período da pré-história e continua até os períodos atuais, ajudando a desenvolver identidades sociais, como o período da Páscoa. 

De pronto, a consciência coletiva é vista como uma ferramenta para manter a ordem e estabilidade da sociedade, portanto, essa ideia está sempre sendo alterada e adaptado para a realidade social de seu tempo. Com isso, diversas tradições são construídas e adaptadas para suas respectivas comunidades, porém seguindo muitas vezes um padrão, um exemplo de costume seria a celebração da Pascoa. A Páscoa surgiu primeiramente como um feriado religioso para os cristãos se reúnem celebrarem a ressurreição de Jesus Cristo, onde a celebrado se inicia a partir do começo da semana santa, com diversas festividades e cultos de cunho religioso, como as Paixão de Cristo (encenações da crucificação e ressurreição de cristo). 

No entanto, parte da sociedade não pratica o cristianismo, porém essa data ainda é celebrada. Como descrito anteriormente, esse mecanismo está em constante evolução, porém pedaços dessa tradição continuam, como o encontro das famílias e amigos para passarem essa data juntas, apenas para aproveitarem o tempo juntas. A tradição de reunir a família auxilia a desenvolver laços fraternos mais fortes entre seus membros, garantindo assim uma convivência saudável entre eles. 

Desta forma, a consciência coletiva auxilia a construir a identidade social e tradições independente das características individuais do indivíduo, auxiliando assim na coesão social. E o período da Páscoa incentiva principalmente a confraternização, pois independente da crença religiosa, todos querem se encontrar com seus entes queridos. 

CONSCIÊNCIA COLETIVA: DESCRIÇÃO E ATUAÇÃO SOCIAL

     Ao passo dos avanços quanto aos estudos sociológicos, alguns autores começaram a seguir pelo caminho de ponderar as relações entre o homem como indivíduo e a sociedade que o cerca, argumentando em prol da superioridade coercitiva de um sobre o outro. Este é o caso do filósofo Émile Durkheim, o qual baseia sua teoria na defesa de que, embora possa-se dizer que é a junção das consciências individuais que determina a sociedade, esta exerce muito mais impacto sobre a vida e consciência dos indivíduos.

     A principal teoria de Durkheim é a de que a sociedade determina a vida de seus indivíduos através de fatos sociais, os quais, além de serem um aspecto universal de todas as sociedades, possuem três características principais: coercitividade, generalidade e exterioridade. Assim, esses atributos que moldam a vida social são caracterizados por fenômenos que exercem pressão sobre o indivíduo (muitas vezes impossibilitando-o de viver plenamente caso escolha por não aderir ao que lhe é imposto), existe antes, durante e após este (independe de uma pessoa ou um grupo) e aplica-se a todos os pertencentes àquela sociedade. Dessa forma, pode-se citar, por exemplo, a língua falada ou os modos à mesa como exemplo de fatos sociais, tendo sempre em vista que eles variam entre as diversas comunidades.

     Sob essa ótica, um importante elemento da obra do filósofo do século XIX é a existência de consciências coletivas dentro de uma sociedade, as quais, em contato com o indivíduo, moldam seu modo de agir e de pensar. Sobre esse assunto, é válido citar os escritos de Grada Kilomba, em sua obra “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”. Em seus relatos, a autora trata do racismo intrínseco à detenção do conhecimento na nossa sociedade, explicando que apenas o conhecimento da população branca é tomado como válido e verdadeiro, enquanto o conhecimento negro é, em sua maioria, tido como irracional, emocional, desprovido de valoração científica e sofre uma enorme marginalização se comparado ao branco. Ainda, a autora retrata o impacto desse racismo não só na construção de um conhecimento neutro como um todo, mas no modo como ele determina a maneira de pensar dos que sofrem sua influência; sobre isso, o livro traz o exemplo de como as crianças, principalmente as brancas, desconhecem personalidades, obras e fatos históricos negros, diferentemente das crianças negras que, fora da escola, estão inseridas em outro contexto social.

     Dessa forma, fica evidente que a maneira de pensar, os costumes e o conhecimento vigente em uma sociedade determinam fortemente a vida como um todo de seus cidadãos. Assim, essas consciências coletivas podem, portanto, interferir desde a socialização básica do indivíduo no corpo social, como a língua falada, até a manutenção de males como o preconceito e a segregação daqueles que não compactuam com o modo de pensar predominante no espaço onde vivem. 


