segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cultura define Poder

Há séculos atrás emergia uma classe até então desconsiderada no âmbito político-social: a burguesia. Comercializavam e ganhavam poder econômico e, por sua vez, ansiavam pela ascensão sociopolítica. Sem demoras (pouco mais de três séculos), tal classe se impôs, afirmou-se como dominante e desde então seu modelo de vida se alastrou e se reproduziu em âmbito global. O sistema (im)posto pela burguesia revolucionária o século XVIII obtém peculiaridades que o sustêm forte dentre elas: a capacidade de se adaptar, seja pela elaboração de burocracias, seja por sua própria natureza e sua inconfundível maleabilidade. Tal sistema político e econômico denominou-se capitalismo.

Mas de onde viera o vigor para tal transformação? Weber se absteve das visões puramente materialistas e classistas dos estudos de Marx; buscou nas minúcias entender as origens da cisão histórica trazida pela referida ascensão. Analisando toda a conjuntura da época, a fragilidade, a impotência dos burgueses concluiu que a mudança tivera origem nas mudanças culturais. Em se tratando de século XV-XVI não havia dúvidas sobre a instituição a ser estudada. Nesse sentido, buscou na história da religião uma mudança comportamental que pudesse aproximá-lo da resposta. A mudança em questão é a reforma protestante pioneira de Lutero e seguida por João Calvino. Weber vê em Calvin o protagonista da mudança.

João Calvino fornecia um novo olhar à ética religiosa do momento. Iniciou uma linhagem que via sinais de bênção na vida do homem a partir de suas posses. Tal fato ganhou a apreciação do Rei e a ascensão burguesa consolidou-se desde então. Weber abriu uma leitura inovadora dos textos de Marx (reduzidos ao materialismo histórico e a incessante lutas de classes).

Ao que tudo indica, Weber acerta em trazer à tona o papel da cultura na transformação rápida impulsionada pelos burgueses e consolidada com a Revolução Francesa de 1789. Tal ruptura seria improvável se destituída de autocontrole (característica inerente à religião).
Quem primeiro nos educou?


A educação que molda nossa forma de ver, sentir e estar no mundo. No sentido adotado por Durkheim , é ela que introduz nossos valores e nos prepara para a vida em sociedade. Com ela temos a cultura , fato social que nos toma em seu contexto como atores delimitados à sua esfera. Mas qual a origem da cultura?
Se compararmos cultura à educação teremos educadores primitivos, os que inventam a cultura, sendo esta fruto de algo anterior, pois ela não deriva do nada. Um exemplo cultural é o funk de periferia que derivou do funk soul, música negra americana. Ambas frutos da marginalidade social, esses estilos musicais surgiram da materialidade da vida nas periferias, a resistência à cultura dita erudita, a forma de linguagem , que retrata o comportamento de um determinado grupo, são exterioridades de uma forma real de vida.
O RAP se encaixa nesse contexto ao denunciar a realidade de determinadas áreas periféricas. O cotidiano violento proporcionado pela  escassez de recursos materiais e pela ação violenta do Estado são denunciados em letras como a dos Racionais MC´s, Sabotagem entre outros.
Saindo do aspecto musical, encontramos culturas de determinadas localidades geográficas, como a do caipira do interior de São Paulo que constroí sua cultura partindo de práticas necessárias de seu cotidiano, utilizando-se de linguagens simbólicas, assim como outras culturas, para explicar certas subjetividades.
Partindo da ideia werberiana, a cultura cria a realidade social. Seguindo esse ponto de vista a cultura criaria as condições sociais existentes. Um exemplo está no âmbito legislativo. A Lei antifumo que proíbe o uso de produtos fumígenos em locais fechados. A lei entra como uma modificadora de hábito. Ao colocar certas práticas na ilegalidade a mesma transforma a percepção social diante de certas práticas, ideologia da legalidade.
O conceito de Weber está  certo ao afirmar que a cultura potencializa determinadas tendências da materialidade, porém deixa vago quando afirma que a cultura cria a materialidade.
O exemplo da lei antifumo demonstra: para existir o hábito de fumar deve existir determinadas circunstâncias que o levaram a fumar, condições materiais, uma vez que não se pode fumar cigarro de tabaco sem tabaco, e que não se pode imaginar a existência do tabaco para depois fumá-lo. 
O conceito de cultura encaixa-se ao de ideologia, segundo o ponto de vista marxiano. Ela seria a educação, educaria o ser humano de acordo com o modo de vida dominante. Com essa ideia a cultura legitimaria  aquilo que a “classe dominante” quisesse.  A aculturação dos indígenas aplicada nas américas exemplifica o uso da cultura como ferramenta de um grupo dominante.

A importância da educação é fundamental, porém não explica a sua origem, deixando-a no plano das ideias , assim como a “norma hipotética” de Hans Kelsen, que ao explicar que a norma positivadas são o jurídico e que a constituição é a lei máxima, que surge não do embate social, mas de “princípios ideais. Para que se exista uma educação é preciso existir um educador e esse educador deve ter sido educado, caindo assim num círculo vicioso que não se resolve.

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

Em sua obra, Weber procura a melhora fundamentação do conceito de 'espírito capitalista', tratando da reforma protestante e sua influência na formação deste.

O capitalismo, enquanto ideal, não tem a intenção de simplesmente obter lucro, ele visa a formação racional de todo o sistema econômico, para possibilitar o controle do mundo pelos homens e não o contrário.

Questões religiosas sobre vida após a morte e o espiritualismo são postas de lado, e nesse sentido o Calvinismo influencia na formação histórica do capitalismo; com a reforma protestante, os calvinistas se afastaram do conceito cristão que condenava o lucro e o luxo, e passaram a defender o ideal de que o lucro, obtido através do trabalho é uma virtude, assim como a riqueza., formando a racionalização do capital.

Ou seja, a existência do 'espírito capitalista' sugerida por Weber se torna também uma justificativa para a reafirmação do sistema, além de lhe construir uma perspectiva auspiciosa, já que o capitalismo passa a ser visto como o mais adaptado à sociedade, comprovando a força da ocidentalização do âmbito econômico em todo o mundo.


Juliana Casagrande - Direito Diurno

Fórmula do Capitalismo

A realidade em que o homem vive é um reflexo de seu embasamento cultural. Surge primeiro o ímpeto humano – fruto de vários aspectos: da realidade histórica, da realidade social, das instituição, da maneira de pensar do indivíduo e da coletividade – para depois tal manifestar-se de forma factível.

Manifestação interior >> Manifestação exterior

Tal passagem ocorreu com a criação do Estado por meio de um contrato social, ocorreu também com o contínuo progresso dos direitos humanos, ocorreu nas manifestações culturais e nas ciências... E porque não ocorreria com o capitalismo?
Para Weber o sistema capitalista seria certamente fruto de uma necessidade humana. O que o intriga é saber o que levou a homem a pensar de forma capitalista, o que levou o homem a querer o lucro, a acumulação. Estudando as relações sociais da época ele concluiu que a mentalidade protestante foi um catalisador para o desenvolvimento da mentalidade capitalista.
A ética protestante dinamiza o que era embrionário, ela racionaliza o pensamento humano.

Base político-social + base cultural + mentalidade protestante = desenvolvimento do capitalismo

A elevação do capitalismo na esfera global não mudaria o mundo de forma estrutural se tal restringisse apenas no âmbito econômico. A conversão do homem se dá de forma convencional e não coercitiva.

