quinta-feira, 19 de maio de 2022

o funcionalismo de Durkheim é apenas para objetos

     Olho para o relógio na parede, respiro fundo e observo o ponteiro dos segundos correndo lentamente. É para isso que ele serve, essa é sua utilidade. Não há dúvidas sobre o seu funcionamento, não torna-se difícil seguir a rotina. Se deixar de trabalhar, parará de ser um relógio e se tornará um mero objeto sem uso. Drástico, mas um fim próprio, sem grandes surpresas.
    Procurando me acalmar observo outro objeto, fixando o olhar sobre o ventilador em minha frente. É um dia quente e eis esse objeto exercendo sua funcionalidade, algo próprio dele, apenas substituído por um ar condicionado, mas fora tal problemática ele consegue reconhecer-se em si : enquanto estiver ventilando será um ventilador.
    Reencosto-me melhor na cadeira em que estou sentada. Sentada. Essa é sua função, ser um objeto onde eu possa depositar meu peso para descansar. Tem uma utilidade própria, exerce sua função, portanto é aquilo. 
    Assim, encaro-me no espelho. O objeto exerce sua funcionalidade, consigo observar minha imagem. Mas e eu? Qual minha funcionalidade? Se eu me quebrar, se eu me ausentar de minha função, o que serei para a sociedade? Durkheim não me deu respostas, apenas deixou-me com mais dúvidas. Sou aquilo que produzo ou isso é um mero pensamento adotado pela sociedade capitalista?

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