Aluna: Maria Clara Feitosa de Oliveira - 1° ano de Direito - matutino 

COMO A SOCIEDADE BRASILEIRA SE RELACIONA COM AS PROPRIEDADES PÚBLICAS E PRIVADAS

 

             A noção de propriedade pública e privada é de conhecimento comum desde a história antiga, atualmente ela se baseia na visão da sociedade capitalista, que foi construída com o surgimento da classe burguesa (classe social detentora dos meios de produção). Temos o entendimento de que propriedade privada vem da posse para fins privados, ou seja, que atenda o interesse do dono das terras.

             Sendo a antítese da propriedade privada, a pública é criada para atender o interesse social, ou seja, para fins recreativos, produtivos, assistenciais entre outros. Porém vemos algumas diferenças de como os grupos capitalistas se relacionam com estas propriedades, um desses grupos é a sociedade brasileira.

             Comumente, a sociedade brasileira prioriza as propriedades privadas em detrimento da pública, podemos chegar essa conclusão observando os espaços e a legislação. O brasileiro trata mal os espaços públicos, normalmente vemos banheiros públicos destruídos e sujos, praças mal cuidadas, calçadas esburacadas e desniveladas entre outros exemplos.

             A legislação privilegia a propriedade privada, temos por exemplo, no código civil, vários artigos tratando direitos e deveres privados, mas poucos tratando dos públicos.

             Como podemos observar, a sociedade brasileira precisa ser conscientizada sobre a importância e o valor da propriedade pública, aprimorando a legislação e reconhecendo sua responsabilidade na manutenção destes espaços, tornando a sociedade em que vivemos mais saudável para todos os indivíduos que possam ser influenciados por um ambiente bem cuidado, conforme define Durkheim.

 

David G. Ortona

1° ano noturno de Direito

Consciência coletiva e a ditadura do pensamento

           No século XVIII, no Brasil Colônia, a chegada dos ideais iluministas – tão importantes para a Revolução Francesa – abalaram a capitania das Minas Gerais, influenciando a Inconfidência Mineira. Apesar de ter falhado no seu objetivo de movimento separatista em relação à Coroa Portuguesa, esse evento histórico se popularizou pela pena dada a um dos inconfidentes: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O chamado castigo exemplar, legalizado à época, tinha por objetivo, justamente, servir de exemplo para que os demais cidadãos se sentissem coagidos a não praticar aquele crime devido a violência com que fora reprimido o criminoso. O enforcamento seguido de esquartejamento de Tiradentes ficou eternizado em quadros com o seu rosto e, posteriormente, popularizaram-se no movimento republicano do século XIX.

Nesse sentido, cabe um paralelo entre fato social – conceito do francês Émile Durkheim – e o castigo exemplar. Para além do básico ensinado no ensino médio a respeito de fato social, é de suma importância o entendimento da relação entre consciência coletiva e sociedade. Segundo o sociólogo, através sobretudo da educação, os indivíduos são inseridos em uma rede de pensamentos comuns que servem para criar uma coesão social: a consciência coletiva. Essa consciência existe para a coerção social, que é o grande alicerce para o estabelecimento da coesão social, necessária para a ordem coletiva e o funcionalismo. Dessa maneira, os indivíduos em uma sociedade passam a pensar do mesmo modo e a reprimir de diversas formas comportamentos ou pensamentos divergentes daquilo que é solidificado enquanto coletivo e correto. Sendo assim, a função da pena exemplar é justamente a coesão social.

Paralelamente a essa, a questão da pena de morte, tema tão debatido com o avanço da extrema direita no pós 2013, faz-se correlato ao fato social. Um grupo de pessoas através do desenvolvimento de uma consciência coletiva direitista assimilou a ideia de que a pena de morte serviria como coerção para que as pessoas não cometam crimes. Mas esse discurso perigoso acabou servindo de instrumento de terror para os simples opositores da pena de morte, ou seja, pessoas que não são criminosas. Desse modo, aqueles que se opuseram a consciência coletiva direitista passaram a ser atacados e coagidos a pensar segundo essa “norma” por eles estabelecida. A respeito disso, Émile diz que “[...] o castigo é sobretudo destinado a atuar sobre as pessoas honestas”, explicitando que a generalidade do fato social se deve por seu caráter amplo de atuação, fazendo com que aquilo que fora posto como correto ressoasse sobre todos os indivíduos, a fim de estabelecer uma conduta homogênea.

           Portanto, fica claro que o funcionalismo existe nos dias de hoje e pode ser entendido como algo bom ou ruim, a depender da consciência coletiva a qual cada pessoa está vinculada. Assim, deve-se atentar para a maneira como os fatos sociais influenciam ao longo da formação de uma sociedade desde os princípios até a hodiernidade, para que não estejamos sujeitos a uma ditadura do pensar coletivo e coercitivo.

