quinta-feira, 24 de março de 2022

A pluralidade e as diferentes análises do mundo

    A interpretação do mundo foi e ainda é baseada em uma diversidade de variáveis, o que torna complexo e até mesmo inconcebível tentar encontrar uma verdade absoluta. O filme “O Ponto de Mutação” deixa isso claro a partir de conversas reflexivas ocorridas entre três figuras: um ex-candidato à presidência da República, com uma visão pragmática, um escritor, representando o ponto de vista romancista e uma cientista que, como já especificado por sua profissão, possui uma opinião mais científica. A partir desse contraste de ideias, fica eminente os diferentes fundamentos do pensamento científico que perduram até a sociedade contemporânea.

    A reflexão mecanicista entra em pauta durante os diálogos. Ela é trazida pela figura do relógio, metonímia da máquina, que mostra como a Ciência moderna se embasa, na maior parte das vezes, somente na contemplação do mundo a partir de um conceito fragmentado, sem correlação entre as partes, sobre o qual a população justifica suas ações, sejam elas políticas, científicas ou até mesmo sociais. Em contraponto a esse fato, o enredo apresenta o pensamento sistêmico, que demonstra como uma visão expansionista, caso fosse utilizada atualmente, ajudaria os cientistas a chegarem em conclusões mais amplas e eficientes.

    Ademais, a razão e a experiência são discutidas a partir dos ideais de cada um e demonstram que a sociedade como um todo possui maneiras de pensar, de acordo com o ambiente em que estão inseridas, que as levam a examinar a realidade de maneiras diversas e únicas. Nesse meio tempo, conceitos primordiais para o século XXI também entram em jogo, como a importante representatividade de mulheres na ciência, a tomada de indivíduos como parte de uma relação complexa em torno da sociedade e os feitos dos governantes em prol de interesses individuais.

    Dessa forma, é certo que analisar variáveis em defesa do vínculo de seres humanos é preferível do que aplicar soluções pontuais e passageiras. Sendo assim, essa longa-metragem pode ser utilizada como base para o entendimento de que o mundo não chegou ao seu desenvolvimento máximo e necessita de avanços que possibilitem uma maior racionalização do ser social, sem questionamentos ilógicos por parte daqueles que não acreditam que a ciência deva ser creditada pelos vários feitos que conseguiu até então. Para tal fato ocorrer, também é preciso respeitar a pluralidade de convicções como dito no livro “O discurso do método” de Descartes: “a diversidade das nossas opiniões não decorre de uns serem mais razoáveis que os outros, mas somente de que conduzimos nossos pensamentos por diversas vias e não consideramos as mesmas coisas”, desse modo, o pensar crítico será crescente e contribuirá para a busca de respostas dos vários questionamentos existentes.


Núbia Quaiato Bezerra

1° ano- Noturno

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