sexta-feira, 18 de abril de 2014

O triunfo do positivismo

O positivismo, teoria fundada pelo filósofo francês Auguste Comte, baseia-se em uma lei fundamental que defende a passagem sucessiva de nossos conhecimentos por três estados históricos distintos e necessários ao amadurecimento das formas de entendimento e explicação do mundo: estado teológico, estado metafísico e estado positivo.
Reportando-se ao processo de formação do conhecimento, Comte enxergava o espírito humano imerso em um círculo vicioso composto pela necessidade de observação para a elaboração de teorias opondo-se à necessidade de criar teorias para poder entregar-se à observação. A solução para o problema veio de forma natural, através do desenvolvimento espontâneo das concepções teológicas. Com a Revolução Industrial, contudo, essa filosofia idealista e contemplativa já não se mostrava mais eficiente para compreender e analisar a nova sociedade que se formava, fazendo surgir, então, o positivismo. O estado metafísico, também visto como estágio de transição, fez-se necessário diante da incompatibilidade entre teologia e física, conceitos tão distantes e opostos entre si.
A filosofia positiva tinha como preocupação principal a descoberta de leis invariáveis e efetivas, suas relações de sucessão e similitude. De acordo com essa concepção, conhecer a natureza íntima dos seres era uma questão insolúvel, e, portanto, desnecessária. Baseando-se na hierarquia natural e invariável dos fenômenos, o positivismo ocupou-se da criação de uma fórmula enciclopédica como forma de classificar aquilo que consideravam como as seis ciências fundamentais. De acordo com tal classificação, cada ciência exige a cultura prévia de todas aquelas que a precedem, e não podem progredir verdadeiramente sem que as ciências anteriores tenham alcançado o desenvolvimento. Em suma, organizou-se a matemática, a astronomia, a física, a química, a fisiologia e a física social como ordem crescente da ciência mais simples e geral para a mais complexa e específica.

A física social, ou sociologia, ainda não se encontra dentro do estágio positivo. Além disso, a convivência dos três estados em uma sociedade é o que, segundo Comte, caracteriza a desordem. Assim, quando o estado positivo for alcançado pelos fenômenos sociais e a filosofia positiva for resumida em uma doutrina de corpo homogêneo, a ordem será estabelecida e o positivismo triunfará de fato.

Julia Bernardes- Direito diurno

Reforma no pensamento humano

       Precursores da filosofia positiva, Descartes e Bacon tiveram sua “revolução intelectual” concluída através do positivismo de Augusto Comte, no qual estava presente a “física social”, uma nova ciência que estudaria e mudaria as estruturas sociais visando o desenvolvimento da humanidade.
       Para Comte, o conhecimento passava por três estágios: o primeiro era o teológico, no qual se investigava a natureza íntima dos seres e as causas primeiras e finais que os afetavam, as quais eram explicadas através da ação de agentes sobrenaturais; o segundo estágio era o metafísico, no qual os fenômenos eram explicados através de forças abstratas ou entidades, ao invés de agentes sobrenaturais, e o terceiro estágio era o positivo, que reconhecia a impossibilidade de se obter o conhecimento absoluto das causas, e por isso, preocupou-se com as leis efetivas e a ligação que havia entre os fenômenos e suas relações invariáveis.
       O rompimento com a religiosidade e o misticismo era necessário, como se pode notar na proposta positivista de se realizar uma reforma na educação europeia, pois a ciência, por ser o único conhecimento possível e válido, deveria ser estendida a todas as atividades humanas, tanto individuais como sociais; as últimas consideradas de extrema importância, visto que, para a experiência positiva, a ideia de felicidade está relacionada ao bem público.
      Além disso, nota-se grande influência do positivismo no Brasil, desde obras literárias, como por exemplo, a obra “os Sertões”, de Euclides da Cunha, até mesmo no Direito, no qual se encontra o positivismo jurídico. E, dessa forma, torna-se nítida sua importância, visto que rege a sociedade até os dias atuais. 

