segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Globalização marxista




Em pleno século XXI, já se tornou banal a premissa de que o mundo está amplamente interligado, no qual ocorre uma aparente redução dos espaços do globo e o tempo se baseia no momento instantâneo. A internet revolucionou de um modo extraordinário a comunicação entre os indivíduos, possibilitando amplas interligações sociais, além da intensificação das trocas comerciais entre os países. Apesar desses benefícios serem fundamentais, destaca-se as redes sociais como um poderoso instrumento de reinvidicação.
Movimentos como o “Ocupe o Wall Street” nos EUA e os “Indignados” na Europa foram os estopins para que houvesse essa ampla repercussão internacional, no qual os encontros eram marcados nas próprias redes sociais e impossibilitados de serem reprimidos pela grande quantidade de manifestantes. Outro exemplo é a Primavera Árabe, ampla revolução que desmoronou inúmeros “impérios” de ditadores que já haviam se instaurado no poder há décadas.
No dia 15 de outubro de 2011, o mundo alarmou-se com uma série de manifestações que questionavam o atual sistema capitalista. Diversos movimentos foram planejados em 951 cidades de 81 países, o que reverbera a sua relevância, podendo-se estabelecer inúmeros paralelos com a Crise de 1929 ou a queda do Muro de Berlim em 1989. Inúmeros manifestantes inflamavam a população afirmando que unidos, demonstrariam aos políticos e elites financeiras a quem estavam submetidos, superando um aparente estereótipo de que se restringiam a meras mercadorias, reflexo da ideologia consumista em que presenciamos diariamente.
Há 164 anos, Karl Marx e Friedrich Engels concebiam a obra “O Manifesto Comunista”, contendo premissas ainda hoje atuais. De acordo com os autores, a expansão do capitalismo resultaria inevitavelmente em uma economia globalizada, impulsionando consideravelmente o lucro da burguesia. Partindo dessa premissa, ambos deferem um aspecto negativo da globalização que é sua limitação à classe detentora dos meios de produção. Logo, percebe-se a atualidade desses ideais na onda de manifestações contra o sistema financeiro mundial e na reação contra os cortes de gastos públicos feitos pelos governos para combater a recessão recentemente na Europa.
Ressalva-se que apesar dessa crítica, Marx e Engels eram adeptos da ampliação do processo de globalização, desde que não incluísse somente a esfera burguesa. Ambos defendiam uma incorporação e superação do capitalismo, logo propunham a expansão da modernidade para todos igualmente, não se limitando ao aspecto teórico. Consideravam inadmissível as instituições jurídicas proporcionarem mecanismo que somente defendiam a propriedade privada e os donos dos meios de produção, segregando todas as demais classes desfavorecidas da sociedade. Esse quadro seria superado justamente por meio da globalização.
No começo da obra o Manifesto Comunista, explicita-se que a história da humanidade é a de luta de classes e somente por meio da intensificação dessa premissa, o capitalismo poderia ser superado. Inúmeros movimentos atuais, como visto anteriormente, reverberam esse aspecto, entretanto enfocam-se em aspectos mais pragmáticos, pois já compreenderam a impossibilidade de cessação do capitalismo, entretanto proporcionam amenização das injustiças sociais e amplas reflexões de como conciliar esses inevitáveis choques entre dominantes e dominados. A humanidade não deve estagnar-se frente as dificuldades impostas pelo sistema, mas almejar diariamente por aproximar-se o máximo possível de uma efetiva harmonia social.







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