Taís Aimee Vasconcellos Prudêncio – 1º Direito Matutino
RA: 231223692

Opressão das massas

Emile Durkheim foi um sociólogo francês que viveu no final do século XIX, e suas ideias tiveram grande influência na sociologia moderna. Uma de suas principais contribuições foi a teoria do fato social. Para Durkheim, os fatos sociais são as maneiras pelas quais a sociedade se manifesta e se impõe sobre o indivíduo. Eles são fenômenos coletivos que transcendem a vontade individual e são expressos em normas, valores e costumes. Esses fatos sociais têm uma existência independente das pessoas e são tão reais e objetivos quanto os fenômenos naturais. Eles exercem uma pressão sobre os indivíduos para que ajam de acordo com as expectativas da sociedade, moldando assim seus comportamentos, crenças e pensamentos, criando uma consciência coletiva.

A consciência coletiva é presente na sociedade como um todo e no dia a dia torna se algo maléfico, pois ela pode reprimir a diversidade e a individualidade. Quando as normas e valores são tão fortes que não permitem a expressão de identidades e pensamentos diferentes, levando a exclusão e marginalização de indivíduos ou grupos que não se encaixam no padrão dominante. Essa ideia se encaixa com o pensamento do sociólogo Gustave Le Bon, na psicologia das massas, onde a multidão comporta as ações dos indivíduos e influenciando o seu pensamento.

Além disso, também se atribui a consciência a problemática, quando é utilizada para justificar práticas opressivas, como o racismo ou a homofobia. Quando a sociedade como um todo compartilha de valores e crenças discriminátorias, isso pode levar à exclusão e violência contra certos grupos, legitimando esses atos. Então, nota-se a necessidade de analisar essa consciência e pensamento coletivo, buscando desligitimar a opressão e compreender o corpo social.

Yan Justino - 1° ano direito matutino RA: 231223463

 O Silenciamento como Fato Social

        

       Segundo o sociólogo francês, Émile Durkheim, o  fato social é a realidade à qual os indivíduos são inseridos desde o nascimento, como família, religião, instituições de ensino, cultura, governo, ou seja, tudo aquilo que deve ser realizado por afinidade, influência ou coerção. Para o autor, os  fenômenos sociais ocorrem porque a sociedade é um organismo vivo, e os valores que a compõem precedem os indivíduos. A valorização de certos corpos e culturas em detrimento de outras em um mundo pós globalização pode ser considerado um fato social, o que é explorado nas obras de Grada Kilomba e Chimamanda Ngozi Adichie.

        “Qual conhecimento é reconhecido como tal? E qual conhecimento não o é? Quem é reconhecido como alguém que tem conhecimento? E quem não é? Quem pode produzir, ensinar conhecimento? Quem pode performá-lo? E quem não pode?”. Tais indagações propostas pela escritora e psicóloga portuguesa, Grada Kilomba, procuram explicitar dinâmicas de apagamento e silenciamento relacionadas à raça, gênero, sexualidade e pós-colonialismo. Ao questionar quem pode ou não possuir conhecimento, a artista não só ressalta que ao longo dos tempos certos grupos foram privados de voz e movimentação, como também propõe um novo prisma social, “fertilizando sementes para criação de novos mundos.”

         Já a escritora angolana Chimamanda Ngozi Adichie aborda a temática a partir de uma visão sul global. Em seu livro “O perigo de uma história única”, a autora discorre sobre o fato de que quando criança só conseguia enxergar personagens literários brancos e com hábitos britânicos, e por isso tinha dificuldades de escrever histórias sobre si e seus semelhantes. “A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história.” Chimamanda ainda denuncia que embora hoje sejam contadas histórias sobre os continentes africanos e asiáticos, essas histórias, de um ponto de vista etnico-culural, sempre vêm imbuídas de filtros americanizados ou europeus, quase como uma tentativa de neutralizar as diferenças culturais.

         Assim, duas escritoras, provenientes de continentes distintos, conectadas apenas pela feminilidade e negritude, escrevem sobre a importância da pluralidade e a necessidade de diversificação em relação a espaços de fala e escuta. O perigo de uma história única é que essa, além de ser incompleta, geralmente também é arbitrária, e o silenciamento de certos grupos e corpos em um mundo globalizado e pós-colonial pode levar a marginalização e assassinato destes. Dessa forma, a disputa de narrativas e do consciente coletivo deve ser feita, visando uma abordagem sociocultural cada vez mais inclusiva e menos singular.

Geovanna Gonçalves Peniche - 1° ano Direito (Matutino) - RA:  231222874

a consciência coletiva de cada dia.