Maturidade científica

Por que a gente espirra?
Por que as unhas crescem?
Por que o sangue corre?
Por que a gente morre?”
A música “Oito Anos” da Adriana Calcanhotto é inspirada nas perguntas do filho da cantora, quando ele ainda tinha a idade do título, oito anos. Segundo Comte, há uma marcha progressiva do espírito humano, e o garoto tentaria respondê-las de acordo com três estados históricos.
Primeiramente, o estado teológico, em que agentes sobrenaturais responderiam as questões. Por exemplo, o dente caiu porque a fada do dente precisava dele. Trazendo para o lado histórico, a Grécia também tentava responder suas dúvidas através de deuses mitológicos: Zeus, Hades, Poseidon, todos responsáveis pelos fenômenos naturais. Em um estado de transição, o filho de Adriana poderia tentar responder suas dúvidas através de forças abstratas, ou o estado metafísico. Ele não acreditaria em fadas ou deuses mitológicos, mas até adquirir o verdadeiro conhecimento, seria suficiente entender que existiria alguma força da natureza.
A partir da escola, da sistematização dos estudos, a filosofia positivista marcaria o amadurecimento do espírito de Gabriel, ou, sendo mais abrangente, da sociedade humana. O estado científico, o terceiro e último, o levaria a entender suas questões com raciocínio e empirismo. Procuraria a entender não as causas das forças, pois muitas vezes são insolúveis, mas sim as leis que regeriam seus fenômenos.

A ciência se torna o único conhecimento possível, o único válido. Seria responsável no sentido de descrever e prever os fatos, e entender e responder as questões da humanidade

Ordem sem Progresso

Em 1889, militares brasileiros, banhados pelo positivismo europeu, proclamaram a República em nosso país. “ORDEM E PROGRESSO” foi a máxima que conquistou espaço na bandeira nacional, a qual é a síntese do pensamento do filósofo francês Augusto Comte, o fundador do pensamento positivista.
De acordo com Comte, apenas leis invariáveis, respeitadas pelas instituições de uma sociedade e por cada indivíduo cumprindo seu papel social (ordem), são capazes de gerar o desenvolvimento (progresso). Tais leis referem-se a aspectos superficiais e objetivos do convívio social, sem haver lugar para a busca da essência das coisas e da natureza humana. Partindo-se dessa Física Social, o filósofo defendeu a busca pelo ensino positivo, afastado de conceitos metafísicos, teológicos e literários: a substituição de “poetas” por “engenheiros”.
A anarquia social para Comte, seria a quebra dessa estática da sociedade, a partir do momento que ela deixasse de seguir suas leis imutáveis. Revoluções, Guerras, Exibicionismos, Rolezinhos, Manifestações. Tudo isso não causaria medo apenas em Comte, mas causa, também, na população moderna. Se há uma guerra na Criméia (e em qualquer lugar do mundo), “favelados” caminhando pelos shoppings centers, mulheres mostrando os seios em protestos e manifestações democráticas exigindo o fim da corrupção é porque há algo de errado na sociedade. E sem perceberem, todas as pessoas que se sentem incomodadas frente a estes fatos, estão embebidas na Filosofia Positiva, uma vez que precisam seguir e viver num estado de Ordem para sentirem-se confortáveis.
Tal mentalidade é tão atual que os inúmeros “Marco Felicianos” existentes hoje baseiam-se em teorias de Comte, principalmente no que diz respeito a ideia de que tudo o que não segue a normalidade é visto como patologia e deve ser tratado. Pois bem, “como a homossexualidade não segue a lógica natural das coisas, ela é uma doença. Contudo, não há motivos para os gays se preocuparem, pois já existe uma cura para eles: a Cura Gay! Tratem já de respeitarem a Ordem homem-mulher, pois estão atrasando o Progresso do país”. Talvez  até Comte se envergonharia de tal discurso...
O positivismo teve sua importância na época em que viveu Augusto Comte, mas basear-se por inteiro nessa filosofia em pleno século XXI parece bastante equivocado. Abandonar a essência das coisas é ignorar parte do ser humano, a qual não está desvinculada das relações sociais. Os homens não são meras máquinas seguidoras de leis, não existem regras para sua orientação sexual e seus costumes, não existe seleção de pessoas para caminhar em espaço público. `As vezes, o “caos” é necessário para gerar boas mudanças, ignorando isso o homem justifica sua conformidade com problemas sociais.
Nathalia Nunes Fernandes, Direito Diurno

