segunda-feira, 18 de março de 2024

O questionamento e suas possíveis consequências

 

Ao analisar a visão apresentada no texto “Quarta Parte”, do filósofo René Descarte, relacionada há ideias de percepção, conhecimento, dúvida, reflexões e outras coisas, é nítido como atualmente com os excessivos números de informações desse mundo globalizado nos faz em muitos momentos ficarmos confusos e partirmos para os questionamentos, tentando através disso conseguir uma reflexão dessas ideias e ter ou não suas confirmações. Levando em consideração essa visão, tenho em mente que é de suma importância duvidar de determinadas questões e descobrir se elas estão enquadradas como verdadeiras em nossa perspectiva e na do mundo cientifico, porém que também é preciso antes de sair com um pensamento fechado apenas de dúvidas, tentar conhecer aquilo verdadeiramente e depois tirar conclusões, seguindo a ideia de Descarte, na qual diz que “o conhecer é perfeição maior que o duvidar”.

Após essa reflexão, pode-se observar a estrutura da sociedade e sua composição repleta de inovações, conceitos, culturas e outros elementos e como muitos indivíduos em algum momento da sua vida questionarão esses aspectos, pois são humanos e junto a necessidade de ter uma opinião sobre aquilo vem o instinto de duvidar. Partindo desse raciocínio, algo que fica perceptível ao se tratar do mundo contemporâneo, é a desigualdade e os preconceitos existentes, que em muitos momentos surgem desse exercício de duvidar sem o esforço de conhecer, em específico de coisas que fogem do padrão determinado pelos preceitos que aquele individuo está seguindo. Onde uma sociedade que se defende evoluída e igualitária, pratica atos como o racismo, que está estruturado nos meios sociais, acadêmicos e muitos outros, como cita a escritora e psicóloga Grada Kilomba, em seu texto chamado “Quem pode falar?”.

Considerando essa linha de pensamento  que está relatando uma realidade vivida por muitas pessoas, nota-se que esse racismo se manifesta de forma sistemática e enraizada na sociedade, podendo ser exemplificado no fato de mulheres pretas serem a grande maioria nos trabalhos inferiorizados e mal remunerados, juntando com a falta de representatividade desses indivíduos em cargos públicos e acadêmicos, além das porcentagens mostrando que o número de pessoas pretas mortas nas comunidades carentes serem sempre a maior parte e até a forma de tratamento opressora e preconceituosa que recebem por conta do seu tom de pele, existem muitos outros exemplos que acontecem e ao saber dessas situações ou até mesmo ao passar por elas, nos surge o sentimento de refletir e perguntar se esses acontecimentos já não deveriam ter sidos extinguidos, levando-nos a pensar que no meio dessas constantes repressões sempre haverá o surgimentos de formas de resistências, pois essa marginalização não deve ser naturalizada e nem aceitada, pensamento defendido também pela escritora Grada Kilomba.

Por fim, é possível concluir que há realmente uma necessidade de certos momentos ter dúvidas do mundo e dos conceitos para não sermos enganados e termos plena consciência das informações e ideias em que estamos acreditando e defendendo, porém sempre ao realizar esses questionamentos levar determinados aspectos em consideração, como emprenhar-se a realmente entender aquilo, pois ao pensar na construção do nosso conhecimento, temos que ter a consciência que experiências sociais que são individuais ou não podem influenciar essa constituição do pensar, além de moldar questionamentos e percepções que cada um tem da realidade, tornando-se claro que esse assunto é complexo, visto que existe uma grande ligação entre a elaboração do conhecimento e pensamentos com a identidade, posição social, experiências e questionamentos de cada um.

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