terça-feira, 7 de junho de 2022

 O materialismo histórico e a sociedade capitalista 


Em busca de uma análise histórica da sociedade, Marx e Engels partem da interpretação de Hegel, em que as coisas fazem sentido apenas no mundo das ideias, ou seja, o mundo real como resultado do pensamento. Contradizendo essa teoria, Marx e Engels buscam expor, por meio da concepção materialista da história, um rompimento com a filosofia clássica, e o estabelecimento de uma ideia de um cenário em constante movimento, ou seja, depende de seu momento histórico e social, das contradições, mentiras e verdades de determinado período, resultando, assim, na captação da realidade da forma a qual ela se expressa.

Diante disso, para uma importante análise da realidade, é preciso perpassar o imaginário e ideias pré-concebidas na consciência, e buscar mecanismos que ultrapasse o individual para o conhecimento do coletivo, isto é, suas estruturas sociais, economia, população e política. Partindo desse pressuposto, é que Marx e Engels buscam interpretar a realidade pela percepção do materialismo histórico, conseguindo entender as relações de dominação entre as classes e consequentemente as relações de trabalho por uma perspectiva material. 

É importante observar de imediato que as relações de produção, maneira que os indivíduos atuam cotidianamente para produzir bens e serviços; as condições materiais como meios necessários para a vida em sociedade e as forças produtivas, representadas por máquinas, são os principais mecanismos de alienação e modelamento do indivíduo na sociedade a qual está inserido, atualmente, na capitalista. Nesse sentido, há uma falsa ideia de livre arbítrio, em que os seres humanos acreditam estar fazendo escolhas condizentes com sua vontade, entretanto, o que representa é apenas uma manifestação do seu modo alienado perante a sociedade. As condições materiais de existência para Marx, estão engendradas na própria ação do indivíduo, em que buscam refletir por meio do lugar em que estão inseridos o que representam. Dentro dessa perspectiva, é importante salientar que qualquer maneira de observar e considerar as coisas não exime de pressupostos, uma vez que partem de premissas reais, intrinsecamente inseridas ao indivíduo.  

Na concepção do materialismo histórico, para Marx, os homens não fazem sua própria história livremente, uma vez que as circunstâncias  não são escolhidas, mas sim transmitidas conforme o momento histórico que se encontra. Nesse cenário, cabe ressaltar a importância da interpretação de todas as manifestações sociais por uma ideia de transformação na perspectiva do mundo de produção e de troca, ou seja, buscar uma base explicativa na economia real e não no mundo das ideias, ressaltando que as condições econômicas são a base de análise, estando elas, intrinsecamente ligadas às formas políticas da luta de classe, formas jurídicas, teorias políticas e filosóficas. Com isso, cabe fazer um paralelo com o atual sistema econômico vigente: o capitalismo. 

Tal sistema, busca por meio da política do mérito fazer com que o indivíduo não questione seu lugar na sociedade, em que a busca apenas do “desenvolvimento” individual seja o caminho para se livrar da condição a qual está inserido. Como resultado, há uma perpetuação da classe dominante sobre o proletariado, uma vez que busca negligenciar as reais condições advindas do capitalismo como a alienação, a modificação indiretamente do indivíduo para pertencer e perpetuar tal sistema e, principalmente, a ausência de senso crítico, transformando o indivíduo em um se condizente com as mazelas sociais e com a normalização das máquinas engolindo os homens. Assim, parodiando Thomas Moore, os gados estão comendo os homens - e matando os índios - tendo em vista que mais da metade da população não come um bife, sendo elas, em sua maioria, pertencentes da escala de produção das commodities no Brasil.

 Diante do exposto, fica evidente, que o materialismo histórico é um modo eficiente de analisar e entender a sociedade, desde a relação dos servos e seus senhores na Idade Média e da burguesia e o proletariado na era Industrial. Essa afirmação advém do esclarecimento sobre as sociedades e suas relações e dominações indiretamente imposta, em que sempre existiu um sistema dicotômico entre os que dominam e os que são dominados. Assim, cabe analisar, por meio do materialismo histórico, a sociedade como um todo e não o que se forma na ideia. 


Natália Lima da Silva  

1º semestre Direito matutino 

Turma XXXIX


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