O método positivo de Comte

        Augusto Comte divide o estudo da ciência em três estados, o Estado Teológico, estado inicial, um ponto de partida necessário para o desenvolvimento da inteligência humana onde definia que as causas dos fenômenos provinham de agentes sobrenaturais, porém quando numerosas divindades foram substituídas por uma somente, iniciou-se o Estado Metafísico e o homem substituiu as divindades por forças abstratas, sendo portanto somente um estado de transição, então assim que foi capaz de substituir variadas entidades particulares por somente uma, a natureza; teve inicio o Estado Positivo, esse que Comte analisa como o mais desenvolvido e capaz de trazer maior sabedoria ao homem. Nesse último estado não há mais a busca pela causa dos fenômenos porém há a combinação do raciocínio e da observação para criar leis capazes de descobrir o funcionamento e a ligação entre diferentes fenômenos.
        A filosofia positiva trouxe a capacidade de organizar e criar divisões na ciência, o que permitiu um estudo mais intenso sobre os fenômenos, todavia a excessiva particularidade de ideias se tornou um dos problemas a ser enfrentado para que se possa garantir maior perfeição do método positivo. Para Augusto, tal filosofia também era a única capaz de acabar com o estado de crise em que se encontram as nações mais civilizadas, servindo então de base para uma reorganização social, entretanto para isso seria necessário uma física social, ou seja, um estudo dos fenômenos sociais para que seja resumido e aplicado em uma doutrina homogênea.
        Portanto, para Augusto Comte, a filosofia positiva ainda tinha seus problemas a serem enfrentados para buscar um melhor aperfeiçoamento do método, mas várias vezes afirmava que talvez não fosse possível para o homem garantir a perfeição de tal, pois como o objetivo principal era representar todos fenômenos observados particularmente através de um fato geral, o homem não seria capaz de possuir a tecnologia suficiente para que isso ocorresse. Todavia, afirmava ser a mais funcional em relação a teológica e a metafísica, por ser capaz de classificar as ciências e buscar uma análise comprovada dos fatos.

Camilla Pires - 1º ano Direito Noturno

O Legado do Positivismo


            A filosofia positiva, em sua teoria, parece ser muito boa, mesmo atualmente.Para a época em que foi levada á tona deveria ser quase irresistível.
            Precedido por Descartes e Bacon, Augusto Comte foi o ‘’pai’’ do positivismo, que deveria ser o maior estágio de organização e avanço na sociedade humana, e seria algo natural, pelo processo de evolução histórica e racional da humanidade.
            Seus objetivos fundamentais eram relacionados a atarem a sociedade á leis Gerais que a regeriam, uma reforma na educação, visando integrar as ciências e um conhecimento uno, com a filosofia positiva sendo a combinação de muitas ciências.
            A proposta da educação é a mais interessante, uma integração de ciências é algo sempre buscado e que traria grandes benefícios, as outras propostas no entanto esbarram em várias barreiras, ainda mais sendo lembrado o fato do Positivismo ter sido alçado a religião por Comte, com ele sendo o chefe desta religião.
            Ater a sociedade a leis Gerais é um erro, cada grupo tem suas peculiaridades e características próprias, que pedem soluções e tem conflitos singulares.Unir todos esses grupos sobre uma única norma simplesmente não funciona, é danoso tanto a normal quanto a sociedade.Da mesma forma a Filosofia Positiva pode ser a combinação de muitas ciências, mas não deveria passar por cima do conhecimento já adquirido.