 

Em sua obra clássica "As Regras do Método Sociológico", Émile Durkheim propôs a ideia de que a sociedade é um fenômeno distinto das pessoas que a compõem e que a consciência coletiva é um dos principais elementos que a mantém unida. Para Durkheim, a consciência coletiva é a soma total das crenças, valores e normas que uma sociedade compartilha e que são internalizados pelos indivíduos que a compõem.

Em primeiro, vale ressaltar que Durkheim argumenta que a consciência coletiva é um fator chave para entender a vida social e que é fundamental para manter a coesão social e o funcionamento da sociedade. Ele acreditava que, ao aderir às normas e valores da sociedade, as pessoas contribuem para a manutenção da ordem social e da estabilidade. O sociólogo também alertou para os perigos de uma consciência coletiva excessivamente forte, que pode levar à opressão e à restrição da liberdade individual. Além disso, também argumentou que a individualidade é uma parte essencial da natureza humana e que a sociedade deve encontrar um equilíbrio entre a coesão social e a liberdade individual. No entanto, a consciência coletiva não é estática. Ela está em constante evolução e mudança, refletindo os desafios e oportunidades que surgem em cada época.

Ademais, é interessante notar que, embora a consciência coletiva seja compartilhada por todos os membros de uma sociedade, ela também é moldada por grupos de poder e influência, como governos, empresas e grupos religiosos. Desse modo, é fácil perceber a consciência coletiva em ação em nossas vidas cotidianas. Por exemplo, o modo como as pessoas se vestem, falam, e se comportam em um determinado contexto social pode ser influenciado por um conjunto de normas sociais. Essas normas podem ser explícitas, como as leis e regras de uma sociedade, ou implícitas, como as expectativas de gênero e as normas de etiqueta. Sob essa perspectiva, consciência coletiva também desempenha um papel importante em questões mais amplas, como políticas públicas e direitos humanos como as mudanças na consciência coletiva da sociedade brasileira levaram a conquistas significativas no que diz respeito aos direitos LGBTQIA+, que antes eram negados e agora são reconhecidos por lei. Todavia, a consciência coletiva também pode ser um obstáculo para o progresso. Em alguns casos, a sociedade pode se apegar a crenças e valores ultrapassados, o que pode dificultar a mudança e a inovação. Por exemplo, a resistência à tecnologia e à globalização pode ser vista como um reflexo da consciência coletiva de algumas sociedades resistentes a inovação.

Portanto, o autor enfatiza a importância da consciência coletiva como um elemento fundamental da vida social. Ele argumentou que a compreensão da consciência coletiva era essencial para entender a sociedade e que a sua análise era uma tarefa central para a sociologia. Portanto, é importante continuar a estudar e a refletir sobre a consciência coletiva em nossas vidas cotidianas, a fim de compreender melhor a dinâmica da sociedade e trabalhar em prol de uma sociedade mais justa e equitativa.

Giulia Lotti Pupin, direito-noturno RA 231224761

Vivemos em um período de anomia?



    É muito comum ouvir que a sociedade ocidental está em colapso. O questionamento de valores "tradicionais" como família, cristianismo, propriedade privada etc. é para diversos grupos de direita o motivo principal dos problemas sociais de hoje. Mas será que a sociedade está de fato em colapso?

   

   Embora seja verdade que a sociedade ocidental está passando por mudanças sociais significativas, não é correto sugerir que isso represente necessariamente seu colapso. Em vez disso, o que estamos vendo é uma mudança de valores e prioridades à medida que a sociedade se adapta às mudanças globais.


   Por exemplo, embora possa haver um declínio nas formas tradicionais de afiliação religiosa e nas estruturas familiares, isso não significa necessariamente que a religiosidade e a família estão entrando em colapso. Pelo contrário, muitas formas novas de se expressar espiritualmente surgiram refletindo a nova atitude em relação à espiritualidade e muitos novos tipos de família são hoje aceitos. Isso indica uma ampliação nos conceitos de família e religião e não sua destruição.


  Da mesma forma, o questionamento da propriedade privada pode ser visto como  uma tomada de consciência crescente dos custos sociais e ambientais de um capitalismo desenfreado. Isso demonstra que há uma grande resistência aos avanços do capitalismo, mas isso não significa o fim da sociedade.


   Desse modo podemos ver que nossa sociedade passa por um período turbulento em que discordâncias sobre quais são os melhores valores fazem com que alguns pensem que nosso mundo está prestes a colapsar. Porém, observando a história e os fatos, fica evidente que nossa sociedade só passa por um período de adaptação e mudança e não por seu fim.


