segunda-feira, 4 de julho de 2022

O falso Messias

           “Sem pandemia, sem corrupção, com Deus no coração. Ninguém segura essa nação”. O slogan de Jair Messias Bolsonaro para sua campanha eleitoral reflete as bases que ajudaram em sua eleição: o repúdio a corrupção e a forte religiosidade no discurso. Entretanto, ao analisarmos todo o período de seu governo – e até mesmo o anterior à sua chegada ao Palácio da Alvorada – é nítido que tais ideais não procedem. O que leva um político envolvido em escândalos de “rachadinha” envolvendo sua família se portar fortemente contra a corrupção? Ademais, o que o leva a trabalhar tanto com um discurso cristão sendo que apoia a tortura? Uma análise dentro das perspectivas weberianas podem explicar.

            Primeiramente, é necessário explicar a metodologia desenvolvida por Max Weber para a compreensão de fenômenos sociais. Para o pleno entendimento de tais acontecimentos, os quais o sociólogo chamou de ações sociais, é necessário entender suas motivações. Nesse âmbito, toda ação social é movida pelos valores intrínsecos aos agentes, que visam um sentido lógico. Em outras palavras, uma pessoa faz algo que julga como necessário dentro de suas próprias convicções. Assim sendo, a sociologia compreensiva de Max Weber busca analisar as ações sociais dentro do chamado “tipo ideal”, isto é, dentro do que é objetivamente possível dentro da realidade, fugindo da total utopia pregada pelo conceito do “dever ser”, de Émile Durkheim.

            Após apresentar o pensamento de Weber, convém aplicá-lo dentro do cenário citado anteriormente: o que levaria um presidente a adotar um discurso facilmente identificado como hipócrita? Para responder a questão, irei analisar o fenômenos “às avessas”, começando pelo sentido e chegando na ação social. O sentido lógico do slogan é manipulação. Em um país em que grande parcela da sociedade é conservadora e teoricamente apoiada em valores cristãos, um candidato que lhes apresenta isso tem grande potencial para alcançar o cargo visado. Ao adotar tal postura, torna-se claro que os principais valores que motivam a ação são ambição e ganância. A soma desses valores corrompidos inseridos em um sentido torpe, resultam na ação que visei explicar: um discurso que busca nada mais que camuflar a intenção de buscar a manutenção de seu poder para garantir benefícios para si mesmo e para seus familiares, às custas da decadência econômica e social de uma nação.

Mateus G. F. de Souza
Direitos - Turma XXXIX Matutino

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