            Enfim, o Positivismo, assim como várias vertentes filosóficas e cientificas teve em sem tempo relativa atenção e sucesso, hoje é vista como ultrapassada por muitos, porém sua visão da educação integrada das ciências é uma proposta que deve ser levada á serio e estudada com carinho. A educação é tudo, é a base onde se constrói um país forte e melhor para toda a população, e não só para as elites como ocorre quando o estado é liberal, ou para as camadas mais pobres, quando o assistencialismo é muito forte, e uma integração das ciências na educação, presumivelmente, auxiliaria na compreensão e na construção de uma criticidade maior na população.

Evolução retilínea e filosofia positiva

Comte foi um passo fundamental na história da Sociologia ao permitir a ascensão do método científico nas ciências humanas e, assim, atribuir maior valoração ao estudo na área, buscando ampliar e ordenar o conhecimento de um ramo que considerava ainda tomado por abstrações metafísicas.


Três compõem os estágios na história:
Teológico, que os deuses o tenha;
Metafísico, abstração que venha;
E positivo, ciência e glória.

Explicação dos fatos, nada mais.
Que as causas deixem para os outros dois.
Pois nós buscamos progressos reais.
E divagar fica para depois.

Classificar as ciências nós vamos.
Hierarquia, do simples ao complexo.
Construindo um futuro sistemático.

Pelo positivismo ordenamos.
As leis do ser humano, um reflexo
das leis naturais de um sistema prático.


Comte hierarquizava as ciências em sete, da mais simples para a mais complexa: matemática; astronomia; física; química; biologia; sociologia; moral. E via nas ciências humanas a aplicabilidade das leis da natureza, classificando os fenômenos sociais em leis gerais, como na física. E essa influência se vê, por exemplo, em Edward Taylor no campo antropológico, pois buscava leis gerais sobre o processo cultural.
Dessa forma, pode-se ver que Comte deixou grande legado no estudo do ser humano de forma prática e objetiva, e cujos resquícios perduram até hoje.


Leonardo Eiji Kawamoto - Direito 1º Ano - Matutino





    Positivismo, progressista ou conservador?


   Augusto Comte vivenciou o século XIX, marcado pela Revolução Industrial, que modificou profundamente a sociedade e a economia, gerou revoltas e influenciou diversos pensamentos. Inserido neste cenário é que elabora a visão positivista, percebendo que o pensamento vigente na época não mais atendia aos interesses da nova sociedade, diga-se, da burguesia. 
      Propôs, então, três estados de evolução para o conhecimento: sendo o primeiro o teológico, pela qual os fenômenos têm explicação divina e sobrenatural, o segundo o metafísico, explicada pela filosofia e forças abstratas e por fim o estado positivo. Este último reconheceria a impossibilidade de se conhecer as causas e concentrar-se-ia apenas em obter as leis invariáveis, que regem os fenômenos, através do conhecimento racional e empírico. Afirmava que o pensamento teológico era necessário, já que não precisava de comprovação, como ponto de partida, e que o pensamento filosófico servia apenas de transição.
    Comte acreditava que a sociedade precisava de uma reforma na educação européia, pois esta era marcada pela teologia, metafísica e literatura, além de apresentar o conhecimento como diversos campos, para ele, tudo eram ramos de um único tronco, suas ideias influenciam até os dias de hoje a educação e foi de suma importância para o seu rompimento com a religião. Dizia ainda, ser a física social a mais “atrasada”, ou seja, pautada ainda na teologia e metafísica, e que seria de grande urgência positivá-la, pois o triunfo da filosofia positiva restauraria a ordem da sociedade e é através da ordem se atinge o progresso.

     Esse pensamento serve de base para muitos conservadores, pois nele cada um tem de cumprir sua função social e quando isto é quebrado perde-se o progresso, Comte não concordava com o conflito social e achava que a elite, ou um pequeno grupo deveria comandar, dizia que a igualdade estava em cada um possuir sua função na sociedade, servindo de argumento para a repressão social.

Bruna Midori Yassuda Yotumoto, 1º diurno