segunda-feira, 2 de julho de 2018

O fortalecimento da luta LGBT


   O ser humano se completa em três etapas, segundo Axel Honneth, sendo a primeira o amor, quando o homem se sente objeto de afeto por alguém, assim, gera-se a autoconfiança; a segunda o direito, assim a pessoa se sente reconhecida, sendo igual aos outros perante a lei, isso gera o auto respeito; e, por fim, a solidariedade, quando o ser humano sente que seus valores e seu modo de viver são reconhecidos pela sociedade, gerando a autoestima.
  Porém, quando a sociedade não respeita seus valores, a pessoa não se sente reconhecida pelos seus pares, assim, ela se sente lesionada nos seus sentimentos morais. Esse sentimento gera uma vontade de lutar, uma luta para que seus diretos e modo de vida sejam aceitos e garantidos pela sociedade.
   Honneth diz que quando se tem o reconhecimento do direito, porém não apresenta o dos pares, a pessoa luta pela garantia de seus direitos, para o consolidar. Usando-o para conquistar o reconhecimento na sociedade, através da força da lei. Contudo, quando não se tem o reconhecimento do direito, nem pela sociedade, a luta deve primeiro atingir o direito, de forma que as pessoas tenham seus direitos garantidos, para tal é preciso uma luta com um caráter político forte.
   O sentimento de lesão individual se conecta com os sentimentos de outras pessoas que sofreram lesões parecidas com a sua, através da ponte semântica. Com a união de pessoas, faz-se um movimento de luta pelos direitos e respeitos que todos que participam desse grupo procuram.
  Essa luta começa quando a pessoa passa por séries de experiências morais, que a afetam, negando sua igualdade como ser humano, assim, a pessoa se sente desrespeitada e luta pelo reconhecimento jurídico e social, para ser conhecido com igual a todos os seres humanos. Esse foi o caso do casamento homoafetivo.
  No Brasil, a Constituição diz, no seu art. 226, §5°, que “é reconhecida como união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar”, excluindo as outras formas possíveis de família. Por isso o movimento LGBT – lesionado de todas as formas pelas pessoas não serem aceitas pelos pais, amigos, familiares, pelo direito e pela sociedade – lutou pelo direito delas formarem uma família através da união estável.
   Portanto, o fato do STF ter decidido que é possível união estável entre pessoas do mesmo sexo proporciona a segunda etapa, assim, as pessoas podem lutar pelo seu reconhecimento social, tendo como apoio a nova decisão e o novo conceito de família. Essa nova hermenêutica da Constituição de 1988 fez com que as pessoas LGBT fossem aceitas pelo direito, sendo igual aos outros perante a lei. Isso fortaleceu a sua luta, que agora pretende um reconhecimento social, de forma que essa mentalidade machista e homofóbica mude, e, assim forme uma sociedade com respeito e igualdade.

FONTE:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm


Daniela Alves Ribeiro - Direito Matutino

Nenhum comentário:

Postar um comentário