segunda-feira, 28 de outubro de 2019

O estado e os trabalhadores à serviço do mercado


Após a Segunda Guerra Mundial foi estabelecido em grande parte da Europa ocidental uma politica de estado pautada no entendimento do trabalho como meio de redistribuição de renda e justiça social, refletindo na valorização do trabalho e na promoção de seus direitos. Contudo, ao fim deste período houve a ascensão de regimes de austeridade em governos como os de Margaret Thatcher e Ronald Reagan; tais medidas não ficam retidas ao século passado, após a crise de 2009 houve uma guinada mundial ao neoliberalismo como forma de recuperação da economia. Assim, transferindo a responsabilidade da crise aos trabalhadores ao mesmo tempo em que estados, como o governo americano, injetava 700 bi em bancos; esclarecendo que a intervenção estatal está a favor dos ricos, e para os trabalhadores resta a austeridade.

O reflexo da austeridade nas relações de trabalho atual são reformas como a da previdência, a trabalhista, e principalmente a lei de terceirização.  A terceirização é provavelmente o maior reflexo da austeridade, no qual o individuo é renegado á inexistência e alienação; na terceirização o trabalhador quase não possui direito ou vínculo, seja com a terceirizada ou com a empresa em que presta serviços.  Deste modo, desconectado de sua categoria profissional e sem consciência de classe este trabalhador carrega os custos da recuperação do mercado, sem nenhum auxilio do estado, que em austeridade precariza serviços de educação, saúde e transporte para promover a privatização. Destarte, a austeridade neoliberal promove um aumento da desigualdade social através de medidas já ditas, e tais são postas e aprovadas em nome do “bem comum” do estado, que torna se um mero subordinado do mercado, rompendo a ligação entre o social e o econômico.

Não obstante, tais medidas encontram guarida no sistema judiciário, como é visto na ADPF 324 e RE 958252. Tais processos foram reações ao amplo processo de terceirização no Brasil, sendo que o primeiro legitima a terceirização para atividades meio e atividades fim; falas como a da ministra Cármen Lúcia dizem que a terceirização não é a causa da precarização do trabalho, uma falácia haja vista a instabilidade dos vínculos empregatícios na terceirização. Além disso, a ministra pontua a falácia dos menos direitos, mas mais empregos, contudo é claro que o desemprego no país não diminui e os empregos criados são precários.

Enfim, conclui com a fala do ministro Luiz Roberto Barroso em que diz como a terceirização é um caminho para o desenvolvimento econômico e para assegurar empregos; tal fala compactua com a austeridade neoliberal, em que o desenvolvimento perpassa a precarização e a racionalização do trabalhador, e á serviço do mercado.

Mariana Santos Alves de Lima - Noturno

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