terça-feira, 19 de março de 2024

A vulgarização do conhecimento por percepções sui generis

 

     A produção do conhecimento humano, mesmo que de forma indutiva, sem a racionalização das suas próprias percepções, é eivada pela superstição e crença pessoal ao passo que a ciência é sujeita a aceitação da verdade  tornando o senso observado um saber comum. Forma de ciência, essa, obsoleta, contraposta pelo método do filósofo Bacon que por meio da acatalepsi, que seria a contínua interrogação da natureza, promove a ciência moderna, que é racional, observada e experimentada.

    Uma vez que vivemos no regime político democrático, a ciência moderna é importante para nós porque a democracia confere eleger autoridades políticas pela vontade da maioria, mas que governará sobre todos pela representação indireta dos seus próprios eleitores, ao passo que a vontade privada de um campo ideológico eleito domina  as políticas púbicas que governam toda a sociedade.

     Diante do exposto, é necessário cultivar na sociedade o valor de que é mais importante as boas propostas que combatem problemas reais, enxergados empiricamente, e não para combater espantalhos ou somente vencer argumentos. Dessa forma, destrói-se uma sociedade pedante que busca ostentar saberes que não possuem, pois não alcançam o ápice do questionamento e verificação: “[...] que estejam preocupados, não com a vitória sobre os adversários por meio de argumentos, mas na vitória sobre a natureza, pela ação; não em emitir opiniões elegantes e prováveis, mas em conhecer a verdade de forma clara e manifesta[...]” BACON, Francis. Novum Organum, ou, verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza (1620). Livro I. São Paulo: Abril Cultural, 1984 (Os Pensadores)

     Em suma, para Bacon, ao acessar o conhecimento, a mente humana precisar estar inata, sem ídolos que comprometem seu entendimento. Portanto, o método racional permite pensar no social cientificamente ao passo que a busca pela verdade precede o notar da realidade existente e, onde há compromisso com a verdade, as vontades públicas valerão mais que as privadas.

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