Karina Lima - Direito Noturno

Racionalismo cientifico e juridico

          Dentro da teoria weberiana há a discussão sobre os efeitos do capitalismo na sociedade, onde é ressaltado um grande processo de racionalização e uma forte presença da avareza como meio de se manter o patrimônio já adquirido, dessa forma, um dos fatores que permite a existência do capitalismo é a capacidade do homem acumular o racionalismo.
O vinculo com a racionalização acaba sendo ligado a inúmeros fatores, como: a racionalização contábil, científica, jurídica e do homem. Como exemplos atuais, integrantes do nosso ramo do Direito, as ideias de Weber se encaixam no racionalismo científico e jurídico. Hoje, não é mais necessário que um profissional do Direito procure um processo em prateleiras intermináveis, por meio de um simples acesso à internet, possibilitado pela racionalização científica, já se é possível obter um trabalho com mais agilidade e eficiência. Dessa forma, a racionalidade contribuiu intensamente para o desenvolvimento cientifico da sociedade, juntamente com o desenvolvimento econômico e capitalista.
Uma critica dentro desse desenvolvimento dentro do pensamento de Weber, é a avareza resultante do processo de acumulação de capital. Da forma que quanto mais a pessoa adquire dinheiro, menos ela quer gastar, resultando na acumulação de capital e na desigualdade social.
 Assim sendo, o capitalismo é um sistema econômico hegemônico, e as ideias sugeridas por Weber continuam vingando e colaborando para o desenvolvimento da sociedade até hoje. Mas apesar dessa teoria já parecer estar consolidada, ele ainda encontra embates na sociedade como, por exemplo, a Igreja Católica, que se posiciona contra o capitalismo, denominando-o antiético e anticristão, assumindo apenas uma posição de tolerância. Além da Igreja, inúmeros outros institutos criticam a sociedade capitalista e seus malefícios a uma parte sociedade.
                                             
                                                                                                     Felipe A. Rotolo - D. Noturno                                                                  

Ética protestante como contraponto ao Determinismo Econômico

             O pensamento marxismo afirma que todo processo histórico deve, necessariamente, ser compreendido através de um profundo estudo sobre a economia. Portanto, somente pode-se entender a Revolução Industrial ao se estudar causas como a acumulação de capitais advindos das colonias e posteriormente repassadas a Inglaterra, por exemplo.
             Max Weber vem de encontro com esse posicionamento determinista ao afirma que há outros fatores que justificam, no caso, a Revolução Industrial. Esse autor inova ao afirma que a religião foi um fator determinante nesse processo de extrema importância na historia humana, de forma positiva. Segundo ele, a religião protestante calvinista, em sua filosofia, incentiva atos que contribuíram para o surgimento e fortalecimento de um capitalismo efetivo, alterando drasticamente a mentalidade dos indivíduos. O calvinismo combate, por exemplo, alguns dogmas da Igreja Católica, como a proibição de juros e altos lucros, entraves para o pleno desenvolvimento capitalista.
             Weber não pretende afirmar que somente a ética protestante foi o motivo causador  do capitalismo, mas tem a finalidade de adicionar como um outro fator, também relevante. Portanto Weber contrapõe Marx ao afirmar que não foram somente fatores econômicos que geraram toda essa mudança, mas também fatores religiosos.

Bruno Tonholi Leme - 1º ano Direito Diurno

Cultura economica

   A cultura difundida e mantida pela igreja católica levou ao poder de etr sobre a população uma força coesiva que levou ao dompinio por anos, havendo uma ruptura somente com a Reforma Religiosa. Essa foi um ponto crucial durante o desenvolvimento não só religioso, mas influênciou em questões sociais e políticas, isso porque uma das maiores instituições existentes até então chegou ao ponto de ser questionada e sofrendo com isso uma ruptura interna e uma perda de fiéis e financiadores da empresa religiosa.
   Tal Reforma levou ao surgimento de frentes religiosas que tinham como sua base teórica o questinamento e novas formas de percepção de diversos pontos colocados em cheque por tal crítica, temos como, por exemplo, o surgimento dO Anglicanismo e do Calvinismo.
   O priemiro teve sua origem com Henrique VIII, que por questões não só matrimoniais, mas também políticas levou a sua quebra de relação com a igreja católica. A questão matrimonial, diz respeito ao desejo de separação da esposa e casamento com uma de suas concubinas, isso levado pelo desejo de ter filhos homens, já com relação à questão política, com a saída da igreja católica da questão política inglesa, Henrique aumentou o seu poder e ainda recolhendo os bens da igreja enriqueceu mo tesouro real inglês.
   Já para os calvinistas, a Reforma Religiosa trouxe um ponto de apoio ao desenvolvimento econômico para os burgueses, apoiando o seu desenvolvimento capitalista, assegurando que virtude e predestinação seria o desenvolvimento econômico pessoal e a sua tendência para o trabalho.
A crítica calvinista ao desenvolvimento econômico seria que o trabalhador que teria o seu tempo dedicado ao trabalho, isso se houvesse o fato contrário e a pessoa tirasse o tempo ocioso iria contra a chamada revolução, isso para sociedades que sofreram uma forte ruptura como modelo até então vigente como, por exemplo, a Revolução Russa e a Revolução Cultural Chinesa.
   A questão crucial fica a cerca do ponto de falta de ética no cenário moderno capitalista, isso compões da avareza, maquiada com uma ideia de utilitarismo.
  O que temos na verdade é: o indivíduo, camponês, trabalhador rural, teve sua forama de viver alterada pela Revolução Industrial, perdendo o seu tempo ocioso e passando a ser escravo da máquina, isso só ocorreu graças ao desenvolvimento capitalista, que teve respaldo com a Reforma Religiosa, que fortaleceu os ideais burgueses, por acreditar que desenvolvimento econômico individual é uma virtude.

Dalisa Aniceto - Direito Diurno
                                            Globalização do capital.

Diante do sistema feudal e da Igreja Católica  a ânsia por lucro esteve sempre retraída. Por meio da "ética protestante", de acordo com Weber, essa visão seria corrompida, surgindo em um determinado grupo social e se irradiando para o resto da sociedade. Em sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo", Max Weber procura entender a partir do agir social concreto, como se dá essa mudança. Ou se já, procura entender como ocorre essa transformação no modo de produção, a partir de que momento há essa transformação que cria um ponto de ruptura, transformando a história do ocidente e universalizando-a.

A ética calvinista busca a dominação do mundo de forma a assimilar e absorver todos os outros sistemas, transformando-os. Dessa forma, empreenderam a racionalização da circulação da moeda , com o intuito da promoção de acumulação de riqueza. Além disso, apresentam-se a racionalização contábil, a racionalização científica, racionalização jurídica e racionalização do homem. Todas elas contribuem para o bom funcionamento do sistema e garantias para a propriedade. Veja, se o mundo inteiro não possuir uma lógica comum, um navio que passa por águas onde não há essa lógica capitalista, poderia ser tomado em “desrespeito” a propriedade privada.

Ademais, no âmbito religioso, é conveniente destacar a posição da igreja católica que apenas condenava o lucro e acumulação de riquezas com o fim de contrair para si esse possível “lucro” em forma de indulgências, venda de relíquias e etc. O espírito de acumulação não é uma superestrutura do capitalismo, mas seu fato de desencadeamento, pois lhe aconteceu.


Gustavo Lelles de Menezes                                                 1º ano direito noturno     




A questão da dominação e a metodologia sociológica.

