segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Parafuso filtrado

Aquilo que eu vejo na TV,       

Ação, emoção, tudo de bom,

É aquilo que quero ser.

Eu tento, juro que tento,

Mas nunca vai dar certo.

Só há uma coisa que sei fazer,

De que é útil não sei bem,

Mas garanto,

É isso o que define o meu ser.

 

O que cabe a mim é obedecer.

Apertar parafuso,

Coisa que qualquer um sabe fazer.

Nunca tive nada,

Nunca tive estudo.

Mas garanto,

Essa ciência de fazer o que não entendo,

É isso o que define o meu ser.

 

Mas até aí, normal, tudo bem,

É assim que funciona,

Um tem que se sacrificar para o outro rir,

Não é?

É o que eu escuto,

É o que eu entendo,

É o que eu me acostumo,

É o que eu aceito.

 

Enquanto aqueles se preocupam com viagens,

Eu só me preocupo com o que devo guardar.

Sabe Deus quando vou precisar.

Em tempo maluco assim,

Severino nenhum pode sonhar.

 

Orlando, Noronha,

Qual o novo destino do chefe?

Seja qual for,

Preciso me mexer para ajudá-lo a voar

Se assim o faço feliz, ótimo.

Se ele é, eu também sou,

Afinal, eu sou aquilo que eu faço.

 

Tic, Tac.

Intervalo acabou, melhor eu voltar,

O serviço não pode parar.

Alguma coisa preciso ganhar,

Quem sabe assim até compro um celular,

Publico uma foto,

Boto filtro pra disfarçar.

Aqui sou uma ferramenta, na rede sou o Júlio.

Ao menos com isso Severino pode sonhar.

 

João Victor Rodrigues Ribeiro

1ºano

Noturno

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