Caio de Sousa Dias Santos 

RA:231222611

1° ano direito - noturno


Os limites da consciência coletiva

A consciência coletiva estabelece os pilares de uma sociedade e sob quais normas ela deve funcionar. De acordo com Durkheim, um exemplo disso seria a solidariedade mecânica que a partir do uso da pena deixa claro a reprovação de atos contrários a consciência coletiva. A própria solidariedade já mencionada diz respeito a esse direito repressivo que a instituição social tem para manter sua coesão. Assim, nos como sociedade, devemos realizar a reflexão sobre quais normas estão sendo estabelecidas por nossa consciência coletiva e o que nossa sociedade vem fazendo de "necessário" para manter sua coesão. Ao longo do cotidiano a critica a essas normas e meios de manutenção se torna essencial, e ela só se torna possível com o conhecimento da consciência coletiva diariamente.  

Ao longo do documentário "O metro quadrado de Manoel" uma porção de habitantes de um bairro rico da cidade de São Paulo tenta realocar uma pessoa em situação de rua de uma praça para outro local. Durante o processo as justificativas são diversas, incomodo pelo mal cheiro, tentativa de salvação de alguém sem cidadania e restauração do bom ambiente da praça são alguns exemplos. Podemos perceber que esse conjunto de razoes provem de normas que devem ser seguidas por todos e foram impostas pela consciência coletiva desses cidadãos. No entanto, ao observar-se mais de perto a situação um exemplo pratico de critica a normas sociais e seus meios se faz presente. O senhor em condição de rua em questão estava naquela situação por conta de êxodo rural e macrocefalia urbana, gerador de desigualdades. Na pratica, isso foi observado pelo relato do mesmo de saída do estado de origem em busca de melhores condições e oportunidades em São Paulo. No entanto, a consciência coletiva dos cidadãos não incluía esse contexto sócio econômico e se limitava apenas ao incomodo da presença do cidadão na praça. Também, o repreendia por ações como falta de higiene, ser pedinte e demais atitudes que fugiam do controle de Manoel, o homem em situação de rua. Somado a isso, a medida de solidariedade para manutenção da coesão social é a expulsão do homem, sem analise da situação ou solução do problema causador: as desigualdades. 

A situação narrada deixa clara a constante falha analítica da consciência coletiva, que deixa a observação dos fatos sociais de lado e se baseia em concepções do senso comum. No lugar de observar, descrever e comparar a situação de Manoel na sociedade e entende-la a consciência coletiva se bastou em combinar ideias. Isso demonstra, ainda de acordo com Durkheim, uma carência de analise ideológica das coisas para as ideias, mas uma predominância na consciência coletiva de ideias anteriores as coisas. Assim, analisando-se o exemplo dado e as concepções de Durkheim, pode-se inferir que a consciência coletiva carece de métodos menos limitantes e no dia a dia se demonstra falha em analisar nossa sociedade. 


Rafaela Santiago Panichi

Primeiro ano de direito noturno

RA: 231223803

Tema: a consciência coletiva de cada dia 

O papel da consciência coletiva na perpetuação de dominações

 

            Desde a forma de se portar, de escolher o que vestir, o que falar, o que comprar e até mesmo na hora do lazer, através dos filmes, livros e séries, os indivíduos são intensamente expostos e influenciados por uma cultural ocidental hegemônica, responsável pelo estabelecimento de padrões que induzem essa tendência de unificação. O denominado “American way of life” se constitui um exemplo tácito de tal hegemonização, ao difundir, ao redor do globo, o modo de vida e a visão de mundo dos norte-americanos, propagando uma cultura na qual a realização pessoal estaria atrelada à busca por padrões de consumo previamente definidos. Nesse sentido, tal uniformização se relaciona diretamente ao conceito de coesão social, proposto pelo sociólogo Emile Durkheim, segundo o qual a formação da consciência coletiva, através da generalização de paradigmas, seria essencial para evitar o que ele chama de anomia, isto é, a desagregação entre os grupos sociais. A partir desse cenário, observa-se que tal consciência coletiva se mostra intensamente associada à conjuntura de dominação no corpo social, e que gera reflexos ainda no contexto atual

                É cabível demonstrar, inicialmente, como os postulados de Durkheim em relação à influência da coletividade na conduta individual se relacionam às estruturas de poder hodiernas. Sob essa perspectiva, segundo o pensador, as ações individuais não podem ser dissociadas do comportamento público, uma vez que elas são intrinsicamente influenciadas pela consciência coletiva, ou seja, moldam-se a partir do conjunto de costumes e sentimentos compartilhados em comum pela comunidade. Tal consciência se estabelece a partir da dominação de certos pensamentos e ações das classes no centro do poder sobre os demais. Como exemplo dessa relação, segundo a escritora portuguesa Grada Kilomba, em seu livro “Memórias de plantação: episódios de racismo no cotidiano”, as diversas formas de discriminação racial ao longo do tempo e na atualidade, se relacionam diretamente ao modo como a produção de conhecimento da população branca, que historicamente monopolizou a estruturas de poder, passou a ser internalizada no tecido social e a compor a consciência coletiva. Assim, o pensamento coletivo, refletindo a centralidade da branquitude nos meios sociais, não só é moldado por tal dominação, como também a perpetua.