            Quando Max Weber trata da questão da dominação, seja ela política, econômica ou social, ele enfatiza como o papel das crenças, levadas durante gerações, possuem importância. A crença de um dominado àquele que domina é tamanha que, com o passar do tempo, criam hábitos cegos de lealdade, em que não há mais questionamento a cerca da legitimidade do poder. Ou seja, uma dominação criada exclusivamente no carisma pessoal.
            Por outro lado, a dominação racional do tipo “pura” é baseada em aspectos burocráticos. Dessa forma, a falta de questionamentos por parte daquele que é dominado deriva do aparelho administrativo. Ou seja, a ideia de que existe uma ordem superior às suas vontades o reprime, e faz obedecer ao sistema estabelecido.
            A forma de metodologia discutida pelo autor leva em consideração a influência de aspectos culturais dentro das descobertas científicas. Segundo ele, deve-se trabalhar com uma comparação entre aquilo que foi realmente descoberto, através de um processo objetivo, e a hipótese inicial que causou a iniciação da pesquisa. Criando-se uma situação hipotética distante do real, o nosso julgamento a respeito da possibilidade ou não da hipótese é o que caracteriza o julgamento cultural, prévio, em uma pesquisa científica.
            É possível, assim, perceber como a mente humana não é preparada para lidar com coisas que ainda não conhece. Por mais que exista a curiosidade em descobrir o funcionamento da sociedade e do universo, haverá sempre um conceito pré-estabelecido. Isso é, certamente, o fator que mais dificulta as descobertas dentro da sociologia pois, como o ser humano está mais habituado com a ordem social em que vive, existirá sempre um julgamento formado a respeito do outro.


Yasmim Silva Fortes – 1º ano noturno.

Os pensamento de Weber

Os pensamento de Weber surge no contexto do calvinismo por uma questão religiosa, contudo se irradia ao nosso século circunscrito no âmbito econômico, desprendendo-se das questões religiosas. Seu objetivo não é se antepor ao materialismo dialético de Marx, mas compreender como as ações sociais mudaram o modo de produção. Seu objeto não é o calvinismo em si, mas a sociedade (a mudança de pensamento, que precedeu a mudança do modo de produção).
     Weber busca compreender a singularidade do ocidente, estudando de maneira empírica o momento em que se deu a mudança (vale dizer que não foi um momento, mas um processo). Esse processo teve caráter ecumênico (ocidentalização), de modo a se configurar a homogeneização de um modo de vida, a famigerada globalização marxista, adoção de um paradigma burguês. Essa dominação seria aracionalização do mundo (diferente de um monge que se encaixa na acomodação do mundo).
     Entende que a ânsia pura e simples por lucro não é capitalismo, é algo inerente ao homem, uma individualização internalizada em qualquer um de qualquer profissão. A externalização do sucesso seria externalizar sinais da sua escolha divina: quanto mais você acumula, mais ostenta, não só é mais bem visto, mas também está mais próximo da salvação.
     O capitalismo está muito atrelado à dinamização racional do investimento (nada mais anti-capitalista que uma pirâmide: feita para depois da morte -caracteriza não-investimento). 

O capitalismo como ética da racionalização para Weber

     A ética protestante surge com os calvinistas e vai se irradiando pela sociedade, porém, desprendendo-se do seu sentido religioso. Contudo, a reforma protestante - uma das mais  importantes revoluções da modernidade por ter proposto uma nova mentalidade - não representava uma forma de escapar do controle da religião sobre a vida social, mas sim de torná-lo mais rigoroso e estendê-lo a todas as instâncias da vida, ou seja, regulamentar a conduta social tanto no setor da vida pública como o da vida privada. Com isso, Weber procura entender, sem se antepor ao materialismo histórico de Marx, como essa ética voltada ao trabalho surge e se concretiza, a partir de uma mudança de mentalidade e do modo de vida, gerando com novo meio de produção: o capitalismo. Essa nova mentalidade surge com o protestantismo ascético que, segundo Weber, representa a efetiva revolução moderna, pois modifica, primeiramente, a consciência do indivíduo e, posteriormente, a consciência externa, ou seja, da sociedade.
     De acordo com o sociólogo, existe uma racionalização não de acomodação do mundo, mas sim de dominação do mundo para transformá-lo e empreendê-lo. Diferentemente do que muitos defendem, Weber acredita que os fatores culturais desencadeiam os econômicos. Sendo assim, o “espírito de acumulação” não é um reflexo do capitalismo, pelo contrário, ele é que gerou o capitalismo, pois a ganância sempre existiu entre os homens.
     Os fatores que diferenciam o modo de produção capitalista de quaisquer outros na história, vinculam-se à ideia de racionalização, a qual pode ser dividida em quatro tipos. O primeiro é a racionalização contábil, que separa os bens da empresa dos bens do indivíduo. O segundo é a racionalização científica, que representa a dependência capitalista dos avanços das ciências exatas e naturais. Já o terceiro é a racionalização jurídica, a qual utiliza as estruturas do direito e da administração como molas mestras da racionalidade capitalista. E o último é a racionalização do homem que, embora dependente da ciência, da técnica e do direito racional, o racionalismo econômico depende também da disposição do homem em adotar certos tipos de conduta.
Bianca Bastos - direito noturno

A mentalidade antecede o econômico

                   Weber mais uma vez estuda as estruturas do Capitalismo sobre um âmbito diverso. Rompe com a ideia de estudá-lo sobre um aspecto meramente econômico e se propõe a demonstrar como a construção do pensamento e da doutrina protestante influenciou profundamente as estruturas e a organização, além da mentalidade, capitalista.
                A influência do protestantismo, em especial da doutrina calvinista, irradiou-se para as esferas ocidentais, contribuindo para a construção do meio de produção. Aqui Weber se distancia mais uma vez de Marx – se neste mudava-se inicialmente o modo de produção para enfim se alterar a mentalidade, em Weber, no aspecto estudado, muda-se a mentalidade por meio de uma ética que alcança âmbito mundial, e então tem-se a mudança, quase que concomitantemente, do meio de produção -. A perspectiva de dominação do mundo fortalece-se e abre espaços para a concretização do objetivo principal do Capitalismo: dominar e transformar para lucrar. Prosperar, na ética calvinista, é exteriorizar justamente a predestinação (não interessa o depois, como no Cristianismo, interessa a graça imediata por meio da prosperidade). Neste ponto torna-se claro a proposta de Weber: como a mentalidade do capitalismo teria surgido e rompido com a senhorial? A reforma protestante seria a base a qual se fortalece a burguesia, o elo entre a queda do feudalismo e a ascensão dessa classe. Aquela que permitiu a essa classe revolucionária expandir sua mentalidade, e literalmente “moldar o mundo à sua imagem e semelhança”, como prenunciara Marx.
                O que se deve ressaltar é que a Ética Protestante atravessou barreiras meramente religiosas e se expandiu para uma ética burguesa universal. O Direito se modifica, protege a propriedade, o lucro, substituem-se as “penas de suplício”, como diria Foucault, pelas penas restitutivas. O homem passa a ser parte daquela ética, de maneira que ela não se restringe ao econômico, mas invade as mais diversas esferas sociais. As instituições sociais, como a família, veem-se envolvidas pela “radiação” dessa nova ética.

                Poderia se indagar a existência dessa ética ainda hoje na cultura. Diante disso, não se é desconhecido a frase “Deus ajuda quem cedo madruga”, e nela se vê presente claramente a ética capitalista com bases protestantes – o trabalho como forma de prosperar aos olhos de Deus. O Capitalismo pode ter se modificado, mas a sua ética ainda se mantém viva, e em um mundo onde os sistemas de produção têm se tornando cada vez mais rápido, a troca de produtos e informações mais frequentes, atravessando a barreira temporal-espacial, constata-se: o tempo é, talvez mais do que nunca, dinheiro.

