sábado, 17 de julho de 2021

O progresso não pode parar

  A corrente positivista que surgiu durante o século XIX defende a concepção de “ordem e progresso”, essa que inspirou inclusive a bandeira do Brasil e a carrega consigo até os dias de hoje. Infelizmente, as ideias positivistas não estão apenas ilustradas na bandeira mas norteiam grande parte das políticas públicas no país desde a proclamação da República, em 1889, com forte apoio militar e da burguesia civil.

O positivismo enquanto ideologia defende que a ordem e o progresso só poderiam ser alcançados por meio de um Estado Forte, em que os indivíduos deixam sua perspectiva individual, seus sofrimentos, suas reivindicações e necessidades particulares, em prol da sobrevivência e do progresso coletivo. Dessa forma, a moral humana seria a concepção de que a felicidade está na realização plena do bem público, distante de conflitos e orientado pela família, Estado e pela moral.

Essa corrente de pensamento se posiciona contrariamente às ciências criticas como a filosofia e sociologia, uma vez que essas trazem aspirações exorbitantes e pensamentos críticos para o proletariado e impede a propagação do bem comum, de acordo com seu principal pensador Augusto Comte. 

Assim, pode-se observar que as medidas adotadas pelo governo neoliberal liderado por Jair Bolsonaro possuem grandes influências dessa corrente de pensamento, tal qual aconteceu anteriormente na história do país como na Ditadura Militar, em que há a tentativa de criminalizar todos os tipos de manifestações políticas em prol da conservação da família e da boa moral brasileira. Dessa forma, manifestações das minorias em favor dos seus direitos são diretamente atacadas, como aconteceu com a parada gay, mundialmente reconhecida, e outras manifestações, sejam elas em defesa das mulheres, dos negros ou mesmo da população economicamente marginalizada. 

Além disso, a necropolítica adotada com a pandemia de COVID-19, que coloca a economia acima da vida, com a justificativa de que o progesso não pode ser retardado por uma “gripezinha” mesmo depois de matar 530 mil pessoas, demonstra o quão prejudicial o positivismo se apresenta quando aplicado em uma nação composta pela diversidade, como no caso brasileiro.


Mariana Moreira Belussi - 1º semestre diurno

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