sexta-feira, 2 de julho de 2021

Retrocesso Temerário.

             A ciência, atualmente, é o bem mais precioso que o homo sapiens possui, para a fundamentação disso a pandemia do covid-19 é o exemplo mais atual e verídico. Diante de um novo vírus com alta capacidade de contaminação e letalidade, o mundo inteiro paralisou e sua população ficou de “mãos atadas” na espera de uma solução vinda da ciência. Tal fato comprova a dependência do mundo perante a ciência, é através dela que a população evoluiu desde os primórdios, vide o aumento da expectativa de vida mundial. A partir disso, Descartes se utiliza da ideia de que a ciência é um elemento voltado para o bem do homem e que se deve visar a sua utilidade para fins práticos.

            No cenário pandêmico surgiram várias especulações como: de onde surgiu o vírus, o que pode combate-lo, como evitar a transmissão e a contaminação. No entanto, diversas dessas suposições foram feitas sem fundamentos científicos, advindas de um senso comum.  O conhecimento do senso comum, muita das vezes, é baseado em crenças e experiências pessoais, podendo ser mitos culturais, uma das especulações durante a pandemia foi “chá de erva doce é eficaz para o combate do coronavírus”, tal afirmação não tem nenhum embasamento cientifico.

Todavia, nem toda especulação advém do senso comum, pode vir também de figuras públicas representativas ou de pessoas detentoras do conhecimento cientifico, como foi o caso de médicos e o presidente da república do Brasil defendendo o uso do medicamento cloroquina, cujo há diversas pesquisas comprovando sua ineficácia, no combate do novo coronavírus.  Logo, essas especulações impactam negativamente na sociedade, adiando o fim da pandemia e por muitas vezes, causa prejuízos na saúde de quem adota esses métodos. Visto essa perspectiva, Descartes expõe que o método cientifico é orientado pela razão, o qual deve superar a superstição, o mágico, a alquimia na construção do conhecimento.

Além disso, no filme “O Ponto de Mutação” de Bernt Capra, a cientista Sônia aponta que os conhecimentos utilizados na modernidade são preventivos, não combatendo de fato a origem do problema. Desse modo, o motivo por trás dessa hipótese está no capitalismo, são utilizados métodos mais baratos, que não requer complicação e tempo, favorecendo as pessoas que detém algum poder capital que lhe beneficia se a economia estiver movimentando, vide presidente da república propagando a cloroquina como solução rápida e fácil.

Por fim, é perceptível que a ideia de ciência moderna para o bem dos homens de Descartes está em crise, pelo menos no Brasil. O negacionismo é a maior causa para esse quadro, negar que requer ciência, tempo, pesquisa e preparo para chegar em resultados confiáveis e ao invés disso, propagar o descaso de embasamentos de entidades cientifica é contribuir para o retrocesso de séculos de melhorias nas vidas humanas.