Lucas Ferreira Sousa Degrande - Direito Noturno  

A ocidentalização do mundo e a universalização da lógica do capital

         A obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, escrita por volta do ano de 1904 por Max Weber, é de extrema importância não apenas no que diz respeito à introdução da sociologia jurídica, mas ao questionar os motivos ontológicos que levaram à mudança substancial da mentalidade humana e como as relações sociais e de produção acompanharam essa mudança drástica, a obra torna-se atemporal e, portanto, essencial dentro do estudo da sociologia universal.
          Para Weber, as modificações que a Reforma Protestante trouxe, através da insurgência dos ideais calvinistas, não foram mudanças que alteraram apenas a lógica econômica e, dessa maneira, se restringiram a modificar as relações de comércio entre pequenos setores sociais com poder aquisitivo mais considerável. Na realidade, a Reforma –que o autor considera como sendo a manifestação mais importante da modernidade- possui caráter ruptural ao trazer ao cenário social uma verdadeira revolução cultural, a qual a universalização da racionalidade com uma perspectiva de dominação efetiva do mundo surge como elemento essencial e característico do que Weber denomina como “espírito do capitalismo”.
           Compreender a análise weberiana apenas como sendo uma oposição ao materialismo histórico dialético de Karl Marx é empobrecer e deixar de entender a constelação de elementos considerados em sua obra, pois Weber se debruça sobre inúmeras questões e contradições do próprio espírito humano, sobretudo sobre ele pode se modificar e se adequar aos mais distintos modos de organização social de acordo com interesses ora coletivos, ora individuais. É claro que a compreensão weberiana é também marcada por interesses e representa a ideologia da classe dominante ao afirmar que o fator desencadeante do modo de produção capitalista advém de uma transformação cultural ao contrário do que caracteriza brilhantemente Marx. Entretanto, subjugar e descartar uma das obras mais lidas do século XX sem um conhecimento mais aprofundado acerca de suas proposições é, no mínimo, vergonhoso no que tange ao processo crítico do desenvolvimento intelectual.
            É importante destacar também a importância que o Direito adquire nesse contexto de ascensão da classe possuidora dos bens de produção em detrimento daquela detentora apenas da mão de obra, pois é ele quem nasce como uma das mais valiosas ferramentas da elite para garantir seus interesses perante o Estado e toda a sociedade e, sobretudo, para assegurar a propriedade como sendo um direito fundamental, principalmente a propriedade privada. Em outras palavras, é o Direito que vai garantir toda a lógica de acumulação e concentração de capital.

É evidente que, apesar do Direito nascer nesse contexto extremamente individualista e desigual, o indivíduo sendo um sujeito de direitos e, sobretudo, um sujeito histórico, é ele o responsável por definir os valores e caracterizar suas ações dentro do Direito, podendo, dessa maneira, não só operá-lo, mas construí-lo de modo que ele seja um importante instrumento de transformação social e de efetivação e positivação da justiça. Eis novamente a importância de uma análise ampla, profunda e livre de preconceitos acerca do pensamento multidirecional e bastante plurívoco de Weber na contemporaneidade, uma vez que tanto para modificar as injustas estruturas sociais, quanto para transformar a compreensão sobre o fenômeno jurídico, é essencial conhecer as mais diversas teses sobre como modo de produção capitalista se originou, como ele se arraigou entre os indivíduos, como ele se estrutura e qual a função do Direito dentro dessa lógica; e é isso que o estudo atento e rigoroso de Max Weber permite.




Amanda Verrone - 1º Ano Noturno

Tempo é vida



Um famoso banco brasileiro lançou, recentemente, uma propaganda na qual diversas pessoas morrem após décadas de trabalho. Contudo, não morrem pensando em suas famílias ou amigos. Morrem pensando em dinheiro. Morrem pensando que deveriam ter gasto mais. Morrem pensando que deveriam ter comprado aquele sapato maravilhoso ou feito aquela viagem luxuosa. 

Esse banco, na tentativa (apesar de paradoxal e um pouco incoerente) de alertar as pessoas para, talvez, o verdadeiro significado da vida, demonstrou claramente as ideias de Weber. De acordo com o sociólogo, o espírito do capitalismo não está contido na ideia de “aproveitar a vida”, mas sim na de que, para “ganhar na vida”, é necessário trabalhar, trabalhar, trabalhar. 

“Tempo é dinheiro.” Sim, é inquestionável. Entretanto, tempo também é vida. Com a expectativa de vida elevada da contemporaneidade somada à era digital, as pessoas falham em perceber a efemeridade da vida e se julgam imortais. O trabalho é tão antigo quanto a história e não há dúvida de que ele é indispensável para a vida em sociedade e de que ele contribui para a construção da dignidade humana. No entanto, o trabalho não é tudo. A vida, sim. Tudo que resta é viver.


Ana Clara Tristão - 1º ano Direito diurno

A racionalização como fator diferencial

      Em "A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo", Max Weber é responsável por fazer uma análise do capitalismo diferente das vistas até então, além de ter um caráter mais moderno. Dentre suas ideias, uma interessante é aquela que relaciona o capitalismo a uma organização racional eficiente, diferenciando-o de qualquer outro modo de produção.
      Além disso, há em Weber a noção de que o ascetismo protestante levaria a uma real revolução moderna, visto que ocorreria a superação do dualismo religioso, gerando uma ideia de “dominação” do mundo. Para tanto, a reforma protestante estenderia o controle religioso a todas as instâncias da vida, tendo um aspecto mais rigoroso, principalmente quanto ao trabalho árduo, fugindo do ideal de “aproveitar a vida” como objetivo (acumular capital seria uma virtude, portanto).

      Assim, pode-se dizer que a implantação do protestantismo seria um pretexto por parte da burguesia para que o capitalismo se tornasse cada vez mais eficaz e global. O espírito do capitalismo, porém, seria anterior à ordem capitalista, uma vez que o homem sempre buscou ao longo da história acumular capital. O que mudou foi justamente essa racionalização de tudo, que inclusive Weber divide em racionalizações contábil, científica, jurídica e até mesmo do próprio homem.

Rodrigo Nadais Jurela - Direito Noturno

Pequenas igrejas: grandes negócios

“Mais fácil um camelo passar pelo fundo uma agulha do um rico entrar no reino dos Céus”. Esta frase bíblica, assim como outras, foi usada como exemplo de testemunho e homília durante a Idade Média e seu fim. Tempo no qual se pregava que a ânsia por dinheiro era pecado e o fim único para o trabalho era a subsistência.
A Reforma Protestante veio quebrar com tal pragmatismo católico e propôs uma nova maneira de enxergar o mundo, o trabalho, o dinheiro e o lucro. Trabalhar não era mais para subsistência e sim para se buscar o que lucro. Este último que a Igreja católica abominava passou a ser o que todo trabalhador almejava com o suor do seu labor, pois o dinheiro ganhou voz na sociedade ocidental que aos poucos vinha perdendo as amarras e o tapa olho imposto pela rígida senhora feudal que controlou durante séculos todo um continente, praticamente.
Essa nova forma de ver o mundo foi proposta pela Reforma Protesta, segundo Max Weber. Há para ele um processo de ocidentalização do mundo devido a tais mudanças decorridas por conta das descobertas burguesas, e com isso a dinamização do dinheiro e dos investimentos fazem com que haja uma racionalização do capital e para tal pensador este é o principal ponto oriundo do protestantismo. Esta racionalização veio ser o espírito capitalista que despertou, e podia ser considerado novamente “lícito”.
Sendo assim, aquela Igreja Católica que condenava o lucro, mas fazia seus fieis pagarem indulgências na Idade das Trevas, também se adequou a este espírito capitalista e passou não a defender, como os protestantes calvinistas o lucro, mas não a condená-lo e hoje suas instituições podem ser consideradas grandes empresas de sucesso.

