domingo, 26 de abril de 2015

Os ídolos de Bacon e a legislação brasileira

     Francis Bacon foi um renomado filósofo inglês, famoso por contribuir à ciência por meio do empirismo, escola pregada por ele em sua obra "Novum Organum". Segundo Bacon, a compreensão do mundo se dá principalmente por meio da experiência, deixando menos espaço para análises puramente racionais, as quais resultariam em meras "antecipações da natureza".
     Ademais, encontra-se em Bacon um discurso extremamente atual, quando o mesmo diz que "a lógica tal como é hoje usada mais vale para consolidar e perpetuar erros, fundados em noções vulgares, que para a indagação da verdade, de sorte que é mais danosa que útil". A partir desse princípio, surgem os ídolos baconianos, os quais constituem falsas percepções que ocupam o intelecto humano, distanciando o homem da verdade. 
     Nesse contexto, podem-se relacionar os ídolos pregados por Bacon com o atual cenário político brasileiro, no qual grandes líderes políticos e religiosos - dois conceitos cada vez mais fundidos - lançam mão de artifícios ideológicos, via manipulação da realidade, como instrumento de legitimação do poder e manutenção de hegemonia política. Exemplo disso foi a aprovação do projeto de redução da maioridade penal no Brasil e o consequente apoio da maioria da população, quando a experiência vivida pelos países que já adotaram tal medida mostra a ineficácia da mesma.
     Portanto, percebe-se a atemporalidade dos ídolos baconianos e seu impacto em diversas sociedades. Deve-se, acima de tudo, afastar e repelir os ídolos, fazendo uso do remédio apontado por Bacon: a indução. A partir dela, a ciência pode fazer o estudo correto da natureza, visando ao desenvolvimento técnico-científico, enquanto que a sociedade pode promover um maior esclarecimento do homem como animal político.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno

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