                Ademais, é válido evidenciar a influência da consciência coletiva sobre a população moderna. Nesse sentido, o avanço de movimentos reacionários contemporâneos, opondo-se a questões de grande relevância para a promoção da igualdade, como a garantia dos direitos da população feminina, negra e LGBTQIA+, partem de entendimento de que tais pautas contrariam os preceitos morais socialmente estabelecidos e, logo, não se submetem às regras sociais. Tal modo de pensamento, nocivo para a promoção da justiça social, se associa aos preceitos de Durkheim, já que, segundo ele, as condutas que se desvirtuam das normas coletivas devem ser reprimidas a fim de se garantir a coesão social. Também, a disseminação dos atuais padrões de beleza e de felicidade associada à acumulação de capital, ao provocar o apagamento da diversidade e a uniformização das condutas e modos de vida, vão ao encontro dessa homogeneização proposta pelo sociólogo.

                Conclui-se, em suma, que a consciência coletiva atua de modo ímpar na definição da conduta social e possui direta relação com as estruturas de poder. Mediante esse cenário, a formação de uma sociedade pautada no respeito e na igualdade parte da promoção de uma educação crítica, capaz de originar uma solidariedade coletiva que tenha a valorização da diversidade como elemento fundamental.

Eduardo Garcia da Silva

RA: 231220324

1º Ano – Direito Noturno

As paixões funcionalistas atuais no organismo social

 Tema: A consciência coletiva de cada dia.

O estudo da influência que o coletivo provoca no indivíduo começa a ser instigado a partir da fundamentação das ciências modernas e suas consequentes correntes de pensamento ao longo dos anos. Nesse sentido, o desenvolvimento da pessoa humana e a necessidade do convívio em sociedade para a sobrevivência se deu por meio do compartilhamento de valores, crenças e normas, as quais auxiliam a prosperidade da cultura. Dentro disso, o sociólogo Émile Durkheim teorizou o conceito de consciência coletiva como resultado da socialização, evidenciando que a sociedade é moldada por fatores sociais, como a religião, a política e a educação. Logo, tal conceito supõe que a inserção coercitiva dos indivíduos no espaço da norma se dá por meio de uma essência heterônoma.

Com efeito, Durkheim distingue o ser individual como antagônico ao homem social, devendo aquele ser esmagado diante da coerção que emana da consciência coletiva. Dessa forma, as formas institucionais dos fatos sociais são constituidoras do ser social dos sujeitos, mantendo e reproduzindo a ordem social. Sob a égide do funcionalismo como estabelecedor de uma função que se liga a outra para todo fato social, a sobrevivência social se sobrepõe às paixões individuais a fim de que, em nome da coesão e harmonia em sociedade, se evite a anomia. Assim, o pensamento durkheimiano implica uma valorização dos processos sociais, concluindo que o indivíduo é o substrato do elemento coletivo, hipótese essa usada para justificar a exclusão de grupos marginalizados que não se encaixam nos lugares sociais herdados do positivismo.

Por conseguinte, a filósofa portuguesa Grada Kilomba, em desacordo com o sociólogo, defende que a ideia da mente grupal não é um conceito neutro ou universal, mas sim moldado pela opressão dos grupos que são historicamente enquadrados no espaço do silêncio. Ademais, a autora, enquanto negra que ocupa o ambiente acadêmico, destaca a tendência social de empurrar a compreensão de negros para o lugar de “não-fala”, questionando ainda se tal silêncio é igualmente um lugar social imposto para os brancos. Não obstante, a pensadora destaca o malefício da segregação de ideias que ultrapassa o físico, mostrando que há uma internalização das angústias nos silenciados, já que a visão moderna de ciência se concretizou pela colonização do conhecimento, permitindo a perpetuação das desigualdades atuais. Dessa forma, os oprimidos pelo aquilombamento do século XXI são estagnados em uma “margem” que torna-se um espaço símbolo de resistência aos regulamentos tiranos, desafiando a base de poder existente e priorizando ideais que contribuam para a criação de uma sociedade mais justa e equitativa.

