segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A VISÃO NATURALISTA SOBRE O PENSAMENTO DE ENGELS




 

É fato que a maior crítica ao sistema capitalista está na exploração da força de trabalho do proletariado. O que está, pois, vacante na discussão é a natureza de tal força de trabalho. Sem criar conjecturas e, portanto, usando o que há de inerente ao ser humano: o trabalho é o que nos faz sobreviver. A associação do capital humano com o tempo possibilita a sobrevivência da espécie, a transformação do meio em que vive e, ainda, a geração riqueza.

Para não repousar na esfera abstrata do trabalho humano, peço licença aos contratualistas, porquanto gostaria de voltar a uma época equivalente ao Estado de Natureza. Repito que não é minha intenção criar pressupostos, é notório, contudo, que em um passado remoto da civilização humana, quando as pessoas viviam em pequenos grupos, um ser individual, que se perdesse de sua família e que no meio da selva restasse – ainda que, esse exemplo seja aplicável aos dias de hoje –, precisaria usar sua força de trabalho e seu tempo para caçar, plantar, construir seu abrigo. Concluímos, logo, que o uso da força de trabalho não seja algo socialmente criado, mas algo intrínseco à natureza humana.

Outrossim, no socialismo científico de Engels, o interesse do coletivo supera as liberdades individuais. Ora, por quê? O uso do corpo e do tempo de vida é decisão una de quem a detém, independentemente do meio em que vive. Livre é, pois, o indivíduo para vender o que é de sua natureza: sua força de trabalho. Quando há uma coletivização compulsória dos meios de produção, é suprimido o que há de natural no ente individual.

Por fim, é preciso pontuar que o ser que cerca a terra não é o que a detém, mas o que nela produz e aplica sua força de trabalho, e nela cria laços o suficiente para produzir o que é necessário para a manutenção das trocas voluntárias que ocorrem no mercado. Por isso é que, as propriedades podem ser imutáveis, mas não seus proprietários: detém-nas, sempre, quem as usa de acordo com o que é demandado pelo mercado. A terra nunca é de alguém, mas sempre está sob posse de alguém, de forma momentânea, é claro.

Pedro Cabrini Marangoni – primeiro ano, noturno.

 

 

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