Luana Silva Araújo Souza - 1º Ano Noturno

Fake news e a adoração dos ídolos

     Na contemporaneidade, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, as informações são transmitidas aos indivíduos de maneira quase que instantânea. Todavia, essa extrema velocidade dificulta a análise do conteúdo dessas publicações, favorecendo a dispersão de mensagens falsas e enganosas: as "fake news". Sendo assim, demasiadas personalidades públicas e políticas, por exemplo, utilizam esse artifício, com o intuito de propagar uma boa aparência, iludindo seus seguidores.
     Pensando nisso, o filósofo Francis Bacon argumenta acerca da construção de ídolos, os quais representam falsas percepções do mundo. Embora Bacon enfatize a prática da experiência na formação do conhecimento, a mente humana, por sua vez, pode sofrer distorções a partir da incompetência dos sentidos. A saber que, no caso dos ídolos do teatro, há uma representação idealizada de um pensamento ou filosofia  que deturpa a compreensão de seus ouvintes. Somado a isso, os ídolos do foro, segundo argumentos bem elaborados e convincentes tentam ludibriar a população, a qual é persuadida pela excelente oratória de seus líderes. 
     Contrastando o empirismo de Francis Bacon, René Descartes propõe em sua obra, Discurso do Método, o racionalismo cartesiano. Este consiste na análise crítica dos eventos através da racionalidade, questionando as afirmações declaradas. Os princípios básicos da razão científica seriam, portanto, o destaque para a dúvida, a repartição das dificuldades em frações menores (especialização), a gradação crescente pela busca do conhecimento e, por fim, o estabelecimento de  relações metódicas completas junto à revisões gerais. Com isso, as enganosas elucidações seriam contrapostas pela apresentação de fatos científicos e racionais, superando as falsas convicções.
     Em suma, a crença nas "fake news" é análoga à adoração dos ídolos, uma vez que ambas são resultantes das ilusórias percepções do mundo, podendo ser desmentidas pelo pensamento crítico e racional dos seres humanos.


Bruno Solon Viana - Primeiro Semestre Direito Matutino

A COR DA RAZÃO: A POLÍTICA DE COTAS NO BRASIL ENTRE EXPERIÊNCIAS SOCIAIS E RACIONALIDADES EM DISPUTA

 A elite da sociedade brasileira se desenvolveu norteada por princípios escravocratas, e o racismo é o pior deles, ao lado do patriarcalismo. Então, após anos desse  “desenvolvimento”, ela começou a perceber quão danosas podem ser as consequências futuras de atitudes presentes. Assim, para tentar corrigir um dos inúmeros resquícios da época escravista, surge, no Brasil, no ano de 2012, um mecanismo de inclusão socioeducacional  fundamental transfigurado em lei, qual seja:  cotas para universidades e instituições de ensino federais, ou Lei n°12.711/2012. Essa foi a maneira encontrada para tentar incluir, social e economicamente,  pretos e pobres, historicamente marginalizados,  e proporcionar-lhes melhores possibilidades de ascensão social, econômica e, principalmente, intelectual. No entanto, em se tratando particularmente do Brasil, último país a abolir a escravidão na América, pode-se imaginar os desafios encontrados na tentativa de minimizar os impactos, e extinguir os vestígios,  de séculos de fomento ao  preconceito. Neste contexto, o sofrimento imposto aos negros durante a vigência da escravatura, seguido do abandono e do preconceito  social  direcionado aos  mesmos após a abolição em 1888, não só dificultou , como também impediu, que este grupo despertasse para questões mais abstratas, como a importância da Educação, por exemplo. Mas, não é de se admirar que assuntos como esse estivessem longe da realidade dos escravos. No entanto,   eles  seriam  introjetados em suas gerações séculos a frente, para as quais a busca pela ampliação de políticas afirmativas,  assim como  a ocupação de lugares em faculdades públicas, viriam a ser prioridades. Seguindo esta linha de raciocínio, o debate promovido pela Unesp através da  IX Jornada de Direito, que discorre sobre a revisão da Lei de Cotas de 2012, assim como sobre a efetividade e o aprimoramento dos efeitos práticos da mesma, é de suma importância para a sociedade brasileira como um todo, de modo que o menosprezo pela discussão deste tema pode gerar consequências futuras extremamente indesejáveis, tendo em vista a tendência segregacionista da elite social brasileira que, em sua maioria, foi responsável, desde os tempos coloniais, por desumanizar os negros e relegá-los a um processo de inferiorização em relação aos brancos, o que, por sua vez, afastou a atual  juventude, negra e pobre,  das universidades e do espaço acadêmico. Contudo, felizmente, a Lei nº 12.711 contribuiu significativamente para que alunos negros e de classes sociais menos favorecidas adentrassem no universo acadêmico, diversificando-o, com o fito de tornar iguais, ou ao menos parecidas, as oportunidades de vida  à estes disponíveis, em consonância com o pensamento de René Descartes, apresentado em sua obra Discurso do Método,  pelo qual se chega a conclusão de que o “espírito de cada um em nada é mais perfeito do que o dos outros” seja a pessoa branca ou preta. Sendo assim ,  a revisão e o constante aprimoramento desta lei é crucial para que negros e pobres aumentem suas chances de melhorar de vida, uma vez que após a inclusão das cotas em processos seletivos de vestibular, o números de pessoas oriundas de classes sociais desprivilegiadas, que lograram o ensino superior,  aumentou consideravelmente, e por conseguinte, aumentou  também  a capacidade de pressão social e política dessas pessoas, visto que, como bem  ressaltou Francis Bacon, ex-Procurador Geral da Inglaterra,  ciência e poder coincidem.