Camila Gabriele Pereira de  Faria
1º ano direito noturno

Racionalização

De acordo com o dicionário, racionalização significa simplificação e aperfeiçoamento de uma técnica, de modo que melhore o rendimento. Nesse sentido Weber faz uma análise da sociedade, do ponto de vista das relações econômicas e suas manifestações entre os indivíduos, suas crenças e aperfeiçoamentos.
     O autor ao estudar o início da universalização do capitalismo, capta fundamentos na teoria protestante. Mesmo sem planejar um modelo econômico, os preceitos e comportamentos religiosos desse grupo acabaram por influenciar todo um modelo de vida, que tem reflexos muito atuais. O que era costume de um grupo seleto desprendeu-se e passou por um processo de racionalização, atingindo todo o mundo.
     O contexto histórico de surgir junto com uma nova classe social de trabalhadores colaborou para adotar a ética protestante: o trabalho dignifica o homem, quem trabalha e poupa recebe recompensas divinas na vida e não um projeto de vida após a morte. Religião e sociedade caminhando junto, com o fim de dominação do mundo moderno.
     Com essas práticas religiosas (econômicas) desse grupo, os benefícios e ascensões financeiras foram notáveis, influenciando outras culturas e povos, que passaram a exercer as mesmas práticas para competirem igualmente. Daí surge a universalização e       os primeiros passos do capitalismo atual.
     Essa racionalização analisada por Weber, parte desse ponto: os princípios religiosos são racionalizados e difundidos pelo mundo, sendo capaz de criar outros hábitos e mudanças na sociedade, bem como na economia. Essa racionalização tem áreas de atuação: garantias jurídicas de proteção ao patrimônio, racionalização do próprio homem, que passa a criar o ideal de poupar para gerar mais riqueza, entre outras.
     Contudo, na prática, mesmo que toda a sociedade seguisse a risca todos esses preceitos herdados do protestantismo, não teria como todos os indivíduos se ascenderem socialmente. Só existe o rico porque existe o pobre, não tem como existir uma sociedade só com homens ricos. Isso também porque não existe riqueza suficiente para todos acumularem e pouparem.

Até Deus é Capitalista!

 Max Weber relata o surgimento do Protestantismo, que daria uma base para o posterior aparecimento do Capitalismo. O Protestantismo teria como características:

     1-      Predestinação: o destino pós-morte já está determinado desde sua vida terrena;
     2-      Racionalização do lucro: ter a capacidade de usar o intelecto para multiplicar os ganhos;
     3-      Prazer: o prazer se resume a ganhar e acumular sempre mais capital;
     4-      Prosperidade: a prosperidade material é vista como benção divina.

Com essa crença em bens materiais e sua multiplicação como vontade dos céus, não tinha o porquê a sociedade temer o Mal (a Igreja condenava a usura e o lucro). Então, as cidades começaram a ter uma produção cada vez maior de mercadorias e isso fez surgir o espírito do capitalismo, que seria exatamente esses investimentos para a multiplicação dos ganhos.

Além disso, sito também os quatro tipos de racionalização:

     1-      Contábil: separação dos lucros do negócio dos bens pessoais para não haver perda excessiva de dinheiro;
     2-      Jurídica: segurança jurídica de preservação dos bens conquistados ao longo do tempo;
     3-      Cientifica: ciência e suas descobertas em prol da ampliação da capacidade de produção;

     4-      Humana: negação da riqueza como incentivo para se acumular cada vez mais capital.

Aula sobre "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" - Paola Yumi Shibakura (direito diurno)

A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

Em “A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber discorre sobre a relevância da reforma protestante para a formação do espírito do capitalismo.
Ao buscar compreender a singularidade do Ocidente e em que momento ocorreu essa transformação, Weber enfoca em um grupo social especifico os calvinistas, que desencadearam uma série de transformações que modificaram o mundo, porém ressalva que a ética protestante ao se irradiar, foi se desprendendo de suas raízes religiosas, na qual a riqueza era sinal de predestinação divina. A ética protestante se caracteriza pela racionalização do trabalho, da produção, etc., racionalização com o objetivo de dominar o mundo e não acomodar-se a ele.
A diferença do modo de produção capitalista de qualquer outro na historia é justamente a racionalização. O tradicionalismo se opõe ao capitalismo nesse ponto, isso porque, enquanto no primeiro o capital é utilizado somente para satisfazer as necessidades pessoais, no segundo é usado como forma de obter o máximo de lucro possível, que busca acumular e reinvestir visando obter mais capital, não deseja consumir, mas sim ganhar. Essa racionalização do homem foi vista primeiramente com estranheza, pois não se entendia o sentido daquela atividade ininterrupta, em que a vida existe em função do negócio e não o contrario. Dessa forma a racionalização do homem não exigiu apenas força, mas também um embate cultural, que modificou a consciência dos indivíduos e, posteriormente, a consciência externa. Essa ética tomou tais proporções que quem não a assimila está fadado ao desaparecimento, sendo que hoje não é possível pensar em um mundo sem ela.

Leonor Pereira Rabelo- Direito Noturno

Racionalização como meio de legitimação

É notável o famoso processo de racionalização pelo qual o sistema capitalista passa, a fim de aprimorar-se, efetivar-se e se consolidar. Basta olhar para o processo histórico para perceber como o sistema capitalista se infiltrou nos modos de produção, nos meios de vida e nas culturas.
A esse repeito, Max Weber destaca em sua obra, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, os aspectos que foram essenciais para a disseminação e solidificação do sistema capitalista. Dessa forma, destaca elementos como: racionalização, tais como a racionalização contábil, científica, jurídica e do homem em si; a influência dos ideais do protestantismo. Tais elementos auxiliam a medida que dão aparato formal, no caso de um sistema legal e uma administração orientada por regras, e ideológico, no caso da ética protestante e os novas concepções acerca do lucro, do enriquecimento, do acúmulo de capital. Acumular capital passa a se relacionar com ideia de virtude e eficiência.
Sendo assim, pode-se dizer que a racionalização exposta por Weber age também como justificativa para a legitimação do sistema capitalista. Além de obter um caráter positivo ao ser atrelar à racionalização, o capitalismo passa a ser visto como o sistema mais adequado para a sociedade. É notável que quando nos referimos a outros sistemas políticos e econômicos, que não o capitalismo, isso em geral é não é visto com bons olhos. Observa-se como a ocidentalização possui uma grande força, já que para nós parece impossível viver fora do capitalismo.
Portanto, a partir de tais elementos é possível destacar a lucidez com que Max Weber descreve o “espírito do capitalismo”, espírito que se disseminou pelo globo e se infiltrou na conjuntura social, alterando as relações familiares, as relações socioeconômicas, os meios de produção, a divisão do trabalho, e, sobretudo, o modo de pensar e de agir do homem moderno contemporâneo, sua visão de mundo em especial no que diz respeito ao capital.





Dayana Moura Dezena
 Direito diurno

Racionalização do Capital

"A ética protestante e o espírito do capitalismo" de Max Weber surge entre os calvinistas. A medida que essa ética protestante vai se espalhando entre as classes, ela se irradia de diferentes maneiras, desprendendo-se de suas raízes religiosas, e, portanto, tornando-se secular. Nessa obra, Weber também busca compreender em qual momento se inicia a universalização do modo de produção do Ocidente para o mundo. Essa universalização desse novo modo de vida é chamada de racionalização.
 
O capitalismo não busca o lucro por uma ânsia pura e simples. Ele procura uma racionalização com perspectiva de dominar o mundo, e não da acomodação deste. Questões religiosas como vida posterior e espiritualismo não  interessam mais; o que realmente importa é expandir a dominação do mundo, construindo sinais de vigor econômico, sinais do novo a cada momento.
 
Ademais, o capital vincula-se às possibilidades de dinamização racional do investimento, pois ele preconiza a manutenção da riqueza ao longo do tempo. E o Direito surge como forma de garantir que investimentos como a propriedade e a circulação de capital gerem mais riquezas. Portanto, para Weber, a racionalização do capital é um sinal da predestinação do homem, na qual aquele que acumula riquezas através do trabalho é escolhido por Deus.
 
