segunda-feira, 4 de julho de 2022

A sociologia compreensiva na análise do atual cenário político brasileiro

 

            É fácil de se notar que, nos últimos anos, houve uma ascensão das correntes políticas de extrema direita na sociedade brasileira, movimento evidenciado mais fortemente pela eleição em 2018 do atual presidente, Jair Bolsonaro, um representante de tal partidação. Muitos estudiosos da área atribuem a ocorrência desse fenômeno à situação de crise econômica na qual o país se encontra, alegando que a instabilidade finaceira faria os cidadãos voltarem-se para governos vistos como ‘’firmes’’ e com uma veia autoritária, que amenizaria, ao menos, em teoria, o pavor da inconstabilidade sentido pela população.

            Contudo, atribuir o fenômeno em questão somente a uma causa financeira não consistiria em uma análise completa e profunda da situação. Como afirmava o sociólogo Max Weber, idealista da corrente da sociologia compreensiva, é preciso buscar compreender os diversos valores envolvidos em determinado ato social, cujas origens são variadas.

            Tomemos por exemplo de análise o logo da campanha eleitoral de 2022 de Jair Bolsonaro: ‘’Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, ninguém segura essa nação’’. No logo, é possível notar a presença de vários valores de naturezas diferentes incutidos no discurso político da extrema direita. A questão econômica se faz presente, é claro, através da questão da negação da pandemia, que, além de demonstrar um verdadeiro desprezo pela ciência e pelas correntes intelectuais, também exibe a intenção de lembrar ao povo que o atual governo foi contra as medidas de paralisação e de proteção decretadas pelos órgãos de saúde nacionais e internacionais devido à taxa de mortalidade vista durante a pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2021. Ignorando totalmente a questão social, a linha partidária de Bolsonaro foca exclusivamemte na questão econômica, ao se isentar da responsabilidade da crise financeira hodierna, agravada pelos fechamentos da pandemia.

            No logo, também se notar um forte viés religioso. A religiões cristãs sempre tiveram uma base forte no Brasil, muitas vezes atreladas a atores conservadores, que prezam por muitos dogmas que foram construídos com influência de valores religiosos, como, por exemplo, o modelo da família tradicional brasileira, formado por um casal heteronormativo e alguns filhos, no qual o homem é o responsável por prover para a casa e a mulher deve se encarregar das tarefas domésticas. Também se identifica no logo um viés positivista, de apelo ao progresso da nação, que pode estar relacionado com os laços militares que Bolsonaro sempre buscou estabelecer.

            Por fim, percebe-se no logo, mais implicitamente, um certo combate à memória dos governos de esquerda recentes que o Brasil apresentou através da negação da corrupção. Devido ao escândalos de corrupção e esquemas criminosos, as linhas partidárias de esquerda contemporâneas ficaram marcadas no imaginário brasileira como corrompidas e farsantes, uma ideia que é fortalecida por toda a imagem negativa criada das correntes políticas de esquerda durante o período da ditadura militar, que antecede este que se vive agora no país.

            De modo geral, conclui-se que é preciso analisar profundamente a situação política que o Brasil enfrenta nos dias de hoje, tanto para que não se caia em raciocínios simplistas, tanto para que se possa preparar com fundamentação para as eleições que ocorreram no final deste ano.


Nome: Isabela Maria Valente Capato

RA: 221221468

Turno: matutino

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