domingo, 7 de maio de 2023

Uma síntese da vida em três princípios

 

 A obra “A Ideologia Alemã”, de Marx e Engels, apresenta a síntese de três princípios básicos sobre o modo de produção no qual nós estamos inseridos, garantindo um guia de sobrevivência e perseverança através de uma leitura que prima por frisar, de maneira cronológica, o entendimento do homem burguês que se distingue dos animais logo que começa a produzir seus meios de subsistência, algo que, indiretamente, produz também sua vida material, a criação da própria identidade de acordo com o trabalho e a universalização dos pensamentos da classe dominante. 

 O fim da dependência da natureza, tido como o grande avanço que iniciou o antropoceno, determinou não só a garantia de subsistência, como também um método de separação hierárquica entre os homens ao instituir a posse de algo através do mérito da produção do mesmo. Desse modo, a antiga horizontalização do grupo com divisão igualitária do trabalho em diferentes funções deu lugar ao uso da propriedade como determinante na caracterização de uma vida material, na qual o que você têm institui quem você é e o quanto você deve trabalhar.

 Ao seguir esse segundo princípio básico do nosso modo de produção é feita uma clara distinção entre o vencedor (burguês dono do meio de produção) e o perdedor (trabalhador assalariado comum). Porém, não é uma verdade incontestável o questionamento da validade desse modo de vida e, de maneira majoritária, o discurso do “mérito” do vencedor em subjugar seu semelhante por fins materiais é o mais propagado. Sendo assim, vende-se o pensamento da classe dominante como uma ideia universal a ser seguida e perpetua-se a exploração dos iludidos trabalhadores engajados em uma ideia de mérito rara e falível.

 Portanto, a cruel visão capitalista explicada na obra “A Ideologia Alemã” mostra o início da ideia que molda seus indivíduos para serem o que produzem ao invés do que sonham, para seguirem o que os domina e não o que pensam e, para produzir uma vida material no lugar de uma vida natural. Logo, cada sujeito nasce com um valor e, para os menos valorizados, a única chance de perseverar é produzir até garantir uma propriedade que valha mais do que a vida de um semelhante e o suficiente para designar a ideia de mérito burguesa.

Guilherme Trevisan, 1° ano de Direito Matutino, RA:231220359

Nenhum comentário:

Postar um comentário