segunda-feira, 8 de abril de 2013

O uso radical do Positivismo


A Filosofia Positiva muitas vezes é associada a uma visão conservadora da sociedade. Quando Comte apresentou seu trabalho, estabeleceu quatro propriedades de sua filosofia, e dentre elas a quarta talvez justifique a visão que se tem de sua obra. Nela, o autor acredita que, para cessar a crise, a “anarquia intelectual” em que se encontrava a sociedade humana, era preciso uma reorganização social através do positivismo. Comte trouxe para o estágio social a mesma ideia da ordem estabelecida nas ciências. Se nessa cada ciência visaria um conhecimento uno, estabelecendo uma correlação entre elas, ou seja, cada uma teria um papel no conhecimento, para o autor essa visão pode ser aplicada no campo social, em que cada ser possui um papel na sociedade a fim de atingir o progresso.

É possível trazer essas concepções para o contexto do século passado, em que a década de 30 foi marcada pela ascensão dos regimes totalitários, na Itália com o fascismo e na Alemanha com o nazifascismo. Nesses regimes a propagando explorava a manutenção da ordem social, cultivando a imagem do líder político e reforçando a ideia de que “a união faz a força”. Além disso, usava-se da educação como maneira de demonstrar a importância de cada papel social, como isso permitira a integração de todo o sistema e assim a ordem estabelecida seria mantida e produtiva. Houve de fato um grande progresso nesses países através da  do regime totalitário, mas esse acabou por fechar as perspectivas dos cidadãos italianos e alemães. O amor à pátria se sobrepôs à razão, era preciso universalizar o sistema e combater qualquer tipo de manifestação contrária. As liberdades individuais foram transgredidas, as perseguições àqueles que prejudicavam a ordem foram intensificadas, a Segunda Guerra Mundial se instaurou. O Totalitarismo falhou e a reorganização social positivista não atingiu seu objetivo. O que se viu foi o caos.

A Filosofia Positiva, quando usada de maneira radical, causa o oposto ao que se propõe. A ideia de papeis fixos na sociedade e da importância de cada um no "bem maior" funcionou no momento histórico mencionado porque os dois países se encontravam em uma instabilidade social e econômica alarmantes. Mas Hitler e Mussolini eram cegos por ambição e por isso o positivismo em suas mãos falhou. O desejo de internacionalizar o sistema destruindo os opositores eliminou o progresso. Morreu a ordem, nasceu a anarquia. 


Lucas Degrande - 1º ano - noturno



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