segunda-feira, 4 de julho de 2022

Sociologia compreensiva e a questão do aborto

Nas últimas semanas, noticiou-se a história da menina de 11 anos grávida decorrente de estupro e que teve seus direitos negligenciados pela postura inadequada e errônea da juíza responsável pelo caso. Todos os anos quando, infelizmente, casos como esse tornam-se públicos reinstituem o antigo debate sobre a legalização bem como a descriminalização do aborto. Sob esse contexto, o sociólogo Max Weber pode ser usado para a análise do que impede de fato que as mulheres detenham tal direito ao próprio corpo. 

Weber, em sua sociologia, preza por ela de forma compreensiva de modo a compreender as coisas, rigorosamente, para que possa entender a política completamente, logo, o papel do sociólogo é pensar o porquê da ação dos indivíduos. Nessa análise, segundo o modelo weberiano, estuda-se o porquê grande parte da população se opõe ao aborto e se manifesta veementemente contra em toda e quaisquer situação, mesmo naquelas previstas por lei. 

Há de reconhecer, de fato, que a sociedade brasileira desde seu início foi formada e baseada nos moldes cristãos da igreja e, portanto, até hoje, devido sua continua interação e permanência, perpetua padrões e opiniões. Partindo desse pressuposto, observa-se a forte presença da “bancada evangélica” no Congresso e de políticos como a ex Ministra Damares que propagam abertamente suas convicções religiosas de modo a tentar a impor na sociedade, influenciando as populações e inflamando o fanatismo religioso. 

Assim, o debate sobre a questão do aborto não avança no Brasil, hoje, devido à elevada influência religiosa que o condena, bem como move os protestos contra.


A moral religiosa, nesse contexto, é o “porquê” que Weber busca encontrar em sua sociologia, sendo a explicação da razão pela qual a sociedade lida com a questão da forma que é lidada, pois o sentido das ações sociais é movido por valores e, nesse caso, o valor cristão. Embora Max Weber, entretanto, acredite em uma sociologia compreensiva sem juízo de valor, este é necessário quando a discussão em questão impede os direitos das mulheres sob o próprio corpo e a possibilidade de escolha, e incentiva ações que atrapalham e impactam negativamente a vida de crianças e jovens que não possuem a estrutura adequada (física, mental e social) para lidar com a situação. 


Ana Laura Murari Silva

1o ano de Direito - matutino 

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