Em oposição ao materialismo histórico, no qual Marx diz que o "espírito" de acumulação é um reflexo ou uma superestrutura do capitalismo, Weber acredita que esse "espírito" de acumulação atua como fator de desenvolvimento do capital, no qual a satisfação das necessidades pessoais e a aquisição de bens são os principais objetivos. Segundo Weber: "Ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto for feito legalmente, o resultado e a expressão de virtude e de eficiência em uma vocação".
 
Por fim, Weber divide a racionalização do capital em quatro ramos: a racionalização contábil que consiste na separação dons bens da empresa dos bens do indivíduo; a racionalização jurídica, na qual as estruturas do Direito administram o capitalismo; a racionalização científica, cujos instrumentos da ciência moderna impulsionam o capital e por último, a racionalização do homem, na qual este precisa adotar uma nova conduta racional como forma de alterar sua consciência para uma melhor compreensão do racionalismo econômico para além do pensamento do burguês protestante.
 
Elisa Kimie Miyashiro - Direito noturno
 

Modificação


     Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Max Weber mostra como essa ética universalizou-se no Ocidente e atuou no processo de racionalização do próprio capitalismo e dos indivíduos. 
    O aparecimento do calvinismo com a Reforma Protestante do século XVI influenciou a dinâmica do capitalismo, sistema econômico até então vigente, com sua teoria de "predestinação" em que pessoas escolhidas por Deus teriam riquezas, lucros e prosperidade através de seus trabalhos. A ideia da predestinação serviu de base para o início da ânsia por mais riquezas e vantagens no mundo burguês moderno e que continua no mundo contemporâneo. Porém, atualmente a vontade de lucros é mais por um "status social", mostrar que tem mais que o outro e exigir obediência e submissão a partir disso, ao contrário da época da Reforma em que os calvinistas acreditavam que os lucros obtidos eram como méritos merecidos através do trabalho, em que cada um ganhava aquilo que merecia e os mais afortunados deveriam ser generosos com os menos, pois todas essas riquezas deveriam ser usadas para o bem comum e o serviço ao próximo.
   A partir daí, pode-se observar que o pensamento burguês modificou mais à seu favor, um pensamento religioso e construiu sobre suas bases outros ideais que estão até hoje incrustados em nossa sociedade, como a necessidade de se ganhar dinheiro por ganhar ou até mesmo para ser mais feliz, deixando de lado certos valores morais mais importantes e dando ênfase ao que o capitalismo faz acreditar ser importante para que sua vigência se estenda por muito tempo...

Dinâmica Capitalista

       Max Weber, em " A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo", faz uma análise interessante sobre o capitalismo. O espirito do capitalismo sempre existiu, ou seja, ele é anterior à ordem capitalista, tendo que lutar contra forças hostis que o combatiam.O principal inimigo do capitalismo seria o tradicionalismo, definido como a tendência do homem em se conformar com aquilo que é suficiente para a sua sobrevivência, opondo-se à ideia de que o homem tem como característica inerente à sua espécie o desejo incontrolável pelo acúmulo de dinheiro.
       O trabalho é definido como sendo algo que tem um fim em si mesmo, como uma espécie de vocação essencial para a dinâmica do capitalismo.Uma das principais formas de superar o tradicionalismo seria por meio da religião.Max Weber cita como exemplo o caso das mulheres da formação religiosa pietista. Essas mulheres têm melhores chances de ter uma educação econômica eficiente. Isso se deve ao fato de que as pessoas desse grupo religioso teriam a habilidade de concentração mental e o sentimento de dever, fatores indispensáveis e de suma importância para as relações de trabalho.
       Um dos principais propósitos da vida profissional segundo o espírito capitalista, seria o trabalho a serviço de uma organização racional.O racionalismo seria uma atitude de julgar conscientemente o mundo em termos de interesses mundanos do ego individual.Essa visão de vida seria especial para os povos do liberum arbitrium. Para Weber, o protestantismo seria essencial para o dinamismo capitalista, pois ele pregava que o enriquecimento advindo da prosperidade econômica e do trabalho seria uma predestinação, o que fortaleceu o espírito capitalista.
       Para Weber, o empreendedor ideal seria aquele que evita a ostentação e que se constrange com reconhecimentos sociais. Ele deveria saber da sua capacidade e do seu poder, mas nunca ostentar. E seriam só esses tipos de empreendedores que seriam vistos por todos os períodos da história econômica, homens devotados e focados nos ideais burgueses.
       


                                           Virginia Barbosa Melo de Carvalho-Direito Noturno
       
“Lembra-te que tempo é dinheiro. Aquele que pode ganhar dez xelins por dia por seu trabalho e vai passear, ou fica vadiando metade do dia, embora não dependa mais do que seis pence durante seu divertimento ou vadiação, não deve computar apenas essa despesa; gastou, na realidade, ou melhor, jogou fora, cinco xelins a mais”
    Na obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Max Weber procura analisar a formação do sistema capitalista nos Estados Unidos. Para ele, os motivos que levaram ao aperfeiçoamento desse sistema, ao contrário das justificativas de maior popularidade, se devem a ética religiosa preconizada pelas pessoas que povoaram aquela região: o protestantismo.
    Segundo Weber, os princípios morais da ética protestante, que consistiam em trabalho, sobriedade, espírito de vocação e obediência às leis permitiram que o sistema capitalista se desenvolvesse. Esses princípios impulsionaram o capitalismo pois eles estimulavam os puritanos a economizarem, se empenharem no trabalho e assumirem uma responsabilidade individual.
   Durante as revoluções do século XVIII, os revolucionários elevaram o trabalho a principal virtude republicana, como forma de adversar os valores da nobreza. À vista disso, na era moderna,  o trabalho, que favorece o desenvolvimento do capitalismo, deixa de ser apenas um meio de subsistência para atribuir honra dignidade e do ponto de vista protestante, certeza da graça divina.

Amanda Silva Trevisan
1º ano Direito noturno.

Weber e a ética burguesa

Max Weber tenta, em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, compreender, em síntese, a singularidade da universalização da dita “ética protestante” e sua lógica de acúmulo de riquezas como fim em si mesmo e dominação do mundo – contrastando com a mera “contemplação” do racionalismo oriental.
O referido pensamento burguês é embasado, principalmente, na religião fundada por Lutero, tendo em vista a teoria da “predestinação” difundida pela referida crença, segundo a qual o acúmulo de bens e a prosperidade financeira seriam sinais divinos para os “escolhidos por Deus”. A igreja protestante instaura na consciência individual um pensamento prático no que tange à visão do mundo. Posteriormente a essa fundamentação religiosa, a ética burguesa se racionaliza, no sentido de desprender-se da argumentação teológica.
Um sinal de que a burguesia foi deveras perspicaz e eficiente ao engendrar sua lógica capitalista é o fato de sermos, hoje, todos burgueses. Tanto nossa cultura acerca do trabalho quanto nosso código de conduta são completamente pautados em tal ética. O pensamento burguês é, portanto, incrivelmente atual.
Existem dois pontos bastante importantes a serem ressaltados quanto ao tema. O primeiro aspecto é o trabalho posto como instrumento de produção para além das necessidades do homem, tornando-se fundamental para o acúmulo material e, a partir da riqueza gerada, produzir ainda mais, ininterruptamente.
O segundo e último ponto intrínseco à análise é a completa abominação do ato de ostentar os bens materiais, por parte dos burgueses. O real burguês é aquele que nega a “aventura” e as despesas supérfluas, sempre buscando acumular, racionalizar e controlar ao máximo seu capital.


Provocando ações

     "Quem mais mal fez à humanidade: as religiões ou os bancos?". Com esse questionamento, acrescido geralmente de outro polêmico fator, de acordo com a própria vivência do entrevistado, Antônio Abujamra provoca interlocutor e público seus a cada semana, sem categorizar uma definição ou estabelecer um padrão de resposta.

