segunda-feira, 25 de março de 2024

Relações trabalhistas e o positivismo

 

As transformações sociais advindas da Revolução industrial implicaram na hipervalorização e naturalização do trabalho que se mostram cada vez mais intensas na sociedade moderna. A glorificação do empreendedorismo e a busca incessante pelo sucesso profissional ilustram essa realidade, de modo que os indivíduos estão cada vez mais preocupados com a vida profissional do que a pessoal. Isso está relacionado a filosofia positivista de Auguste Comte que disserta que as duas condições fundamentais da civilização moderna são o progresso e a ordem.

Sob esse viés, a valorização do trabalho está associada a visão do positivismo de que a atividade laboral é fundamental para o progresso e o desenvolvimento da sociedade. Nessa perspectiva, o trabalho não é apenas uma necessidade econômica, mas também uma fonte de realização pessoal e contribuição para o bem geral, resultando em um avanço social. Além disso, o positivismo naturaliza o trabalho ao integrá-lo à ordem social e à vida moderna. Assim, trabalho é visto como parte essencial da condição humana, uma atividade que define o papel das pessoas na sociedade.

No entanto, essa naturalização do trabalho resulta em impactos negativos na vida das pessoas. O positivismo, ao valorizar o progresso, muitas vezes pode negligenciar aspectos importantes do ser humano, como a saúde mental, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal e a dignidade do trabalho, vista ultimamente com a precarização das relações trabalhistas, marcada pela uberização e terceirização do trabalho.

Portanto, embora o positivismo forneça um pensamento que busca entender a sociedade por meio da ciência e objetividade, é necessário refletir sobre os impactos que tal vertente apresenta nas relações de trabalho. Dessa forma, é essencial alcançar um equilíbrio entre o progresso defendido pela filosofia citada e o bem-estar dos indivíduos, considerando a importância do trabalho e de uma condição digna da sociedade.

Laura Prado de Souza 1º ano de Direito

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