HENRIQUE CARVALHO BESERRA , PRIMEIRO ANO DIREITO NOTURNO

Francis Bacon e René Descartes contra o negacionismo

 "A Terra é plana!!"  "A vacina vai implantar um chip em mim!!" "Quem tomar a vacina vai virar jacaré!"

Essas afirmações vêm sendo utilizadas dia após dia no século XXI, no entanto, ninguém que as profere apresenta argumentos baseados em experiências para comprovar sua argumentação. São frases sem fundamento e que se espalham quase que na velocidade da luz em um mundo em que a tecnologia está em constante avanço. 

Em muitos dos casos, os indivíduos que propagam essas informações são tomados por sentimentos, e segundo René Descartes, os sentidos nos enganam e não existe nada como eles nos fazem imaginar. 

Francis Bacon e René Descartes ficariam chocados com o negacionismo que se instaurou no planeta Terra ao longo dos anos, já que ambos acreditavam que a ciência era essencial e que apenas através da experimentação algo poderia ser provado. 

Descartes afirmou que: "Quem tem raciocínio mais ativo e que melhor ordena seus pensamentos, sempre pode convencer melhor os outros daquilo que propõem mesmo que não falem tão bem", essa frase não poderia se encaixar melhor na situação atual do mundo, mas principalmente a que o Brasil vive. A ciência é questionada constantemente através da redes sociais, fake news chegam a todo momento através do Whatsapp e quem vai duvidar de uma mensagem que chegou do vizinho, que recebeu de um amigo que tem um primo médico? As pessoas tomam como verdade aquilo que lher convém e que se encaixa melhor com sua moral e visão de mundo. 

Bacon chamou de Ídolos, as falsas percepções do mundo e os ídolos da caverna, estão vinculados as relações que o homem estabelece com o mundo a sua volta. Assim como os prisionerios do "Mito da Caverna" de Platão acreditavam que as sombras eram os objetos reais, a população brasileira acredita nas fake news que chegam em seus telefones celulares todos os dias. 

Mesmo com as informações seguras e verdadeiras estando a um "click" de distância, o comodismo e a ausência de dúvida, fazendo com que as pessoas não hesitem em compartilhar com outro grupo de amigos a informação que recebeu. 

Bacon também falou sobre os ídolos da tribo, que estão fundados na própria natureza humana. Segundo ele, o intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios e, dessa forma, as distorce e corrompe. O autor enxergou séculos a sua frente e sua frase se encaixa perfeitamente com a real situação do Brasil, a pandemia mostrou a visão negacionista de uma parcela da população brasileira. Negar a ciência, a vacina e tantas outras áreas do conhecimento e como renegar séculos de uma história de luta e de construção do conhecimento.

Bacon e Descartes, se voltasse a vida, se decepcionariam com o mundo que encontrariam, a ciência existe para o bem do homem, para criar condições melhores para sua vida no planeta Terra, vacinas não foram feitas para matar, a Terra não é plana. Pesquisem, se informem, duvidem, pensem e jamais coloquem suas vontades pessoais acima das necessidades coletivas.


Ellen Luiza de Souza Barbosa

XXXVIII Noturno