segunda-feira, 5 de julho de 2021

O conhecimento do fragmento ao todo

 Nos textos de Descartes e Bacon, vimos diferentes visões de um mesmo

assunto, o conhecimento. Enquanto Descartes a princípio nos apresenta

argumentos que sugerem a importância da dúvida e do questionamento á

assuntos e maneiras que nos são impostos a ser aceitos, como o sistema de

ensino e sua frequente padronização, que acaba nos moldando e

consequentemente tornando a população cada vez mais erudita, mas cada vez

mais frustrada. Ideia essa que não ignora todas as qualidades desse sistema

para a formação do ser humano, mas que evidencia seus defeitos. Em seguida

Descartes muda sua interpretação e nega o benefício da dúvida como forma de

autoconhecimento, usando uma tática negacionista, que torna falso tudo o que

possui a dúvida. Logo Descartes nos passa uma perspectiva fragmentada, que

tenta simplificar, e entender a si mesmo e aí sim analisar o todo.

Já Francis Bacon carrega fundamentos baseados no equilíbrio das forças do

homem e seu intelecto como forma de conhecimento e evolução. Propondo

ressaltar a importância de cada detalhe na conquista da grandeza, valorizando

cada pequena descoberta. Formando uma visão que fragmenta cada mínimo

avanço, mas que conecta cada pequena parte do todo. Mas ao mesmo tempo

criticando essa base feita por Descartes, pois na visão de Bacon, mesmo os

elementos muito claros na nossa interpretação sofrem com a interferência na

teoria dos ídolos, criticando ao mesmo tempo a linha de pensamento baseada

em princípios não sólidos como por exemplo a reflexão.

A partir da interpretação dos textos de ambos, cheguei à conclusão de que

existem muitos tentando definir o conhecimento e a maneira como devemos

lidar com o mesmo e poucos tentando resolver os problemas sobre a

desigualdade na distribuição do conhecimento básico, e o reconhecimento das

diferentes formas de sabedoria, ou seja, os problemas gerais que nos afetam.

Seja na falta de qualidade no ensino das escolas públicas periféricas, ou seja,

na padronização já criticada antes por Descartes nos sistemas de ensino, mas

que não de hoje padronizam o conhecimento culto e erudito que por

consequência excluí as minorias e suas formas de conhecimento que são

frequentemente negadas por não serem o padrão. Não que esse debate sobre

conhecimento não tenha importância, mas justamente pelo fato de sabermos

sua importância, não precisamos deixar os problemas que estão relacionados a

ele de lado.

Portanto, não deveríamos deixar essas visões mais fragmentadas de lado,

visto que foram tão importantes para nossa compreensão de conhecimento em

meio a sociedade, mas deveríamos aplicar uma visão mais ampla em relação a

solução de diferentes problemas, acabando com essa concepção rigorosa na

relação entre a sociedade e seus padrões de comportamento.


Vinícius Barboza Felix dos Santos – 1° Ano de Direito – Matutino

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