sábado, 7 de agosto de 2021

Uma breve associação entre o ser coletivo, o fato social e a imposição da feminilidade na sociedade capitalista

 


Não é segredo pra ninguém que pra vocês estarem lendo esse texto, escrito por uma mulher, antes muitas mulheres tiveram que lutar frente a diversas castrações que foram impostas ao gênero feminino durante o percurso histórico. Porém, para além disso é primordial estabelecer que o papel social definido as mulheres na sociedade não surgiram naturalmente, mas sim foram logicas impostas para garantir o controle reprodutivo da humanidade, pois seja numa crise humanitária ou numa ascendente progressão econômica há de se prever e controlar a natalidade dentro da lógica capitalista. 

O evento mais marcante e que aqui irei chamar de genocídio das mulheres, em alusão ao debate histórico de Silvia Friedericci em seu livro “O Calibã e a Bruxa”, foi a Caça às Bruxas. É também sabido que o patriarcado e toda a coerção que ele engendra sobre as mulheres não nasceu ali, porém, muito do que é institucionalizado e até hoje age de forma coercitiva nasceu naquele momento. Contudo, pode se admitir que é partir deste momento histórico que a feminilidade, bem como sua leitura social, hoje pode ser entendida como um fato social. 

Para Durkheim, o fato social não se trata necessariamente de um evento, como está no imaginário do que é fato, mas tudo aquilo que é um construto humano, ora, nenhuma menina ao atingir sua maturidade (outro conceito não muito natural) desejaria em sã consciência submeter-se a procedimentos estéticos doloridos, como a extração com cera de seus pelos em partes sensíveis, por exemplo 

A problemática maior dentro da imposição da feminilidade é que existe uma serie de micro agressões que são naturalizadas em nome de um “bem maior”, em nome de uma estética ideal da fêmea humana na sociedade. Porém para além do que significa idealizar um ser humano, o que o torna mais objetificado, todos esses rituais impostos levam consigo em algum grau a naturalização da dor e do sofrimento para serem atingidos e, portanto, naturalizam pouco a pouco a falácia de que certos sofrimentos são normais para que se possa atingir os objetivos. 

Por fim, o que quero deixar claro aqui é que, o “ser coletivo”, que existe até hoje e imprime represália sobre todos aqueles que fogem dos padrões de gênero que por ele foi estabelecido, nasceu em circunstancias históricas onde o estado e a igreja católica e protestante unidos institucionalizaram a violência e a castração da liberdade da mulher em nome de uma lógica de controle capitalista aos meios de reprodução. O que hoje temos por “correto” para o comportamento feminino dentro da lógica imperativa do senso comum, é um fato social que desde muito antigamente vem sendo exigido e até hoje não ceder a ele, significa, dadas às devidas proporções, ser jogada na fogueira. 


Stephani E. C. Luz

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