      Pela análise de A Ética protestante e o Espírito do capitalismo, de Max Weber, é possível traçar-se tal fator de comparação. 

     No texto, o sociólogo alemão une uma característica até então singular da religião protestante, a busca da salvação pelo acúmulo de capitais, ou seja, uma verdadeira predestinação de natureza divina a qual seria sinalizada pela prosperidade, à raiz do surgimento da própria ideologia burguesa, na classificação marxista do termo. A competitividade e o não-desmerecimento do acúmulo de capitais, os quais foram instituídos pelo protestantismo, espalharam-se de forma predatória e voraz por toda a Europa, atingindo seus territórios pelo movimento "natural" metrópole-colônias da época. As revoluções liberais, por fim, trataram de assentar "definitivamente" esse modo-de-produção que tanto é questionado até hoje, como percebe-se nas palavras daquele apresentador de televisão.

     Não se deve concluir sem uma opinião. Não se deixa uma questão aberta. Trago uma resposta e outra provocação: as religiões, a exemplo da própria citada acima, se levadas ao rigor do fundamento, presenteiam o ser humano com consequências deveras adversas, como a supremacia atual das instituições financeiras e sua exorbitante exploração. Entretanto, como agentes sociais puros, os bancos e os credos diversos seriam essenciais ao desenvolvimento da própria percepção de homem, seja pela segurança proporcionada pelos primeiros, seja pelo ensinamento de noções de coletividade e solidariedade pelos segundos. Diante disso: "Quem mais mal fez à humanidade: as religiões, os bancos ou a omissão?". 

Eduardo Matheus Ferreira Lopes, 1º Direito diurno.    

Dinheiro e pensamento

É veracidade que Max Weber busca entender e fazer a ciência a partir do agir social concreto, o verdadeiro modo como ocorre a mudança social da sociedade.
Weber entende que a mudança de mentalidade ocorre antes da alteração do modo de produção, faz tal constatação por uma perspectiva empírico concreta e, assim, contradiz o materialismo histórico.
Em seus postulados, o autor discute o processo de ocidentalização do mundo e o disseminar de uma ética ao planeta. De acordo com o filósofo, quanto maior a prosperidade de alguém, maior sua predestinação ao céu, trata-se da ética calvinista, que prega a necessidade de exteriorizar o estado próspero.  A ética calvinista é uma ética de dominação.
O Direito, por sua vez, apresenta-se como responsável por assegurar que o sistema montado e sustentado pelo capital se mantenha, visto que, por exemplo, garante a posse de um valor, na frieza de um contrato. Parte deste pressuposto a ideia de que existem fatores capazes de diferenciar o modo de produção capitalista de qualquer outro, sendo tais vinculados à capacidade de racionalização.
A racionalização jurídica, por exemplo, elucida as estruturas do Direito e da administração como molas mestras da racionalidade capitalista, além da racionalização científica (dependência do desenvolvimento da ciência) e racionalização contábil (separação entre a empresa e o indivíduo).
Provavelmente mais importante que os outros tipos de racionalização está a Racionalização do Próprio Homem, pois, embora dependa da ciência, da técnica, e do Direito racional depende do próprio homem aderir certos tipos de conduta social.
Em contrapartida não basta a pura alteração da consciência, faz-se necessário irradiar tal consciência para outros grupos.
Aquele que não alterar seu modo de vida às condições do capital será, invariavelmente, fadado a derrota.

A reforma protestante, portanto, demonstra a extensão do controle religioso a todas as instâncias da vida de modo mais rigoroso. 

Lucas Oliveira Faria
         O homem faz o capitalismo
O homem como um ser gregário é compelido a se articular pragmaticamente. Uma vez que necessita, ainda mais no mundo hodierno, de dinheiro para sobreviver. Assim, segundo Webber, não é o capitalismo que perverte os homens e os faz agir de maneira agressiva sem considerar os aspectos humanos em seus atos de puro consumismo, mas sim, é justamente por causa de seu espírito de natureza. Aí Webber faz menção a linha hobbesiana de que o homem é mau por natureza e que para isso deve-se criar o Estado, que detendo a soberania sobre todos os membros da sociedade, compõe uma força absoluta. Logo, Max Webber refere-se ao homem como o agente do capitalismo. Sendo portanto, por causa de sua ânsia pela riqueza como finalidade única  é que surge o capitalismo, como artifício dessa postura enviesada na maneira de estabelecer o lucro.
      A maneira de se imaginar o mundo capitalista era impensada na idade média, pois a medida que a Igreja controlava a vida das pessoas era difícil se desvincular da ideia de que o consumismo e a luxúria conduzem para o inferno. O humanista Gil Vicente faz uma sátira dessa ideologia em sua obra   Auto da Barca do Inferno. Nessa obra, uma das únicas personagens que se salvam é o parvo, que justamente por não ter a riqueza como finalidade de vida, é privado de ir para a barça do inferno. Esse tipo de ideia começa a se romper com as reformas protestantes no final da idade média e desde então sua tendência fora e ainda é prevalecer, pois o racionalismo se consolidou no âmago da sociedade. Destarte o homem faz o Capitalismo!

CULTURA ECONOMICAMENTE ATIVA

Max Webber, em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, evidencia a particularidade do ocidente sobre o surgimento de diversos fenômenos culturais, sociais e, em destaque, os religiosos advindos da reforma protestante, principalmente os calvinistas que surgiram, de uma certa forma, com “espírito” diferente do restante da sociedade.
Na singularidade do Ocidente, Webber destaca que o capitalismo que foi  desenvolvido aqui não se limitou a lógica da troca, mas envolveu toda uma racionalização do capital aplicado, ou seja, do investimento, pois foi no Ocidente que se deu o capitalismo racional baseado no trabalho livre.
Com base nesse desenvolver do capital no Ocidente, proporcionou esse “espírito” de vida supracitado, objetivando a racionalização com a finalidade de dominação baseada na predestinação com a prosperidade financeira. Essa prosperidade, segundo Webber, sempre existiu na história da humanidade, porém a ética protestante lançou horizontes de acumulação do capital e expansão da riqueza jamais lançados antes.
Infelizmente, nessa sociedade ocidental, Webber afirmava que ela já atingira um nível do capitalismo no qual ele se tornara superior a quaisquer fenômenos que estão presentes na sociedade ( sociais, culturais, políticos...), comprovando que a economia exerce nítida influência nos padrões que se desenvolvem dentro de uma sociedade.


Luis Eduardo Simplicio de Lima – Direito Noturno

Novos parâmetros, que não a agulha...

“É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos Céus”. É com essa percepção que a religião católica expressa sua visão de mundo nada estimulante para a incipiente burguesia, que ainda não estava consolidada como classe transformadora, assim como se vê atualmente. Na obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” Weber não faz um estudo da religião Protestante, mas do seu impacto para o surgimento de uma ética capitalista, ou seja, estuda a relação do comportamento econômico com as ideias religiosas.

Nesse contexto, o Protestantismo contraria a majestosa igreja Católica e apresenta uma nova consciência aos indivíduos, que serve de fundamentação às práticas capitalistas e transforma as relações. Essa Revolução Moderna é pautada na predestinação e na racionalização do trabalho. Era considerado predestinado por Deus aquele que com o esforço do trabalho e labor intelectual fosse bem sucedido, ou seja, inverte-se a lógica dominante do catolicismo e passa a considerar um escolhido por deus aquele que acumula riqueza, capital.

De fato, o espirito capitalista foi impulsionado e ganhou notoriedade, entretanto passa a caminhar sozinho, independente da religião. A religião dá lugar a uma “ética” capitalista propriamente dita, que passa a dinamizar todos os setores(econômicos, sociais, culturais, etc). E além disso, a racionalização torna único esse modo de produção.


