sábado, 3 de julho de 2021

Não penso, logo existo.

   Eu estava sentada olhando o Instagram, quando me deparo com diversas postagens sobre o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro quanto as vacinas contra o coronavírus. O seu discurso, um tanto quanto negacionista, novamente me surpreendeu pela tamanha bestialidade proferida, sua fala foi: “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”. Devido a urgência de medidas capazes de retardar e, até mesmo, mitigar a propagação da agente etiológico, os brasileiros se encontram na luta em também reconhecer e desmistificar dizeres do próprio chefe de Estado, quão preocupante é viver em um país em que o governo Federal invalida e espalha mentiras sobre a ciência, mesmo após anos de pesquisas e consolidação de pensamentos científicos. Foi com essa indagação que fui levada as aulas de filosofia e sociologia que tive o prazer de participar no ensino médio, pensadores como Descartes e Francis Bacon retornaram em minha mente e pude, por meio de seus pensamentos, perceber quanto a sociedade contemporânea retrocedeu na habilidade de criticar o que nos é apresentado. Pela ótica cartesiana, devemos duvidar sempre do que nos é imposto, uma vez que os sentidos nos enganam, assim como assistir ao pronunciamento de Bolsonaro e não se perguntar se sua fala carrega ao mínimo embasado em algum estudo. Ser apenas receptáculo de conhecimento nos impede de investigar a veracidade do que é dito, sendo esse um projeto de alienação das massas, para que estas não criem consciência. Além disso, a tese de Bacon em desenvolver ídolos presentes na sociedade, os quais deturpam a percepção do mundo, está cada vez mais presente no cotidiano da nação, dado que o ídolo do foro e do teatro são expressões mais evidentes. Isto é, devido a ascendência de negacionistas no ambiente político há a ocultação de informações verdadeiras e o bombardeio de notícias falsas, sem que o público, em decorrência dos ídolos, ''cure a mente'', ou seja, desvencilhe-se do senso comum. Dessa maneira, a eleição do ''mito'' trouxe o retrocesso para a valorização da ciência, estar diante de uma rede social e ler este absurdo me fez duvidar até quando não pensar por si será sinônimo de existir.

Bruna Soares Teixeira - Noturno

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