segunda-feira, 8 de abril de 2013


Positivismo: a mão que apedreja o peixinho
                Crise. Desorganização moral, social, ideológica. Esse turbilhão social ocasionado pela Revolução Industrial, o Iluminismo, a Revolução Francesa foi o contexto histórico vivenciado por Auguste Comte. Seu principal enfoque, foi, portanto, procurar ordenar a sociedade e devido à essa preocupação, é considerado o fundador da Sociologia e do Positivismo.
                Comte ansiava compreender o social, bem como é possível compreender questões biológicas e físicas. O Curso de Filosofia Positiva por ele dirigido tinha por objetivo “terminar o sistema das ciências de observação, fundar a física social.” O ramo dinâmico da sociologia – progresso – estaria subordinado ao estático – a ordem. O cumprimento da ordem dar-se-ia com a especificação do papel social de cada um, concebido no nascimento da pessoa. Logo, o ditado popular “Filho de peixe, peixinho é” é análogo à esse pensamento. Qualquer tentativa de subversão da ordem comprometeria o progresso.
                O positivismo carrega um caráter extremamente conservador e, por conseguinte, é muitas vezes utilizado como um xingamento por parte de ávidos revolucionários. E realmente, pensamentos positivistas não soam condizentes com a atual defesa às diferenças e às lutas por igualdade social, ascensão econômica. Uma família de garis, seguindo o raciocínio comtiano, deve aceitar sua situação e não almejar diferentes funções. Quanta mediocridade...
                Mas o positivismo encontra-se ainda no cerne de muitos. Principalmente naqueles que encontram-se confortados com a “ordem” vigente. Defender a ordem quando ela acomoda, é extremamente fácil. Mas e quando essa mesma “mão que afaga é também a que apedreja”? É inadmissível acomodar-se a uma ordem quando está escancarado a injustiça, a discriminação egoísta. Quando, dentro da ordem, o peixinho for assistido pelo Estado, sendo afagado e não apedrejado caso queira ser algo além de peixe, então será possível lutar por essa ordem. A ordem que trará verdadeiramente um progresso econômico e, principalmente, social para nosso país.

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