segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A perfeição do positivismo torna-se obsoleta

            Os dias atuais na sociedade brasileira nos mostram a dificuldade de se manter uma estabilidade econômica, política e social. No entanto, o caos atual é resultado de um país que, desde sua “descoberta”, viveu sob a exploração estrangeira e comandado pela classe dominante, baseando-se sempre em atos corruptos, desonestos, injustos e discriminatórios. Assim, podemos observar que o positivismo de Augusto Comte teve importância no Brasil, com o objetivo de que essa filosofia pudesse colocar o país “nos eixos” através da educação tradicional e de outros pilares positivistas, e a influência das ideias de Comte ainda se fazem presente na nossa República.
            Comte considerava que o estado positivista era, entre os estados teológico e metafísico, o último e mais avançado grau de desenvolvimento, o mais perfeito, o mais adequado aos ajustes que a sociedade necessitava. Porém, quando observamos que a própria presidência da República e instituições importantes, além da nossa bandeira nacional, persistem na propagação dos ideais positivistas, nós podemos perceber o quanto eles ainda são presentes nos dias atuais. No entanto, a dúvida que fica é: o positivismo ainda pode ser considerado o método perfeito para a criação e manutenção de um país estável e progressista? O “ordem e progresso” de Augusto Comte ainda perdura na sociedade, mas essas duas palavras podem ter variados sentidos e interpretações, o que nos leva à reflexão acerca de O QUE É ORDEM? O QUE É PROGRESSO? DE QUE FORMA PODEMOS OBTÊ-LAS? Devido a isso, arrisco-me a dizer que o positivismo é, hoje, um ideal conservador e reacionário, de forma que prega a estabilização de um país baseado na velha forma de educação e nas ciências exatas e naturais, o que causa a desvalorização das ciências humanas que, assim como as outras, possuem grande poder de mudança e libertação da mente humana. Além disso, essa sistematização pode nos levar a uma sociedade estagnada e fechada às evoluções do mundo, a uma submissão ao poder dominante e tradicional, correndo risco de entrarmos em um regime autoritário, de forma que nem percebamos que isso está acontecendo.
            A persistência dos ideais positivistas na modernidade pode ter consequências não tão boas quanto o esperado, uma vez que, de certa forma, “prende” o pensamento humano e o faz achar que outras formas de mudança e de desenvolvimento são “baderneiras”, desnecessárias e incorretas. A nossa educação não mais pode se basear na tradição; a velha forma de ensino tornou-se obsoleta diante das mudanças ao redor do mundo, o nosso progresso deveria estar baseado em políticas públicas e ações afirmativas, nas pautas sobre racismo, lgbtfobia, machismo e outras formas discriminatórias que ainda assombram a sociedade; a nossa ordem deveria encorajar a juventude a lutar pelos seus ideais e a fazer uma mudança séria, adaptada ao mundo moderno e deixar de lado o conservadorismo presente no positivismo de Comte, ainda que ele já tenha sido muito importante e desenvolvido para uma determinada época.

Kelly Akemi Isikawa - 1º Ano Direito/Diurno 

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