domingo, 4 de julho de 2021

Descartes, Bacon e a pandemia

Em 11 de março de 2020, o Coronavírus foi declarado como uma pandemia pela OMS. Ainda havia aquela fala que seriam apenas 15 dias. Agora, quase um ano e meio depois, o Brasil chegou a marca de 500 mil mortos e com uma CPI da pandemia. Como se não bastasse o contágio rápido, o desemprego, as fake news, o Brasil ainda precisa enfrentar um governo despreparado, negacionista, que desestimula o povo a tomar a vacina, e por essas e outras está sendo investigado por uma comissão no Senado, onde um dos tópicos é justamente o superfaturamento em uma marca de vacina.

Assim, a CPI da pandemia pode ser analisada à luz de Descartes. O principal ponto do filósofo é sempre desconfiar de tudo, e não poderia ser diferente quando o país se torna o epicentro da pandemia, milhares de pessoas morrendo todos os dias, vacinas demorando para serem compradas e um presidente que a cada entrevista ou declaração se afunda mais na lama. De fato, há uma situação para se duvidar. Após isso, é necessário separar o contexto geral em partes menores para uma melhor análise, o que está sendo feito ao entrevistar cada figura importante nesse cenário e suas falas, que já mencionaram uso indevido de medicamentos, falas ideológicas que não cabem a um governo, tentativas de passar a responsabilidade para gestores estaduais, erros em contratos, falha geral na administração da pandemia, superfaturamento, isso para mencionar alguns pontos, e vários nomes sendo citados como responsáveis.

Por conseguinte, o próximo passo, de acordo com René Descartes, seria começar a entender os casos mais simples, até chegar aos problemas mais complexos, mas a CPI, até o presente momento, ainda está em andamento. E é necessário que seja feita toda uma revisão do processo, para que nada seja deixado de lado, nesse caso, para que todos que precisem ser responsabilizados pela situação do país de fato sejam.

Ademais, o debate político chegou em um ponto que não pode ser ignorado e dizer que não gosta de política por isso não se posiciona, pois o estado que o país se encontra é deplorável e desumano, não ligar para isso é ser um tanto egoísta e sem preocupação com os direitos humanos. Nesse sentido, os ídolos formulados por Bacon podem se encaixar bem nisso, porque eles significam falsa noções, crenças, ideologias, olhar o mundo dentro de uma bolha e só aceitar um pensamento que é parecido com o seu, e que prejudicam o avanço da ciência e da racionalidade humana, e nesse caso da pandemia, prejudicam a vida de milhares de pessoas.

Portanto, é indubitável que o conhecimento raso, o qual fica claro no atual presidente do país, aprofunda o senso comum e em certos casos até o negacionismo, e já seria preocupante para o desenvolvimento científico e do país, mas é acentuado com o surgimento da pandemia.


Lívia Maria M. Bonifácio, turma XXXVIII, diurno

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