segunda-feira, 18 de março de 2024

A era virtual e o conhecimento científico na contemporaneidade

 Na era da virtualidade, da globalização e da ciência – ao passo que as doutrinas teológicas e metafísicas encontram-se com sua força mitigada pelo conhecimento e descobertas científicas –, era de se esperar que o momento atual representasse o auge da informação e do conhecimento científico na sociedade global. Entretanto, as redes sociais e o seu ambiente pouco monitorado, no qual a liberdade de expressão é ilimitada, propiciou a difusão, na verdade, da desinformação, bem como de fake news e de “opiniões” que são tratadas como fatos, além de comentários de cunho fascista, preconceituoso e ilegal, que acabam por se sobrepor ao vasto conteúdo legítimo de conhecimento cientifico e racional que há disponível hoje.

Graças aos grandes estudiosos do século XVII é que a ciência se estabeleceu como método e que possui atualmente tão vasto repertório de conhecimento e pesquisa, tendo sido capaz de superar as teorias teológicas e metafísicas que dominavam o pensamento humano em tempos anteriores. O filósofo empirista Francis Bacon acreditava que o conhecimento científico e verdadeiro poderia ser obtido através da interpretação da natureza, como experiência sensível e prática; enquanto o senso comum se dava pela antecipação da mente, um labor apenas intelectual e que não conduzia à verdade. Já o filósofo racionalista René Descartes acreditava que o conhecimento poderia ser alcançado através de um método científico racional que supera a superstição e ideias de magia ou alquimia, rejeitando todo tipo de informação que possa ser minimamente questionada. Assim, apesar de defenderem filosofias aparentemente dicotômicas – a empirista e a racionalista-, seus estudos se complementam e fundamentam os caminhos para a ciência e o conhecimento.

Contudo, os estudos imprescindíveis dos filósofos e cientistas Francis Bacon e René Descartes, juntamente com acontecimentos históricos marcantes que precederam o século XXI, como a Segunda Guerra Mundial e a Terceira Revolução Industrial, processos de inegável evolução nos ramos tecnológico e cientifico, e de aprendizado à humanidade quanto ao modo com que ela deve se relacionar consigo mesma, após esses casos de extermínio – da população judaica – e de exploração – da classe trabalhadora -, não foram suficientes para que se consolidasse a priorização da ciência, como um método legítimo tanto racional quanto empírico, frente ao censo comum, que possui origens duvidosas e sem embasamento teórico e, como afirma Bacon, é uma antecipação da mente, ou seja, antecipa um suposto conhecimento e não se configura de modo algum como verdade.

Em suma, em uma conjuntura tão explicitamente rica em saberes científicos e metodologias que guiam à esse conhecimento, em uma era sucessora a experiências históricas das quais deveria se aprender lições, e seguida dos estudos grandiosos de fundadores da Revolução Científica; o senso comum ainda se destaca devido aos meios pelo qual se difundem milhares de informações, sem haver um compromisso com a veracidade: a internet e as mídias sociais. Desse modo, a praticamente absoluta liberdade de expressão no meio virtual notoriamente prejudica o desenvolvimento intelectual e científico da humanidade na contemporaneidade, bombardeando-a de desinformação à todo momento, e desvinculando-a da busca pelo conhecimento científico e pelas verdades do planeta e do universo nos quais estamos inseridos.

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