Percebe-se que a sustentação da essência do sistema capitalista atualmente, independe de tudo e de todos, o que se enxerga é uma dependência do modo de produção, visto que foi consolidado como sistema hegemônico. Nem os fiéis mais católicos conseguem se escusar.  

César Augusto Ribeiro - 1º ano Noturno

T.G.I.M. - O dia de um capitalista

   O despertador toca e acordo para mais um dia de trabalho. Sexta-feira. Último dia da semana para ser produtivo. Logo me arrumo e vou para a cozinha tomar um café enquanto leio um gibi do Tio Patinhas, o meu personagem favorito dos quadrinhos. Assim que termino não há enrolação, vou direto para o meu local de trabalho. A pé, claro, pois a gasolina atualmente custa uma fortuna! Uso meu carro simples apenas quando realmente necessário. Durante o caminho, observo uma padaria que permanece a mesma há 25 anos, sem prosperar. Considero isso quase tão triste quanto a falência da loja de um amigo, fechada por não ter conseguido se adequar às exigências de nossa sociedade capitalista.
   Chegando ao trabalho, mal cumprimento meus colegas. Quero apenas sentar em minha sala e trabalhar, amizades aqui não serão úteis. Em minha pausa, horas mais tarde, entro no Facebook para checar se há algum evento que auxilie a economizar ou prosperar no trabalho. Oh, grande erro. Logo olho com desprezo pessoas usando a gíria boba “T.G.I.F.”(Thank God It's Friday). Agradecer a Deus por ser sexta, sério? Esse amor pelo ócio, por poder trabalhar menos, me dá náuseas. Rio comigo mesmo enquanto penso que talvez “T.G.I.M.” (Thank God It’s Monday) seja mais adequado, pois segunda, ah, essa sim é um dia produtivo!
    Após o término do expediente normal, faço algumas horas extras até o horário de ser realmente necessário ir para minha modesta casa. Obviamente, não haverá alguém para me receber: sou casado com meu trabalho. No caminho, passo pela porta de uma igreja cristã e um conhecido me cumprimenta. Respondo secamente. Sei que ele critica muito meu desejo pelo acúmulo de dinheiro, pois suas crenças pregam exatamente o contrário disso. Mesmo assim, ele tolera.
   Já em casa, janto vendo um episódio de Todo Mundo Odeia o Chris. Muitos de meus colegas dizem que sou parecido com Julius, o pai do personagem principal, que sempre sabe o valor de cada coisa, trabalha muito e se esforça o máximo para economizar, gastando apenas o necessário para aproveitar a vida. Sinceramente? Encaro como um elogio.
   Após um banho, começo a adiantar alguns serviços em casa enquanto assisto um documentário sobre o Protestantismo e como este foi necessário para o desenvolvimento do capitalismo e a posterior racionalização deste. Tal religião apresentava princípios tão inspiradores... Logo vejo semelhanças com minhas próprias ideias, mesmo não sendo protestante, percebendo como essas crenças deixaram marcas mesmo perdendo o tom religioso.
   Vejo as horas. Melhor dormir, pois mesmo um final de semana pode ser aproveitado, mas para isso preciso estar descansado. Deito agradecido por todas as condições que permitem meu trabalho, pois considero este um verdadeiro sinal e caminho da salvação. Durmo tranquilo pois sei que graças a pessoas como eu a economia capitalista se sustenta.
A partir do estudo de Weber,  reforça-se a  relação existente entre o desenvolvimento do capitalismo como novo sistema econômico e o surgimento do movimento protestante como um novo olhar acerca do meio social vigente na época. Em tal contexto, deparamo-nos com a seguinte questão: adequação da religião ao meio social, isto é, a reformulação de conceitos religiosos que não demonstraram-se estranhos ao novo estilo de vida desenvolvido a partir da expansão do capitalismo.

Sendo assim, importante ressaltar que tal adequação da religião às necessidades do homem não se demonstrou apenas com o desenvolvimento capitalista, mas tornou-se mais aparente devido à dimensão histórico - geográfica que tal fenômeno apresentou. Deste modo,  perguntamo-nos sobre os fatos que fizeram de tal relação (protestantismo x capitalismo) um grande objeto de estudo, tanto para Weber como para inúmeros outros pensadores. Poderíamos então  afirmar que, talvez, foi  o espírito protestante que desenvolveu no mundo ocidental a ideia de uma ética capitalista.

Capitalismo: um culto a Deus?

Max Weber consolidou a teoria que evidencia a diferença entre as vertentes protestantes (no caso, luteranas e calvinistas) e as sociedades católicas em relação à ética econômica. Segundo Weber, a teologia protestante deu ao homem liberdade para o ganho monetário. Para o protestantismo, os homens estariam predestinados, alguns seriam salvos e iriam para o céu e outros condenados ao inferno, o que não dependia de obras, uma vez que se tratava de predestinação. A única coisa que poderiam fazer para se confortar era glorificar a Deus através de seu trabalho. Antes dessa doutrina, o trabalho era malvisto. Apenas aqueles que iam para os monastérios estavam assegurando a sua salvação. Os demais homens, que viviam fora dos conventos, trabalhando, provavelmente iriam para o inferno. 
O que a doutrina calvinista e luterana fez foi "democratrizar" o acesso à salvação. Antes, a salvação era obtida através da religião, da compra de indulgências e de outros caminhos que não eram acessíveis a todos, como a realização de obras de caridade e boas ações. Posteriormente, bastava trabalhar, uma atividade mundana que todos realizavam. Foi criada então a ética do trabalho. Trabalha-se, cada dia mais, para glorificar Deus. O trabalho gera riqueza que é, por sua vez, acumulada. O espírito capitalista surge, então, como resultado não intencional da ética protestante.
Max Weber defende também o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, denominado por ele "racionalismo"; ele expõe através do emprego do método e da pesquisa científica uma das várias faces do capitalismo. O capitalismo ocidental, a separação dos negócios da moradia da família e a implementação da contabilidade racional, que é a origem da classe burguesa ocidental ligada à divisão do trabalho.
O estudo da ética protestante e do espírito capitalista, segundo Weber, explorava meramente uma fase de desencantamento do mundo, uma característica considerada por ele como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.

Steffani de Souza - 1º ano Direito noturno

                                       A ciclidade da riqueza como fundamento para o poder

          Max Weber, em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", analisará a racionalização dos princípios da ética protestante (outrora de mera concepção religiosa) que universalizaram-se e atingiriam mormente a conduta ocidental. O trabalho e a prosperidade, principalmente a econômica, que nos primórdios do protestantismo eram concebidos como sinal da presença divina e da predestinação, sofreram, por tal racionalização, fatores que infinitamente estimulariam-se a si próprios, em uma ciclicidade que os tornaram fins de si mesmos dentro do exercício do capitalismo.
          O que se quer dizer, na verdade, é que o capitalismo não necessariamente começou na ostentação de bens da ética protestante, mas sim nos reflexos oriundos da racionalização dessa ética, que consolidou a nova conduta avarenta e de veneração da moeda em si, e como fator gerador e multiplicador de si mesma. Esse é, para Weber, o estado inicial do espírito capitalista.
          Porém, o foco principal de sua apreciação consiste em entender como e porquê a ética protestante alastrou-se para essa nova conduta de tal forma peculiar, diferente de seus princípios inicias. Consiste em entender como houve, dentre todas as racionalizações, a racionalização do próprio homem, a partir da universalização daquela ética. Porque essa veneração chegou a um ponto tão extremo? De tal modo que o homem negará a sua própria riqueza, buscando aumentá-la ainda mais? Talvez esses novos "princípios" (e as aspas sugerem que princípio seja referente a bom valor) estejam embutidos na concepção da burguesia nascente de propriedade e poder, como alicerces de sustentação dos mesmos.