segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Uma análise materialista sobre a modernização das relações de trabalho

 


A mercadoria, segundo Karl Marx, é a unidade molecular da sociedade capitalista enquanto modo de produção predominante, pois é ela que, além de influenciar, rege a construção ideológica e as relações sociais. Essas relações são marcadas por classes que visam interesses antagônicos, na qual uma acaba sendo explorada pela outra. A partir dessa teoria do materialismo, pode-se analisar as relações modernas de trabalho, o quanto o capitalismo foi responsável pela sua fragilização.


Envolvidos em um contexto de grande modificação social propiciada pela Revolução Industrial, Marx e Engels desenvolveram a teoria do materialismo histórico dialético. Esse nome se dá, porque a humanidade define-se pela sua produção material, e é marcada pelo movimento de luta de classes, ocorrendo uma relação dialética entre elas. A partir disso, entende-se que a luta de classes está condicionada à produção material da sociedade, o problema disso é que sempre uma classe (a burguesa) desfruta do lucro da outra classe (a operária). Por meio da apropriação do trabalho do operário, a burguesia pode acumular riqueza e desfrutar de boas condições de vida, enquanto que o operário, por sua vez, tem a sua força de trabalho explorada e falsamente compensada com um salário, que não dá acesso àquilo que é dele por direito.


Como a humanidade define-se pela sua produção, na modernidade as relações econômicas se sobrepuseram cada vez mais às relações sociais, isso levou a uma fragilidade de laços entre as pessoas e das pessoas com as instituições, em que não há mais confiança na rigidez das instituições e na solidificação das relações humanas. As instituições se tornaram líquidas, no sentido de que o emprego tornou-se completamente individual, uma vez que o indivíduo é o empreendedor de si mesmo, e a responsabilidade unicamente própria. Nesse contexto, a exploração do trabalho se tornou algo natural, pois o próprio indivíduo que vende a sua força de trabalho ao detentor de capital. 


Por outro lado, é importante destacar que essa distribuição desigual das oportunidades e condições de vida existente na época de Marx se diferencia da atual, na medida em que direitos trabalhistas foram conquistados com muito esforço através de movimentos operários. Ademais, o operário era preso ao trabalho manual das fábricas, que hoje vem sendo cada vez mais substituído pela tecnologia, o que permite maiores oportunidades, ainda que limitadas. É por isso que a educação nesse aspecto se torna essencial na busca de uma sociedade mais igualitária, pois ela permite que o individuo tenha consciência dessa exploração e seja capaz de usar da sua força de trabalho para algo mais valioso. 


Nota-se, a partir disso, que ocorre atualmente uma “economização” das relações sociais, de modo que tem um efeito penetrante em todas as esferas da vida, em razão disso, essas relações acabam se fragilizando, “o capitalismo dissolveu tudo o que era sólido”. No entanto, é importante ter cuidado ao adaptar a teoria do materialismo, criada no século XIX, aos dias atuais, pois a exploração do trabalho se dá de forma diferenciada, na qual ao adquirir consciência do sistema existem alternativas, por isso se torna muito importante o papel da educação. 


Luisa K. Herzberg 

1º semestre Direito matutino 

Turma XXXVIII

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