Portanto, a consciência coletiva de cada dia se dá na forma de uma coerção social que recai nas vítimas do mal do silêncio do colonizado. A tentativa do apagamento de compreensão de mundo é imposta a partir da visão específica colocada como a voz universal que vale para todos, atualmente dominada pelas diversas hierarquias do positivismo propagado pelo método científico mascarado como neutro, mas recheado com o discurso opressor. Desse modo, percebe-se que a consciência social é multifacetada e complexa e hoje envolve o entendimento de princípios, convicções e regras inflamadas pela visão dominante, desvirtuando-se do ideal do convívio geral justo e igualitário, no qual haja oportunidade de todos viverem de forma digna e respeitosa, possibilitando novas formas de pensamento e ações, incluindo a valorização das histórias e culturas marginalizadas.

Sophya Helena Batazuos Resende Bastianini de Souza - RA: 231224771

1º ano de Direito (noturno)

A consciência coletiva em nosso cotidiano e a necessidade de reflexão

 

Tema: A consciência coletiva de cada dia

A consciência coletiva permeia a todos os indivíduos inseridos em uma sociedade. Durkheim, em sua obra intitulada Da divisão do trabalho social, define esta como sendo: “um conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que tem sua vida própria”.

Tendo isso em mente, podemos destacar como exemplo, o fato de usarmos roupa e julgarmos totalmente errado e, até mesmo, criminoso alguém andar pela cidade sem cobrir suas partes íntimas. De maneira semelhante, quando alguém não se utiliza do tipo de vestimenta tipicamente associada ao seu gênero, é comum haver comentários como: “isso não é roupa de menino?” ou “não é normal homem de saia”.

Percebe-se, através desses exemplos, que há um objetivo por trás disso: a manutenção do equilíbrio, e, portanto, daquilo chamado por Durkheim de coesão social. Sendo assim, quando vemos estampadas em nossas bandeiras as palavras: “ordem e progresso” estamos presenciando em primeira mão a noção de que existe uma ordem a qual deve ser mantida para atingir-se o progresso.

Quando, no metrô, uma senhora se sente no direito de dizer a um casal homoafetivo ser errado seu tipo de relacionamento e que eles deveriam ler a bíblia, estão em suas frases, presentes as ideias heteronormativas de relacionamento, as quais fazem parte da consciência coletiva, e, portanto, a existência desse casal abala essas noções, rompe com a ordem a qual esta mulher tenta por meio de suas falas reestabelecer.

Vemos então, que nosso cotidiano está repleto de consciência coletiva, a qual está envolvida até mesmo em nossas minúcias corriqueiras, como usar roupas, conforme supracitado, e até mesmo em situações mais conflituosas, como as atitudes da senhora no metrô. Por isso, acredito ser necessária a reflexão sobre nossos pensamentos, atitudes e valores, pois é através desta, que podemos verdadeiramente analisar a nossa realidade e deixar de propagar certas ideias e atitudes possivelmente prejudiciais.

André C. Ziviani Filho, Direito, 1° ano noturno

Consciência coletiva de cada dia: a influência do racismo estrutural na sociedade contemporânea

    A consciência coletiva é um conceito desenvolvido pelo sociólogo Émile Durkheim, que a definiu como um conjunto de valores, normas e crenças que são compartilhados por um determinado grupo ou sociedade. Segundo ele, é essa consciência coletiva que permite a coesão social e a manutenção da ordem em uma determinada comunidade.
    No entanto, a consciência coletiva também pode ser influenciada por fatores externos, como a mídia e as políticas governamentais, que podem moldar a forma como as pessoas pensam e agem em uma sociedade. A artista e escritora Grada Kilomba, em sua obra "Memórias da Plantação", discute como a consciência coletiva pode ser afetada pelo racismo estrutural presente em nossa sociedade.
    Ela apresenta narrativas que ilustram a forma como o racismo pode se manifestar nas mais diversas situações cotidianas, desde o ambiente de trabalho até a vida familiar. Essas histórias expõem a violência psicológica sofrida pelas pessoas negras, evidenciando como a consciência coletiva pode ser moldada pela discriminação racial.
    Ao expor essas situações, a autora busca despertar a consciência coletiva sobre o racismo e suas implicações. Ela mostra como é importante que a sociedade esteja atenta à existência do racismo estrutural às consequências desse na vida das pessoas.

​​    Portanto é fundamental que trabalhemos para construir uma consciência coletiva mais justa e igualitária, que promova a inclusão e o respeito às diferenças. Isso envolve a educação, o diálogo e a reflexão crítica sobre as nossas próprias crenças e valores, bem como a luta contra a discriminação e a exclusão em todas as esferas da vida social.



