quarta-feira, 29 de março de 2023

(Des)ordem para o progresso

O termo "física social" foi cunhado por Augusto Comte, o qual tinha a intenção de sistematizar os estudos sobre a sociedade e, diante disso, implementou o positivismo. Inserido em um contexto de fervilhamento social, Comte entende a necessidade de criação de uma ciência capaz de entender e estudar a sociedade e, por isso, constitui a sociologia e determina seu estudo a partir de uma concepção positivista de ordem e progresso.

Indisvinculável à bandeira brasileira, o lema “ordem e progresso” exprime o contexto positivista formador da república federativa do Brasil em 1889. Desde sua formação, com um golpe militar contra a monarquia, a república brasileira teve muito mais a influência do positivismo inato dos seguidores de Deodoro da Fonseca do que a vontade social de um povo que assistiu bestializado de longe a mudança de regime político. Tal linha de pensamento determinou a maneira de pensar do governo brasileiro, o qual suprimiu as individualidades da sociedade em prol de um falso progresso coletivo que respalda o autoritarismo.

Seja na era Vargas ou na ditadura militar, a ordem foi usada de instrumento para a coerção da sociedade e progressão da perpetuação do poder dos líderes políticos sob um falso pretexto de bem comum a todos. Porém, em nenhum lugar do mundo a abdicação das liberdades individuais para a manutenção de líderes políticos representativos é uma escolha sábia, uma vez que, segundo Rousseau, uma vontade não se representa.

Portanto, usufruindo da frase:” No momento em que um povo se dá representantes, não é mais livre, não mais existe”; pode-se entender através do pensamento iluminista de Rousseau que não existe progresso para o indivíduo sem o fim da manutenção de uma ordem vigente que favorece os detentores do poder em detrimento das liberdades e seguranças individuais. Sendo assim, chega-se à conclusão de que, apesar de critério fundamental para a distinção de sociedades, o positivismo como única fonte de análise da sociologia acarreta em grotescos erros de dimensão autoritária e regressos na forma de condução do atual contexto socialmente engajado.

Guilherme Nunes de Melo Santini Trevisan, 1° ano de direito- Positivismo

 

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