segunda-feira, 10 de abril de 2023

Soberania, hierarquia e invisibilidade: a nova Divisão Internacional do Trabalho.

   Os séculos XX e XXI, e seus respectivos conflitos, representam de maneira enfática a dependência mútua entre países para se consolidar uma nova ordem geopolítica global. Marcada pelo amplo avanço das técnicas e tecnologias, somado a criação de diversos órgãos internacionais, como a ONU, o BIRD e o FMI, a sociedade contemporânea não pode ser entendida sem se questionar conceitos como soberania, hierarquia e invisibilidade, que denotam o processo de globalização já consolidado.

    O trabalho de Émile Durkheim, principalmente aquele referente ao "fato social", "solidariedade orgânica" e a noção de "crime", pode ser transposto para o âmbito macro político-econômico. Nesse sentido, todos os países são postos, uns mais que outros, de maneira coercitiva no mercado global existente: a noção de soberania se dilui quanto mais à periferia do capital o país estiver. Dessa forma, a nova DIT é por si só a própria ideia durkheimiana de organização da sociedade tal qual um corpo humano. Todo país assume uma posição e deve se manter nela para que a sociedade globalizada atinja a homeostase, o "pseudoequilíbrio" é, pois, a manutenção da lógica imperialista do capital vigente.

     O fato social continua, em um contexto mais amplo, tanto mais forte quanto maior a resistência contrária a ele. É nesta situação em que a noção de invisibilidade trabalhada pela autora Grada Kilomba pode ser ampliada para questões culturais relativas a diferentes países e não só entre diferentes pessoas. Por essa perspectiva, todo e qualquer sociedade (no sentido restrito) que respeitando sua própria condição histórica, cultural e social tente adotar um modelo próprio (contra hegemônico) é excluído das relações características da sociedade globalizada, a exemplo de Cuba. Assim, apaga-se sua presença nos meios de comunicação global, sanciona-se de forma conjunta sua economia, pune-se os "crimes" cometidos por estes países, de forma a torná-los símbolos e manter o funcionamento vital da sociedade orgânica globalizada.

    Por fim, o trabalho de ambos os autores, de maneiras diferentes, podem ser utilizados como base para se entender o papel da nova DIT na sociedade globalizada em que vive-se hoje. Cada qual com seu trabalho, a possibilidade de relacionar ambas as produções acadêmicas tanto de Durkheim quanto de Grada Kilomba torna ainda mais rica a análise do tema trabalhado nos parágrafos anteriores.

Giuliano da Cunha Massaro 

R.A: 231220235

1º ano de Direito (matutino)

Texto referente às ideias de Grada Kilomba e Émile Durkheim

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