Luiz Neto
RA:231223641 

Da consciência coletiva à colonização do conhecimento

   Quando casos de violência contra povos originários de alguma região (mas especialmente América Latina) ganha relativa repercussão, entre os discursos sobre o que fazer para solucionar os conflitos entre sociedades diferentes, nota-se uma postura tutelar até mesmo no discurso progressista, isto é, os grupos que não seguem à risca o modo de vida ocidental e branco não seria plenamente capaz de propor o melhor para sua existência e manutenção, o que implicaria na necessidade de defesa por parte do segmento hegemônico, que por vezes não se incomoda ao se referir às populações autóctones como ''nossos índios'', repetindo a lógica de dominação que se estende há séculos.

  A princípio, vale destacar a noção intrínseca de que a sociedade branca possui o melhor método epistemológico, e logo, a verdade alicerçada na ''infalível'' ciência. De certa forma, destaca-se o papel da educação formal na consolidação desse discurso, o que caracteriza como produto de um fato social e pertencente à consciência coletiva, conceitos elaborados pelo sociólogo francês Émile Durkheim. Apesar dessa concepção pressupor a supremacia do conhecimento branco, é inegável que se estende em outros grupos étnicos colonizados por brancos, à medida que essa ideia serve eficientemente no projeto de subjugação de um povo sobre o outro, é impossível desvencilhar a ideia de que o saber é poder, principalmente quando usado para invalidar outros saberes produzidos em ambientes que não os dominantes.

  Não obstante, as ideias de cientistas sociais brancos que tentam desenvolver perspectivas não coloniais sobre África, América latina e Ásia e seus inúmeros povos são incapazes de superar o discurso e a violência da colonização no pensamento, justamente porque tais cientistas estão construídos em fatos sociais que reproduzem a relação de superioridade e impossibilidade de ser questionado por um não-branco de forma científica. Nesse sentido, a psicóloga portuguesa Grada Kilomba enfatiza que a/o subalterna(o) possui o conhecimento a respeito de si e o que o cerca que o dominador desconhece e por vezes invalida por não ter surgido nas bases coloniais, percebe-se que a produção de conhecimento está ligada à consciência coletiva e submetida aos fatos sociais que ocorrem e moldam a todos, e ainda que o pensamento colonial está sujeito a vícios e erros como os quais subjuga, e que não devem necessariamente se invalidar, mas denotar os limites de cada e a possível integração de conhecimentos de origem distinta. 

A deslegitimação do conhecimento negro na sociedade atual

Existem mais obstáculos para a comunidade negra validar seu conhecimento do que para o branco? A resposta é sim. O discurso negro é frequentemente visto como emocional, agressivo, irracional e sem embasamento científico, enquanto o discurso branco elitista é visto como racional e legítimo. Essa dinâmica social deslegitima teorias que contradizem as normas impostas pela sociedade, perpetuando a supremacia branca.

  De acordo com Émile Durkheim, o fato social consiste em comportamentos que são exteriores, ou seja, existem antes e depois do indivíduo e coercitivos, impondo condutas e crenças em prol da coesão social. O discurso branco dominante nas instituições educacionais consolida-se através do fato social, pois são coercitivos e estruturais, assim não há espaço para a diversidade. Como exemplificado na obra "Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano", de Grada Kilomba, é evidente o esforço necessário que um indivíduo negro precisa fazer para ser reconhecido no meio acadêmico, incluindo a necessidade de carregar um documento que comprove sua formação, já que é frequentemente visto como um estranho nesse ambiente.

  Outrossim, a solidariedade mecânica de Durkheim é aplicável em relação às condutas da sociedade. Esse tipo de solidariedade é caracterizada pela similaridade de valores, que leva à crença em um conjunto de normas que regulamentam a vida social. Logo, aqueles que não seguem as normas correm o risco de punição repressiva, por meio do direito penal, que frequentemente reflete as ideias do discurso branco dominante. Sendo assim, pode-se analisar que mesmo em uma sociedade majoritariamente regida pela solidariedade orgânica, baseada na interdependência de indivíduos especializados, vemos que a solidariedade mecânica persiste, contribuindo para a desvalorização da voz negra.

  Em suma, a dinâmica social atual reforça a ideia de que o discurso branco é o único válido, perpetuando a imobilidade social e a segregação intelectual para a comunidade negra. Há uma consolidação das normas e costumes do discurso branco pela própria aplicabilidade do direito na solidariedade mecânica. Portanto, a comunidade negra deve resistir a essas formas de dominação, a fim de promover o pluralismo no âmbito acadêmico e social.


Larissa Melone Esquetini 1 Ano Direito- Matutino
RA: 231222751